sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Os Sinais do Céu


    Numa fase inicial da , para quem não teve a Graça de nascer numa família genuinamente católica, é comum que se peça a Deus um sinal, como 'definitiva prova' de Sua existência. Traço caracteristicamente humano, tal atitude foi muito comum nos tempos que antecederam o Advento, e mesmo durante a vida pública de Jesus, para se ter certeza de que Ele era o Messias. Mas essa fase termina quando somos inspirados pelo Espírito Santo (cf. Jo 16,9) para reconhecer os vários sinais de Deus já atestados pela Igreja Católica Apostólica Romana, e, em específico, que deixamos cair em esquecimento tantos outros também importantes que pessoalmente nos foram dados. Cabe, portanto, tornar-nos mais sérios observadores, admitindo o menosprezo e a inconstância de nossa atenção e fidelidade.
    Nosso Salvador argumentou sobre sinais. No Evangelho Segundo São Mateus, escribas e fariseus vieram pedir-Lhe uma prova, após a repercussão do exorcismo e da cura que Ele realizou num endemoninhado cego e mudo. E Ele disse-lhes que teriam que se contentar com o milagre da Sua Ressurreição, prenunciado no sinal que havia sido dado no Livro de Jonas: "'Mestre, queremos ver um sinal feito por Ti.' Respondeu-lhes Jesus: 'Esta adúltera e perversa geração pede um sinal, mas não lhe será dado outro sinal que aquele do Profeta Jonas. Do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites no seio da terra." Mt 12,38b-40
    Aliás, numa evidente generalização, disse que toda Sua geração nunca veria sinal algum, para deixar claro que nem todos veremos grandiosos sinais. De fato, Ele havia acabado de realizar a segunda multiplicação de pães e peixes do outro lado do Mar de Galileia, o que de novo chamou a atenção dos religiosos, conforme o Evangelho Segundo São Marcos: "Vieram os fariseus e puseram-se a disputar com Ele. E para O pôr à prova, pediram-Lhe um sinal do Céu. Jesus, porém, profundamente suspirando em Seu espírito, disse: 'Por que esta geração pede um sinal? Em Verdade, digo-vos: jamais lhe será dado um sinal.' Deixou-os e seguiu de barca para a outra margem." Mc 8,11-13
    Segundo São Mateus, eram fariseus e saduceus, e Ele cobrou-lhes maturidade espiritual e coerência quanto a Sua manifestação: "Ele respondeu-lhes: 'Quando vem a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado. E de manhã: Hoje haverá tormenta, porque o céu está de um sombrio vermelho. Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?" Mt 16,2-4
    Ou seja, se os judeus guardavam memória do feito de Jonas, a Ressurreição de Jesus, ainda mais portentoso, jamais seria esquecido. E desse episódio fica uma lição para todos nós: os sinais que Deus realiza, por mais remotos na História, não perdem sua valia muito menos podem ser tratados como lendas. Eles perpetuam-se no tempo como o sinal de Jonas foi lembrado, confirmado e repetido por Jesus em Sua Paixão. No Evangelho Segundo São Lucas, Ele diz: "Pois como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem será para esta geração." Lc 11,30
    Sem dúvida, Jesus é o mais evidente sinal de Deus. Isso já havia sido previsto muito antes no Livro do Profeta Isaías, que elogiou a postura do rei de Judá e disse de Maria Santíssima: "O Senhor ainda disse a Acaz: 'Pede ao Senhor Teu Deus um sinal, seja do fundo da habitação dos mortos, seja lá do alto.' Acaz respondeu: 'De maneira alguma! Não quero pôr o Senhor à prova.' Isaías respondeu: 'Ouvi, casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Também pretendeis cansar Meu Deus? Por isso, o próprio Senhor dá-vos-á um sinal: uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho, e chamá-Lo-á Deus Conosco." Is 7,10-14
    E sinal para o mundo todo, pela Santa Igreja Católica: "Naquele tempo, o Rebento de Jessé, que Se ergue como um sinal para os povos, será procurado pelas nações e gloriosa será Sua morada." Is 11,10
    Mas também sinal de contradição: Ele é Deus e vai ser assassinado; é Deus de amor e vai ser odiado. Foi isso que o religioso Simeão disse a Nossa Senhora, no dia da Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém: "Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35a
