Em 304, por volta de seus 18 anos, uma jovem de Siracusa não temeu admitir sua fé em Cristo diante Governador da Sicília, que, por ordem do imperador Diocleciano, implacavelmente perseguia e matava cristãos.
Era bonita, de rica família e desde criança cultuava forte devoção a Santa Águeda da Catânia, uma virgem jovem sua conterrânea, que havia poucas décadas, em 254, fora martirizada por ter professado o Catolicismo. Por seu tocante exemplo, Santa Luzia fez voto perpétuo de virgindade.
Mas sua mãe, Eutíquia, embora muito católica e responsável por sua formação religiosa, não quis recusar o pedido de casamento de um jovem de local e nobre família. Ela era muito doente e queria mesmo ver casada sua recatada filha. Santa Luzia, porém, vendo agravar-se seu estado de saúde, levou-a ao túmulo de Santa Águeda, onde pediu por sua intercessão. E qual não foi sua surpresa quando Santa Águeda lhe respondeu: "Luzia, minha irmã, por que pedes a mim aquilo que tu mesma podes obter para tua mãe?"
De fato, um milagre aconteceu naquele mesmo instante e Eutíquia voltou para casa perfeitamente sã. Nessa ocasião, Santa Luzia confessou-lhe o voto de virgindade que havia feito, bem como sua inquebrantável vontade de mantê-lo. Ainda em êxtase pela Graça alcançada, e admirada com a forte devoção da filha, prontamente consentiu que ela mantivesse o voto. Quis desfazer o trato do casamento, mas, percebendo que não seria fácil, permitiu que Santa Luzia distribuísse sua parte da herança entre os mais pobres, como já havia alguns anos era seu desejo. Por não mais dispor de seus bens, talvez o jovem desistisse.
A reação dele, porém, foi inesperada, e revelou suas verdadeiras intenções: seu principal interesse era por seus bens! Logo foi ao governador da Sicília, denunciar Santa Luzia por praticar o Cristianismo, que à época o imperador romano tinha em conta de abominável religião. Ela, contudo, em nada abalou-se, pois o exemplo de Santa Águeda lhe era mesmo muito real. Apenas tratou de ir ao lugar onde a Igreja funcionava na clandestinidade, para na Santa Missa receber sua última Comunhão Eucarística, pois sabia que seria martirizada. Toda cidade, já massivamente convertida, embora se mantendo na clandestinidade, envolveu-se em grande comoção.
Levada a julgamento, de imediato o governador pediu-lhe que prestasse culto aos deuses pagãos, mas ela foi resoluta em defender sua fé: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade." E quando o carrasco, a um sinal do governador, ameaçou arrancar-lhe os olhos e levá-los num prato, uma terrível punição de então, ela mesma pediu-lhe o prato e arrancou-os, dizendo que preferia perder a visão a renegar Jesus.
Esse gesto não foi de um todo inusitado, pois havia uma expressão popular exatamente nestes termos. Ela foi usada por São Paulo na Carta aos Gálatas, ao reclamar dos desvios desta comunidade, fazendo-lhes lembrar o inicial fervor que viveram: "Onde está agora aquele vosso entusiasmo? Asseguro-vos que, se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos para dar-me!" Gl 4,15b
O governador e toda corte viram-se estupefatos! Mas imaginando tratar-se de um truque, e logo deixando-se levar pela ira ao ouvir que ela havia feito voto de virgindade, ordenou que fosse imediatamente levada a um prostíbulo para ser violentada. Entretanto, nem mesmo dez fortes homens conseguiam movê-la do lugar onde estava.
Profundamente admirado, mas também sentindo-se ultrajado, mandou que sobre ela derramassem, ali mesmo, óleo e resina ferventes, para que todos vissem. E feito isso, nada lhe aconteceu. Então sentenciou que lhe cortassem a veia do pescoço à espada, o que finalmente a vitimou.
Visivelmente descontrolado, e tomado de insana euforia, antes que a enterrassem o governador determinou que sua cabeça fosse arrancada, amarrada pelos cabelos e arrastada pelas ruas, para servir de exemplo para quem ousasse converter-se ao Cristianismo.
