quarta-feira, 2 de agosto de 2023

A Salvação vem dos Judeus


    Vivendo num mundo globalizado, e enxergando as nações em igualdade de direitos, soa estranho que Deus tenha escolhido um único povo para dar-Se a conhecer, ainda que tenha sido só inicialmente. Parecem descabidos privilégio e exclusividade.
    Mas esquecemos que Deus é Pessoa, e como tal quer ser conhecido e amado. É de Sua natureza de Pai amoroso que nos contacte pessoalmente, um a um, por isso não Se vale apenas da Revelação, que por ser coletiva pode parecer fria e distante. Com efeito, como na Encarnação do Cristo, Ele também vive conosco a História, para que a partir de nossas próprias experiências venhamos a dar testemunho de Seu amor e Sua Graça.
    Na verdade, Ele não começou por um povo, mas, de ainda mais singular modo, por um homem: Abraão. E mesmo assim, para que tal fato não caísse em esquecimento, instantemente teve que puxar por sua memória: "Eu sou o Senhor, que te fiz sair de Ur da Caldeia para dar-te esta terra." Gn 15,7
    E quando já estava velho, Abraão ouviu mais reveladoras e significativas palavras: "Eu sou o Deus Todo-poderoso." Gn 17,1
    Deus também teve que Se identificar a Jacó, fazendo-lhe lembrar do que já tinha feito por seu avô, aqui chamado de pai, e por seu próprio pai, Isaac: "Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de Isaac..." Gn 28,13
    E quando o povo de Israel vivia como escravo no Egito, e quase havia-O esquecido, Ele teve que Se identificar a Moisés, mas desta vez de inequívoca forma, mandando através dele um definitivo recado aos israelitas: "EU SOU AQUELE QUE SOU." Ex 3,14
    Enfim, nem assim se pode dizer que os hebreus prontamente reconheceram e abraçaram a Deus. Ora, assim como a qualquer um de nós, e ainda hoje, Ele quase sempre teve que deixar explícito Quem Ele é, bem como Sua divina unicidade, e desde o primeiro Mandamento dado nas tábuas a Moisés: "Eu sou o Senhor Teu Deus... Não terás outros deuses diante de Minha face." Ex 20,3
    Moisés, da mesma forma, teve muito trabalho para fazer o povo acreditar, e ainda teve que outra vez lhes declarar a exclusividade de Deus: "Ouve, ó Israel! O Senhor, Nosso Deus, é o único Senhor." Dt 6,4
    Vemos, portanto, Deus apresentando-Se e dando-Se a conhecer em distintas manifestações, porém, como na atualidade, também vemos a recorrente dificuldade humana em reconhecê-Lo. O povo de Israel, pois, precisou ser trabalhado por gerações e gerações, e isso é mais um dos motivos que explica porque, fiel em Seu amor e assim ao Seu proceder, Ele escolheu, ao menos a princípio, apenas um povo a quem mais explicitamente Se revelar.
    E não obstante tanta relutância, da mesma forma Ele sempre deixou evidente Sua afetiva personalidade, a fim de estabelecer uma amorosa relação com Seus filhos: "Amarás o Senhor, Teu Deus, de todo teu coração, de toda tua alma e de todas tuas forças." Dt 6,5


DESDE O PRINCÍPIO, DEUS DE TODOS POVOS E NAÇÕES

    Também não resta dúvida de que a fase do 'crescei e multiplicai' tenha levado o ser humano a colonizar distantes terras, formando diversas nações: "Quando o Altíssimo dividia os povos e dispersava os filhos dos homens, fixou limites aos povos, segundo o número dos filhos de Deus." Dt 32,8
    Mas, como aconteceu com Adão e Eva no Paraíso, não era Sua vontade que os povos se voltassem contra Ele. Moisés esbraveja: "Pecaram contra Ele. Já não são Seus filhos, mas degenerada raça, perversa, depravada geração. É assim que agradeceis ao Senhor, frívola e insensata gente? Não é Ele Teu Pai, Teu Criador, que te fez e te estabeleceu? Lembra-te dos antigos dias, considera os anos das passadas gerações. Interroga teu pai e ele contá-te-á, teus anciãos e eles di-te-ão." Dt 32,5-7
    Entretanto, a promessa que Ele fez a Abraão foi rigorosamente mantida: "... em ti serão benditas todas famílias da terra." Gn 12,3
    Abraão tornou-se pai carnal, embora nem todos viessem a guardar as tradições hebreias, e, pela fé, também pai espiritual de muita gente: "... de ti farei o pai de uma multidão de povos... de ti farei nascer nações..." Gn 17,5b-6a
