Era princesa, filha de André II, rei de Hungria, e casou-se com Ludwig, Duque de Turíngia, região da atual Alemanha, na época um dos mais ricos feudos do Sacro Império Romano-Germânico. Mas muito mais privilegiada foi ela por ser de família cheia de Santas. Pelo lado de sua mãe, foi sobrinha de Santa Edwiges, tia de Santa Cunegundes e de Santa Margarida de Hungria, além de tia-avó de Santa Isabel de Portugal. E pelo lado de seu pai, era prima de Santa Inês de Praga.
Nascida em 1207, cresceu sob a forte influência de São Francisco de Assis, São Domingos e São Pedro Nolasco, Santos fundadores das ordens mendicantes que reconhecidamente reformariam a religiosa e social postura, quando a Europa começou um longo e lento processo, deixando a vida do campo para erguer suas cidades. A realeza e a nobreza de então já reconheciam que a riqueza sem caridade era mera vaidade, e pior: atentava contra a pureza.
Prometida em casamento desde o nascimento, nossa Santa foi educada a partir dos 4 anos junto ao futuro esposo, no castelo onde iriam viver. Ludwig, 7 anos mais velho, chegou a ser questionado pela mãe quanto à 'excessiva' religiosidade de sua futura esposa, mas, verdadeiramente apaixonado, ele preferia deixar as riquezas que abandonar Santa Isabel.
Quando se casaram, ele aos 21 e ela aos 14, Santa Isabel recusou-se a usar a coroa, por compaixão da coroa de espinhos imposta a Jesus. Ludwig compreendeu-a e também dispensou a sua. Mesmo casados, Santa Isabel não abandonava as orações, as penitências e as práticas de caridade: materiais e espirituais.
Ela sempre levava para os pobres os primeiros pães feitos no castelo, mas escondia-os, para não irritar sua nora. Uma manhã, quando saia com o manto carregado de pães, o marido, que voltava de uma caçada, encontrou-a à porta do castelo. Como já suspeitava daquela frequente atividade da esposa, ao vê-la um pouco curvada e segurando o manto dobrado à altura da cintura, perguntou o que levava, e ela, tratando aqueles pães como rosas que oferecia a Nossa Senhora, respondeu-lhe que eram rosas. Ele então pediu para vê-las e ela obedientemente abriu o manto, que realmente se mostrou cheio de belas flores, embora não fosse primavera. Percebendo o milagre que havia acontecido ali, diante de seus olhos, Ludwig pediu e guardou uma dessas rosas por toda vida. E a partir desse dia autorizou-a a livremente distribuir pães aos necessitados.
Tiveram 3 filhos, mas pouco depois de Gertrudes nascer, Ludwig morreu numa cruzada quando acompanhava o Imperador Frederico II. Os cunhados de Santa Isabel, que nem um pouco gostavam de sua vida de piedade, e até acusavam-na de ter desencaminhado o marido, apossaram-se das propriedades, expulsaram-na com os filhos em pleno inverno, sem comida nem dinheiro, e ainda proibiram o povo da região de acolhê-los.
Após alguns dias de sofrimento, com o correr da notícia foi socorrida por sua tia Matilda, abadessa do renomado convento beneditino de Kitzingen, obra de São Bonifácio, e onde mais tarde iria estudar Santa Edwiges. No entanto, sem poder criar os filhos, confiou-os aos cuidados de seus parentes e, como trabalho, pôs-se a tratar de enfermos e leprosos.
Com o retorno dos nobres cruzados que haviam acompanhado seu marido, eles indignaram-se com o tratamento que lhe deram seus cunhados e obrigaram-nos a restituir-lhe todos bens. Envergonhados, eles pediram-lhe desculpas e ela perdoou-os.
Contudo, como não mais abandonou o serviço aos pobres e doentes, e ainda sofrendo a ausência do amado esposo e companheiro, Santa Isabel entregou o ducado da Turíngia ao mais velho cunhado, Henrique, que lhe prometeu devolver a Hermano, seu mais velho filho, quando este atingisse a maior idade.
Devotamente decidida, adotou o hábito da Ordem Terceira de São Francisco, dividindo-se entre a criação dos filhos e a pobreza evangélica, ativamente praticando o amor aos mais necessitados. Usou parte de suas posses para construir o Hospital São Francisco de Assis, em Marburg, no atual estado de Hessen, Alemanha. Fazia o impossível para ajudar todos órfãos e idosos.
Como testemunhou uma amiga em seu processo de canonização, por várias vezes foi vista levitando, enquanto adorava o Santíssimo Sacramento. Também há relatos de que Jesus e Nossa Senhora lhe apareceram em repetidos momentos para consolar-lhe da solidão, e São João Batista, em reconhecimento à sua vida de renúncias, pessoalmente vinha trazer-lhe a Comunhão Eucarística. Quando lhe perguntavam o que iria fazer com o que restava de suas posses, ela respondia: "Minha verdadeira herança é Jesus Cristo!"
Vivendo em muito modesta moradia, faleceu de enfermidade em 1231, ainda aos 24 anos, depois que pediu para confessar-se e receber a extrema unção. Também pediu ao Sacerdote que distribuísse seus parcos pertences entre pobres e necessitados. Seu corpo foi velado na capela do hospital que fundou, para onde acorreu uma multidão que lhe arrancou pedaços das vestes e do pano que cobria o rosto, além de cortar mechas de cabelos e até unhas. Dias antes, porém, Maria Santíssima havia-lhe aparecido cercada de anjos e dito que ela já tinha um lugar no Céu.
É a Padroeira da Ordem Terceira de São Francisco, e também é venerada como Santa pela igreja anglicana.
Em 1981, enquanto ainda era Cardeal, o amado Papa Bento XVI disse a seu respeito: "Deus era real para ela. Aceitou-O como realidade e por isso dedicava-Lhe uma parte de seu tempo, permitia que Ele e Sua presença lhe custassem alguma coisa. E como realmente tinha descoberto a Deus, e Cristo não era para ela uma distante figura, mas o Senhor e o Irmão de sua vida, encontrou a partir de Deus o ser humano, imagem de Deus. Essa também é a razão porque quis e pôde levar aos homens os divinos justiça e amor. Só quem encontra a Deus também pode ser autenticamente humano."
Os 800 anos de seu nascimento foi comemorado com um selo pelo Correio da Alemanha, usando uma pintura secular.
Os 800 anos de seu nascimento foi comemorado com um selo pelo Correio da Alemanha, usando uma pintura secular.
Em relicário que guardou parte de seus restos mortais está no Museu de Estocolmo, Suécia, e uma relíquia de seu braço direito está na capela do Castelo de Sayn, na cidade de Bendorf, na Alemanha. A maior parte de suas relíquias, porém, são veneradas na belíssima Catedral de Marburg, também na Alemanha, que foi construída em sua homenagem, sobre seu túmulo, a partir de 1235, ano de sua canonização. Lá ela é venerada como Santa Isabel de Turíngia.