    Isaías já o havia anunciado, e percebeu que aqueles que perseveram na prudência também se tornam sinais de Deus para o mundo: "Porque eis o que o Senhor me disse quando me agarrou e me preveniu contra essa política: 'Não chameis conspiração tudo que o povo chama conspiração, não vos assusteis.' É o Senhor que vós deveis ter por conspirador! É a Ele que é preciso respeitar, a Ele que se deve temer. Ele será a Pedra de escândalo e a pedra de tropeço para as duas casas de Israel, o laço e a cilada para os habitantes de Jerusalém.' Eu vou recolher esta declaração e selar esta revelação para meus discípulos. Eu e os filhos que o Senhor me deu somos, em Israel, sinais e presságios da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião." Is 8,11-13-14.16.18
    As cidades que viram os milagres de Jesus, nesse sentido, não tiveram apenas um privilégio. Por tamanha dádiva, tiveram suas responsabilidades significativamente aumentadas, assim como suas punições pelo descaso. Ora, Cafarnaum, de fato, desapareceu do mapa: "Depois Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de Seus milagres, por terem recusado a arrepender-se: 'Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido feitos os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas ter-se-iam arrependido sob o cilício e a cinza. Por isso, digo-vos: no Dia do Juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! E tu, Cafarnaum, serás elevada até o Céu? Não! Serás atirada no inferno! Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro de teus muros, subsistiria até este dia. Por isso, digo-te: no Dia do Juízo haverá menor rigor para Sodoma que para ti!" Mt 11,20-24
    Pois está claro, como se vê na parábola dos talentos, que as Graças de Deus nos serão cobrados. No Evangelho Segundo São João, sobre todos que foram testemunhas oculares de Seus ensinamentos e obras, Jesus mesmo vai dizer aos Apóstolos em despedida, pouco antes do início de Sua Paixão: "Se Eu não viesse e não lhes tivesse falado, não teriam pecado. Mas agora não há desculpa para seu pecado. Se Eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado. Mas agora as viram, e odiaram a Mim e a Meu Pai." Jo 15,22.24
    Com efeito, Ele já havia atestado que os próprios Apóstolos foram testemunhas de grandiosos fatos, ainda quando eles subiam a Jerusalém: "E voltou-Se para Seus discípulos, e disse: 'Ditosos os olhos que vêem o que vós vedes, pois vos digo que muitos Profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram. E ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram.'" Lc 10,23-24
    E São João Evangelista foi pródigo ao falar de sinais. Aliás, era assim que se referia aos milagres de Jesus, dos quais destacou apenas sete, começando pela transformação da água em vinho: "Este foi o princípio dos sinais. Jesus realizou-o em Caná de Galileia. Manifestou Sua Glória, e Seus discípulos creram n'Ele." Jo 2,11
    O Livro de Apocalipse de São João também aponta esse meio para explicar como recebeu as revelações: "Revelação de Jesus Cristo, que Lhe foi confiada por Deus para manifestar a Seus servos o que em muito breve deve acontecer. Ele manifestou-a com muitos sinais por meio de Seu anjo, enviado a Seu servo João, o qual atesta tudo que viu como sendo Palavra de Deus, o testemunho de Jesus Cristo." Ap 1,1-2
    Já o simples povo de Israel, reagia do mais costumeiramente humano modo diante de Seus curas. Isso via-se desde o começo de Sua vida pública e continuou: "Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar de Galileia, também chamado de Tiberíades. Uma grande multidão seguia-O, porque via os sinais que Ele operava a favor dos doentes." Jo 6,1-2
    Aqueles que viram a multiplicação dos pães e peixes, por exemplo, não tinham a menor dúvida: piamente acreditavam ser Ele o Profeta prometido por Deus através de Moisés (cf. Dt 18,15): "À vista do sinal que Jesus tinha realizado, as pessoas exclamavam: 'Este verdadeiramente é o Profeta, Aquele que deve vir ao mundo.'" Jo 6,14
    Eles reconheciam e divulgavam-nos, como vemos quando Ele retornou a Galileia passando pela Decápole: "E tanto mais se admiravam, dizendo: 'Ele fez bem todas coisas. Fez ouvir os surdos e falar os mudos!'" Mc 7,37
    Os Apóstolos, aliás, depois das profecias contras as cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum, ouviram Jesus em oração ao Pai, exaltando exatamente Seus desígnios quanto à Revelação: "Eu bendigo-Te, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos." Mt 11,25
    Mas Ele também se ressentia da expectativa que se criava entre as pessoas a Sua volta na iminência de cada novo milagre, como quando um oficial do rei veio pedir-Lhe por seu filho que estava prestes a morrer. E jogava-lhes em face: "Disse-lhe Jesus: 'Se não virdes sinais e prodígios, não crereis.'" Jo 4,48
