São Tomé, ou Tomás, na Bíblia também chamado Dídimo, que significa gêmeo, é um dos mais conhecidos Apóstolos de Jesus, marcadamente pela cena em que teria duvidado do testemunho dado pelo Apóstolos da Ressurreição de Cristo.
Mas a vida deste grande Apóstolo não pode ficar resumida a um único momento, se é que ele realmente duvidou. Seria uma injustiça. Quando comparado aos demais Apóstolos, salta aos olhos o destaque que lhe dá São João, autor do Evangelho mais teológico e de suma importância histórica.
São três passagens nas quais entre os Doze ele é o protagonista, induzindo diálogos e situações de grande relevância. Como se percebe na cena do 'ver para crer', definitivamente não era um arredio Apóstolo, afastado de Jesus ou do grupo. Pelo contrário, sempre estava muito atento às Palavras do Divino Mestre e, após Sua Ressurreição, tornou-se um ativo Apóstolo, como demonstram as distâncias que percorreu e o trágico destino que teve.
Mais: não podemos esquecer que ele acompanhava Jesus desde o início, e, o que evidencia sua apurada sensibilidade frente tantos outros, que eram mais de 72, foi um dos Doze escolhidos de primeiríssima linha, sempre citado à frente, como vemos na lista dos três Evangelhos sinóticos. Ele faz parte do segundo dos três grupos de quatro Apóstolos, invariavelmente em companhia dos estudiosos São Filipe, São Bartolomeu e São Mateus, pois também era muito bem letrado.
Aqui temos o rol dado por São Lucas:
"Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e aí passou toda a noite orando a Deus.
Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e dentre eles escolheu Doze, que chamou de Apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelota; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor."
Mas a vida deste grande Apóstolo não pode ficar resumida a um único momento, se é que ele realmente duvidou. Seria uma injustiça. Quando comparado aos demais Apóstolos, salta aos olhos o destaque que lhe dá São João, autor do Evangelho mais teológico e de suma importância histórica.
São três passagens nas quais entre os Doze ele é o protagonista, induzindo diálogos e situações de grande relevância. Como se percebe na cena do 'ver para crer', definitivamente não era um arredio Apóstolo, afastado de Jesus ou do grupo. Pelo contrário, sempre estava muito atento às Palavras do Divino Mestre e, após Sua Ressurreição, tornou-se um ativo Apóstolo, como demonstram as distâncias que percorreu e o trágico destino que teve.
Mais: não podemos esquecer que ele acompanhava Jesus desde o início, e, o que evidencia sua apurada sensibilidade frente tantos outros, que eram mais de 72, foi um dos Doze escolhidos de primeiríssima linha, sempre citado à frente, como vemos na lista dos três Evangelhos sinóticos. Ele faz parte do segundo dos três grupos de quatro Apóstolos, invariavelmente em companhia dos estudiosos São Filipe, São Bartolomeu e São Mateus, pois também era muito bem letrado.
Aqui temos o rol dado por São Lucas:
"Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e aí passou toda a noite orando a Deus.
Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e dentre eles escolheu Doze, que chamou de Apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelota; Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor."
Lc 6,12-16
Aqui a lista de São Mateus: "Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,2-4
E aqui a lista de São Marcos: "Escolheu estes Doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele também escolheu André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador; e Judas Iscariotes, que o entregou." Mc 3,16-19
SUA CORAGEM
São Tomé pode ser apontado como um dos mais destemidos Apóstolos e prontos para sacrificar sua vida por amor a Jesus e ao Evangelho. Se a citação a seguir não for entendida, como não deve ser, como uma vaga promessa de seguir Jesus até a morte, São Tomé foi o primeiro a perceber e prontificar-se para o 'batismo' pelo qual passariam quase todos Apóstolos, a exceção de São João Evangelista, que morreu idoso:
"Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta.
Maria foi quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e enxugara-Lhe os pés com seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão.
Suas irmãs, pois, mandaram dizer a Jesus:
- Senhor, aquele que Tu amas está enfermo.
A estas palavras, disse-lhes Jesus:
- Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a Glória de Deus. Por ela, será glorificado o Filho de Deus.
Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, ainda Se demorou dois dias no mesmo lugar.
Depois, disse a Seus discípulos:
- Voltemos a Judeia.
- Mestre, responderam eles, há pouco os judeus queriam apedrejar-Te, e voltas para lá?
Jesus respondeu:
- Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a Luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a Luz.
Depois destas palavras, Ele acrescentou:
- Lázaro, Nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.
Disseram-Lhe Seus discípulos:
- Senhor, se ele dorme, há de sarar.
Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse de sono como tal. Jesus então abertamente lhes declarou:
- Lázaro morreu. Alegro-Me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele.
A isso Tomé, chamado Dídimo, disse a seus condiscípulos:
- Vamos também nós, para morrermos com Ele."
Aqui a lista de São Mateus: "Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,2-4
E aqui a lista de São Marcos: "Escolheu estes Doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer Filhos do Trovão. Ele também escolheu André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o Zelador; e Judas Iscariotes, que o entregou." Mc 3,16-19
SUA CORAGEM
São Tomé pode ser apontado como um dos mais destemidos Apóstolos e prontos para sacrificar sua vida por amor a Jesus e ao Evangelho. Se a citação a seguir não for entendida, como não deve ser, como uma vaga promessa de seguir Jesus até a morte, São Tomé foi o primeiro a perceber e prontificar-se para o 'batismo' pelo qual passariam quase todos Apóstolos, a exceção de São João Evangelista, que morreu idoso:
"Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta.
Maria foi quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e enxugara-Lhe os pés com seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão.
Suas irmãs, pois, mandaram dizer a Jesus:
- Senhor, aquele que Tu amas está enfermo.
A estas palavras, disse-lhes Jesus:
- Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a Glória de Deus. Por ela, será glorificado o Filho de Deus.
Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, ainda Se demorou dois dias no mesmo lugar.
Depois, disse a Seus discípulos:
- Voltemos a Judeia.
- Mestre, responderam eles, há pouco os judeus queriam apedrejar-Te, e voltas para lá?
Jesus respondeu:
- Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a Luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a Luz.
Depois destas palavras, Ele acrescentou:
- Lázaro, Nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.
Disseram-Lhe Seus discípulos:
- Senhor, se ele dorme, há de sarar.
Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse de sono como tal. Jesus então abertamente lhes declarou:
- Lázaro morreu. Alegro-Me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele.
A isso Tomé, chamado Dídimo, disse a seus condiscípulos:
- Vamos também nós, para morrermos com Ele."
Jo 11,1-16
BUSCADOR DA VERDADE
Íntimo de Jesus, São Tomé não se chocou com a renovação do anúncio de Sua Paixão, feita logo após a Santa Ceia, e imediatamente teceu com Ele um oportuno diálogo, dando ocasião a mais uma revelação, quando Jesus iria apresentar a Si mesmo como o 'Caminho', bem como, em Sua Pessoa, a própria Pessoa do Pai.
Na verdade, o Mestre falava especificamente de Seu destino final, que é o Reino dos Céus, a Direita do Pai, para onde iria em definitivo, embora após Sua Ressurreição viesse a apresentar-Se aos Apóstolos por várias vezes durante 40 dias. Mas nosso Santo queria saber justamente a distinção entre o Reino de Deus, que eles sentiam ali à Sua volta, e este 'outro lugar' aonde Jesus iria, pois todos imaginavam que Sua manifestação à época já seria a instauração material e definitiva do Paraíso:
"- Não se perturbe vosso coração. Credes em Deus, crede também em Mim.
Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e Eu tê-vos-ia dito, pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e preparar-vos um lugar, voltarei e tomá-vos-ei Comigo, para que, onde Eu estou, também estejais vós. E vós conheceis o Caminho, para ir aonde vou.
Disse-Lhe Tomé:
- Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o Caminho?
Jesus respondeu-lhe:
- Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim.
Se Me conhecêsseis, certamente também conheceríeis Meu Pai. Mas desde agora já O conheceis, pois O tendes visto!
Disse-Lhe Filipe:
- Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!