    Pois mesmo que a tradição só considere como hebreu o filho de uma hebreia, na ascendência do próprio Jesus há três mulheres estrangeiras: "Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara. Salmon gerou Booz, de Raab. Booz gerou Obed, de Rute." Mt 1,1.3a.5a
    De fato, após alguns séculos de prática da patrilinearidade, Moisés estabeleceu uma separação para com as pagãs nações: "Não contrairás com elas matrimônios: não darás tua filha a seus filhos, e não tomarás de suas filhas para teu filho, pois elas afastariam do Senhor teu filho, que serviria a outros deuses. A cólera do Senhor inflamar-se-ia contra ele e não tardaria a exterminar-vos." Dt 7,3-4
    Tal hereditariedade, portanto, é de expressivo significado porque no Cristo, Glória maior dos judeus, estava previsto que todos povos se reconciliariam com Deus. É a Eterna Aliança prometida pelo Pai através do Profeta Isaías: "Prestai-Me atenção, e vinde a Mim. Escutai, e vossa alma viverá: convosco quero concluir uma Eterna Aliança, outorgando-vos os favores prometidos a Davi. Farei de ti um testemunho para os povos, um sobreano condutor das nações. Conclamarás povos que nunca conheceste, e nações que te ignoravam acorrerão a ti por causa do Senhor Teu Deus, e do Santo de Israel que fará tua Glória." Is 55,3a.4-5
    Assim, como ditavam as profecias, em Jesus a Salvação seria anunciada não somente aos judeus, mas por toda Terra: "E agora o Senhor fala, Ele, que Me formou desde Meu Nascimento para ser Seu Servo, para trazer-Lhe de volta Jacó e reunir-Lhe Israel: 'Não basta que sejas Meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel. De ti vou fazer a Luz das nações, para propagar Minha Salvação até os confins do mundo.'" Is 49,6
    Na visão de Daniel, com efeito, o Cristo apresenta-Se diante de Deus Pai para reinar sobre todos povos: "Sempre olhando a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do Céu: dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e povos de todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
    Também o afirmou o religioso Simão, durante a Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém, pois Ele efetivamente é a Glória de Israel, mas não somente dele: "Agora, Senhor, deixai ir em Paz Vosso servo, segundo Vossa Palavra. Porque meus olhos viram Vossa Salvação, que preparastes diante de todos povos, como Luz para iluminar as nações, e para a Glória de Vosso povo de Israel." Lc 2,29-32
    Isso foi profetizado até por um inimigo de Jesus, o sumo sacerdote do ano em que Ele foi crucificado: "... Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas para que também fossem reconduzidos à Unidade os dispersos filhos de Deus." Jo 11,51b-52
    Entretanto, Israel já vivia no Advento do Cristo um momento de extrema fragilidade, padecendo mais uma grande humilhação por décadas de dominação dos romanos. Isso explica as palavras de Nossa Senhora, também celebrando na gestação de Jesus a definitiva Redenção de Seu povo: "Acolheu a Israel, Seu servo, lembrado da Sua Misericórdia, conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre." Lc 1,54-55
    Tal privilégio, porém, de ser chamado de povo de Deus, estava sujeito a algumas condições. Disse Moisés: "O Senhor confirmá-te-á como um povo consagrado a Ele, como te jurou, contanto que observes Suas ordens e andes pelos Seus caminhos. Todos povos da terra verão, então, que és marcado com o Nome do Senhor..." Dt 28,9-10a
    Ou seja, os judeus deviam espelhar Sua santidade, como Ele mesmo disse através do Profeta Ezequiel: "'As nações então ficarão sabendo que Eu sou Javé,' Oráculo do Senhor Javé, 'quando, por meio de vós, Eu mostrar Minha santidade diante deles.'" Ez 36,23b
    Deviam espelhar Sua Sabedoria, que por eles veio a viger na terra, como disse o Profeta Baruc: "É Ele Nosso Deus, com Ele nenhum outro se compara. Conhece a fundo os caminhos que conduzem à Sabedoria, galardoando com ela Jacó, Seu servo, e Israel, Seu favorecido. Foi então que ela apareceu sobre a terra, onde permanece entre os homens." Br 3,36-38