    Por isso, não Se deixava enganar, como se viu na primeira Páscoa na Cidade Santa, após iniciada Sua Missão: "Enquanto Jesus celebrava em Jerusalém a festa da Páscoa, muitos creram em Seu Nome, à vista dos sinais que fazia. Mas Jesus mesmo não Se fiava neles, porque os conhecia todos. Ele não necessitava que alguém desse testemunho de nenhum homem, pois bem sabia o que havia no homem." Jo 2,23-24
    Muitos do povo, no entanto, nem mesmo sabiam porque eram atraídos a Jesus. Julgavam ser por Seus milagres, mas era por força do Pão da Vida Eterna. Ele disse-lhes: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: estais procurando-Me não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados. Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à Vida Eterna, e que o Filho do Homem vos dará. Pois a Este, Deus Pai assinalou-O com Seu selo." Jo 6,26-27
    E dada a teimosa rejeição dos sacerdotes em Jerusalém, o povo via-se confuso, como vemos durante a Festa das Tendas: "Da multidão, muitos acreditavam n'Ele, e comentavam: 'Quando vier o Cristo, acaso fará mais sinais do que Este?'" Jo 7,31
    Pois desde quando expulsou os vendilhões do Templo pela primeira vez, os chefes dos sacerdotes cobravam-Lhe um sinal como prova de Sua autoridade: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?'" Jo 2,18
    A cura do cego de nascença em Jerusalém, por exemplo, que foi notória porque todos o conheciam desde a infância, apenas pôs em conflito um grupo de religiosos que moravam na Cidade Santa: "Diziam alguns dos fariseus: 'Este Homem não é o enviado de Deus, pois não guarda sábado.' Outros replicavam: 'Como pode um pecador fazer tais prodígios?' E havia desacordo entre eles." Jo 9,16
    E este fato, que tanto os impressionou, vai ser relembrado quando Ele disse que tinha poder para ressuscitar: "O Pai ama-Me porque dou Minha vida para a retomar. Ninguém a tira de Mim, mas Eu dou-a por Mim mesmo. Tenho o poder para a dar como tenho o poder para a reassumir. Tal é o mandamento que recebi de Meu Pai.' A propósito dessas palavras, originou-se nova divisão entre os judeus. Muitos deles diziam: 'Ele está possuído do Demônio. Ele delira. Por que O escutais vós?' Outros diziam: 'Estas palavras não são de Quem está endemoninhado. Acaso pode o Demônio abrir os olhos a um cego?'" Jo 10,17-21
    Por isso, Jesus deixou claro que não apenas sinais revelariam o Salvador: "Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e portentos para seduzir, se possível for, até os escolhidos." Mc 13,22
    Sem dúvida, na Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, ele também revelou as enganações e ilusões do Maligno, dizendo do maior Anticristo do fim dos tempos: "A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda sorte de enganadores portentos, sinais e prodígios." 2 Ts 2,9
    O próprio Jesus havia-Se literalmente referido a esse poder, quando determinou a missão de São Paulo no dia de sua conversão. Está no Livro de Atos dos Apóstolos: "Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para lhes abrir os olhos, a fim de que se convertam das trevas à Luz e do poder de Satanás a Deus, para que, pela fé em Mim, recebam o perdão dos pecados e a herança entre os que foram santificados." At 26,17-18
    E São João registrou o momento em que o inimigo transfere seu poder para o Império Romano, o que por várias vezes se repetiu na História para com outros países: "Vi, então, levantar-se do mar uma fera que tinha dez chifres e sete cabeças, sobre os chifres, dez diademas, e em suas cabeças, nomes blasfematórios. A fera que eu vi era semelhante a uma pantera: os pés como de urso, e as fauces como de leão. O Dragão deu-lhe seu poder, seu trono e grande autoridade." Ap 13,1-2
    Segundo Jesus, entretanto, o próprio anúncio da Boa Nova já era um sinal da chegada do Reino dos Céus. Era o que Ele dizia no início de Seu Ministério: "Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-Se para Galileia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: 'Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Fazei penitência e crede no Evangelho.'" Mc 1,14-15
    Aliás, ainda segundo Ele, seu alcance será sinal até mesmo para o fim dos tempos: "Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas nações, e então chegará o fim." Mt 24,14
    Quanto a Sua Definitiva Volta e a ostensiva instauração de Seu Reino, serão sinalizadas de inconfundível modo, assim como será a Grande Tribulação. Em São Lucas, Jesus descreveu-as assim: "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na Terra, a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda Terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande Glória e majestade." Lc 21,25-27
