quarta-feira, 13 de março de 2024

A Ira


    No Sermão da Montanha, ao tratar da violência contida na Lei, Jesus ensinou:

    "Tendes ouvido o que foi dito: 'Olho por olho, dente por dente.' Eu, porém, digo-vos: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. Dá a quem te pede e não te desvies daquele que quer pedir-te emprestado.
    Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás teu próximo e poderás odiar teu inimigo.' Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem.
    Deste modo sereis filhos de Vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
    Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai Celeste é perfeito."
                                                 Mt 5,38-48

    Assim, se algumas passagens do Antigo Testamento parecem absurdas, ou se as palavras de Jesus parecem revogar as sagradas prescrições, deve-se levar em conta os diferentes estágios de civilização, e assim as etapas da Revelação, observando o que Ele havia anunciado pouco antes. De fato, como no último versículo acima, Jesus falava de perfeição: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17
    Nesse sentido, diante de uma revelação maior que é o Novo Testamento, a ira passou a ser um grave pecado, mesmo quando sua motivação parece justa. Jesus vai ampliar o alcance da prescrição: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás, mas quem matar será castigado pelo Juízo do tribunal.' Mas Eu digo-vos: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes." Mt 5,21-22a
    Demonstrava, pois, ser muito mais exigente, condenando toda e qualquer palavra de ofensa que restasse sem arrependimento: "Aquele que disser a seu irmão: 'Idiota', será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: 'Louco', será condenado ao fogo da geena." Mt 5,22b
    Realmente falava muito sério: "Eu digo-vos: no Dia do Juízo os homens prestarão contas de toda vã palavra que tiverem proferido." Mt 12,36
    Pedia toda iniciativa e diligência em busca da Paz: "Se estás, portanto, para fazer tua oferta diante do altar e lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá tua oferta diante do altar e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão. Só então vem fazer tua oferta." Mt 5,23-24
    Em caso contrário, Ele alertava para o Purgatório: "Sem demora, entra em acordo com teu adversário enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz, e o juiz entregue-te a seu oficial de justiça e sejas posto em prisão. Em Verdade, digo-te: dali não sairás antes de pagares até o último centavo." Mt 5,25-26
    E é simples de entender o porquê de tanta 'exigência': em Cristo dispomos de uma inestimável dádiva, vivemos o tempo dos portentosos auxílios do Santo Paráclito! Ele diz do precioso recurso de que dispomos, e que não deveríamos trair: "... naquele momento sê-vos-á inspirado o que haveis de dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de Vosso Pai que falará em vós." Mt 10,19a-20
    São Paulo lembra o Sacramento do Batismo e alegra-se com o "... Espírito Santo, que em profusão nos foi concedido por meio de Cristo, Nosso Salvador..." Tt 3,5b-6
    Ele faz lembrar quão reconfortante é essa nova condição: "Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos. Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza..." Rm 8,25-26a
    E não tem dúvida quanto aos dons dos membros da Igreja: "A cada um é dada a manifestação do Espírito para comum proveito." 1 Cor 12,7
    Garante: "N'Ele (Cristo) fostes ricamente contemplados com todos dons, com os da Palavra e os da ciência..." 1 Cor 1,5
    Por isso, pede que perseveremos sob Sua Graça: "Em todas circunstâncias dai graças, porque esta é a vontade de Deus, em Jesus Cristo, a vosso respeito. Não extingais o Espírito." 1 Ts 5,18-19
    E exorta: "Nenhuma má palavra saia de vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem. Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o Qual estais selados para o Dia da Redenção. Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas de vosso meio, bem como toda malícia. Antes, sede bondosos e compassivos uns com os outros. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo." Ef 4,29-32
    Pois mesmo a ira de Deus, embora real, pouco diz, principalmente aos incautos, de Sua imensa paciência e Misericórdia. São Tiago Menor afirma nossas imperfeições em comparação ao Divino Juízo: "Já o sabei, meus diletíssimos irmãos: todo homem deve ser pronto para ouvir, porém tardo para falar e tardo para irar-se. Porque a ira do homem não cumpre a justiça de Deus." Tg 1,19-20
    De fato, havia muito tempo, desde o Deuteronômio, que a justiça feita pelas próprias mãos já vinha sendo contestada por Deus: "... a Mim pertencem a vingança e as represálias..." Dt 32,35
    E o salmista canta o exemplo do Pai: "O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência." Sl 102,8
    Mas não foi só com os Salmos e com Jesus que tivemos o abrandamento dos rigores da lei mosaica. Os Provérbios, como vai mencionar São Pedro, também já desestimulavam o ódio e exaltavam o amor: "O ódio desperta rixas; o amor, porém, cobre uma multidão de pecados." Pr 10,12
    Este sagrado autor sabia que a divina justiça era melhor caminho que o ódio: "A vida está na vereda da justiça; o caminho do ódio, porém, conduz à morte." Pr 12,28
    Ele via insanidade na violência, e grandes problemas no cinismo: "O homem violento comete loucura; o dissimulado atrai a si o ódio." Pr 14,17
    Recomendava a mansidão: "Uma branda resposta aplaca o furor; uma dura palavra excita a cólera." Pr 15,1
    Louvava o autocontrole: "Um sábio sabe conter sua cólera, e tem por honra passar por cima de uma ofensa." Pr 19,11
    E via no culto ao ódio uma porta aberta para todos pecados: "Aquele que odeia, fala com dissimulação, no seu interior projeta a fraude. Quando falar com amabilidade, não te fies nele porque há sete abominações em seu coração. Pode dissimular seu ódio sob aparências, e sua malícia acabará por ser revelada em público." Pr 26,24-26
