sábado, 22 de abril de 2023

Pensar, Falar e Fazer


    O amadurecimento do ser humano não tem como não ser espiritual. Quando se refina em modos, nele emerge uma nova criatura que invariavelmente vai abraçar os mais elevados valores que a humanidade tem cultuado, e entre eles vão estar os da espiritualidade. É uma profunda transformação, como São Paulo se referiu ao nosso encontro com o Salvador: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo!" 2 Cor 5,17
    Nosso exemplo de harmoniosa convivência, por exemplo, é a Comunhão que há entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles são nosso modelo de sociedade, de unidade. E nossas aptidões bem lembram marcantes atributos das Pessoas da Santíssima Trindade:
    - o projeto de Deus Pai, que Jesus chamou de Sua vontade, está inscrito em nossa alma e pode estar associado ao nosso pensar. Quando refletimos, podemos planejar com o Pai, que é promover a Salvação;
    - o Verbo Encarnado, ou seja, a Palavra que Se tornou ser humano, Jesus, pode estar em nós representado por nosso falar. Quando conversamos, podemos testemunhar Jesus, que é a Verdade;
    - e o Espírito Santo, Autor das divinas obras, pode estar manifesto em nós pelo agir. O que fazemos pode edificar da Igreja, que é Seu Reino.
    Assim, para o bem de nossa alma, cabe chegarmos a essa unidade interior, à coerência entre nossas ideias, palavras e atitudes, e de fato amadurecer, sendo capazes de pensar, falar e fazer a mesma coisa. Algo de que Jesus muito reclamava nos religiosos de então era a hipocrisia. E com toda razão. Triste daquele que:
    - fala mas não faz, e sequer pode pensar no que falou;
    - faz mas não pensa, e sequer pode falar o que fez; e,
    - pensa mas não fala, e sequer pode fazer o que pensou.
    Essa Paz interior está bem caracterizada nos modos como devemos amar a Deus. Eles foram mencionados por Jesus como o primeiro e principal Mandamento: "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, de todas tuas forças e de todo teu entendimento..." Mt 22,37
    E referindo-Se ao coração como sede de nossas decisões, Deus mesmo disse: "O Mandamento que hoje te dou não está acima de tuas forças, nem fora de teu alcance. Essa Palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração, e tu podes cumpri-la." Dt 30,11.14
    Ora, nosso entendimento deve estar voltado para os desígnios do Pai, sobre os quais constantemente devemos refletir. Assim canta o primeiro Salmo: "Feliz o homem que não vai ao conselho dos injustos... seu prazer está na Lei do Senhor, e nela medita de dia e de noite." Sl 1,2a.2b
    Nosso coração sempre expressa o que realmente estamos dizendo, e todo cristão tem por missão testemunhar as obras de Deus: "Sublimes palavras transbordam de meu coração. Vosso trono, ó Deus, é eterno, de equidade é Vosso cetro real. Amais a justiça e detestais o mal..." Sl 44,2a.7-8a
    Já nossas forças representam o que efetivamente acreditamos, através do que fazemos e como agimos. São palavras de Jesus: "Porque cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos." Lc 6,44
    E o símbolo maior dessa unidade, ou seja, nossa alma, que espelha tudo que somos e podemos ser, necessariamente deve buscar a comunhão espiritual com o Pai. São Paulo ensina: "Renovai sem cessar o sentimento de vossa alma, e revesti-vos do novo homem, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e Santidade." Ef 4,23-24
    Essa é a essência da verdadeira Vida, ainda segundo este Apóstolo: "... quem se une ao Senhor, com Ele torna-se um só Espírito." 1 Cor 6,17
    Assim, pensamento, coração e forças devem caminhar juntos, ou teremos uma fragmentada personalidade, de 'muitas caras'. O Divino Mestre já vaticinava: "Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir." Mt 12,25
    Examinemos, então, a coerência de nossas atribuições com base nas Escrituras.