    Em São Mateus, referindo-Se ao Último Dia, Ele também o narra como absolutamente inequívocos: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todas tribos da Terra baterão no peito, e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, cercado de Glória e de majestade." Mt 24,30
    Na Páscoa em que foi crucificado, porém, a paciência dos líderes judeus para com Jesus já havia chegado ao fim. Mas, ouvindo os relatos da ressurreição de São Lázaro, até eles reconheciam que Seus milagres eram patentes: "Os sumos sacerdotes e os fariseus, então, reuniram o Sinédrio e discutiam: 'Que vamos fazer? Este Homem realiza muitos sinais.'" Jo 11,47


MUITOS SINAIS

    Ademais, São João Evangelista admite, ao fim de seu Evangelho, que não registrou todos sinais realizados por Jesus, de tantos que foram. No entanto, não deixa dúvida quanto a Sua Pessoa ou quanto ao motivo pelo qual os registrou: "Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste Livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a Vida em Seu Nome." Jo 20,30-31
    São Pedro também atestou, quando pregou aos judeus no dia de Pentecostes: "Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus de Nazaré, Homem de Quem Deus tem dado testemunho diante de vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por Ele realizou em meio a vós como vós mesmos o sabeis.." At 2,22
    E não foi só Jesus Quem realizou sinais. Os Apóstolos também os fizeram, mesmo depois de Sua Ascensão, assim como muitos Santos da Igreja Católica que na atualidade ainda os fazem: "Muitos sinais e prodígios eram realizados entre o povo pelas mãos dos Apóstolos." At 5,12
    Isso começou a acontecer logo depois do Pentecostes, o que causou temor a Deus entre os fiéis: "De todos eles apoderou-se o temor, pois eram numerosos os prodígios e sinais que se realizavam por meio dos Apóstolos." At 2,43
    Aliás, também Santo Estevão, um dos sete primeiros diáconos: "Estêvão, cheio de Graça e fortaleza, fazia grandes sinais e prodígios entre o povo." At 6,8
    Mas isso não deve ser curiosidade, pois Nosso Senhor mesmo havia prometido na noite em que ia ser entregue, após a Santa Ceia: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço. E fará ainda maiores que estas, porque vou para junto do Pai." Jo 14,12
    E deu detalhes quando da primeira aparição aos Onze, no Domingo da Ressurreição: "Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em Meu Nome, falarão novas línguas, se pegarem em serpentes e beberem mortal veneno, não lhes fará mal algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados." Mc 16,17-18
    Na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, de fato, está descrito como podemos reconhecer os verdadeiros seguidores de Jesus. Ora, não é assim que nossos Santos são canonizados? "Os distintivos sinais do verdadeiro Apóstolo realizaram-se em vosso meio: uma paciência a toda prova, sinais, prodígios e milagres." 2 Cor 12,12
    E o testemunho e os sinais que temos da Santa Igreja são de inestimável valor, como os seguidores da tradição de São Paulo argumentam na Carta aos Hebreus: "Como, então, escaparemos nós se agora desprezarmos a mensagem da Salvação, tão sublime, primeiro anunciada pelo Senhor e depois confirmada por aqueles que a ouviram, comprovando-a o próprio Deus por sinais, prodígios, milagres e pelos dons do Espírito Santo, repartidos segundo a Sua vontade?" Hb 2,3-4
    Por isso, em reconhecimento a tantos sinais, exortam: "Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao proposto combate, com o olhar fixo no Autor e Consumador de nossa fé, Jesus." Hb 12,1
    E como está na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, a observação do cumprimento das profecias será cobrada, mais uma vez, daqueles que dizem que acreditam: "... as profecias são um sinal, não para os infiéis, mas para os fiéis." 1 Cor 14,22
    Pois a fé vai muito além de provas materiais ou de argumentos, e aqui ele deixou um recado para aqueles que se recusam a ver uma imagem de Jesus na Santa Cruz: "Pois tanto os judeus pedem sinais como os gregos buscam sabedoria. Nós, porém, proclamamos Cristo Crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos." 1 Cor 1,22-23
