"Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que Magos vieram do Oriente a Jerusalém. Perguntaram eles:
- Onde está o Rei dos judeus, que acaba de nascer? Vimos Sua Estrela no Oriente e viemos adorá-Lo!
A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado, e com ele toda Jerusalém. Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou-lhes onde havia de nascer o Cristo. Disseram-lhe:
- Em Belém, na Judeia, porque assim foi escrito pelo Profeta: 'E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o Chefe que governará Israel, Meu povo (Mq 5,2).'
Herodes, então, secretamente chamou os Magos e perguntou-lhes sobre a exata época em que lhes tinha aparecido o Astro. E enviando-os a Belém, disse:
- Ide e informai-vos bem a respeito do Menino. Quando O tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-Lo.
Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram.
E eis que a Estrela, que tinham visto no Oriente, foi precedendo-os até chegar sobre o lugar onde estava o Menino e ali parou. A aparição daquela Estrela encheu-os de profunda alegria.
Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se diante d'Ele, adoraram-nO. Depois, abrindo seus tesouros, como presentes ofereceram-Lhe ouro, incenso e mirra.
Avisados em sonhos que não tornassem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho."
Mt 2,1-12
O termo 'Mago' significa 'sábio' e é de origem persa, o que revela a procedência das visitas que Jesus recebeu. Eram religiosos, pois esse termo era exclusivamente usado para uma casta sacerdotal da Pérsia. Assim temos o atual termo 'magistério', que indica o exercício da profissão de professor, de especialista em educação, ou mais propriamente o Magistério da Igreja, a origem dos demais, que, como registra a Encíclica Veritatis Splendor, do saudoso Papa São João Paulo II, representa "o encargo de autenticamente interpretar a Palavra de Deus, escrita ou transmitida."
Foi exatamente isso que Jesus prometeu a São Pedro, quando, por revelação de Deus Pai (cf. Mt 16,17), ele O proclamou o Cristo: "Eu dá-te-ei as chaves do Reino dos Céus: tudo que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo que desligares na Terra será desligado nos Céus." Mt 16,19
A palavra 'Magos' constante neste Evangelho, portanto, nada tem a ver com o significado atribuído pelos gregos, ainda no século IV a.C., para designar os sacerdotes do zoroastrismo, que seriam astrólogos capazes de predizer e até manipular o futuro. Assim, a rigor, não pode ser traduzida nem como mágicos, nem astrólogos, nem ocultistas, nem bruxos.
Foi exatamente isso que Jesus prometeu a São Pedro, quando, por revelação de Deus Pai (cf. Mt 16,17), ele O proclamou o Cristo: "Eu dá-te-ei as chaves do Reino dos Céus: tudo que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo que desligares na Terra será desligado nos Céus." Mt 16,19
A palavra 'Magos' constante neste Evangelho, portanto, nada tem a ver com o significado atribuído pelos gregos, ainda no século IV a.C., para designar os sacerdotes do zoroastrismo, que seriam astrólogos capazes de predizer e até manipular o futuro. Assim, a rigor, não pode ser traduzida nem como mágicos, nem astrólogos, nem ocultistas, nem bruxos.
Na verdade, os Santos Reis respeitavam profundamente, embora não conhecessem em detalhes, a Lei e os Profetas de Israel, que hoje chamamos Antigo Testamento, pois acreditavam e esperavam pelo Salvador enquanto o Rei dos Judeus, exatamente o termo que usaram ao chegar em Jerusalém. À época, de fato, os israelenses eram conhecidos como o 'povo do livro'.
E, sem dúvida, estes Magos foram iluminados pelo Espírito Santo, porque sabiam que aquela Nova Estrela indicava o Nascimento do Messias, o que não foi revelado aos religiosos e estudiosos de Jerusalém, certamente por falta de fidelidade, pois essa notícia os perturbou, como São Mateus disse. Outro importante indício, que confirma esta interpretação, é o fato de a Estrela só ter voltado a aparecer a eles depois que deixaram Jerusalém, quer dizer, ela não era vista por quem estava da Cidade Santa. Com efeito, essa reaparição do Astro explica a grande alegria, como vimos, que tiveram os Reis Magos (Mt 2,10).