PENSAR

    A Missão de Jesus é estritamente realizar o projeto do Pai. Ele declarou: "Pois desci do Céu não para fazer Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 6,38
    Por isso, ensinou-nos a pedir o mesmo no Pai Nosso: "... Seja feita Vossa vontade..." Mt 6,10
    E advertiu como pode ser grave o que imaginamos: "Eu, porém, digo-vos: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração." Mt 5,28
    Com efeito, de Deus não podemos esconder nossos pensamentos: "Mas Jesus conhecia os pensamentos deles..." Mt 6,8
    E Ele disse que os maus pensamentos se expressam pelo coração: "Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: 'Por que pensais mal em vossos corações?'" Mt 9,4
    Foi mais direto: "Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias." Mt 15,19
    Pedia constante vigília e reflexão antes de agir, ao falar dos sinais dos Céus: "Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo?" Lc 12,57
    Para ilustrar a importância do bem pensar, Ele questionou como executamos nossos projetos: "Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la?" Lc 14,28
    Exortava a confiarmos, entregando-nos aos projetos do Pai sem mundanas reocupações: "Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras?" Lc 12, 26
    E essa é a razão de nosso Primeiro Sacramento, como São Pedro ensina: "Esta Água prefigurava o Batismo de agora, que também salva a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma boa consciência, em nome da Ressurreição de Jesus Cristo." 1 Pd 3,21
    Ele fala da importância de ter a consciência tranquila: "Tende uma reta consciência a fim de que, mesmo naquilo em que de vós maldizem, sejam confundidos os que desacreditam vosso santo procedimento em Cristo." 1 Pd 3,16
    São Paulo, de fato, indicava essa atribuição como principal área de atuação do inimigo, para levar à desobediência, que é o verdadeiro pecado original: "Mas temo que, como a Serpente enganou Eva com sua astúcia, assim se corrompam vossos pensamentos e se apartem da sinceridade para com Cristo." 2 Cor 11,3
    Em profecia, ele denunciou o abandono da fé: "O Espírito expressamente diz que, nos vindouros tempos, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a embusteiros espíritos e a diabólicas doutrinas, de hipócritas e impostores marcados na própria consciência com o ferrete da infâmia..." 1 Tm 4,1-2
    Explicou a São Timóteo: "... devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar extravagantes doutrinas e a preocupar-se com fábulas e genealogias. Esta recomendação só visa a estabelecer a caridade, nascida de um puro coração, de uma boa consciência e de uma sincera fé. Apartando-se desta norma, alguns se entregaram a vãos discursos. Pretensos doutores da lei, que não compreendem nem o que dizem nem o que afirmam." 1 Tm 1,3b-4a.5-7
    Pedia a Deus pela de Filemon, para que lhe servisse de iluminação: "Que tua Comunhão na fé seja eficaz, fazendo-te conhecer todo bem que somos capazes de realizar para o Cristo." Fm 1,6
    Disse da corrupção e do relativismo a São Tito: "Para os puros todas coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro: até sua mente e consciência são corrompidas." Tt 1,15
    E energicamente condenou quem usa de falsidade: "A ira de Deus manifesta-se do alto do Céu contra toda impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a Verdade. Porquanto o que se pode conhecer de Deus, eles leem-no em si mesmos, pois com evidência Deus revelou-lho. Desde a criação do mundo, as invisíveis perfeições de Deus, Seu sempiterno poder e divindade, tornam-se visíveis à inteligência por Suas obras, de modo que não podem escusar-se. Porque, conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e obscureceu-se-lhes o insensato coração. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos." Rm 1,18-22
    O livro da Sabedoria, no mesmo sentido, prevê tão somente desgraça aos que planejam o mal: "Mas os ímpios terão o castigo que merecem seus pensamentos, uma vez que desprezaram o justo e separaram-se do Senhor. Desgraçado é aquele que rejeita a Sabedoria e a disciplina! A esperança deles é vã, seus sofrimentos sem proveito, e as obras deles inúteis. Suas mulheres são insensatas e seus filhos, malvados. A raça deles é maldita." Sb 3,10-12