    Por isso, São Pedro exigia dos judeus, seus irmãos, o testemunho do Cristo: "Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou Seu Servo, para abençoar-vos, a fim de que cada um se aparte de sua iniquidade." At 3,26
    São Paulo sustenta o mesmo argumento na Carta aos Romanos: "Em que, então, se avantaja o judeu? Ou qual é a utilidade da circuncisão? Muita, em todos aspectos. Principalmente porque lhes foram confiados os Oráculos de Deus." Rm 3,1-2
    E diz: "Eles são os israelitas. A eles foram dadas a adoção, a Glória, as Alianças, a Lei, o culto, as promessas e os patriarcas. Deles descende Cristo, segundo a carne, o Qual é, sobre todas coisas, Deus bendito para sempre. Amém." Rm 9,4-5
    Coberto de razão, ele também afirma que Deus não retira Suas dádivas: "... quanto à eleição eles são muito queridos por causa de seus pais. Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." Rm 28b-29
    Motivo pelo qual, ainda segundo o Último Apóstolo, o Evangelho teria que ser anunciado inicialmente aos judeus, como fez Jesus: "Com efeito, não me envergonho do Evangelho, pois ele é uma força vinda de Deus para a Salvação de todo aquele que crê, em primeiro lugar ao judeu, e depois ao grego." Rm 1,16
    Após a Vinda do Espírito Santo, no entanto, e com o 'Pentecostes dos Pagãos', São Tiago Menor vai resumir assim os argumentos de São Pedro na defesa do ingresso dos não-judeus na Santa Igreja: "Simão narrou como Deus começou a olhar para as pagãs nações, para delas tirar um povo que trouxesse Seu Nome." At 15,14
    São Mateus bem percebeu esse alcance que só o Espírito Santo daria à Palavra de Jesus, e invocou mais uma profecia de Isaías: "Uma grande multidão seguiu-O, e Ele curou todos seus doentes. Proibia-lhes formalmente de falar disso, para que se cumprisse o anunciado pelo Profeta Isaías: 'Eis Meu Servo a Quem escolhi, Meu bem-amado em Quem Minha alma pôs toda Sua afeição. Farei repousar sobre Ele Meu Espírito, e Ele anunciará a justiça aos pagãos. Em Seu Nome as pagãs nações porão sua esperança (Is 42,1-4)." Mt 12,15b-18.21
    O próprio São Pedro, ao dirigir-se exclusivamente aos não-judeus numa de suas cartas, usará esses termos: "... àqueles que, pela justiça do Nosso Deus e do Salvador Jesus Cristo, alcançaram uma tão preciosa quanto a nossa." 2 Pd 1,1b
    Pois como protestou São Paulo aos judeus em Roma, houve um momento em que os Apóstolos abandonariam os esforços de anunciar-lhes Cristo: "Ficai sabendo, pois, que agora aos gentios é enviada esta Salvação de Deus. E eles ouvi-la-ão." At 28,28
    De fato, Jesus havia previsto a total aversão do 'povo de Deus' aos cristãos: "Expulsá-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus." Jo 16,2
    E sentenciou aos líderes judeus em Jerusalém, poucos dias antes de ser crucificado: "Por isso, digo-vos: sê-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele." Mt 21,43
    Assim os pagãos assumiriam o protagonismo nos projetos de Deus, bem como perseverou entre os judeus a rejeição ao Messias. São Paulo recorda Isaías: "Na Lei está escrito: 'Será por gente de língua estrangeira e por lábios estrangeiros que falarei a este povo. E nem assim Me ouvirão', diz o Senhor (Is 28,11s)." 1 Cor 14,21
    Também cita o Profeta Oseias: "Chamarei de Meu povo aquele que não era Meu povo, e amada aquela que não era amada. E no mesmo lugar em que lhes foi dito: 'Vós não sois Meu povo', ali serão chamados filhos de Deus Vivo (Os 2,1)." Rm 9,25-26
    Por isso, ainda segundo São Paulo, essa 'mudança de planos' não deveria causar estranheza aos judeus: estava predita havia séculos: "E ainda pergunto: Acaso Israel não o compreendeu? Já havia-lhes dito Moisés: 'Eu despertá-vos-ei ciúmes com um povo que não merece este nome, provocá-vos-ei a ira contra uma insensata nação (Dt 32,21).' E Isaías abalança-se a dizer: 'Fui achado pelos que não Me buscavam. Manifestei-Me aos que não perguntavam por Mim (Is 65,1).' Ao passo que, a respeito de Israel, ele diz: 'Todo dia estendi Minhas mãos a um desobediente e teimoso povo (Is 65,2).'" Rm 10,19-21
    Ele diz das profecias do Antigo Testamento: "Por isso, até o dia de hoje, quando leem Moisés um véu cobre-lhes o coração. Esse véu só será tirado quando se converterem ao Senhor." 2 Cor 3,15-16