Antes de ser levada a julgamento, porém, para tranquilizar sua mãe e demais cristãos amigos, Santa Luzia havia profetizado a morte de Diocleciano, e, com a ascensão de Constantino ao posto de imperador, o fim da perseguição aos cristãos, como de fato em poucos anos veio a acontecer.
E menos de seis anos após sua morte, já era considerada por todo povo como a Padroeira de Siracusa, tão venerada na Sicília quanto a própria Santa Águeda. Pelo acontecido diante do governador, tornou-se corriqueiro pedir sua intercessão para a cura de doenças nos olhos ou mesmo de cegueira, e muitíssimos milagres eram obtidos. Veio a ter tantos devotos que, apenas em Roma, chegou a ter vinte igrejas em sua homenagem, e a celebração de sua veneração ganhou ofício próprio.
Seu corpo foi sepultado sem a cabeça, que acabou despedaçada e queimada, mas com todas honrarias de um funeral cristão, ainda que ocultamente, e posto junto aos mártires da Igreja.
Em 1040, ainda intacto, seu corpo santo foi presenteado à imperatriz de Constantinopla, que era sua devota. Sua igreja e mausoléu em Siracusa, entretanto, que datam de poucos anos depois do fim da perseguição aos cristãos, foram muito bem preservadas.
Mas em 1204, temendo sua profanação pelos muçulmanos que invadiam a Terra Santa, os cruzados trouxeram-no de volta a Itália, e depuseram-no na igreja de São Jeremias, em Veneza.
Em poucos anos, contudo, por causa das grandes romarias que provocava entre o povo e por falta de um adequado lugar, resolveram temporariamente ocultá-lo, temendo que acabassem profanado-o ali mesmo, na própria Itália. E assim seu corpo terminou 'desaparecido' até 1894, quando finalmente foi identificada uma lápide, escrita em grego antigo, contendo seu nome.
Por esses tempos, aliás, dada a campanha de difamação que vem sendo propagada pelo mundo 'moderno' contra a Igreja, já se divulgava que sua história seria apenas 'mais uma lenda'. Aberto o sepulcro, no entanto, seu corpo todavia não se havia decomposto por completo, como se vê ainda hoje.
Era bonita, de rica família e desde criança cultuava forte devoção a Santa Águeda da Catânia, uma virgem jovem sua conterrânea, que havia poucas décadas, em 254, fora martirizada por ter professado o Catolicismo. Por seu tocante exemplo, Santa Luzia fez voto perpétuo de virgindade.
Mas sua mãe, Eutíquia, embora muito católica e responsável por sua formação religiosa, não quis recusar o pedido de casamento de um jovem de local e nobre família. Ela era muito doente e queria mesmo ver casada sua recatada filha. Santa Luzia, porém, vendo agravar-se seu estado de saúde, levou-a ao túmulo de Santa Águeda, onde pediu por sua intercessão. E qual não foi sua surpresa quando Santa Águeda lhe respondeu: "Luzia, minha irmã, por que pedes a mim aquilo que tu mesma podes obter para tua mãe?"
De fato, um milagre aconteceu naquele mesmo instante e Eutíquia voltou para casa perfeitamente sã. Nessa ocasião, Santa Luzia confessou-lhe o voto de virgindade que havia feito, bem como sua inquebrantável vontade de mantê-lo. Ainda em êxtase pela Graça alcançada, e admirada com a forte devoção da filha, prontamente consentiu que ela mantivesse o voto. Quis desfazer o trato do casamento, mas, percebendo que não seria fácil, permitiu que Santa Luzia distribuísse sua parte da herança entre os mais pobres, como já havia alguns anos era seu desejo. Por não mais dispor de seus bens, talvez o jovem desistisse.
A reação dele, porém, foi inesperada, e revelou suas verdadeiras intenções: seu principal interesse era por seus bens! Logo foi ao governador da Sicília, denunciar Santa Luzia por praticar o Cristianismo, que à época o imperador romano tinha em conta de abominável religião. Ela, contudo, em nada abalou-se, pois o exemplo de Santa Águeda lhe era mesmo muito real. Apenas tratou de ir ao lugar onde a Igreja funcionava na clandestinidade, para na Santa Missa receber sua última Comunhão Eucarística, pois sabia que seria martirizada. Toda cidade, já massivamente convertida, embora se mantendo na clandestinidade, envolveu-se em grande comoção.
