segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Santo Amaro


    Filho de Eutíquio, senador romano, e de uma fidalga, Júlia, Santo Mauro, seu verdadeiro nome, nasceu em Roma em 512, e num sonho aos 12 anos ouviu uma voz pedindo que entregasse sua vida a Cristo.
    Seu pai era muito amigo de São Bento, fundador da ordem beneditina e em todo mundo venerado como o pai dos monges do Ocidente. Santo Amaro, como se tornou popularmente conhecido, não poderia ter sido confiado a alguém mais próximo de Deus. Acompanhou-o São Plácido, seu primo, que, ainda mais precoce, à época tinha apenas 7 anos. Foram levados ao hoje mundialmente famoso Mosteiro Subiaco, a uns 70 quilômetros de Roma, onde, numa pequena gruta, São Bento havia começado a viver seu ermitério.


    Não foi um casual encontro: apesar da idade, nosso Santo viria a ser o braço-direito de São Bento. Quando ele fundou, nos arredores de Nápoles, o mosteiro do Monte Cassino, que viria a ser a casa símbolo dos beneditinos, Santo Amaro foi indicado por ele como o primeiro abade, ou seja, pai, supervisor. As qualidades que São Bento admirava nele eram realmente essenciais: a humildade e a obediência.


    Quando surgiu a primeira oportunidade para fundar um mosteiro na França, em 535, o indicado por São Bento mais uma vez foi Santo Amaro. Nessa missão estava acompanhado de quatro monges, entre eles Fausto, que iria escrever sua história no célere livro 'Vida de Amaro, abade'. Tão bem sucedido foi seu trabalho nessa região, a sudeste de Paris, que em torno do mosteiro floresceu uma cidade que leva seu nome, Saint-Maur-des-Fossés. Muito sólido, o Mosteiro de Santo Amaro, em ruínas desde o século XVII, resistiu à secularização da Europa, à estupida Revolução Francesa e aos tempos.


    Segundo Fausto, Santo Amaro foi acometido pela peste, que através dos anos já havia levado à morte muitas pessoas na região, entre elas quase cem religiosos, muitos deles cativados por nosso Santo. Ele morreu no início de 584, heroicamente resistindo após vários meses de sofrimentos. Foi intitulado 'Apóstolo' dos Beneditinos na Gália, nome daquela região, uma província romana pouco maior que a atual França.
    Seu corpo foi sepultado na capela de São Martinho, na abadia de outra cidade que leva seu nome, Saint-Maur-sur-le-Loire, a noroeste de Orleans, erguida em sua homenagem e de restauração do século XVII, onde seu sarcófago ainda pode ser visto.


    Uma cruz feita de corações, de sua inspiração, e por isso leva seu nome, também pode ser vista em várias paredes dessa igreja.


    Anos mais tarde, por sua importância, seus restos foram levados à capela do mosteiro de Monte Cassino.
    A congregação beneditina francesa, criada no século XVII, importante centro de formação de monges, fez questão de homenageá-lo adotando seu nome.
    Ainda no século XI, uma belíssima urna foi confeccionada em Florennes, atualmente na Bélgica, para guardar suas relíquias junto às de São Timóteo e São João Batista. A Abadia de Florennes, porém, foi destruída durante a Revolução Francesa, mas a urna foi preventivamente resgatada e levada por cristãos para um castelo na antiga Tchecoslováquia.


    A única relíquia que dele ainda se tem, está exposta na igreja de Santa Eufemia da comuna italiana de Santo Mauro La Bruca, na província de Salerno, onde na segunda metade do primeiro milênio se ergueu um pequeno monastério que também levava seu nome. Além de vários grandes milagres atribuídos a ele, como uma aparição sua que livrou quase todos operários, menos os teimosos, de um soterramento na galeria ferroviária em 1889, em 1969 deu-se aí um Milagre Eucarístico.


    Santo Amaro, rogai por nós!