Respondeu Jesus:
- Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?..."
BUSCADOR DA VERDADE
Íntimo de Jesus, São Tomé não se chocou com a renovação do anúncio de Sua Paixão, feita logo após a Santa Ceia, e imediatamente teceu com Ele um oportuno diálogo, dando ocasião a mais uma revelação, quando Jesus iria apresentar a Si mesmo como o 'Caminho', bem como, em Sua Pessoa, a própria Pessoa do Pai.
Na verdade, o Mestre falava especificamente de Seu destino final, que é o Reino dos Céus, a Direita do Pai, para onde iria em definitivo, embora após Sua Ressurreição viesse a apresentar-Se aos Apóstolos por várias vezes durante 40 dias. Mas nosso Santo queria saber justamente a distinção entre o Reino de Deus, que eles sentiam ali à Sua volta, e este 'outro lugar' aonde Jesus iria, pois todos imaginavam que Sua manifestação à época já seria a instauração material e definitiva do Paraíso:
"- Não se perturbe vosso coração. Credes em Deus, crede também em Mim.
Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e Eu tê-vos-ia dito, pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e preparar-vos um lugar, voltarei e tomá-vos-ei Comigo, para que, onde Eu estou, também estejais vós. E vós conheceis o Caminho, para ir aonde vou.
Disse-Lhe Tomé:
- Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o Caminho?
Jesus respondeu-lhe:
- Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim.
Se Me conhecêsseis, certamente também conheceríeis Meu Pai. Mas desde agora já O conheceis, pois O tendes visto!
Disse-Lhe Filipe:
- Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!
Respondeu Jesus:
- Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?..."
Jo 14,1-9
MATERIALISMO, INDIVIDUALISMO E INCREDULIDADE
São Tomé, contudo, movido pela mesma desconfiança que muitos de nós bem devemos confessar, teria duvidado de Sua Ressurreição e do testemunho que dela davam os Apóstolos, mesmo após três anos seguindo Jesus e presenciando curas, milagres e prodígios, pois ainda não havia visto nenhuma de Suas aparições.
Porém, mesmo que só mencionada a Ressurreição, ele certamente teria outras dúvidas, bem mais complexas, e seriam as mesmas de muita gente ainda na atualidade: O Filho de Deus, como Ele Se apresentava, morreu? Nosso Salvador poderia morrer? Nosso Salvador não é Deus? Nosso Salvador seria um ser humano, e por isso morreu? O Filho de Deus não é Deus? E sendo Deus, haveria dois Deuses?
E essas perguntas não lhe eram recentes, como que por conta do Calvário da Cruz, senão desde quando o Senhor anunciou Sua Paixão pela primeira vez. Ou mesmo antes, quando realizava grandes milagres mas seguia apresentando-Se como um mero ser humano! Porém, graças ao seu indômito espírito, e aos prodígios que via, as respostas também já estavam em avançados estágios. Tanto que ele até já se oferecia, como vimos, para morrer com Jesus!
E assim, talvez por excesso de individualismo, estivesse apenas querendo constatar Sua Ressurreição por si mesmo, como os demais Apóstolos, e até discípulos e seguidores puderam. De fato, se a Ressurreição da Carne não era exatamente uma novidade, vale notar que tal milagre sempre se dava por intermédio de outra pessoa, como Elias ressuscitou o filho da viúva de Serepta ou como o próprio Jesus publicamente ressuscitou o filho da viúva de Naim e, o mais impressionante, em vista do estado de decomposição do cadáver, ressuscitou São Lázaro. Ou ainda: deu-se através de uma santa relíquia, como os ossos de Eliseu fizeram ressuscitar um recém-falecido.
O inaudito no caso da Ressurreição de Jesus, então, seria alguém ressuscitar a si mesmo, e assim Ele estaria comprovando mais um de Seus poderes, pois havia afirmado: "O Pai ama-Me porque dou Minha Vida para retomá-la. Ninguém a tira de Mim, mas Eu dou-a de Mim mesmo, pois tenho o poder para dá-la como tenho o poder para reassumi-la." Jo 10,17-18a
Por sua luminosa inteligência, portanto, mais que uma ressurreição nosso Apóstolo estaria querendo confirmar uma intuição que já embalava sua alma, e esperava tão somente por uma prova para entregar-se à indizível alegria. Jesus não havia prometido que ressuscitaria? Poderia ser apenas essa sua dúvida?
