domingo, 31 de março de 2024

O Domingo da Ressurreição


    "No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro, correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo, a quem Jesus amava:
    - Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram!
     Então Pedro saiu com aquele discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas o discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Também viu o Sudário, que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
    Em seguida também entrou o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
    Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus havia de ressuscitar dentre os mortos. Os discípulos, então, voltaram para casa.
    Entretanto, Maria conservava-se do lado de fora, perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o Corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram-lhe:
    - Mulher, por que choras?
    Ela respondeu:
    - Porque levaram Meu Senhor, e não sei onde O puseram.
    Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu. Perguntou-lhe Jesus:
    - Mulher, por que choras? Quem procuras?
    Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu:
    - Senhor, se tu O tirastes, dize-me onde O puseste e eu irei buscá-Lo.
    Disse-lhe Jesus:
    - Maria!
    Voltando-se ela, exclamou em hebraico:
    - Rabôni! (que quer dizer Mestre).
    Disse-lhe Jesus:
    - Não Me retenhas, porque ainda não subi a Meu Pai, mas vai a Meus irmãos e dize-lhes: Subo a Meu Pai e Vosso Pai, Meu Deus e Vosso Deus.
    Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor, e contou o que Ele lhe tinha falado.
    Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-Se em meio a eles. Disse-lhes Ele:
    - A Paz esteja convosco!
    Dito isso, mostrou-lhes as Mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez:
    - A Paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.
    Depois dessas palavras, soprou sobre eles, dizendo-lhes:
    - Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos."
                                                Jo 20,1-23


    Assim São João Evangelista, "a quem Jesus amava", o "outro discípulo" que foi ao sepulcro com São Pedro, narrou a manhã e a tarde da Ressurreição de Cristo. Por isso, o primeiro dia da semana passou a chamar-se 'Domingo', que em latim quer dizer 'Dia do Senhor', e o sábado perdeu a importância que tinha no Antigo Testamento, como São Paulo ensina aos colossenses: "Ninguém vos critique, pois, por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é o Corpo de Cristo." Cl 2,16-17
    Ora, este Apóstolo celebrava a Eucaristia num domingo, como São Lucas apontou: "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o Pão, Paulo, que havia de viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a palestra até a meia-noite." At 20,7
    O próprio Jesus, em debate com os fariseus, já havia anunciado: "Não lestes na Lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no Templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, Eu declaro-vos: aqui está Quem é maior que o Templo. Porque o Filho do Homem é Senhor também do sábado." Mt 12,5-6.8
    De fato, aquele domingo foi o mais importante dia para toda humanidade: abriu-se o Reino dos Céus. Desde então, segundo Jesus, quem na terra completou seus dias em esperança e guardando Sua Palavra,"... passou da morte para a Vida." Jo 5,24
    O salmista havia-o antevisto: "Este é o Dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e n'Ele exultemos!" Sl 117,24
    Com a Ascensão de Jesus, de fato, São João Evangelista ouviu nos Céus: "Agora chegou a Salvação, o poder e a realeza de Nosso Deus, assim como a autoridade de Seu Cristo." Ap 12,10b
    E ainda: "Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor." Ap 14,13b
    Era a sétima e última trombeta: "O sétimo anjo tocou a trombeta. Então ressoaram no Céu altas vozes que diziam: 'O Império de Nosso Senhor e de Seu Cristo estabeleceu-se sobre o mundo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos." Ap 11,15
    Cumpria-se a profecia de Davi: "Eis o Oráculo do Senhor, que Se dirige a Meu Senhor: 'Assenta-Te à Minha direita, até que Eu faça de Teus inimigos o banquinho de Teus pés." Sl 109,1
    São Paulo escreveu aos coríntios: "Cristo ressuscitou dentre os mortos como primícias dos que morreram! Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a Ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão." 1 Cor 15,20b-22
    E aos colossenses: "Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas coisas." Cl 1,18b
    Não há mais, portanto, a mansão dos mortos, para onde iam todas almas. Agora elas vão ou ao Céu, ou ao Purgatório ou ao inferno. E pelo Juízo Particular, ainda que só por alguns instantes, como é o caso das almas condenadas ao inferno, é-lhes dado ver Deus face a face. Era o fim de uma longa espera, cantada noutro Salmo como um lamento: "Minha alma tem sede de Deus, do Deus Vivo! Quando hei ir ver a face de Deus?" Sl 42,3
    Aos Apóstolos, Jesus havia dito que Sua Ressurreição, comprovada por Sua aparição, era a definitiva prova de Sua Divindade e de Sua Comunhão com a Igreja: "Ainda um pouco de tempo e o mundo já não Me verá. Vós, porém, tornareis a ver-Me, porque Eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em Meu Pai, vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,19-20
    Era o grande sinal de Sua passagem para todo povo de Israel, como Ele disse aos líderes religiosos: "Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Essa perversa e adúltera geração pede um milagre! Mas não lhe será dado outro sinal senão o de Jonas!" Mt 16,4a
    Pois Ele é maior que o Templo, como vimos acima: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-lo-ei em três dias.'" Jo 2,18-19
    E a Ressurreição é a prova de Sua Glória, como Ele disse após ser identificado como Cristo por São Pedro: "Em Verdade, declaro-vos: muitos destes que aqui estão não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade de Seu Reino." Mt 16,28
    São Paulo, de fato, disse de Sua aparição na Galileia: "Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive, e alguns já são mortos." 1 Cor 15,6
    Jesus ainda prometeu que, após Sua dolorosa Paixão, Sua aparição seria a razão da maior alegria que os Apóstolos poderiam ter: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo há de alegrar-se. E haveis de estar tristes, mas vossa tristeza há de transformar-se em alegria. Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio sua hora. Depois que deu à luz a criança, porém, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos tirará vossa alegria." Jo 16,20-22
    No livro do Apocalipse, com efeito, São João Evangelista garante, por toda eternidade, aos que forem fiel até o fim: "Verão Sua face..." Ap 22,4
    Pois ainda na Cruz, Jesus havia dito ao 'bom ladrão': "Eu garanto-te: hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso." Lc 23,43