Ainda sob a lógica da divina inspiração, após a visita e durante o descanso antes de começar a viagem de volta, eles foram avisados em sonhos, certamente por um anjo de Deus como acontecia a São José, para não retornar a Jerusalém com as informações pedidas por Herodes.
A adoração do Senhor por reis de outros países e outras religiões, enfim, atestam o caráter católico, ou seja, universal da Igreja de Cristo. De fato, falando em línguas (cf. At 2,6), como se viu no Pentecostes, ela já nasceu para o mundo, para muito além das físicas e espirituais fronteiras de Israel, exatamente como Jesus garantiu a Seus seguidores, na leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos: "... mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força. E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria, e até os confins do mundo." At 1,8
E, sem dúvida, estes Magos foram iluminados pelo Espírito Santo, porque sabiam que aquela Nova Estrela indicava o Nascimento do Messias, o que não foi revelado aos religiosos e estudiosos de Jerusalém, certamente por falta de fidelidade, pois essa notícia os perturbou, como São Mateus disse. Outro importante indício, que confirma esta interpretação, é o fato de a Estrela só ter voltado a aparecer a eles depois que deixaram Jerusalém, quer dizer, ela não era vista por quem estava da Cidade Santa. Com efeito, essa reaparição do Astro explica a grande alegria, como vimos, que tiveram os Reis Magos (Mt 2,10).
Ainda sob a lógica da divina inspiração, após a visita e durante o descanso antes de começar a viagem de volta, eles foram avisados em sonhos, certamente por um anjo de Deus como acontecia a São José, para não retornar a Jerusalém com as informações pedidas por Herodes.
A adoração do Senhor por reis de outros países e outras religiões, enfim, atestam o caráter católico, ou seja, universal da Igreja de Cristo. De fato, falando em línguas (cf. At 2,6), como se viu no Pentecostes, ela já nasceu para o mundo, para muito além das físicas e espirituais fronteiras de Israel, exatamente como Jesus garantiu a Seus seguidores, na leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos: "... mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força. E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria, e até os confins do mundo." At 1,8
Assim como o próprio Jesus, embora tendo cumprido Sua Missão estritamente naquela região. Sem dúvida, mesmo ciente de Sua Paixão, Nosso Senhor, referindo-Se aos não judeus, disse aos religiosos de Jerusalém no Evangelho segundo São João: "Ainda tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco. Também preciso conduzi-las. E ouvirão Minha voz, e haverá um só rebanho e um só Pastor." Jo 10,16
Também disse a Pilatos, referindo-Se a todo ser humano:"Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz." Jo 18,37b
Ora, Deus havia dito no Livro do Profeta Isaías: "A Verdade sai de Minha boca, Minha Palavra jamais será revogada: todo joelho deve dobrar-se diante de Mim..." Is 45,23b
Mais, dizendo à Igreja, ao novo povo de Deus: "Prestai-Me atenção, e vinde a Mim. Escutai, e vossa alma viverá. Convosco quero concluir uma Eterna Aliança, outorgando-vos os favores prometidos a Davi. De ti farei um testemunho para os povos, um Soberano Condutor das nações. Conclamarás povos que nunca conheceste, e nações que te ignoravam acorrerão a ti, por causa do Senhor Teu Deus e do Santo de Israel que fará tua Glória." Is 55,3-5
Conforme São João Apóstolo, São Pedro, sempre ele e quase sempre iluminado, também proclamou: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da Vida Eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus!" Jo 6,68b-69
E no mesmo sentido do catolicismo em Jesus, o Livro dos Salmos cantava: "Seu Nome será eternamente bendito, e durará tanto quanto a luz do sol. N'Ele serão abençoadas todas tribos da Terra, bem-aventurado proclamá-Lo-ão todas nações." Sl 71,17