    Aliás, a manifestação do Salvador, ainda que dada quase que estritamente entre os judeus, foi tão somente o cumprimento de mais uma profecia, porque Ele também curou e exorcizou estrangeiros: "Pois asseguro que Cristo exerceu Seu Ministério entre os incircuncisos para manifestar a veracidade de Deus, através da realização das promessas feitas aos patriarcas." Rm 15,8
    Ademais, o Apóstolo dos Gentios já havia dito: "Porque nem todos que descendem de Israel são verdadeiros israelitas, como nem todos descendentes de Abraão são filhos de Abraão. Mas: 'É em Isaac que terás uma descendência que trará teu nome (Gn 21,12).' Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que serão considerados como descendentes." Rm 9,6b-8
    Ele questionava-se: "Ou Deus só o é dos judeus? Não é também Deus dos pagãos? Sim, Ele também o é dos pagãos." Rm 3,29


UM POVO ANDANTE COMO MENSAGEIRO

    A palavra 'hebreu' significa 'andante'. Tal característica, assim como a secular tradição de formar a família e criar os filhos, fielmente transmitindo conhecimento e costumes, sem dúvida foram inspiradas por Deus, pois deles servir-Se-ia para fazer-Se conhecer e divulgar Sua Palavra. Ora, antes mesmo do primeiro filho gerado por Sara, Ele havia feito uma Aliança com Abraão e sua descendência: "Contigo e com tua posteridade faço Aliança, uma Eterna Aliança, de geração em geração, para que Eu seja Teu Deus e Deus de tua posteridade." Gn 17,7
    E ainda bem antes da Vinda do Messias, Ele também já convidava os estrangeiros para participar dessa Aliança, como primeiro vemos falar o Profeta Isaías e, em seguida, o próprio Deus vai complementar: "Que o estrangeiro que deseja afeiçoar-se ao Senhor não diga: 'Certamente, o Senhor vai excluir-me de Seu povo'. ... estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor, para servi-Lo e amar Seu Nome, para serem Seus servos, se observarem o sábado sem profaná-lo, e '... se afeiçoarem-se à Minha Aliança, Eu conduzi-los-ei ao Meu santo monte e cumula-los-ei de alegria na Minha Casa de Oração. Seus holocaustos e sacrifícios serão aceitos sobre Meu altar, pois Minha Casa chamar-se-á Casa de Orações para todos povos.'" Is 56,3.6-7
    Com efeito, desde a construção do Templo de Jerusalém, isto é, ao menos três séculos antes deste Profeta, que o rei Salomão já intercedia pelos estrangeiros: "Quanto ao estrangeiro, que não pertence ao Vosso povo de Israel, quando vier de uma terra longínqua por causa de Vosso Nome, porque se ouvirá falar da grandeza de Vosso Nome, da força de Vossa mão e do poder de Vosso braço, quando vier orar neste Templo, ouvi-o do alto dos Céus, do alto de Vossa morada, ouvi-o e fazei tudo que esse estrangeiro Vos pedir. Então todos povos da terra conhecerão Vosso Nome, temê-Vos-ão como Vosso povo de Israel, e saberão que Vosso Nome é invocado sobre esta Casa que edifiquei." 1 Rs 8,41-43
    salmista já cantava: "Tema ao Senhor toda a terra. Reverenciem-nO todos habitantes do globo." Sl 32,8
    E insinuava Seu culto: "O Senhor desfaz os planos das pagãs nações, reduz a nada os projetos dos povos. Só os desígnios do Senhor permanecem eternamente, e os pensamentos de Seu Coração, por todas gerações. Feliz a nação que tem o Senhor por Seu Deus, e o povo que Ele escolheu para Sua herança." Sl 32,10-12
    Assim, por muitos séculos até a chegada de Jesus, na plenitude dos tempos, por Seus arautos Deus falou ao povo de Israel e também ao mundo, como se incluem os seguidores da tradição de São Paulo na epístola endereçada aos hebreus: "Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos Profetas." Hb 1,1
    Como posteridade de Abraão, por fim, à samaritana Jesus fala do Pai, de Sua história entre o povo judeu e de Si mesmo: "Vós adorais O que não conheceis. Nós adoramos O que conhecemos, porque a Salvação vem dos judeus." Jo 4,22
    E nestes termos Ele vai justificar a Salvação de que Zaqueu, pelas promessas de Deus, é destinatário: "Disse-lhe Jesus: 'Hoje entrou a Salvação nesta casa, porquanto este também é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.'" Lc 19,9-10