    O Eclesiástico, aliás, não viu violência na pessoa de Moisés, apesar do assassinato que havia cometido: "... foi amado por Deus e pelos homens: sua memória é abençoada. O Senhor deu-lhe uma glória semelhante à dos Santos... Santificou-o por sua e mansidão, escolheu-o entre todos homens." Eclo 45,1-2.4
    Via mais valor na serenidade que na própria caridade: "Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás mais amado que um generoso homem." Eclo 3,19
    E também apontava a estultice da ira: "Cólera e furor são ambos execráveis; o homem pecador alimenta-os em si mesmo." Eclo 27,33
    A oração de Judite, por sinal, revelava um Deus mais afeito aos que primam pela mansidão: "... os soberbos nunca Vos agradaram, mas sempre Vos foram aceitas as preces dos mansos e humildes." Jt 9,16
    Assim também o Eclesiástico: "A oração do humilde penetra as nuvens." Eclo 35,21a
    E ainda os Salmos: "Sim, excelso é o Senhor! Ele vê o humilde, e de longe percebe os soberbos." Sl 137,6
    Eis que Jesus anunciou: "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!" Mt 5,5
    Ele estava fazendo menção a um Salmo de Davi, que havia muito já ensinava: "Quanto aos mansos, possuirão a terra, e nela gozarão de imensa Paz." Sl 36,11
    Jesus também disse: "Amarás teu próximo como a ti mesmo." Mc 12,31
    E mais uma vez estava ressaltando um antigo ensinamento, do Levítico, que tentava aplacar o ódio ao menos entre o povo de Israel: "Não odiarás teu irmão em teu coração. Repreenderás teu próximo para que não incorras em pecado por sua causa. Não te vingarás; não guardarás rancor contra os filhos de teu povo. Amarás teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor." Lv 19,17-18
    Essa importante revelação, portanto, foi confirmada e ampliada por Jesus, pois ela precisava assumir seu devido lugar. São João Evangelista cravou: "Quem não ama, permanece na morte. Quem odeia seu irmão, é assassino. E sabeis que a Vida Eterna não permanece em nenhum assassino." 1 Jo 3,14a-15
    São Paulo até alertava aos gálatas para o risco que há nas situações de pecado, que podem piorar: "Irmãos, se alguém for surpreendido numa falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que também não caias em tentação!" Gl 6,1
    Em carta a São Timóteo, ele vai pedir: "Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando limpas mãos, superando todo ódio e ressentimento." 1 Tm 2,8
    Recomendou-lhe que ficasse longe de vãos debates: "Rejeita as tolas e absurdas discussões, visto que geram contendas. A um servo do Senhor não convém altercar. Bem ao contrário, seja ele condescendente com todos, capaz de ensinar, paciente em suportar os males. É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do Demônio, que aos seus caprichos os mantém cativos e submetidos." 2 Tm 2, 23-26
    E indica o caminho da Paz, em oposição ao da cobiça e suas sequelas: "Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições. Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e com todo empenho procura a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão." 1 Tm 6,10b-11
    Reclamava da fraca espiritualidade dos coríntios: "A vós, irmãos, não vos pude falar como a homens espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Eu dei-vos a beber leite e não sólido alimento, que ainda não podíeis suportar. Nem ainda agora o podeis, porque ainda sois carnais. Com efeito, enquanto entre vós houver ciúmes e contendas, não será porque sois carnais e procedeis de meramente humano modo?" 1 Cor 3,1-3
    Também reclamou em sua segunda carta a eles: "Temo que, quando for, não vos ache quais eu quisera, e que vós me acheis qual não quereríeis. Receio encontrar entre vós contendas, invejas, rixas, dissensões, calúnias, murmurações, arrogâncias e desordens. Receio que à minha chegada entre vós Deus ainda me humilhe a vosso respeito, e tenha de chorar por muitos daqueles que pecaram e não fizeram penitência da impureza, da fornicação e da dissolução que cometeram." 2 Cor 12,20-21
    Em prevenção a estes erros, ele exortava São Timóteo à religiosidade: "Exercita-te na piedade. Se o corporal exercício traz algum pequeno proveito, a piedade, esta sim, é útil para tudo, porque tem a promessa da presente e da futura Vida. Eis uma verdade absolutamente certa e digna de fé: se nos afadigamos e sofremos ultrajes, é porque pusemos nossa esperança em Deus Vivo, que é o Salvador de todos homens, sobretudo dos fiéis. Seja este o objeto de tuas prescrições e de teus ensinamentos." 1 Tm 4,8-11
    Dos que caem na irreligiosidade, ele dizia aos romanos: "Porque, conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus nem Lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos e obscureceu-se-lhes o insensato coração. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os a depravados sentimentos, e daí seu indigno procedimento. São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes aos pais. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem os que as praticam." Rm 1,21-22.28-32
    E até para com mundanas autoridades, ele pedia aos cristãos que praticassem obediência, como escreveu a São Tito: "Admoesta-os a que sejam submissos aos magistrados e às autoridades, sejam obedientes, estejam prontos para qualquer boa obra, não falem mal dos outros, sejam pacíficos, afáveis e saibam dar provas de toda mansidão para com todos homens." Tt 3,1-2
    Era o mesmo que dizia São Tiago Menor, ao explicar como devemos receber a Palavra de Deus: "Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia, e com mansidão recebei a Palavra em vós semeada, que pode salvar vossas almas." Tg 1,21
    Ele pregava: "Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre com um bom proceder suas obras perpassadas de doçura e de Sabedoria. Mas se no coração tendes um amargo ciúme e gosto por contendas, não vos glorieis, nem mintais contra a Verdade. Esta não é a Sabedoria que vem do alto, mas terrena, humana e diabólica sabedoria. Onde houver ciúme e contenda, também há perturbação e toda espécie de vícios. A Sabedoria, porém, que vem de cima, é primeiramente pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento." Tg 3,13-17


