domingo, 22 de outubro de 2023

Novos Céus e Nova Terra


    Séculos antes da Encarnação do Cristo, Deus já tinha prometido através do Profeta Isaías que, para bem realizar Sua justiça, criaria novos céus e nova terra: "... porque as desgraças de outrora serão esquecidas, já não lhes volverão ao espírito. Pois Eu vou criar novos céus e uma nova terra. O passado já não será lembrado, já não volverá ao espírito, mas será experimentada a eterna alegria e felicidade daquilo que vou criar. Porque vou criar uma Jerusalém destinada à alegria, e seu povo ao júbilo..." Is 65,16-18
    Ele promete, portanto, a verdadeira felicidade, quer dizer, os Céus, para que nele Seu povo viva a eternidade: "'Pois, assim como os novos céus e a nova terra que vou criar devem subsistir diante de Mim', declara o Senhor, 'assim devem subsistir vossa raça e vosso nome.'" Is 66,22
    Longe de atemorizar, portanto, a intenção de Deus ao revelar o fim dos tempos é exclusivamente garantir a realização de Sua justiça, e assim oferecer Consolação ao Seu povo. Foi exatamente nestes termos que o Eclesiástico interpretou as visões do Profeta Isaías: "Por uma poderosa inspiração, ele viu o fim dos tempos, e consolou aqueles que choravam em Sião. Ele anunciou o futuro até a eternidade, assim como as coisas ocultas antes que se cumprissem." Eclo 48,27-28
    Com efeito, nas revelações que teve dos novos céus e da nova terra, São João Evangelista, falando da definitiva Consolação de Deus, assim narra o fim da meramente carnal condição: "Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,3-4
    Por isso, o anúncio do Evangelho faz-se absolutamente necessário, para que a humanidade tenha o testemunho de Jesus quanto à Vida Eterna, e seja confortada diante de um aparente império da maldade no mundo. Pois segundo o próprio Cristo, a conclusão do anúncio da Boa Nova será o sinal do fim dos tempos: "Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas nações, e então chegará o fim." Mt 24,14
    Falando sobre esse assunto, o chamado terrível Dia do Senhor, São Pedro menciona estrondo, fogo, dissolução e fusão de astros. Mas sua maior preocupação é com nossa santidade, e que efetivamente alcancemos as promessas de Deus: "Naquele dia, os céus passarão com um assombroso estrondo, os elementos abrasados dissolver-se-ão, e será consumida a terra com todas obras que ela contém. Uma vez que todas estas coisas hão de desagregar-se, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o Dia de Deus, esse Dia em que, inflamados, os céus hão de dissolver-se, e abrasados, os elementos hão de fundir-se! Nós, porém, segundo Sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça." 2 Pd 3,10-13
    Os seguidores da tradição de São Paulo, citando o Profeta Ageu e o Deuteronômio, retratam semelhante visão: "Aquele, Cuja voz um dia abalou a terra, agora diz: 'Mais uma vez farei estremecer, não somente a terra, mas também o céu' (Ag 2,6). A expressão 'mais uma vez' anuncia o desaparecimento de tudo aquilo que participa da instabilidade do mundo criado, para que permaneça só o que é inabalável. Sim, possuindo nós um Inabalável Reino, dediquemos a Deus um reconhecimento que Lhe torne agradável nosso culto com temor e respeito. Porque Nosso Deus é um fogo devorador (Dt 4,24)." Hb 12,26-28
    Segundo São Mateus, Jesus falou sobre idênticos e cósmicos fenômenos, que sucederiam difíceis tempos: "Logo depois da tribulação daqueles dias, o sol vai ficar escuro, a lua não mais brilhará e as estrelas cairão do céu, e os poderes do espaço ficarão abalados." Mt 24,29
    E segundo São Lucas, Ele deu detalhes da reação da humanidade diante de tão estarrecedores acontecimentos: "Haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão em desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao Universo..." Lc 21,25-26