    Mas nem por isso os judeus deviam bastar-se, como Ele mesmo avisou ainda no início de Suas pregações: "Não digais dentro de vós: 'Nós temos a Abraão por pai!' Pois eu digo-vos: 'Deus é poderoso para destas pedras suscitar filhos a Abraão.'" Mt 3,9
    Enquanto mero ser humano, contudo, o Nazareno era ciente de Suas limitações e sabia que tinha uma Missão muito específica a cumprir. Sem dúvida, essa era uma promessa feita aos judeus e que entre eles haveria de realizar-se, embora a Boa Nova por Ele anunciada não mais tivesse que se restringir a eles. Por isso, enquanto o Cristo esteve entre nós, os Apóstolos também tiveram um rebanho delimitado para apascentar, como São Mateus narrou: "Estes são os Doze que Jesus enviou em missão, após ter-lhes dado as seguintes instruções: 'Não ireis ao meio dos gentios nem entrareis em Samaria. Antes ides às ovelhas que se perderam da Casa de Israel.'" Mt 10,5-6
    Noutra passagem, Ele vai declarar abertamente esta condição de Sua Missão a uma estrangeira, que Lhe implorava socorro à filha possessa: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da Casa de Israel." Mt 15, 24
    Mas essa mulher era bem informada sobre a Vinda do Salvador, e realmente acreditava que Jesus era Sua Encarnação. Isso verifica-se quando ela por Ele chamava, fazendo menção à Sua ascendência, que era hebreia, e à Sua tribo, conforme as profecias: "Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim!" Mt 15,22
    E assim, humildemente demonstrando sua fé, ela tocou Seu Sagrado Coração: "Jesus respondeu-lhe: 'Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos.' 'Certamente, Senhor', replicou-Lhe ela, 'mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos...' Disse-lhe, então, Jesus: 'Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas.'" Mt 15,26-28
    Era tão específica Sua humana manifestação que, ao ouvir que Seu Nome já havia chegado aos judeus que moravam nas antigas colônias gregas, Jesus percebeu que a hora de Sua Paixão estava próxima: "Havia alguns gregos entre os que subiram para adorar durante a festa. Estes aproximaram-se de Filipe (aquele de Betsaida da Galileia) e rogaram-lhe: 'Senhor, quiséramos ver Jesus.' Filipe foi e falou com André. Então André e Filipe disseram-no ao Senhor. Respondeu-lhes Jesus: 'É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado. Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só. Se morrer, produz muito fruto.'" Jo 12,20-24
    Tanto que, mesmo após Sua Ressurreição e momentos antes de Sua Ascensão, na última conversa os Apóstolos ainda falavam apenas na restauração do Reino de Israel, enquanto um mero país: "Assim reunidos, eles interrogavam-nO: 'Senhor, é porventura agora que ides restaurar a realeza em Israel?'" At 1,6
    De fato, após a multiplicação dos pães e dos peixes, a multidão quis fazê-Lo rei de Israel, por reconhecê-Lo como o Profeta anunciado por Moisés: "À vista desse milagre de Jesus, aquela gente dizia: 'Este é verdadeiramente o Profeta que há de vir ao mundo.' Jesus, percebendo que queriam arrebatá-Lo e fazê-Lo rei, tornou a retirar-Se sozinho para o monte." Jo 6,14-15
    Mas, conforme as próprias Escrituras, Suas ovelhas não seriam apenas o povo de Israel. Essa, contudo, seria outra etapa do projeto da Salvação, a ser realizado por intermédio de Sua Igreja como Ele mesmo afirmou: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Também preciso conduzi-las, e ouvirão Minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor." Jo 10,16
    Por isso, ao rezar ao Pai, Ele pediu não apenas pelos Apóstolos, mas por todos fiéis que através da pregação do Doze formariam a sólida Unidade da Igreja: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em Mim. Para que todos sejam Um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que eles também estejam em Nós, e o mundo creia que Tu Me enviaste." Jo 17,20-21
    E assim garantiu aos Apóstolos: "Se guardaram Minha Palavra, hão de guardar também a vossa." Jo 15,20