Nesse sentido, é muito provável que São Tomé estivesse usando de alguma pirraça, e não apenas para com seus condiscípulos, mas, sabidamente, também para com Deus. Jesus reclamou sim de sua incredulidade, que de alguma forma era verdadeira, pois do contrário Ele não a acusaria, mas este termo pode não retratar com precisão a postura de nosso Apóstolo. Senão, como entender que já estivesse pronto para chamá-Lo de Deus? Estaria sendo o último a perceber essa realidade? Ou, na verdade, o primeiro a afirmar, de plena convicção, o que Jesus havia dito a São Filipe: que eles já conheciam a Deus porque O estariam vendo em Sua Pessoa?
Só há uma razoável hipótese para todas essas perguntas: São Tomé concebia perfeitamente a possibilidade da Ressurreição da Carne, aliás, como ele mesmo vira a do filho da viúva de Naim e a de São Lázaro, e pela Ressurreição de Jesus ansiosamente aguardava, pois confirmaria, e em definitivo, algo ainda mais importante: Sua Divindade. Quanto à sua já efetiva realização, seria por demais insensível, ou mesmo insano, se ele colocasse em verdadeira suspeição tantos relatos de tão próxima e tão confiável gente, como a própria Santa Maria Madalena, alguns respeitáveis discípulos e todos demais Apóstolos, à exceção de Judas Iscariotes.
Queria, no entanto, atestá-la pessoalmente, tocando ele mesmo Sua Carne rediviva, as marcas da crucificação ainda à vista segundo os testemunhos de seus companheiros. São Lucas registrou do Domingo da Ressurreição, quando ele não estava presente: "Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: 'A Paz esteja convosco!' Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. Mas Ele disse-lhes: 'Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas em vossos corações? Vede Minhas mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.'" Lc 24,36-39
Nem tão inconveniente, pois, e, como é característico do agir de Deus, sempre obtendo o melhor proveito mesmo que partindo da falibilidade humana, constatando a Divindade de Jesus, e assim abrindo espaço para a compreensão da Revelação da Santíssima Trindade, São Tomé antecipava-se às ainda incipientes conclusões dos Apóstolos, e também da Igreja por nascer, que atravessaria alguns séculos sendo vez e outra fustigada por heresias que levantavam incertezas justamente sobre essa questão.
E quantos de nós, mesmo hoje, de arrogantemente individualista e imprudente modo não desprezamos tantos testemunhos de tantas maravilhas de Deus pelo mundo a fora, só porque não fomos nós mesmos que as vimos? Como simples exemplos, aí estão as aparições de Nossa Senhora pelo mundo! Quantos conhecem a Promessa de Fátima? Quantos conhecem a Aparição de Akita? Quantos sequer conhecem as promessas da devoção ao Sagrado Coração de Jesus? Ora, quantos 'Tomés' no seio da Igreja!
Não por acaso, nessa mesma oportunidade, perante São Tomé Jesus vai exaltar a valorosa fé dos que creem nas maravilhas de Deus mesmo sem as ter presenciado. Assim foi descrita por São João Evangelista:
"Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe:
- Vimos o Senhor!
Mas ele replicou-lhes:
- Se eu não vir em Suas mãos o sinal dos pregos, e não puser meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir minha mão em Seu lado, não acreditarei!
Oito dias depois, estavam Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles.
Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-Se no meio deles e disse:
- A Paz esteja convosco!
Depois disse a Tomé:
- Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.
Respondeu-Lhe Tomé:
- Meu Senhor e Meu Deus!
Disse-lhe Jesus:
- Creste, porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!"
MATERIALISMO, INDIVIDUALISMO E INCREDULIDADE
São Tomé, contudo, movido pela mesma desconfiança que muitos de nós bem devemos confessar, teria duvidado de Sua Ressurreição e do testemunho que dela davam os Apóstolos, mesmo após três anos seguindo Jesus e presenciando curas, milagres e prodígios, pois ainda não havia visto nenhuma de Suas aparições.