    Não por acaso, falando sobre a religiosidade do povo, Jesus já havia questionado: "Mas quando vier o Filho do Homem, acaso achará sobre a terra?" Lc 18,8
    De fato, São Paulo fala de uma grande apostasia, isto é, do abandono da fé, um final período no qual o inimigo reinará: "Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no Templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus destruí-lo-á com o sopro de Sua boca, e aniquilá-lo-á com o resplendor da Sua Vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda sorte de enganadores portentos, sinais e prodígios. Ele usará de todas seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à Verdade que teria podido salvá-los. Por isso, Deus enviá-lhes-á um poder que os enganará e induzi-los-á a acreditar no erro. Desse modo, serão julgados e condenados todos aqueles que não deram crédito à Verdade, mas consentiram no mal." 2 Ts 2,3-4.8-12
    E o próprio Jesus afirmou o fim de todo Universo, em contraponto à perenidade de Sua Palavra: "Os céus e a terra desaparecerão, mas Minhas palavras não desaparecerão." Lc 21,33
    Já havia dito, por ocasião do Sermão da Montanha: "Pois, em Verdade, digo-vos: passarão o céu e a terra antes que desapareça um jota, um traço da Lei." Mt 5,18
    Em perfeita concordância, São Pedro vai reafirmar o poder do Verbo Encarnado, também indicando o final destino de tudo que conhecemos: "Mas os céus e a terra que agora existem são guardados pela mesma Divina Palavra, e reservados para o fogo no Dia do Juízo e da perdição dos ímpios." 2 Pd 3,7
    E Jesus, dirigindo-Se estritamente ao Seu rebanho, acrescenta: "Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque vossa libertação está próxima." Lc 21,28
    Mas lembrando daqueles que desfalecerão de pavor, também avisou: "Ficai atentos e continuamente rezai, a fim de terdes força para escapar de tudo que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem." Lc 21,36
    Ou seja, não mais podemos enganar-nos: vivemos o tempo da paciência de Deus! E Ele só espera que de uma vez por todas abracemos o Sacramento da Penitência, como São Pedro nos alertou: "O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas para convosco usa da paciência. Não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam. Reconhecei que a longa paciência de Nosso Senhor vos é salutar..." 2 Pd 3,9.15
    Pois foi para essa consciência que Jesus nos enviou o Espírito Santo: "Entretanto, digo-vos a Verdade: convém a vós que Eu vá! Porque se Eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se Eu for, enviá-Lo-ei. E quando Ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do Juízo." Jo 16,7-8
    Por fim, como já havia dado a entender, Ele assegurou que o Dia do Juízo surpreenderá a todos. É inconcebível, portanto, que um cristão se abandone às ilusões de mortais pecados, ou mesmo de veniais, se tiver ciência do fogo provador: "Pois esse Dia subitamente cairá sobre todos aqueles que habitam a face de toda terra. Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa de gula, embriaguezpreocupações da vida, e esse Dia não caia de repente sobre vós." Lc 21,34-35
    E segundo Suas últimas palavras antes da Ascensão aos Céus, o cumprimento dessa profecia é de perfeito segredo. À Igreja, portanto, tão somente cabe recolher-se no Espírito Santo e assim testemunhar a Salvação, que está em Sua Palavra e em Sua Paixão: "Respondeu-lhes Ele: 'Não vos pertence saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em Seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força. E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria e até os confins do mundo.'" Ap 1,7-8