Levada a julgamento, de imediato o governador pediu-lhe que prestasse culto aos deuses pagãos, mas ela foi resoluta em defender sua fé: "Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade." E quando o carrasco, a um sinal do governador, ameaçou arrancar-lhe os olhos e levá-los num prato, uma terrível punição de então, ela mesma pediu-lhe o prato e arrancou-os, dizendo que preferia perder a visão a renegar Jesus.
Esse gesto não foi de um todo inusitado, pois havia uma expressão popular exatamente nestes termos. Ela foi usada por São Paulo na Carta aos Gálatas, ao reclamar dos desvios desta comunidade, fazendo-lhes lembrar o inicial fervor que viveram: "Onde está agora aquele vosso entusiasmo? Asseguro-vos que, se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos para dar-me!" Gl 4,15b
E se esta era sua punição, nossa Santa já estava totalmente resignada, pois seria mais uma entre outros que já haviam recebido tal sentença. Por sua autêntica santidade, ela bem tinha observado a passagem do Evangelho em que Nosso Salvador afirma: "Vim a este mundo para fazer uma discriminação: os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos." Jo 9,39
Miraculosamente, porém, no mesmo instante seus olhos foram-lhe restituídos diante de todos.
Profundamente admirado, mas também sentindo-se ultrajado, mandou que sobre ela derramassem, ali mesmo, óleo e resina ferventes, para que todos vissem. E feito isso, nada lhe aconteceu. Então sentenciou que lhe cortassem a veia do pescoço à espada, o que finalmente a vitimou.
Visivelmente descontrolado, e tomado de insana euforia, antes que a enterrassem o governador determinou que sua cabeça fosse arrancada, amarrada pelos cabelos e arrastada pelas ruas, para servir de exemplo para quem ousasse converter-se ao Cristianismo.
Antes de ser levada a julgamento, porém, para tranquilizar sua mãe e demais cristãos amigos, Santa Luzia havia profetizado a morte de Diocleciano, e, com a ascensão de Constantino ao posto de imperador, o fim da perseguição aos cristãos, como de fato em poucos anos veio a acontecer.
E menos de seis anos após sua morte, já era considerada por todo povo como a Padroeira de Siracusa, tão venerada na Sicília quanto a própria Santa Águeda. Pelo acontecido diante do governador, tornou-se corriqueiro pedir sua intercessão para a cura de doenças nos olhos ou mesmo de cegueira, e muitíssimos milagres eram obtidos. Veio a ter tantos devotos que, apenas em Roma, chegou a ter vinte igrejas em sua homenagem, e a celebração de sua veneração ganhou ofício próprio.
Seu corpo foi sepultado sem a cabeça, que acabou despedaçada e queimada, mas com todas honrarias de um funeral cristão, ainda que ocultamente, e posto junto aos mártires da Igreja.
Em 1040, ainda intacto, seu corpo santo foi presenteado à imperatriz de Constantinopla, que era sua devota. Sua igreja e mausoléu em Siracusa, entretanto, que datam de poucos anos depois do fim da perseguição aos cristãos, foram muito bem preservadas.
Mas em 1204, temendo sua profanação pelos muçulmanos que invadiam a Terra Santa, os cruzados trouxeram-no de volta a Itália, e depuseram-no na igreja de São Jeremias, em Veneza.
Em poucos anos, contudo, por causa das grandes romarias que provocava entre o povo e por falta de um adequado lugar, resolveram temporariamente ocultá-lo, temendo que acabassem profanado-o ali mesmo, na própria Itália. E assim seu corpo terminou 'desaparecido' até 1894, quando finalmente foi identificada uma lápide, escrita em grego antigo, contendo seu nome.
Por esses tempos, aliás, dada a campanha de difamação que vem sendo propagada pelo mundo 'moderno' contra a Igreja, já se divulgava que sua história seria apenas 'mais uma lenda'. Aberto o sepulcro, no entanto, seu corpo todavia não se havia decomposto por completo, como se vê ainda hoje.
De suas relíquias, o osso do antebraço e fragmentos do braço esquerdo foram devolvidas à cidade de Siracusa, e são veneradas numa capela da Catedral da Natividade de Maria Santíssima.
Santa Luzia, rogai por nós!