Porém, mesmo que só mencionada a Ressurreição, ele certamente teria outras dúvidas, bem mais complexas, e seriam as mesmas de muita gente ainda na atualidade: O Filho de Deus, como Ele Se apresentava, morreu? Nosso Salvador poderia morrer? Nosso Salvador não é Deus? Nosso Salvador seria um ser humano, e por isso morreu? O Filho de Deus não é Deus? E sendo Deus, haveria dois Deuses?
E essas perguntas não lhe eram recentes, como que por conta do Calvário da Cruz, senão desde quando o Senhor anunciou Sua Paixão pela primeira vez. Ou mesmo antes, quando realizava grandes milagres mas seguia apresentando-Se como um mero ser humano! Porém, graças ao seu indômito espírito, e aos prodígios que via, as respostas também já estavam em avançados estágios. Tanto que ele até já se oferecia, como vimos, para morrer com Jesus!
E assim, talvez por excesso de individualismo, estivesse apenas querendo constatar Sua Ressurreição por si mesmo, como os demais Apóstolos, e até discípulos e seguidores puderam. De fato, se a Ressurreição da Carne não era exatamente uma novidade, vale notar que tal milagre sempre se dava por intermédio de outra pessoa, como Elias ressuscitou o filho da viúva de Serepta ou como o próprio Jesus publicamente ressuscitou o filho da viúva de Naim e, o mais impressionante, em vista do estado de decomposição do cadáver, ressuscitou São Lázaro. Ou ainda: deu-se através de uma santa relíquia, como os ossos de Eliseu fizeram ressuscitar um recém-falecido.
O inaudito no caso da Ressurreição de Jesus, então, seria alguém ressuscitar a si mesmo, e assim Ele estaria comprovando mais um de Seus poderes, pois havia afirmado: "O Pai ama-Me porque dou Minha Vida para retomá-la. Ninguém a tira de Mim, mas Eu dou-a de Mim mesmo, pois tenho o poder para dá-la como tenho o poder para reassumi-la." Jo 10,17-18a
Por sua luminosa inteligência, portanto, mais que uma ressurreição nosso Apóstolo estaria querendo confirmar uma intuição que já embalava sua alma, e esperava tão somente por uma prova para entregar-se à indizível alegria. Jesus não havia prometido que ressuscitaria? Poderia ser apenas essa sua dúvida?
Nesse sentido, é muito provável que São Tomé estivesse usando de alguma pirraça, e não apenas para com seus condiscípulos, mas, sabidamente, também para com Deus. Jesus reclamou sim de sua incredulidade, que de alguma forma era verdadeira, pois do contrário Ele não a acusaria, mas este termo pode não retratar com precisão a postura de nosso Apóstolo. Senão, como entender que já estivesse pronto para chamá-Lo de Deus? Estaria sendo o último a perceber essa realidade? Ou, na verdade, o primeiro a afirmar, de plena convicção, o que Jesus havia dito a São Filipe: que eles já conheciam a Deus porque O estariam vendo em Sua Pessoa?
Só há uma razoável hipótese para todas essas perguntas: São Tomé concebia perfeitamente a possibilidade da Ressurreição da Carne, aliás, como ele mesmo vira a do filho da viúva de Naim e a de São Lázaro, e pela Ressurreição de Jesus ansiosamente aguardava, pois confirmaria, e em definitivo, algo ainda mais importante: Sua Divindade. Quanto à sua já efetiva realização, seria por demais insensível, ou mesmo insano, se ele colocasse em verdadeira suspeição tantos relatos de tão próxima e tão confiável gente, como a própria Santa Maria Madalena, alguns respeitáveis discípulos e todos demais Apóstolos, à exceção de Judas Iscariotes.