A SUPERIORIDADE DO AMOR

    Se Jesus cabalmente refutou a ira, e mandou que amássemos até mesmo nossos inimigos, São Paulo não exagera ao falar do amor como o pleno cumprimento de todos Mandamentos: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser recíproco amor, porque aquele que ama seu próximo cumpriu toda Lei." Rm 13,8
    São João Evangelista confirma: "Quem ama seu irmão permanece na Luz, e não se expõe a tropeçar." 1 Jo 2,10
    E avisa: "Mas quem odeia seu irmão está nas trevas e anda nas trevas, sem saber para onde dirige os passos. As trevas cegaram seus olhos." 1 Jo 2,11
    Falando dos relatos de Epafras, um de seus colaboradores, o Apóstolo dos Gentios diz Quem nos amina para o amor: "Foi ele que nos informou do amor com que o Espírito vos anima." Fl 1,8
    Em carta aos romanos, ele repete esta certeza: "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Rm 5,5b
    Aos tessalonicenses, estimulou aos divinos amor e paciência: "Que o Senhor dirija vossos corações para o amor de Deus e a paciência de Cristo." 2 Ts 3,5
    O Amado Discípulo chega a ser bem simples, mas deixou-nos um dos mais belos conceitos de Deus: "Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." 1 Jo 4,8
    Para ele, o verdadeiro amor traz tanta Paz e segurança que é desprovido de qualquer medo: "No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor." 1 Jo 4,18
    Em consonância com o que foi dito por São Paulo, ele afirma que o amor está na observância dos Mandamentos: "Eis o amor de Deus: que guardemos Seus Mandamentos." 1 Jo 5,3
    E Seu amor induz-nos não a ira, mas ao perdão, como Jesus mandou rezar no Pai Nosso: "... perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido." Mt 6,12
    Porém não só nessa oração, mas em todas: "E quando vos puserdes de pé para rezar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também Vosso Pai, que está nos Céus, perdoe vossos pecados. Mas se não perdoardes, tampouco Vosso Pai que está nos Céus perdoará vossos pecados." Mc 11,25-26
    E São Paulo, em carta aos efésios, lembra nosso dever de não guardar rancor por nem um dia: "Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento." Ef 4,26