    Assim como prevê o afastamento do Divino Paráclito: "A Sabedoria não entrará na perversa alma, nem habitará no corpo sujeito ao pecado. O Espírito Santo Educador das almas fugirá da perfídia, afastar-Se-á de insensatos pensamentos, e a iniquidade que está por vir repeli-Lo-á." Sb 1,4-5
    Já o Eclesiástico exalta a inspiração do justo: "O prudente coração reflete sobre as palavras dos sábios, e com atento ouvido deseja a Sabedoria." Eclo 3,31
    O Último Apóstolo, enfim, explicou aos colossenses a grande dádiva que é a Paixão de Cristo, capaz de operar a perfeita conversão: "Há bem pouco tempo, vós éreis alheios a Deus e inimigos pelos vossos pensamentos e más obras, mas Ele reconciliou-vos pela morte de Seu Corpo humano, para que possais apresentar-vos Santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai." Cl 1,21-22
    Porque pela Redenção temos o Evangelho: "Nós, porém, temos o pensamento de Cristo." 1 Cor 2,16b
    Ele diz da autoridade do Magistério da Igreja: "Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-lo à obediência a Cristo." 2 Cor 10,5
    E recomenda: "Não vos inquieteis com nada! Em todas circunstâncias apresentai a Deus vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a Paz de Deus, que excede toda inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus. Além disso, irmãos, tudo que é verdadeiro, tudo que é nobre, tudo que é justo, tudo que é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, tudo que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos." Fl 4,6-8
    Por nossa obrigação de bem meditar, portanto, de suma importância é o silêncio. Lembremos que o Arcanjo Gabriel o impôs a Zacarias, pai de São João Batista, por sua incredulidade: "Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que hão de cumprir-se a seu tempo." Lc 1,20
    Os Salmos também cantam: "Em silêncio, abandona-te ao Senhor, n'Ele põe tua esperança." Sl 36,7a
    E o religioso Simeão, que no Templo de Jerusalém aguardava a Apresentação do Salvador, sabendo que através d'Ele todo pensar humano estaria em cheque, disse a Nossa Senhora: "Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35


FALAR
 
    Sabemos que Jesus é a própria Palavra de Deus, como São João Evangelista afirmou: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós..." Jo 1,1.14a
    Ele arrebatava multidões: "... porque todo povo ficava suspenso de admiração, quando O ouvia falar." Lc 19,48
    Até os guardas, enviados para prendê-Lo, voltaram de mãos vazias e admirados: "Ninguém jamais falou como este homem!..." Jo 7,46
    Essa reação à Sua voz é-Lhe muito familiar. Ele mesmo afirma: "Minhas ovelhas ouvem Minha voz, Eu conheço-as e elas seguem-Me." Jo 10,27
    E pela Comunhão da Santíssima Trindade, Ele disse em Nome de Quem falava: "Em Verdade, não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Ele mesmo prescreveu-Me o que devo dizer e o que devo ensinar." Jo 12,49
    O poder da Palavra de Jesus, segundo testemunhas oculares, pode ser avaliado por essa passagem, principalmente por ser protagonizada por um não judeu: "Então Jesus foi com eles. E já não estava longe da casa, quando o centurião Lhe mandou dizer por amigos seus: 'Senhor, não Te incomodes tanto assim, porque não sou digno de que entres em minha casa. Por isso, nem me achei digno de chegar-me a Ti, mas dize somente uma palavra e meu servo será curado.'" Lc 7,6-7
    Santa Maria de Betânia, irmã de Santa Marta e São Lázaro, também sabia sua importância: "Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-Lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse: 'Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.' Respondeu-lhe o Senhor: 'Marta, Marta, andas muito inquieta e preocupas-te com muitas coisas, mas uma só coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.'" Lc 10,39-42