MAIS APARIÇÕES DE JESUS RESSUSCITADO

    Além de uma particular aparição a São Pedro, também narrada por São Paulo (1 Cor 15,5), São Lucas narrou outra, em consonância com São Marcos (Mc 16,12), a dois discípulos, ambas ainda no Domingo da Ressurreição, antes da aparição que se deu ao Colégio dos Apóstolos, no final da tarde:

    "Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-Se deles e com eles caminhava. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados, e não O reconheceram. Perguntou-lhes, então:
    - De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
    Um deles, chamado Cléofas, respondeu-Lhe:
    - Acaso és Tu o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?
    Perguntou-lhes Ele:
    - Que foi?
    Disseram:
    - A respeito de Jesus de Nazaré... Era um poderoso Profeta, em obras e palavras, diante de Deus e de todo povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos magistrados entregaram-nO para ser condenado à morte, e crucificaram-nO.
    Nós esperávamos que fosse Ele Quem havia de restaurar Israel, porém já é hoje o terceiro dia que essas coisas aconteceram. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol, e, não tendo achado Seu Corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que Ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e assim o acharam, como as mulheres tinham dito, mas a Ele mesmo não viram.
    Jesus disse-lhes:
    - Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo que anunciaram os Profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse em Sua Glória?
    E começando por Moisés, percorrendo todos Profetas, explicava-lhes o que d'Ele se achava dito em todas Escrituras.
    Aproximaram-se da aldeia para onde iam, e Ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-nO a parar:
    - Fica conosco, já é tarde e declina o dia!
    Então entrou com eles. Aconteceu que, estando sentados à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-O e serviu-lhO. Então se lhes abriram os olhos e O reconheceram... mas Ele desapareceu.
    Diziam, pois, um ao outro:
    - Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e explicava as Escrituras?
    Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém.
    Aí acharam reunidos os Onze e aqueles que com eles andavam. Todos diziam:
    - O Senhor verdadeiramente ressuscitou, e apareceu a Simão."
                                             Lc 24,13-34


    São João Evangelista ainda narrou uma muito conhecida história: a aparição em que Jesus Se voltou especificamente a São Tomé, que aconteceu no seguinte domingo:

    "Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos disseram-lhe:
    - Vimos o Senhor!
    Mas ele replicou-lhes:
    - Se não vir em Suas Mãos o sinal dos pregos, e não puser meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir minha mão em Seu lado, não acreditarei!
    Oito dias depois, estavam Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles.
    Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-Se em meio a eles e disse:
    - A Paz esteja convosco!
    Depois disse a Tomé:
    - Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas Mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de .
    Respondeu-Lhe Tomé:
    Disse-lhe Jesus:
    - Creste porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!"
                                              Jo 20,24-29


    Ele também narrou uma terceira aparição à parte do Colégio dos Apóstolos, composto por ele mesmo, outros quatro e ainda dois discípulos, quando já estavam na Galileia:

    "Depois disso, tornou Jesus a manifestar-Se a Seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois de Seus discípulos.
    Disse-lhes Simão Pedro:
    - Vou pescar.
    Responderam-lhe eles:
    - Também vamos contigo.
    Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.
    Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não O reconheceram.
    Perguntou-lhes Jesus:
    - Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?
    - Não, responderam-Lhe.
    Disse-lhes Ele:
    - Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis!
    Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes.
    Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro:
    - É o Senhor!
    Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava nu, e lançou-se às águas. Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes, pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados. Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.
    Disse-lhes Jesus:
    - Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes.
    Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.
    Disse-lhes Jesus:
    - Vinde, comei!
    Nenhum dos discípulos ousou perguntar-Lhe: 'Quem és Tu?', pois bem sabiam que era o Senhor.
    Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lhos, e do mesmo modo o peixe.
    Era esta já a terceira vez que Jesus Se manifestava a Seus discípulos, depois de ter ressuscitado."
                                              Jo 21,1-13


    São Mateus, por sua vez, narrou a grande aparição a Apóstolos, discípulos e seguidores, que Jesus havia prometido, através de Maria Madalena, acontecer na Galileia. Segundo registro de São Paulo, essa multidão era de quinhentas pessoas:

    "Os Onze discípulos foram para a Galileia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando O viram, adoraram-nO. Entretanto, alguns ainda hesitavam.
    Mas Jesus, aproximando-Se, disse-lhes:
    - Toda autoridade foi-Me dada no Céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos dias, até o fim do mundo."
                                             Mt 28,16-20

    São Lucas deu-nos mais informações sobre essas aparições, como o exato período entre a Ressurreição e Sua Ascensão aos Céus: "E a eles manifestou-Se vivo depois de Sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus." At 1,3
    E São Paulo, como no relato de São Lucas (Lc 24,34), registra a aparição a São Pedro, que se deu antes de Jesus manifestar-Se conjuntamente aos Dez. Note-se que ele se confundiu com o número dos Apóstolos, que então eram Dez, pois São Tomé não estava no primeiro domingo nem São Matias havia sido escolhido para o lugar de Judas Iscariotes: "Primeiramente transmiti-vos o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Pedro, e em seguida aos Doze." 1 Cor 15,3-5
    É do Último Apóstolo, ademais, o registro de uma particular aparição a São Tiago Menor, certamente para tratar de sua importante missão à frente da igreja de Jerusalém, manifestação que se deu depois da aparição aos quinhentos na Galileia e antes de Jesus aparecer a todos demais seguidores, aí indistintamente chamados de Apóstolos: "Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive, e alguns já são mortos. Depois apareceu a Tiago, em seguida a todos Apóstolos." 1 Cor 15,7
    Apesar de tão grande multidão, São Pedro atesta que Ele não apareceu a qualquer pessoa: "Mas Deus ressuscitou-O no terceiro dia, concedendo-Lhe manifestar-Se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido..." At 10,40-41a
    Igualmente São Paulo: "Depois de realizarem todas coisas que d'Ele estavam escritas, tirando-O do madeiro, puseram-nO num sepulcro. Mas Deus ressuscitou-O dentre os mortos. Durante muitos dias apareceu àqueles que com Ele subiram da Galileia a Jerusalém, os quais até agora são Suas testemunhas junto ao povo." At 13,29-31
    Ora, assim era a promessa de Jesus, que restritivamente falou a Apóstolos, discípulos e seguidores: "Ainda um pouco de tempo, e já não Me vereis. Depois mais um pouco de tempo, e tornareis a ver-Me, porque vou para junto do Pai." Jo 16,16
    E como acima mencionado, Ele excluía o 'mundo': "Ainda um pouco de tempo, e o mundo já não Me verá. Vós, porém, tornareis a ver-Me, porque Eu vivo e vós vivereis." Jo 14,19
    Aos demais seguidores, em futuros tempos, Ele também prometeu pessoais manifestações quando foi inquirido por São Judas Tadeu: "Pergunta-Lhe Judas, não o Iscariotes: 'Senhor, por que razão hás de manifestar-Te a nós e não ao mundo?' Respondeu-lhe Jesus: 'Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E Nós viremos a ele e nele faremos Nossa morada.'" Jo 14,22-23
    A Jerusalém, que não O acolheu, Ele profetizou sua destruição e estabeleceu uma condição: "Eis que vos ficará deserta vossa casa. Digo-vos, porém, que não Me vereis até que venha o dia em que digais: 'Bendito Aquele que vem em Nome do Senhor!'" Lc 13,35
    Ainda temos de São Paulo a narração da aparição que resultou em sua própria conversão: "E por último de todos, também apareceu a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus." 1 Cor 15,8-9
    Mas não foi a única! Ao menos pelos registros das Escrituras, apareceu-lhe de novo quando voltou à Cidade Santa, três anos após sua conversão: 