    São Paulo, enfim, com maestria interpreta os desígnios de Deus realizados através da Cruz: arrebatar toda humanidade: "Ele quis, assim, a partir do judeu e do pagão, criar em Si um só novo homem, estabelecendo a Paz. Quis reconciliá-los com Deus, ambos em um só Corpo, por meio da Cruz." Ef 2,15a-16b
    Ele detalha: "Lendo-me, podereis entender a compreensão que me foi concedida do Mistério de Cristo, que em outras gerações não foi manifestado aos homens da maneira como agora tem sido revelado pelo Espírito aos Seus santos Apóstolos e Profetas. A saber: que os gentios são co-herdeiros conosco (que somos judeus), são membros do mesmo Corpo e participantes da promessa em Jesus Cristo pelo Evangelho. Eu tornei-me servo deste Evangelho em virtude da Graça que pela onipotente ação divina me foi dada. A mim, o mais insignificante dentre todos santos, coube-me a Graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo, e a todos manifestar o salvador desígnio de Deus, mistério oculto desde a eternidade em Deus, que tudo criou." Ef 3,4-9
    E com total convicção, em sua defesa ele vai dizer ao rei Agripa: "Mas, assistido do socorro de Deus, permaneço vivo até o dia de hoje. Dou testemunho a pequenos e a grandes, nada dizendo senão o que os Profetas e Moisés disseram que havia de acontecer, a saber: que Cristo havia de padecer e seria o primeiro que, pela Ressurreição dos mortos, havia de anunciar a Luz ao povo judeu e aos pagãos." At 26,22-23
    Por isso, evocou as Escrituras perante os gálatas: "Prevendo que Deus justificaria os povos pagãos pela fé, a Escritura anunciou esta Boa Nova a Abraão: 'Em ti todos povos serão abençoados (Gn 18,18).' Assim a bênção de Abraão estende-se aos gentios, em Cristo Jesus, e pela fé recebemos o prometido Espírito." Gl 3,8.14
    E garantia aos tessalonicenses, que também não eram judeus: "... porque desde o princípio Deus vos escolheu para dar-vos a Salvação, pela santificação do Espírito e pela fé na Verdade. E pelo anúncio do nosso Evangelho chamou-vos para tomardes parte na Glória de Nosso Senhor Jesus Cristo." 2 Ts 2,13-14
    Sem dúvida, foi exatamente essa universalidade que Jesus prometeu ao referir-Se à Sua crucificação: "E quando Eu for levantado da terra, a Mim atrairei todos homens." Jo 12,32


"IDE POR TODO O MUNDO"

    Porque se Israel foi o povo escolhido para receber a Revelação de Deus, não saberia, como visto, receber o Messias. E pelas sérias responsabilidades que tinham, desfaz-se o argumento de que teriam sido apenas privilegiados pelas manifestações de Deus. Jesus mesmo vai dizer: "Porque a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, mais dele há de exigir-se." Lc 12,48b
    Por isso, em Sua última Páscoa, ao contemplar do monte das Oliveiras a cidade Jerusalém, Ele chorou e lamentou sua insensibilidade: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os Profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas... e tu não quiseste!" Mt 23,37
    As consequências, de fato, seriam trágicas. Jesus previu: "Virão sobre ti dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras, sitiá-te-ão e apertá-te-ão de todos lados. Destruí-te-ão a ti e a teus filhos que estiverem dentro de ti, e em ti não deixarão pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada.'" Lc 19,41-44
    São João Evangelista assim resumiu esse descompasso entre Jesus e Seu povo: "Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam." Jo 1,11
    E quanto à primazia dos judeus como povo de Deus, o próprio Jesus deixou claro que, depois de São João Batista, passava a vigorar a Nova Aliança. Ou seja, o Antigo Testamento deixava de ser o centro da Revelação, que passou a ter em Sua manifestação o principal acontecimento: "A Lei e os Profetas duraram até João. Desde então é anunciado o Reino de Deus..." Lc 16,16a
    Mas isso não significa que Ele estivesse renegando o Antigo Testamento, pois afirmou: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17
    Segundo São Paulo, o próprio Jesus era um estrito praticante da Lei: "Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos Sua adoção." Gl 4,4-5
    São Lucas até registrou Sua circuncisão: "Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o Menino, foi-Lhe posto o Nome de Jesus, como Lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno." Lc 2,21