    Jesus avisou, enfim, que nenhum segredo seria guardado para sempre: "Porque não há nada oculto que não venha a descobrir-se, e nada há escondido que não venha a ser conhecido. Pois o que dissestes às escuras será dito à luz. E o que falastes ao ouvido, nos quartos, será publicado de cima dos telhados." Lc 12,2-3
    Lembrou-nos a obrigação de dar testemunho do bem, de bem falar do que é correto e das boas obras das pessoas. A palavra 'bênção' vem de 'bendizer', e deve ser usada a despeito da situação: "... bendizei aqueles que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam." Lc 6,28
    Pois mesmo entre toda calúnia e perseguição, nossas bendições, ou seja, nosso bom testemunho d'Ele e de tudo que é d'Ele sempre será recompensado: "Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e falsamente disserem todo mal contra vós por causa de Mim." Mt 5,11
    E ensinou-nos a testemunhar: "Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo que passa além disto vem do Maligno." Mt 5,37
    O Profeta Isaías já advertia: "Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em Luz e a Luz em trevas, que proclamam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!" Is 5,20
    Ora, como dito, Jesus frontalmente combatia a hipocrisia: "Ou como podes dizer a teu irmão: 'Deixa-me, irmão, tirar o cisco de teu olho', quando tu não vês a trave que há em teu olho? Hipócrita, primeiro tira a trave de teu olho e depois enxergarás para tirar o cisco do olho de teu irmão." Lc 6,42
    E denunciava a fonte das más palavras: "Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer boas coisas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração." Mt 12,34
    Mas disse que, se guardássemos Sua Palavra, nos difíceis momentos teríamos muito especial assistência: "Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de Vosso Pai que falará em vós." Mt 10,20
    De fato, o poder do Espírito Santo garante a unidade de Sua Doutrina: "... porque não há ninguém que faça um prodígio em Meu Nome e em seguida possa falar mal de Mim." Mc 9,39
    Mas de todos fiéis São Paulo exigia condigno comportamento: "Por isso, renunciai à mentira. Cada um fale a Verdade a seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Nenhuma má palavra saia de vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem. Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas de vosso meio, bem como toda malícia." Ef 4,25.29-31
    São Tiago Menor faz análoga exortação: "Todas espécies de feras selvagens, de aves, de répteis e de peixes do mar domam-se e têm sido domadas pela espécie humana. A língua, porém, nenhum homem pode domá-la. É um irrequieto mal, cheia de mortífero veneno. Com ela bendizemos o Senhor, Nosso Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos, que assim seja. Porventura lança uma fonte, por uma mesma bica, doce e amargosa água?" Tg 3,7-11
    Ele encarecidamente pede: "Meus irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de seu irmão ou julga-o, fala mal da Lei e julga a Lei. E se julgas a Lei, já não és observador da Lei, mas seu juiz." Tg 4,11
    E ensina: "Se alguém pensa ser piedoso, mas não refreia sua língua e engana seu coração, então é vã sua religião. Se alguém não cair por palavra, este é um perfeito homem, capaz de refrear todo seu corpo." Tg 1,26;3,2b
    São Pedro, no mesmo sentido, recomenda: "Com efeito, quem quiser amar a vida e ver felizes dias, refreie sua língua do mal e seus lábios de enganadoras palavras." 1 Pd 3,10
    E denuncia falsos doutores: "Audaciosos, arrogantes, não temem falar injuriosamente das Glórias..." 2 Pd 2,10b
    Os Provérbios já pediam: "Abre tua boca a favor do mundo, pela causa de todos abandonados. Abre tua boca para pronunciar justas sentenças, faze justiça ao aflito e ao indigente." Pr 31,8-9