Queria, no entanto, atestá-la pessoalmente, tocando ele mesmo Sua Carne rediviva, as marcas da crucificação ainda à vista segundo os testemunhos de seus companheiros. São Lucas registrou do Domingo da Ressurreição, quando ele não estava presente: "Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: 'A Paz esteja convosco!' Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. Mas Ele disse-lhes: 'Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas em vossos corações? Vede Minhas mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.'" Lc 24,36-39
Nem tão inconveniente, pois, e, como é característico do agir de Deus, sempre obtendo o melhor proveito mesmo que partindo da falibilidade humana, constatando a Divindade de Jesus, e assim abrindo espaço para a compreensão da Revelação da Santíssima Trindade, São Tomé antecipava-se às ainda incipientes conclusões dos Apóstolos, e também da Igreja por nascer, que atravessaria alguns séculos sendo vez e outra fustigada por heresias que levantavam incertezas justamente sobre essa questão.
E quantos de nós, mesmo hoje, de arrogantemente individualista e imprudente modo não desprezamos tantos testemunhos de tantas maravilhas de Deus pelo mundo a fora, só porque não fomos nós mesmos que as vimos? Como simples exemplos, aí estão as aparições de Nossa Senhora pelo mundo! Quantos conhecem a Promessa de Fátima? Quantos conhecem a Aparição de Akita? Quantos sequer conhecem as promessas da devoção ao Sagrado Coração de Jesus? Ora, quantos 'Tomés' no seio da Igreja!
Não por acaso, nessa mesma oportunidade, perante São Tomé Jesus vai exaltar a valorosa fé dos que creem nas maravilhas de Deus mesmo sem as ter presenciado. Assim foi descrita por São João Evangelista:
"Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe:
- Vimos o Senhor!
Mas ele replicou-lhes:
- Se eu não vir em Suas mãos o sinal dos pregos, e não puser meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir minha mão em Seu lado, não acreditarei!
Oito dias depois, estavam Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles.
Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-Se no meio deles e disse:
- A Paz esteja convosco!
Depois disse a Tomé:
- Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.
Respondeu-Lhe Tomé:
- Meu Senhor e Meu Deus!
Disse-lhe Jesus:
- Creste, porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!"
Jo 20,24-29
TESTEMUNHA DA PRIMAZIA DE SÃO PEDRO
Este inteligente Apóstolo também foi testemunha do Pontifício de São Pedro, ou seja, da entrega do rebanho de Cristo ao pescador galileu, o que ajuda a explicar a reverência que os Onze lhe tinham. Aí ele é mencionado em destaque, como o primeiro, só depois de São Pedro. Ativo pensador, teria ele se colocado à direita do Príncipe dos Apóstolos após a Aparição de Jesus?
É mais uma narrativa de São João Evangelista:
"Depois disso, tornou Jesus a manifestar-Se a Seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois de Seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro:
Este inteligente Apóstolo também foi testemunha do Pontifício de São Pedro, ou seja, da entrega do rebanho de Cristo ao pescador galileu, o que ajuda a explicar a reverência que os Onze lhe tinham. Aí ele é mencionado em destaque, como o primeiro, só depois de São Pedro. Ativo pensador, teria ele se colocado à direita do Príncipe dos Apóstolos após a Aparição de Jesus?
É mais uma narrativa de São João Evangelista:
"Depois disso, tornou Jesus a manifestar-Se a Seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois de Seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro:
- Vou pescar.
Responderam-lhe eles:
- Nós também vamos contigo.
Partiram e entraram na barca. Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Esta já era a terceira vez que Jesus Se manifestava a Seus discípulos, depois de ter ressuscitado.
Responderam-lhe eles:
- Nós também vamos contigo.
Partiram e entraram na barca. Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Esta já era a terceira vez que Jesus Se manifestava a Seus discípulos, depois de ter ressuscitado.
Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro:
- Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?
Respondeu ele:
- Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.