    Pois Nossa Senhora e São José eram perfeitamente obedientes a Deus, também cumprindo todos ritos: "Concluídos os dias para a purificação de Maria segundo a Lei de Moisés, levaram-nO a Jerusalém para apresentá-Lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: 'Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2).' E tendo os pais apresentado o Menino Jesus, para cumprirem a respeito d'Ele os preceitos da Lei..." Lc 2,22-23.27b
    E assim, em perfeita obediência ao Antigo Testamento, Jesus viveu Sua vida pública: "Jesus percorria todas cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade." Mt 9,34
    Incluindo as Páscoas: "Todos dias ensinava no Templo. Os príncipes dos sacerdotes, porém, os escribas e os chefes do povo procuravam tirar-Lhe a vida." Lc 19,47
    Ele mesmo vai declará-lo ao sumo sacerdote, explicitando, contudo, a publicidade de Sua Doutrina: "Jesus respondeu-lhe: 'Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no Templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas.'" Jo 18,20
    De fato, Ele é a própria consumação do Judaísmo. Tanto que Elias e Moisés, suas mais importantes figuras, solenemente apareceram-Lhe. E os mais íntimos Apóstolos, que, aliás, eram todos judeus, foram testemunhas oculares: "Passados uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, transformou-Se Seu rosto, e Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que com Ele falavam dois personagens: eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em Glória, e falavam da morte d'Ele, que havia de cumprir-se em Jerusalém." Lc 9,28-31
    E Ele até declarou o anátema de algumas cidades à margem do mar da Galileia, por conta do privilégio, ao qual não corresponderam, que tiveram: "Depois, Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de Seus milagres, por terem recusado arrepender-se: 'Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas teriam-se arrependido sob o cilício e a cinza. Por isso, digo-vos: no Dia do Juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! E tu, Cafarnaum, serás elevada até o Céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro de teus muros, subsistiria até este dia. Por isso, digo-te: no Dia do Juízo, haverá menor rigor para Sodoma que para ti!'" Mt 11,20-24
    Tal juízo está em perfeita concordância com Sua profecia contra o povo de Israel, quando um centurião de Cafarnaum Lhe pedia apenas uma Palavra pela cura de seu servo: "Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: 'Em Verdade, digo-vos: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. Por isso, Eu declaro-vos que multidões virão do Oriente e do Ocidente, e assentar-se-ão no Reino dos Céus com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.'" Mt 8,11-12
    Está em concordância com a conclusão da parábola do grande banquete: "Pois, digo-vos: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará Minha Ceia." Lc 14,24
    Com a conclusão da parábola das Bodas do Filho do Rei: "Disse, depois, a Seus servos: 'O festim está pronto, mas os convidados não foram dignos. Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quantos achardes.' Espalharam-se eles pelos caminhos e reuniram todos quantos acharam, maus e bons, de modo que a sala do banquete ficou repleta de convidados." Mt 22,8-10
    Ou ainda com a provocação que Ele fez aos fariseus, na parábola de Lázaro e do Rico: "Abraão respondeu-lhe: 'Se não ouvirem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer mesmo que alguém ressuscite dos mortos.'" Lc 16,31
    E assim, após cumprida Sua Missão e instantes antes de Sua Ascensão, Jesus manda Seus Apóstolos a todos povos, seguindo o divino procedimento de dar-Se a conhecer pessoa a pessoa: "Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura." Mc 16,15
    Mas ao avisar da Vinda do Espírito Santo, mais uma vez Jesus pede aos Apóstolos que comecem pelo povo judeu, que estava em Jerusalém e na Judeia, para só depois estender a missão aos demais povos. Isso bem demonstra a fidelidade de Deus ao Seu povo e à Sua Palavra, empenhada na Aliança: "... mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força. E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo." At 1,8