O Livro do Profeta Daniel viu o mesmo: "Sempre olhando a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do Céu. Dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
Conforme São João Apóstolo, São Pedro, sempre ele e quase sempre iluminado, também proclamou: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da Vida Eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus!" Jo 6,68b-69
E no mesmo sentido do catolicismo em Jesus, o Livro dos Salmos cantava: "Seu Nome será eternamente bendito, e durará tanto quanto a luz do sol. N'Ele serão abençoadas todas tribos da Terra, bem-aventurado proclamá-Lo-ão todas nações." Sl 71,17
O Livro do Profeta Daniel viu o mesmo: "Sempre olhando a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do Céu. Dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
Sabemos que os Magos eram reis pelos custos de uma expedição desse porte, pois envolvia vários camelos, além de seguranças, abrigo e provisão para muitos dias, por serem recebidos pelo rei Herodes, e pelo valor dos presentes que ofertaram, que São Mateus menciona como 'tesouros'. E aí, mais uma vez, vemos a divina inspiração que os guiava, pois são presentes de perfeita simbologia enquanto ofertas a Deus feito homem: o ouro significa a realeza de Jesus; o incenso, Sua natureza divina; e a mirra, Sua natureza humana que sofreria o martírio. E como o Evangelho não diz, além da Sagrada Tradição que nos assegura que eram em três os Reis Magos, o que já é o bastante, outra indicação nesse sentido vem do número dos presentes, que, por serem tão caros, se supõe ser um de cada rei.
Ademais, mesmo com as reconhecidas imprecisões das profecias (cf. 1 Cor 13,9), outras passagens das Escrituras prediziam que Jesus seria adorado por reis: "Os reis de Társis e das ilhas trá-Lhe-ão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecê-Lhe-ão seus dons. Assim Ele viverá e o ouro da Arábia Lhe será ofertado. Por Ele sempre hão de rezar, e perpetuamente bendi-Lo-ão." Sl 71,10.15
Isaías, embora se referindo apenas à chegada a Jerusalém, disse-o com estas palavras: "Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madiã e de Efá. Virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor." Is 60,6
Os Santos Reis, portanto, eram prefiguras de rainhas e reis cristãos que lhes sobreviriam. Está nos Salmos: "Todos reis hão de adorá-Lo, hão de servi-Lo todas nações." Sl 71,11
Ora, está escrito que Jesus é o Rei dos reis, e só poderia sê-lo de Santos reis, jamais de mundanos reis. Assim foi a visão registrada no Livro do Apocalipse de São João: "Ainda vi o Céu aberto: eis que aparece um branco cavalo. Seu Cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que Ele julga e guerreia. Está vestido com um manto tinto de sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!" Ap 19,11.13.16
Ademais, mesmo com as reconhecidas imprecisões das profecias (cf. 1 Cor 13,9), outras passagens das Escrituras prediziam que Jesus seria adorado por reis: "Os reis de Társis e das ilhas trá-Lhe-ão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecê-Lhe-ão seus dons. Assim Ele viverá e o ouro da Arábia Lhe será ofertado. Por Ele sempre hão de rezar, e perpetuamente bendi-Lo-ão." Sl 71,10.15
Isaías, embora se referindo apenas à chegada a Jerusalém, disse-o com estas palavras: "Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madiã e de Efá. Virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor." Is 60,6
Os Santos Reis, portanto, eram prefiguras de rainhas e reis cristãos que lhes sobreviriam. Está nos Salmos: "Todos reis hão de adorá-Lo, hão de servi-Lo todas nações." Sl 71,11
Ora, está escrito que Jesus é o Rei dos reis, e só poderia sê-lo de Santos reis, jamais de mundanos reis. Assim foi a visão registrada no Livro do Apocalipse de São João: "Ainda vi o Céu aberto: eis que aparece um branco cavalo. Seu Cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que Ele julga e guerreia. Está vestido com um manto tinto de sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!" Ap 19,11.13.16