A TRIUNFAL VOLTA DE CRISTO

    Numa grandiosa visão que teve do Retorno do Cristo, o Profeta Joel também atestou as convulsões dos astros, e exclamou: "Que multidão, que multidão no vale do Julgamento, porque chegou o Dia do Senhor! O sol e a lua obscurecem-se, as estrelas empalidecem. O Senhor rugirá de Sião, trovejará de Jerusalém. Os céus e a terra serão abalados!" Jl 4,14-16
    Para nós, no entanto, sem os auxílios do Espírito de Jesus é inimaginável tamanho poder que Deus manifestará. Mas Ele quis revelá-lo! Concedeu a São João Evangelista uma singela visão para que fosse registrada no livro do Apocalipse: "Vi, então, um grande trono branco e Aquele que nele Se assentava. Os céus e a terra fugiram de Sua face, e já não se achou lugar para eles." Ap 20,11
    E também lhe concedeu a visão dos céus e da terra recriados: "Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram..." Ap 21,1
    É quando se dará a definitiva Volta de Cristo, que São Pedro chamou de 'restauração universal': "Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e Ele enviará Aquele que vos é destinado: Cristo Jesus. É necessário, porém, que o Céu O receba até os tempos da restauração universal, da qual Deus outrora falou pela boca de seus santos Profetas." At 3,20-21
    De fato, falando através de Isaías, Deus deu detalhes do pleno estabelecimento de Sua justiça como obra de Seu Filho: "Ele não julgará pelas aparências, não decidirá pelo que ouvir dizer, mas julgará os fracos com equidade, fará justiça aos pobres da terra, ferirá o impetuoso homem com uma sentença de Sua boca, e com o sopro de Seus lábios fará morrer o ímpio. A justiça será como o cinto de Seus rins, e a lealdade circundará Seus flancos. Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera deitar-se-á ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um pequeno menino conduzi-los-á. A vaca e o urso fraternizar-se-ão, juntas suas crias repousarão, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide. Não se fará mal nem dano em todo Meu Santo Monte, porque a terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar." Is 11,3b-9
    Segundo os discípulos de São Paulo, Deus realiza esse projeto pela Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Aquele para Quem e por Quem todas coisas existem, desejando conduzir à Glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o Autor da Salvação deles, para que Santificador e santificados formem um só todo." Hb 2,10-11a
    E segundo o Apóstolo dos Gentios, não resta a menor dúvida de que Ele o cumprirá: "Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos." Cl 3,11
    Essa é a razão pela qual Jesus veio comungar conosco da vida humana! Para que entremos em Comunhão com Ele, através de Sua Carne e Seu Sangue, celebrados na Santa Missa, e assim alcancemos a Salvação: "Por isso, Jesus não hesita em chamá-los Seus irmãos, dizendo: 'Anunciarei Teu Nome a Meus irmãos, no meio da assembleia cantarei Teus louvores (Sl 21,23).' Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também Ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o Demônio, e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda vida sujeitos a uma verdadeira escravidão." Hb 2,11b-12.14-15
    Entretanto, os seguidores do Último Apóstolo reconhecem o vigente estado de coisas: "Atualmente, é verdade, não vemos que tudo Lhe esteja sujeito. Mas Aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós vemo-Lo, por Sua Paixão e Morte, coroado de Glória e de honra. Assim, pela Graça de Deus, Sua Morte aproveita a todos homens." Hb 2,8b-9
    E São Paulo complementa: "Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a Ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo; em seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de Sua Vinda. Depois, virá o fim, quando Ele entregar o Reino a Deus, ao Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. Porque é necessário que Ele reine, até que ponha todos inimigos debaixo de Seus pés. O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos Seus pés." 1 Cor 15,21-26
    Sem dúvida, Jesus disse a São João Evangelista no livro do Apocalipse: "Pois estive morto, e eis-Me de novo, vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos." Ap 1,18
    Esse será o cumprimento de mais uma profecia de Isaías: "Nesse Monte, tirará o véu que vela todos povos, a cortina que recobre todas nações, e para sempre fará desaparecer a morte. O Senhor Deus de todas faces enxugará as lágrimas, e de toda terra tirará o opróbrio que pesa sobre Seu povo, porque o Senhor o disse." Is 25,7-8
    É então quando Deus será tudo em todos, segundo São Paulo: "E quando tudo Lhe estiver sujeito, então também o próprio Filho renderá homenagem Àquele que Lhe sujeitou todas coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos." 1 Cor 15,28
    Por isso, ele adianta-se: "Estou pregado à Cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu: é Cristo que vive em mim." Gl 2,19b-20
    E escrevendo a São Timóteo, pede total obediência ao Evangelho: "... recomendo-te que sem mácula e irrepreensível guardes o Mandamento, até a Aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual a seu tempo será realizada pelo Bem-Aventurado e Único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Único que possui a imortalidade e habita em inacessível luz, a Quem nenhum homem viu, nem pode ver. A Ele, honra e eterno poder! Amém." 1 Tm 6,14-16
    O primeiro ato de Deus, portanto, ao apresentar-nos a eternidade, será refazer Seu primeiro ato, como diz o Livro do Gênesis: "No princípio, Deus criou os céus e a terra." Gn 1,1
    Falando sobre os seres vivos e toda obra da Criação, o salmista já reconhecia tal poder: "Se enviais, porém, Vosso sopro, eles revivem, e renovais a face da terra. Ele, Cujo olhar basta para fazer tremer a terra, e Cujo contato inflama as montanhas." Sl 103,30.32
    E São João Evangelista testemunhou mais esta visão: "Então Aquele que está assentado no trono disse: 'Eis que Eu renovo todas coisas.' Ainda disse: 'Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.' Novamente disse-me: 'Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim.'" Ap 21,5-6a

    "Ajudai-nos a criar um novo mundo!"