    São Judas Tadeu, lembrando a postura do Arcanjo Miguel diante de Satanás, também acusa falastrões e dá um luminoso exemplo de autocontrole: "Assim também estes homens, em seu louco desvario, igualmente contaminam a carne, desprezam a autoridade e maldizem as Glórias. Ora, quando o Arcanjo Miguel discutia com o Demônio, e com ele disputava o corpo de Moisés, contra ele não ousou fulminar uma sentença de execração, mas somente disse: 'Que o próprio Senhor te repreenda!' Estes, porém, falam mal do que ignoram. Encontram eles sua perdição naquilo que não conhecem, senão pelo natural modo, à maneira de animais destituídos de razão." Jd 8-10
    Por isso, os Salmos humildemente versam: "Enquanto viver, cantarei à Glória do Senhor, salmodiarei ao Meu Deus enquanto existir. Possam minhas palavras ser-Lhe agradáveis!" Sl 103,33-34
    Pediam celebrações e cantos de louvor: "Aleluia. Celebrai o Senhor, aclamai Seu Nome, entre as nações apregoai Suas obras. Cantai-lhe hinos e cânticos, anunciai todas Suas maravilhas." Sl 104,1-2
    E davam testemunhos "Anunciei a justiça na grande assembleia. Não cerrei meus lábios, Senhor, bem o sabeis. Não escondi vossa justiça no coração, mas alto proclamei vossa fidelidade e vossa Salvação. À grande assembleia, não ocultei vossa bondade nem vossa fidelidade." Sl 39,10-11
    O Profeta Daniel repetidamente convidava toda natureza a essa prática: "Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, eternamente louvai-O e exaltai-O!" Dn 3,57
    O Eclesiástico diz: "Bendizei o Senhor, exaltai-o com todas vossas forças, pois Ele está acima de todo louvor." Eclo 43,33
    O Salmista reconhece: "Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta." Sl 15,7
    Movida pelo Santo Espírito, Santa Isabel assim reagiu à Visitação de Nossa Senhora: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o Fruto de teu ventre." Lc 1,42b
    E São Paulo inicia algumas de suas cartas nestes termos: "Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do Céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo... "Ef 1,3
    Recomendava delicadeza na missão de evangelizar: "Procedei com Sabedoria no trato com os de fora. Sabei aproveitar todas circunstâncias. Que vossas conversas sempre sejam amáveis, temperadas com sal, e a cada um sabei responder devidamente." Cl 4,5-6
    Ele exorta São Timóteo: "Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade." 1 Tm 4,12
    Pede que se afaste de futilidades e heresias: "Empenha-te em apresentar-te diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da Palavra da Verdade. Procura esquivar-te das frívolas conversas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena." 2 Tm 2,15-17a
    O anúncio da Boa Nova, portanto, é o anúncio do Bem Maior, isto é, do próprio Deus, e por isso deve ser a razão de nossas vidas. Jesus ordenou-nos: "Por onde andardes, anunciai que o Reino dos Céus está próximo." Mt 10,17
    E o Céu está próximo daqueles que buscam e retransmitem a Sabedoria, como Ele disse a um escriba: "Vendo Jesus que ele sabiamente falara, disse-lhe: 'Não estás longe do Reino de Deus'." Mc 12,34
    São João Batista, por sua vez, condenou os que falavam demais, julgando-se abençoados, mas não se convertiam com sinceridade: "Fazei, pois, realmente frutuosa conversão e não comeceis a dizer em vós mesmos: 'Temos Abraão por pai.' Pois digo-vos: Deus tem poder para destas pedras suscitar filhos a Abraão." Lc 3,8
    De fato, Jesus questionava nossa disposição em compreender o que Ele ensinava: "Se tenho-vos falado das coisas terrenas e não Me credes, como crereis se vos falar das celestiais?" Jo 3,12
    Questionava os judeus: "Por que não compreendeis Minha linguagem?" Jo 8,43a
    Mas não pôde explicar tudo, e por isso avisou da Vinda do Espírito Santo, Cuja missão igualmente é sutil e exemplar: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas agora não podeis suportá-las. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensiná-vos-á toda a Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciá-vos-á as coisas que virão." Jo 16,12
    Os Apóstolos, porém, ao final da vida pública de Jesus, já reconheciam-nO e evocavam-nO por Quem Ele é, como Ele mesmo confirmou: "Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque EU SOU." Jo 13,13