    O simples Sinal da Cruz, feito pelo Sacerdote da Santa Igreja durante o Batismo, tem o valor da própria Salvação, como o anjo que traz o selo de Deus brada, nas revelações que São João Apóstolo teve do anjo de Jesus: "Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos assinalado os servos de Nosso Deus em suas frontes." Ap 7,3
    E assim se vê o quanto a própria Palavra de Deus é desrespeitada: a Coroação da Mãe Celeste foi um evidente sinal de Deus! Mas, mesmo claramente exposta nas Escrituras, muitos renegam-na: "Apareceu, em seguida, um grande sinal no Céu: uma Mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas Seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e de Seu trono." Ap 12,1.5
    Ou mesmo os mais simples sinais de Deus, dado pessoa a pessoa como, no Livro de Jó, um amigo lhe diz: "Pois Deus fala de uma maneira e de outra, e não prestas atenção. Por meio dos sonhos, das noturnas visões, quando um profundo sono pesa sobre os humanos, enquanto o homem está adormecido em seu leito, então abre seu ouvido e o assusta com Suas aparições, a fim de desviá-lo do pecado e de preservá-lo do orgulho, para lhe salvar a alma do fosso, e sua vida, da mortífera seta. Pela dor também é instruído o homem em seu leito, quando todos seus membros são agitados, quando recebe o alimento com desgosto e já não pode suportar as mais saborosas iguarias. Sua carne some aos olhares, seus membros emagrecidos desvanecem-se, sua alma aproxima-se da sepultura, e sua vida, daqueles que estão mortos." Jó 33,14-22
    Por isso, a Segunda Carta de São Pedro pede atenção às Escrituras, e em particular às profecias, pois elas nos fazem amadurecer espiritualmente: "Assim demos ainda maior crédito à Palavra dos Profetas, à qual bem fazeis em atender como a uma lâmpada que brilha em um tenebroso lugar, até que o dia desponte e a Estrela da Manhã Se levante em vossos corações." 2 Pd 1,19
    E a Primeira Carta de São Pedro já explicava a Paixão de Cristo como o ápice da Revelação: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Eles investigaram a época e as circunstâncias indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava e que profetizava os sofrimentos do mesmo Cristo e as Glórias que deviam segui-los. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu. Revelações estas, que os próprios anjos desejam contemplar." 1 Pd 1,10-12
    Eis que os discípulos de São Paulo advertem: "Muitas vezes e de diversos modos, outrora falou Deus a nossos pais pelos Profetas. Ultimamente falou-nos por Seu Filho, que constituiu Universal Herdeiro, pelo Qual criou todas coisas. Guardai-vos, pois, de recusar-se a ouvir Aquele que fala. Porque se não escaparam do castigo aqueles que d'Ele se desviaram, quando lhes falava na Terra, muito menos escaparemos nós, se O repelirmos quando nos fala desde o Céu." Hb 1,1-2;12,25
    Com efeito, o próprio Jesus disse que seria ouvido pelos pagãos mesmo após Sua Ascensão: "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. Também preciso conduzi-las. E ouvirão Minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor." Jo 10,16
    A Carta de São Paulo aos Romanos, pois, aponta a consequência de tal recusa: "A ira de Deus manifesta-se do alto do Céu contra toda impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a Verdade. Porque conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus nem Lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos e obscureceu-se-lhes o insensato coração. Trocaram a Verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém! Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Ele entregou-os a depravados sentimentos, e daí seu indigno procedimento." Rm 1,18.21.25
    Portanto, se quisermos amadurecer na fé, temos a garantia de receber os auxílios de Deus. Porque Nosso Senhor garantiu aos discípulos após lhes ensinar o Pai Nosso: "E Eu digo-vos: pedi, e dar-se-vos-á. Buscai, e achareis. Batei, e abrir-se-vos-á." Lc 11,9
    Até mesmo extasiantes sinais, como prometeu em Seus últimos momentos entre os Apóstolos: "Até agora não pedistes nada em Meu Nome. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja perfeita." Jo 16,24
    Ora, Ele assegurou que o Pai de nossas almas (cf. Hb 12,9) quer conceder-nos bem mais que sinais: "... Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que LhO pedirem." Lc 11,13
    E mesmo que não venhamos a presenciar nem pessoais nem públicos sinais, como as Aparições de Nossa Senhora, somos todos convidados a neles crer, como Jesus disse a São Tomé a respeito de Sua Ressurreição: "Creste, porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!" Jo 20,29

    "Alegrai-nos, ó Pai, com Vossa Luz!"