A GRAÇA DA PAZ

    A Paz de Cristo, pois, é nossa maior conquista nesse mundo, principalmente para quem já foi atormentado pela ira. Por isso, os Salmos recomendam que a busquemos com pertinácia: "Aparta-te do mal e faze o bem, busca a Paz e vai ao seu encalço." Sl 33,15
    Os Provérbios colocavam-na como mais valiosa que o mais saboroso alimento: "Mais vale um bocado de pão seco, com a Paz, que uma casa cheia de carnes, com a discórdia." Pr 17,1
    O Profeta Isaías também declamou sobre a excelência da Paz, revelando o caminho para alcançá-la: "A justiça produzirá a Paz, e o direito assegurará a tranquilidade..." Is 32,17
    São Tiago Menor tem parecida receita: "O fruto da justiça semeia-se na Paz, para aqueles que praticam a Paz." Tg 3,18
    E denunciava nas desregradas paixões a fonte das intrigas, que prenunciam a ira: "Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros?" Tg 4,1
    Pois a Paz não está disponível para todos, como Isaías diz: "Mas não há Paz para os maus, diz o Senhor." Is 48,22
    São Paulo também apontava os pecados como o principal obstáculo à Paz: "Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a Vida e a Paz." Rm 8,6
    Ele aponta em Deus essa marcante característica: "E o Deus da Paz esteja com todos vós." Rm 15,33
    E diz que a Sagrada Tradição ensina como podemos ter Deus sempre por perto: "O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da Paz estará convosco." Fl 4,9
    Pois só Ele pode fazer-nos conhecer a perfeição dos Santos: "O Deus da Paz conceda-vos perfeita santidade. Que todo vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo!" 1 Ts 5,23
    E só Sua Paz mantem-nos longe das propensões para o mal: "Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por Ele achados sem mácula e irrepreensíveis na Paz." 2 Pd 3,14
    Segundo o Último Apóstolo, assim Jesus pode ser apresentado: "Porque é Ele nossa Paz... Veio para anunciar a Paz a vós que estáveis longe, e a Paz também àqueles que estavam perto..." Ef 2,14.17
    Evangelho também tem essa específica marca: "... e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da Paz." Ef 6,15
    Ele nem tentava explicar essa Paz: "E a Paz de Deus, que a toda inteligência excede, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus." Fl 4,7
    Só aguardava a vitória: "Em vossos corações triunfe a Paz de Cristo, para a qual fostes chamados a fim de formar um único Corpo. E sede agradecidos." Cl 3,15
    Pregava que permanecêssemos entre os membros da Igreja e celebrando a Santa Missa, como exortou São Timóteo: "Foge das paixões da mocidade, com empenho busca a justiça, a fé, a caridade, a Paz, em companhia daqueles que invocam o Senhor com pureza de coração." 2 Tm 2,22
    Pediu mais que amor por nossos Sacerdotes: "Assim, pois, mutuamente vos consolai e vos edificai, como já fazeis. Suplicamo-vos, irmãos, que reconheçais aqueles que entre vós arduamente trabalham para dirigir-vos no Senhor e admoestar-vos. Tende para com eles singular amor, em vista do cargo que exercem. Conservai a Paz entre vós." 1 Ts 5,11-13
    E rezava para que nós a mantivéssemos por todos instantes: "O Senhor da Paz conceda-vos a Paz em todo tempo e em todas circunstâncias. O Senhor esteja com todos vós." 2 Ts 3,16
    Pois só conseguimos viver a Unidade da fé, que é proporcionada pelo Espírito Santo, se tivermos a Paz de Cristo: "Exorto-vos, pois, prisioneiro que sou pela causa do Senhor, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda humildade e amabilidade, com grandeza de alma, mutuamente suportando-vos com caridade. Sede solícitos em conservar a Unidade do Espírito pelo vínculo da Paz." Ef 4,1-3
    Esta, portanto, é a missão da Igreja, como Jesus determinou a São Pedro: "Apascenta Meus cordeiros. Apascenta Minhas ovelhas." Jo 21,15b.17b
    E o Príncipe dos Apóstolos pediu a todos Presbíteros: "Apascentai o rebanho de Deus, que vos é confiado. Dele tende cuidado, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de sórdido interesse, mas com dedicação; não como absolutos dominadores sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos de vosso rebanho." 1 Pd 5,2-3


A PAZ DE CRISTO

    Em oposição ao terrível pecado da ira, pois, o maior presente que Jesus nos concede nesse mundo, depois de Seu infinito amor, é a Sua indizível Paz. Ele disse: "Deixo-vos a Paz, dou-vos Minha Paz. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe vosso coração, nem se atemorize!" Jo 14,27
    Portanto, não podemos hesitar em abraçar Seus ensinamentos. Porque, se bem examinarmos, só na mansidão de Jesus encontraremos o sossego que buscamos: "Tomai Meu jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para vossas almas." Mt 11,29

    "Fazei-nos, ó Pai, instrumentos de Vossa Paz!"