    E pelo feito de Sua Ressurreição, como São Paulo ensinou, o testemunho de Jesus deve ser levado ao mundo todo: "E toda língua confesse, para a Glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor." Ef 2,11
    Ele atesta que é ouvindo a pregação que se chega à fé: "Logo, a fé provém da pregação, e a pregação exerce-se em razão da Palavra de Cristo." Rm 10,17
    E defendendo a justificação pela fé, afirma que ela deve ser verbalmente expressa: "Essa é a Palavra da fé, que pregamos. Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à Salvação." Rm 10,8b-10


FAZER

    Cientes de nossa condição de frágeis pecadores, nossa primeiríssima atitude, para aproximar-nos de Deus, deve ser admitir e confessar nossos erros, como Jesus determinou desde o início de Sua vida pública: "Desde então, Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,17
    Falando aos serventes nas Bodas de Caná, Nossa Santíssima Mãe instou-nos que O obedecêssemos: "Disse, pois, Sua mãe aos serventes: 'Fazei o que Ele vos disser.'" Jo 2,5
    Ela mesma deu exemplo, como respondeu à Anunciação do Arcanjo Gabriel: "Então disse Maria: 'Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra.'" Lc 1,3a
    E em Seu agir, o próprio Jesus demonstrava total compromisso com os planos de Deus: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que Me enviou e cumprir Sua obra." Jo 4,34
    Falando de Sua humanidade, para servir-nos de exemplo, Ele testificava: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: de Si mesmo o Filho não pode fazer coisa alguma. Ele só faz o que vê fazer o Pai. E tudo que o Pai faz, semelhantemente faz o Filho." Jo 5,19
    E repetia: "De Mim mesmo não posso fazer coisa alguma."Jo 5,30
    Contou uma esclarecedora parábola: "Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: 'Meu filho, vai trabalhar hoje na vinha.' Respondeu ele: 'Não quero.' Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi. Dirigindo-se depois ao outro, disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu: 'Sim, pai!' Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?" Mt 21,28b-31a
    Deu um grandioso e prático exemplo, e pediu: "Logo, se Eu, Vosso Senhor e Mestre, lavei-vos os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, também façais vós. Em Verdade, em Verdade, digo-vos: o servo não é maior que Seu Senhor, nem o enviado é maior que Aquele que o enviou. Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob condição de praticá-las." Jo 13,16-17
    Sua Palavra, porém, tinha muito Especial Executor: "Mas se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus." Mt 12,28
    Bem diferente, entretanto, era a situação dos líderes religiosos de então, como Ele mesmo os acusou: "Vós fazeis as obras de vosso pai. Vós tendes como pai o Demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na Verdade, porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." Jo 8,41a.44
    Também nós, para corretamente agirmos, somos carentes da moção do Espírito de Deus. E até mesmo para reconhecer a divindade de Jesus, como São Paulo disse: "... ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo." 1 Cor 12,3
    O Paráclito, segundo os seguidores da tradição de São Paulo, é o autor de todo divino feito: "... o Espírito Santo, Autor da Graça!" Hb 10, 29
    E Ele mostrou-Se tão ativo em Jesus que Nicodemos, um fariseu mas sensato homem, teve que reconhecer: "Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele." Jo 3,2
    O ser humano, pois, precisa submeter-se a Deus, e só comprometer-se com o que está sob o poder de suas forças, como Jesus ensinou: "Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes fazer um cabelo tornar-se branco ou negro." Mt 5,36
    Até mesmo nosso agir pelo bem dos outros, dizia Ele, não pode ser objeto de vanglória: "Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles." Mt 6,1
    Pois a humildade é uma virtude: "Assim também vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, dizei: 'Somos inúteis servos. Apenas fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 17,10
