quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Santo Alberto Magno


    Natural de Lauingen, na Baviera, terras da atual Alemanha, nascido em 1206 da família Bolsadt, cristã e de nobres militares, Albert era muito afável e preferia entregar-se aos estudos e à leitura às diversões. Foi o professor e o inspirador do grande monge dominicano, talvez o maior Doutor da Igreja, São Tomás de Aquino.
    Grande estudioso de quase todas ciências de seu tempo, além de magistral conhecedor de Teologia e Filosofia, em 1222, aos 16 anos, foi enviado para estudar na Universidade de Pádua, na Itália, e aí, pelos desígnios de Deus, conheceu o bem-aventurado Jordão da Saxônia, Supervisor Geral da recém-fundada Ordem de São Domingos, cujo carisma é anunciar o Messias peregrinando em mendicância.
    Encantado com tal missão, de mesma e humilde motivação das também nascentes ordens de São Francisco e de São Pedro Nolasco, quis ser Sacerdote e em 1223 entrou para a Ordem Dominicana. Sempre de grande dedicação, foi ordenado em 1229. Estudou na Universidade de Paris, onde foi o mais ilustre catedrático em Teologia de 1245 a 1248, quando foi professor de São Tomás de Aquino.
    Cativava tão grande multidão de alunos que várias vezes precisou ir à praça pública para ser ouvido por todos. Ainda hoje é preservada no centro de Paris, próximo a Universidade de Sorbonne, a praça Maubert, abreviação de 'Magnus Aubert'. 
    Muito requisitado, lecionou em várias cidades da França, da Alemanha e da Itália. Em 1248 foi nomeado dirigente do Studium Generale, em Colônia, Alemanha, o mais importante centro de estudos da Ordem Dominicana, e consigo levou São Tomás, que aproveitava cada instante de sua agraciada companhia.
    Em 1254 foi indicado Superior Provincial na Alemanha, mas procurou exercer tal função como um simples monge. Assim se distanciou um pouco do meio acadêmico e foi viver intensamente a piedade e o carisma dominicano: visitava os mosteiros viajando a pé, pregando e mendigando pelo país. Extremamente zeloso das regras da Ordem, fez-se um exemplar. Com seu vasto conhecimento, fazia belíssimas pregações e facilmente cativava novas vocações. Fundou vários mosteiros e reformou outros tantos.


    Em 1260 foi nomeado Bispo de Regensburgo pelo próprio Papa, cargo que obedientemente ocupou por dois anos. Porém, como não era de sua vocação cuidar de assuntos administrativos, após algum tempo pediu ao Papa que lhe dispensasse destas funções e foi atendido. Voltou ao Convento de Colônia, que havia fundado, e a lecionar na universidade de lá.
    Imbatível em suas explanações, Santo Alberto foi o maior filósofo alemão da Idade Média. Exímio conhecedor de Aristóteles, soube descontar o que foi acrescentado pelos pensadores árabes, sem, no entanto, deixar de estudá-los, de onde sempre obtinha mais conhecimento. Para dedicar-se ainda mais aos estudos, pensou em abandonar a vida religiosa, mas em aparição que lhe fez Nossa Senhora, de quem era fervoroso devoto, mostrou-lhe que a ciência não tem sentido sem a orientação da .
    E ao recompilar tanto conhecimento à luz da Sã Doutrina, escreveu, com títulos que parafraseavam os de Aristóteles, quatro excelentes livros: 'Metafísica', 'Ética', 'Física' e 'Política'. Realizou a mais importante síntese de toda cultura filosófica existente até então. Via na filosofia de Aristóteles centelhas que culminavam nas divinas revelações constantes no Antigo Testamento, e que seriam aperfeiçoadas por Jesus. Enxergava harmonia entre ciência e religião, entre razão e fé.
    Era um perfeito contemplador de toda obra de Deus. Além de Filosofia, escreveu sobre Antropologia, Lógica, Psicologia, Botânica, Zoologia, Mineralogia, Meteorologia, Química, Física, Navegação e Artes Práticas. Ao todo são 22 volumosos livros, entre os quais se destacam 'Sobre os Vegetais e as Plantas', 'Sobre os Minerais' e 'Sobre os Animais'.
    Já era chamado de Magno pelos seus contemporâneos.
    Para ele, todo puro conhecimento revela e leva à santidade.
    Disse: "Minha intenção última está na ciência de Deus."


    E sem jamais esquecer a mensagem que recebera da Santíssima Virgem, rezava: "Senhor Jesus, imploramos tua ajuda para não nos deixar seduzir pelas tentadoras palavras sobre a nobreza da família, sobre o prestígio da Ordem, sobre o que a ciência tem de atrativo."
    Já em avançada idade, mas ainda lembrado por sua família de militares, o Papa Urbano IV indicou-o para pregar a Cruzada que estava para ser organizada a partir da Germânia e da Boêmia, tendo por objetivo retomar pelo menos a Diocese de Jerusalém, onde este Papa havia sido Bispo. Claro, dada a capacidade de argumentação deste Santo mestre, bem como seu obediente empenho, a convocação foi um sucesso.
    Em 1274 participou, de decisivo modo, do II Concílio de Lyon, no qual a igreja ortodoxa, após a separação chamada Cisma do Oriente, voltou a unir-se à Igreja, embora não tenha honrado esse compromisso por muito tempo.
    Além de Magno, Santo Alberto também recebeu, e merecidamente, o título Doutor da Igreja. Por óbvias razões, é o padroeiro dos estudiosos das ciências naturais. E como se todas essas qualidades não lhe bastassem, também era um excelente pregador. O título de Magno, portanto, é realmente muito justo.
    Cunhou luminosas frases:

    "Eu confio a Ti, ó Adorável Sangue, nossa Redenção, nossa regeneração. Cai, gota a gota, nos corações que se separaram de Ti e amacie a dureza deles."
    "Senhor, lavados e purificados no mais profundo de nós mesmos, vivificados por Teu Espírito Santo, saciados por Tua Eucaristia, faz com que tenhamos parte na Graça que tiveram os Santos Apóstolos e os discípulos, que receberam o Sacramento de Tuas mãos."
   "Senhor, desenvolve em nós o zelo de Pedro, para destruirmos toda vontade que seja contrária à Tua (Jo 18,10)."
    "Senhor, desenvolve em nós a Paz interior, a determinação e a alegria que foram saboreadas por São João, quando se reclinou sobre Teu peito (Jo 13,25); que assim possamos usufruir de Tua Sabedoria, que tomemos o gosto de Tua doçura, de Tua bondade."
    "Senhor, desenvolve em nós a retidão da fé, uma firme esperança e um perfeito amor."

    "Senhor, inspira ao nosso espírito o que Teu Espírito inspirou aos Santos, que já estão no Céu, realizando em si mesmos a perfeição da beatitude."
    
"Desejar tudo aquilo que eu quero para a Glória de Deus, como Deus deseja para Sua Glória tudo que Ele quer."
    "É pelo caminho do amor, que é a caridade, que Deus Se aproxima do homem e o homem de Deus. Mas onde a caridade não é encontrada, Deus não pode habitar. Se, então, possuímos a caridade, possuímos a Deus, pois 'Deus é caridade (1 Jo 4, 8).'"
    "As nações que não te servirem (Maria), perecerão!"
    "Tomo a vós, estrelas, em minhas mãos, e tremendo na unidade de meu ser, elevo-vos acima de vós mesmas, e em oração apresento-vos ao Criador, que somente através de mim, vós estrelas, podeis adorar."
    "Não esconderei uma ciência que havia antes de mim, revelada pela Graça de Deus. Eu não vou guardá-la para mim mesmo, por ter medo de atrair sua maldição. De que vale uma ciência escondida? De que vale um tesouro escondido? A ciência que aprendi sem ficção, eu transmito sem arrependimento. A inveja tudo perturba; um invejoso não pode ser justo diante de Deus. Toda ciência e conhecimento procedem de Deus. Dizer que ela procede do Espírito Santo é uma maneira simples de expressar-se. Ninguém pode, portanto, dizer Nosso Senhor Jesus Cristo, sem implicar Filho de Deus, Nosso Pai, por obra e Graça do Espírito Santo. Da mesma forma, essa ciência não pode ser separada d'Aquele que ma comunicou."
    "A evidência disto (transformação de animais em fósseis) é que partes de animais aquáticos, e talvez de engrenagens navais, são encontradas em rochas nas cavidades das montanhas, as quais a água sem dúvida ali depositou envolvidas em pegajosa lama, e que foram impedidas pela frieza e secura da rocha de petrificar completamente. Uma evidência muito impressionante desse tipo é encontrada nas pedras de Paris, nas quais muitas vezes se encontram conchas redondas na forma da lua."
    "A natureza deve ser o fundamento e o modelo da ciência. Assim, a arte funciona de acordo com a natureza em tudo que pode. Portanto, é necessário que o artista siga a natureza e opere de acordo com ela."
    "Acha a Verdade, porque a Verdade te liberta (Jo 8,32)."
    "Trabalhe para simplificar o coração, que sendo imovível e em paz contra qualquer vã e invasora fantasia, tu sempre possas assim permanecer firme no Senhor dentro de ti, naquele nível como se tua alma já tivesse entrado no sempre presente agora da eternidade."
    "Desta forma, se tu continuares todo tempo da maneira que descrevemos desde o início, ficará tão fácil e claro para ti permanecer em contemplação em teu estado interior e recolhido como para viver no estado natural."
    "Acima de tudo, deve-se tudo aceitar, em geral e individualmente, em si mesmo ou nos outros, agradável ou desagradável, com um rápido e confiante espírito, como vindo da mão de Sua infalível Providência ou de ordem por Ele dada."
    "Quanto maior e mais persistente tua confiança em Deus, mais abundantemente tu receberás tudo que tu pedes."
    "O olhar é a vitrine do sentimento."
    "Bani, portanto, de vosso coração as distrações da terra, e transformem vossos olhos em espirituais alegrias, para que finalmente aprendam a descansar à Luz da contemplação de Deus."
    "Eu nunca saí para misturar-me com o mundo sem perder algo de mim mesmo."

    "É ensinado pelos demônios, portanto ensina sobre demônios e leva a demônios."
    "Da mesma forma que não há mal sem punição, não há bem sem recompensa."

    Ao perceber que estava perdendo a memória, pediu que começassem a construir sua sepultura e passou a rezar diariamente o Ofício dos Mortos. Morreu em Colônia, santamente, no ano de 1280. Suas relíquias encontram-se na Basílica de Santo André, nessa mesma cidade, onde lhe dedicaram a cripta.


    Santo Alberto Magno, rogai por nós!