Disse-lhe Jesus:
- Apascenta Meus cordeiros. Apascenta Minhas ovelhas.'" Jo 21,1-3a.4a.14-15.17b
APÊNDICE
Outro assunto pelo qual ditos estudiosos evocam o nome de São Tomé é a existência de um livro apócrifo, que dizem ser de sua autoria. Na verdade, o chamado 'Evangelho Segundo São Tomé' é apenas uma coleção de ditos atribuídos a Jesus. Desde os primeiros séculos, porém, estudos realmente sérios já revelaram que os verdadeiros ditos de Jesus, 'Os Discursos', também chamados de 'Logia', haviam sido ajuntados aos primeiros relatos de Sua Paixão e Ressurreição, e, como os detalhes de Sua vida e de Seus atos, formam precisamente os Evangelhos como hoje os conhecemos.
- Simão, filho de João, amas-Me mais do que estes?
Respondeu ele:
- Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.
Disse-lhe Jesus:
- Apascenta Meus cordeiros. Apascenta Minhas ovelhas.'" Jo 21,1-3a.4a.14-15.17b
SUA MISSÃO
São Tomé, segundo a Sagrada Tradição, era um dos três mais velhos Apóstolos e, assim como São Tiago Maior, São João Evangelista, São Bartolomeu, São Simão, São André e São Judas Tadeu, não era casado.
Seus dons de Sabedoria, porém, estão registrados nos próprios Evangelhos, por sempre ser citado junto a São Mateus, cuja erudição emerge em seu Evangelho, além da unção de ser levita. Aliás, ao citar os Apóstolos em pares, São Mateus mesmo, como vimos, coloca-o à frente de si: "Jesus reuniu Seus Doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar imundos espírito e de curar todo mal e toda enfermidade. Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,1-3
Ele é reconhecido pelo trabalho de pregação aos povos medos e partos, além da divulgação do Nome de Jesus na Pérsia e da primeira missão cristã realizada na Índia. Aí, no ano 53 da nossa era, a mando do rei de Malipura, ele foi assassinado por um golpe de lança enquanto rezava na cidade de Madras, onde existem um monte e uma Basílica, sobre sua primeira sepultura, que levam seu nome.
São Tomé, segundo a Sagrada Tradição, era um dos três mais velhos Apóstolos e, assim como São Tiago Maior, São João Evangelista, São Bartolomeu, São Simão, São André e São Judas Tadeu, não era casado.
Seus dons de Sabedoria, porém, estão registrados nos próprios Evangelhos, por sempre ser citado junto a São Mateus, cuja erudição emerge em seu Evangelho, além da unção de ser levita. Aliás, ao citar os Apóstolos em pares, São Mateus mesmo, como vimos, coloca-o à frente de si: "Jesus reuniu Seus Doze discípulos. Conferiu-lhes o poder de expulsar imundos espírito e de curar todo mal e toda enfermidade. Eis os nomes dos Doze Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." Mt 10,1-3
Ele é reconhecido pelo trabalho de pregação aos povos medos e partos, além da divulgação do Nome de Jesus na Pérsia e da primeira missão cristã realizada na Índia. Aí, no ano 53 da nossa era, a mando do rei de Malipura, ele foi assassinado por um golpe de lança enquanto rezava na cidade de Madras, onde existem um monte e uma Basílica, sobre sua primeira sepultura, que levam seu nome.
É dele o título de Apóstolo da Índia, como confirmaram os vestígios encontrados por São Francisco Xavier no século XVI. Apesar do politeísmo dominante nesse país, ele ainda é muito venerado pelos cristãos da região de Malabar, ao sul.
No ano de 232, como presente de um rei indiano, suas relíquias foram levadas a Síria, e, em 1258, por causa das invasões muçulmanas na Terra Santa, à cidade de Ortona, Itália, onde lhes foi erguida uma catedral. Aí vemos a definitiva sepultura, com a lápide confeccionada durante passagem pela Grécia, assim com a urna que tempos depois passou a contê-las para veneração.
No ano de 232, como presente de um rei indiano, suas relíquias foram levadas a Síria, e, em 1258, por causa das invasões muçulmanas na Terra Santa, à cidade de Ortona, Itália, onde lhes foi erguida uma catedral. Aí vemos a definitiva sepultura, com a lápide confeccionada durante passagem pela Grécia, assim com a urna que tempos depois passou a contê-las para veneração.