    Jesus mesmo submetia Seu agir à fé das pessoas que O buscavam: "Partindo Jesus dali, dois cegos seguiram-nO, gritando: 'Filho de Davi, tem Misericórdia de nós!' Jesus entrou numa casa e os cegos aproximaram-se d'Ele. Disse-lhes: 'Credes que Eu posso fazer isso?' 'Sim, Senhor', responderam eles. Então Ele tocou-lhes nos olhos, dizendo: 'Seja-vos feito segundo vossa fé.' No mesmo instante, seus olhos abriram-se." Mt 9,27-30a
    A Salvação, portanto, que é uma pessoal conquista, também precisa contar com a ajuda da Graça de Deus. São Pedro ensina: "O Deus de toda Graça, que em Cristo vos chamou à Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoar-vos-á, tornar-vos-á inabaláveis, fortificar-vos-á." 1 Pd 5,10
    Mas mesmo assim os judeus sabiam que, em foro íntimo, deviam tomar uma atitude: "Um jovem aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: 'Mestre, que devo fazer de bom para ter a Vida Eterna?'" Mt 19,16
    E Ele alertava de alguns pecados que podem levar a perdição: "Se tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a! Melhor é entrares aleijado na Vida que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o inextinguível fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga. Se teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o fora! Melhor é entrares coxo na Vida Eterna que, tendo dois pés, seres lançado à geena do inextinguível fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga. Se teu olho for para ti ocasião de queda, arranca-o! Melhor é entrares com um olho de menos no Reino de Deus que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga." Mc 9,43-48
    Os fariseus, por exemplo, que se julgavam conhecedores do Caminho, liam as Escrituras mas não praticavam seus preceitos. De novo, a hipocrisia aparece como fonte de angústia e tristeza. Jesus denunciava-os: "Observai e fazei tudo que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem." Mt 23,3
    O fingimento, pois, enquanto atitude para com a Igreja, é uma afronta a Deus. E sua punição será grave, como Jesus afirmou: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor." Mt 23,14
    São João Evangelista recomendava: "Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em Verdade." 1 Jo 3,18
    São Paulo dizia aos coríntios: "Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos." 1 Cor 4,20
    Pedia aos filipenses: "Fazei todas coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, íntegros filhos de Deus no meio de uma depravada e maliciosa sociedade, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a Palavra da Vida." Fl 2,14-16a
    E aos colossenses: "Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em Nome do Senhor Jesus, por Ele dando graças a Deus Pai." Cl 3,17
    Quanto ao mundano comportamento, ele demonstrava a mais completa ojeriza: "Porque as coisas que tais homens ocultamente fazem, até falar delas é vergonhoso." Ef 5,12
    São Pedro prega: "À maneira de obedientes filhos, já não vos amoldeis aos desejos que antes tínheis, no tempo de vossa ignorância. A exemplo da santidade d'Aquele que vos chamou, sede também vós Santos em todas vossas ações, pois está escrito: 'Sede Santos, porque Eu sou Santo' (Lv 11,44). Se invocais como Pai Aquele que, sem distinção de pessoas, julga cada um segundo suas obras, vivei com temor durante o tempo de vossa peregrinação." 1 Pd 1,14-17
    E São João Evangelista diz de Jesus: "Eis como sabemos que O conhecemos: se guardamos Seus Mandamentos. Aquele que diz conhecê-Lo e não guarda Seus Mandamentos é mentiroso e a Verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda Sua Palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos n'Ele: aquele que afirma n'Ele permanecer, também deve viver como Ele viveu." 1 Jo 2,3-6
    Pois o próprio Jesus, enquanto Celestial Mestre, não só bem falava, mas bem fazia, como testemunhava o povo: "E tanto mais se admiravam, dizendo: 'Ele faz bem todas coisas. Faz ouvir os surdos e falar os mudos!'" Mc 7,37
    Tanto que Seu agir era constantemente questionado, como os principais sacerdotes, escribas e anciãos reagiam: "Com que direito fazes isto? Quem Te deu autoridade para fazer essas coisas?" Mc 11,28