    "Voltei para Jerusalém e, orando no Templo, fui arrebatado em êxtase. E vi Jesus que me dizia:
    - Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão teu testemunho a Meu respeito.
    Eu reconheci:
    - Senhor, eles sabem que nas sinagogas eu encarcerava e com varas açoitava os que creem em Ti. E quando se derramou o sangue de Estêvão, Tua testemunha, eu estava presente, consentia nisso e guardava os mantos daqueles que o matavam.
    Mas Ele respondeu-me:
    - Vai, porque Eu te enviarei para longe, às nações...'"
                                              At 22,17-21

    Quando pela primeira vez esteve em Corinto, fervorosamente cumprindo esta missão, após ter seu testemunho rejeitado pelos judeus, Jesus tornou a aparecer-lhe, exortando-o a pregar aos gentios: "Numa noite, o Senhor disse a Paulo em visão: 'Não temas! Fala e não te cales. Porque Eu estou contigo. Ninguém se aproximará de ti para te fazer mal, pois tenho um numeroso povo nesta cidade.' Paulo deteve-se ali um ano e seis meses, ensinando a eles a Palavra de Deus." At 18,9-11
     E ainda anos mais tarde, quando foi precautivamente preso em Jerusalém pelo tribuno, após tê-lo apresentado ao Sinédrio. Ele vai enviá-lo a Roma, exatamente onde ministrava São Pedro, o que faria dela uma cidade apostólica (cf. Ap 11,3): "Na seguinte noite, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: 'Coragem! Deste testemunho de Mim em Jerusalém, assim também importa que o dês em Roma.'" At 23,11
    São Pedro também indica ter visto o Senhor pelo menos mais uma vez, pouco antes de sua morte em Roma. Ele diz em sua Segunda Carta: "Tenho por meu dever, enquanto estiver neste tabernáculo, manter-vos vigilantes com minhas admoestações. Porque sei que em breve terei que deixá-lo, assim como Nosso Senhor Jesus Cristo me fez conhecer." 2 Pd 1,13-14
    Por fim, há os registros das visões que São João Evangelista, já em seus últimos anos, teve de Jesus, e igualmente deram-se num domingo, que ele já chamava de Dia do Senhor. Aliás, dessa revelação, que é a mais exata tradução da palavra 'Apocalipse', vieram quase todos ritos da Santa Missa, que reproduzem celestes cenas:

    "Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na paciência em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
    No Dia do Senhor, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, forte voz como de trombeta, que dizia:
    - O que vês, escreve-o num Livro e manda-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodiceia.
    Voltei-me para saber que voz falava comigo. Tendo-me voltado, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, Alguém semelhante ao Filho do Homem, vestindo longa túnica até os pés, cingido o peito por um cinto de ouro. Tinha Ele cabeça e cabelos brancos como lã cor de neve. Seus olhos eram como chamas de fogo. Seus pés pareciam-se ao fino bronze, incandescido na fornalha. Sua voz era como o ruído de muitas águas. Segurava na mão direita sete estrelas. De Sua boca saía uma afiada espada, de dois gumes. Seu rosto assemelhava-se ao sol, quando brilha com toda força.
    Ao vê-Lo, caí como morto a Seus pés.
    Ele, porém, pôs sobre mim Sua mão direita e disse:
    - Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, e O que vive. Pois estive morto, e eis-Me de novo vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos. Escreve, pois, o que viste, tanto as coisas atuais como as futuras.
    [...]
    Ainda vi o Céu aberto: eis que aparece um branco cavalo. Seu Cavaleiro chama-Se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que Ele julga e guerreia. Tem flamejantes olhos. Em Sua cabeça há muitos diademas e traz escrito um Nome que ninguém conhece, senão Ele. Está vestido com um manto tinto de Sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Seguiam-nO em brancos cavalos os Celestes Exércitos, vestidos de fino linho, de uma imaculada brancura. De Sua boca sai uma afiada espada, para com ela ferir as pagãs nações, porque Ele deve governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho da ardente ira do Deus Dominador. Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!"
                                      Ap 1,9-19;19,11-16

    "Salvador do mundo, salvai-nos, Vós que nos libertastes pela Cruz e Ressurreição."