APÊNDICE
Outro assunto pelo qual ditos estudiosos evocam o nome de São Tomé é a existência de um livro apócrifo, que dizem ser de sua autoria. Na verdade, o chamado 'Evangelho Segundo São Tomé' é apenas uma coleção de ditos atribuídos a Jesus. Desde os primeiros séculos, porém, estudos realmente sérios já revelaram que os verdadeiros ditos de Jesus, 'Os Discursos', também chamados de 'Logia', haviam sido ajuntados aos primeiros relatos de Sua Paixão e Ressurreição, e, como os detalhes de Sua vida e de Seus atos, formam precisamente os Evangelhos como hoje os conhecemos.
Os ditos nesse 'evangelho' atribuído a São Tomé, a bem da verdade, são por demais filosóficos, de uma excessivamente transcendental tradição e muito alheia a mais concreta figura de Jesus, isto é, aquela como Ele é conhecido e descrito pelos demais Apóstolos. Sem dúvida, existe 'um' Jesus muito mais real e plausível nos relatos de São Pedro, através de suas Cartas e do Evangelho de São Marcos, nos de São Mateus e São João, em seus próprios Evangelhos, e nos de São Tiago, o menor, e São Judas Tadeu, em suas Cartas Apostólicas.
Aos relatos dos mais citados Apóstolos também devemos juntar o testemunho de vida de outros tantos discípulos, cujas participações foram registradas nas Escrituras, como o grupo dos 72, entre os quais certamente estavam São Matias, que se tornou Apóstolo, e São Barnabé, além de íntimas testemunhas dos Apóstolos, de densidade histórica e grandeza como São Marcos, São Timóteo, São Tito e São Silvano.
Por fim, uma decisiva pergunta: que dizer dos relatos do próprio São Lucas, um renomado médico, homem de ciência para o mundo de então? Ou outra, ainda mais desconcertante: que dizer dos relatos de São Paulo, pessoa tão concreta do ponto de vista histórico e tão envolvida nos assuntos da fé de Israel à época? E sempre e mais uma vez todos esses testemunhos convergem em favor da história de Jesus que emerge dos livros canônicos.
A pergunta que fica, então, é: por que só o 'evangelho' de São Tomé, absolutamente atípico, aliás, alheio à própria cultura judaica, à qual certamente pertencia este Apóstolo, seria o verdadeiro, em detrimento de todos estes ademais que, de modo muito mais verossímil, inclusive pelas pequenas discordâncias, convergem e se confirmam?
Aos relatos dos mais citados Apóstolos também devemos juntar o testemunho de vida de outros tantos discípulos, cujas participações foram registradas nas Escrituras, como o grupo dos 72, entre os quais certamente estavam São Matias, que se tornou Apóstolo, e São Barnabé, além de íntimas testemunhas dos Apóstolos, de densidade histórica e grandeza como São Marcos, São Timóteo, São Tito e São Silvano.
Por fim, uma decisiva pergunta: que dizer dos relatos do próprio São Lucas, um renomado médico, homem de ciência para o mundo de então? Ou outra, ainda mais desconcertante: que dizer dos relatos de São Paulo, pessoa tão concreta do ponto de vista histórico e tão envolvida nos assuntos da fé de Israel à época? E sempre e mais uma vez todos esses testemunhos convergem em favor da história de Jesus que emerge dos livros canônicos.
A pergunta que fica, então, é: por que só o 'evangelho' de São Tomé, absolutamente atípico, aliás, alheio à própria cultura judaica, à qual certamente pertencia este Apóstolo, seria o verdadeiro, em detrimento de todos estes ademais que, de modo muito mais verossímil, inclusive pelas pequenas discordâncias, convergem e se confirmam?
Não bastante, existe ainda uma intenção, principalmente por parte de ateus, de polemizar quanto à identidade de quem seria seu irmão 'oculto', uma vez que Dídimo, um de seus nomes, quer dizer gêmeo. Mas mais uma vez esses 'estudiosos' vagueiam por absolutamente insólitos campos, suscitando flagrantes disparates, e, o que é pior, capciosamente deixando de lado uma montanha de informações muito mais seguras. Enfim, falta um mínimo de seriedade em tudo isso.