    Ora, desde os tempos de São João Batista, o povo de boa vontade já perguntava como servir a Deus: "Perguntava-lhe a multidão: 'Que devemos fazer?'" Lc 3,10
    Também inquiriram de Jesus: "Perguntaram-Lhe: 'Que faremos para praticar as obras de Deus?' Respondeu-lhes Jesus: 'A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou.'" Jo 6,29-30
    Conhecedor de nossas dificuldades de entendimento, Ele deixou-nos a chamada Lei de ouro: "O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles." Lc 6,31
    E pediu que tomássemos Sua caridade como parâmetro: "Este é Meu Mandamento: amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo." Jo 15,12
    Por isso, a falta de caridade será uma gravíssima omissão, como Ele explicou: "Também estes Lhe perguntarão: 'Senhor, quando foi que Te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não Te socorremos?' E Ele responderá: 'Em Verdade, Eu declaro-vos: todas vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer.'" Mt 25,44-45
    Porque não podemos ser bons desprezando o sofrimento dos pobres, sobre os quais Ele replicou essa triste profecia (Dt 15,11): "Vós sempre tereis convosco os pobres e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem..." Mc 14,7
    Assim, tanto quanto podemos, devemos diminuir a desigualdade aqui na terra através do amor: "Eu digo-vos: fazei amigos com a injusta riqueza, para que, no dia em que ela vos faltar, eles recebam-vos nos eternos tabernáculos." Lc 16,9
    Fazer o bem, portanto, não pode parar em desculpas ou restrições, nem mesmo sob alegação de sagrados motivos: "Não vale o homem muito mais que uma ovelha? É permitido, pois, fazer o bem no dia de sábado." Mt 12,12
    São Tiago Menor diz com contundência: "Aquele que souber fazer o bem, e não o faz, peca." Tg 4,17
    E também condenou o cinismo e a falsidade: "Lavai as mãos, pecadores, e purificai vossos corações, ó homens de dupla atitude." Tg 4,8b
    Por fim, ao explicar qual deve ser nossa inspiração e com Quem devemos estar em Comunhão, Jesus declarou-Se Deus, revelando-Se essencial às nossas mais simples ações: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5
    E assim questionava Seus seguidores: "Por que Me chamais: 'Senhor, Senhor...' e não fazeis o que digo?" Lc 6,46
    Com efeito, toda e qualquer boa ação de nossa parte é reconhecidamente apenas um reflexo de nossa submissão aos Mandamentos do Pai. São Paulo disse: "Porque é Deus, segundo Seu beneplácito, Quem realiza em vós o querer e o executar." Fl 2,13
    Também disse do anúncio do Evangelho: "Tenho plena certeza de que Aquele que em vós iniciou esta boa obra, há de levá-la à perfeição até o Dia de Jesus Cristo." Fl 1,6
    Ele testemunhava: "Mas, pela Graça de Deus, sou o que sou, e a Graça que Ele me deu não tem sido inútil. Ao contrário, tenho trabalhado mais que todos eles. Não eu, mas a Graça de Deus que comigo está." 1 Cor 15,10
    Disse-o mais de uma vez, como aos colossenses: "A Ele é que anunciamos, admoestando todos homens e instruindo-os em toda Sabedoria, para em Cristo tornar perfeito todo homem. Eis a finalidade de meu trabalho, a razão porque luto auxiliado por Sua força que em mim poderosamente atua." Cl 1,29
    Então devemos tão somente buscar a Graça de tornar-nos instrumentos de Seu agir, como diziam os seguidores de sua tradição: "E o Deus da Paz... queira dispor-vos ao bem e conceder-vos que cumprais Sua Vontade, em vós realizando Ele próprio o que é agradável a Seus olhos, por Jesus Cristo..." Hb 13,20a.21a
    Sem dúvida, a condição de amigo de Jesus impreterivelmente depende de nossas atitudes: "Vós sois Meus amigos, se fazeis o que vos mando." Jo 15,14
    E em mais um marcante exemplo, ao concluir Sua Missão entre nós e preparar-Se para Seu Sacrifício, Jesus prestou contas ao Pai: "Eu glorifiquei-Te na terra. Terminei a obra que Me deste para fazer." Jo 17,4
    Dizemos no Ato Penitencial:
    "Confesso a Deus Todo-Poderoso, e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor."

    "Santificai-nos pelo dom de Vosso Espírito!"