    Por outro lado, sabemos que àquele tempo se tinha uma distinta concepção de 'mundo'. São Paulo, por exemplo, faz menção à prioridade dos judeus, mas com evidentes restrições do que seriam 'todos povos da terra'. Aí fica claro, contudo, que a primazia dos judeus implica algumas consequências quanto às divinas punições, o que só lhes aumenta a responsabilidade: "Tribulação e angústia sobrevirão a todo aquele que pratica o mal, primeiro ao judeu e depois ao grego. Mas glória, honra e Paz a todo o que faz o bem, primeiro ao judeu e depois ao grego." Rm 2,9-10
    E essa mesma responsabilidade agora é dirigida aos cristãos, como São Pedro aponta: "Porque vem o momento em que se começará o Julgamento pela Casa de Deus. Ora, se Ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus?" 1 Pd 4,17
    Por isso, São Paulo falava em 'vasos de barro': "Se nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a Luz do Evangelho, onde resplandece a Glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que claramente transpareça que este extraordinário poder provém de Deus e não de nós." 2 Cor 4,3-4.7
    Por fim, sabemos que foi pela Palavra anunciada pelo Príncipe dos Apóstolos que o Espírito Santo quis derramar-Se sobre os não-judeus, confirmando o conceito de 'Casa de Oração para todos povos' que agora se aplica à Santa Igreja Católica: "Estando Pedro ainda a falar, o Espírito Santo desceu sobre todos que ouviam a Palavra. Os judeus, que tinham vindo com Pedro, profundamente admiravam-se, vendo que o dom do Espírito Santo também era derramado sobre os pagãos..." At 10,44-45
    Aliás, havia sido também por suas mãos, junto às de São João Evangelista, que se deu o 'Pentecoste dos Samaritanos': "Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que não havia descido ainda sobre nenhum deles, mas somente tinham sido batizados em Nome do Senhor Jesus. Então os dois Apóstolos impuseram-lhes as mãos, e receberam o Espírito Santo." At 8,14-17
    Tal qual os Doze Apóstolos, São Paulo também começou seu ministério dirigindo-se ao judeus. No entanto, como vimos no acontecido em Roma, diante da resistência que lhe faziam, já nas primeiras comunidades da Europa ele irá voltar-se essencialmente aos não-judeus: "Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se inteiramente à pregação da Palavra, dando aos judeus testemunho de que Jesus era o Messias. Mas como esses contradissessem e injuriassem-no, ele, sacudindo as vestes, disse-lhes: 'Vosso sangue caia sobre vossa cabeça! Tenho as mãos inocentes. Desde agora vou para o meio dos não-judeus.'" At 18,5-6
    Pois assim ele pregara em Atenas, no Areópago, convidando todos povos à Confissão dos pecados e a uma verdadeira conversão: "Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, agora convida a todos homens de todos lugares a arrependerem-se." At 17,30
    Contudo, foi-lhe igualmente revelado que os tempos dos não-judeus para com a Igreja, ou seja, dos demais habitantes da Terra, também estão contados: "... esta cegueira de uma parte de Israel só durará até que haja entrado a totalidade dos não-judeus." Rm 11,25
    Essa, aliás, era um profecia feita por Joel: "Sabereis então que Eu sou o Senhor, Vosso Deus, que habita em Sião, Minha santa montanha. E Jerusalém será um lugar sagrado onde os estrangeiros não mais tornarão a passar." Jl 4,17
    Eis porque São Paulo advertia: "Declaro-o a vós, homens de pagã origem: como Apóstolo dos pagãos, eu procuro honrar meu ministério com o intuito de, eventualmente, excitar à imitação os homens de minha raça e assim salvar alguns deles. Se alguns dos ramos foram cortados, e se tu, selvagem oliveira, foste enxertada em seu lugar e agora recebes seiva da raiz da oliveira, não te envaideças nem menosprezes os ramos. Pois, se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Não te ensoberbeças, antes teme. Se Deus não poupou os ramos naturais, bem poderá não poupar a ti." Rm 11,13-14.17-18.20a-21

    "Santificai e reuni Vosso povo!"