Quanto aos 'reis' que realmente estão reinando sobre o mundo atual, não há dúvida que são os próprios Santos, pois Jesus lhes garantiu poder igual ao d'Ele, assim como Seu símbolo: "Então, ao vencedor, ao que praticar Minhas obras até o fim, lhe darei poder sobre as pagãs nações. Ele regê-las-á com cetro de ferro, como se quebra um vaso de argila, assim como Eu mesmo recebi o poder de Meu Pai. E dá-lhe-ei a Estrela da Manhã." Ap 2,26-28
Isso foi o que o Discípulo Amado testemunhou, noutra visão que teve dos Céus: "Também vi tronos, sobre os quais se assentaram aqueles que receberam o poder de julgar: eram as almas daqueles que foram decapitados por causa do Testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e todos aqueles que não tinham adorado a Fera ou sua imagem, que não tinham recebido seu sinal na fronte nem nas mãos. Eles viveram uma nova vida e com Cristo reinaram por mil anos. Os outros mortos não tornaram à vida até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira ressurreição. Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 21,4-6
E conforme aponta a Tradição, no século VIII a Igreja reconheceu a santidade dos Reis Magos. Apesar de não termos registros de como eles, sendo persas, vieram a ser sepultados em Constantinopla, ou se suas relíquias foram para lá transportados por ter-se tornado a capital do Império Romano, reza a Tradição que elas aí estiveram até 474, quando foram levadas para Itália, mais especificamente à cidade de Milão.
No mesmo século VIII, o Venerável São Beda, Doutor da Igreja, teve uma visão dos três Reis Magos, que assim relatou: "O primeiro foi Melquior, velho, circunspecto, de barba e longos e grisalhos cabelos... O segundo tinha por nome Gaspar, e era jovem, imberbe e louro... O terceiro, preto e totalmente barbado, chamava-se Baltasar."
Tal visão, ademais, confirma a origem deste último Rei, pois seu nome surge na Babilônia e foi dado ao rei à época do Profeta Daniel: "O rei Baltasar deu uma festa para seus mil nobres, em presença dos quais se pôs a beber vinho." Dn 5,1
Aliás, foi o nome que eles atribuíram ao próprio Daniel: "O rei dirigiu a palavra a Daniel, que tinha o cognome de Baltasar..." Dn 2,26a
Em 1164, por fim, suas relíquias foram levadas à cidade de Colônia, em atual Alemanha, e lá lhes foi erguida uma grande e suntuosa catedral, onde ainda podem ser veneradas.
E conforme aponta a Tradição, no século VIII a Igreja reconheceu a santidade dos Reis Magos. Apesar de não termos registros de como eles, sendo persas, vieram a ser sepultados em Constantinopla, ou se suas relíquias foram para lá transportados por ter-se tornado a capital do Império Romano, reza a Tradição que elas aí estiveram até 474, quando foram levadas para Itália, mais especificamente à cidade de Milão.
No mesmo século VIII, o Venerável São Beda, Doutor da Igreja, teve uma visão dos três Reis Magos, que assim relatou: "O primeiro foi Melquior, velho, circunspecto, de barba e longos e grisalhos cabelos... O segundo tinha por nome Gaspar, e era jovem, imberbe e louro... O terceiro, preto e totalmente barbado, chamava-se Baltasar."
Tal visão, ademais, confirma a origem deste último Rei, pois seu nome surge na Babilônia e foi dado ao rei à época do Profeta Daniel: "O rei Baltasar deu uma festa para seus mil nobres, em presença dos quais se pôs a beber vinho." Dn 5,1
Aliás, foi o nome que eles atribuíram ao próprio Daniel: "O rei dirigiu a palavra a Daniel, que tinha o cognome de Baltasar..." Dn 2,26a
Em 1164, por fim, suas relíquias foram levadas à cidade de Colônia, em atual Alemanha, e lá lhes foi erguida uma grande e suntuosa catedral, onde ainda podem ser veneradas.