CASA DE DEUS, LOGO CASA DA VERDADE
A Igreja é a Casa de Deus, é a instituição depositária da Verdade, que por Ele mesmo foi revelada. São Paulo diz a São Timóteo: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na Casa de Deus, que é a Igreja de Deus Vivo, coluna e sustentáculo da Verdade." 1 Tm 3,15
Por especial bênção de Deus, é um diferenciado e privilegiado lugar, como a própria Terra Santa que Ele revelou a Moisés, e assim incomparável a todos demais: "Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: 'Moisés, Moisés!' 'Eis-me aqui!', respondeu ele. E Deus: 'Não te aproximes daqui. Tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma Terra Santa.'" Ex, 3,4-5
Ela é Católica, que quer dizer Universal, ou seja, de todo povo que quiser conhecer a Verdade. Deus disse ao Profeta Isaías: "... Minha Casa chamar-se-á Casa de Orações para todos povos..." Is 56,7
E enquanto assembleia da Nova e Eterna Aliança, ela só se estabeleceu no mundo pela Pessoa de Jesus. É Ele que confere à Sua Casa, que é Seu Corpo, a divina condição. Os seguidores da tradição de São Paulo escreveram: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos vindouros bens. E através de um mais excelente e mais perfeito Tabernáculo, não construído por mãos humanas, isto é, não deste mundo..." Hb 9,11
Isso estava previsto desde Isaías: "Naquele tempo, o Rebento de Jessé, que Se ergue como um sinal para os povos, será procurado pelas nações, e gloriosa será Sua Morada." Is 11,10
Ora, como exemplo de reverência aos sagrados lugares, o próprio Jesus não abria mão do Templo de Jerusalém. Foi o que Ele disse a Nossa Senhora e São José quando ainda tinha 12 anos: "Jesus respondeu: 'Por que Me procuráveis? Não sabeis que devo estar na Casa de Meu Pai?'" Lc 2,49
Pois é a Lei que declara o Templo como lugar de culto, como o salmista canta: "Ó Deus, nós meditamos Teu amor no interior de Vosso Templo." Sl 47,10
Num versículo na sequência dos 10 Mandamentos, lê-se: "Prestarás culto ao Senhor Teu Deus, e então Eu abençoarei teu pão e tua água, e preservá-te-ei da enfermidade." Ex 23,25
Esse amor pelo Tabernáculo foi bem expresso por Davi, que nele atestou a divina proteção: "Uma só coisa peço ao Senhor, e incessantemente peço-a: é habitar na Casa do Senhor todos dias de minha vida, para aí admirar a beleza do Senhor e contemplar Seu Santuário. Assim, no mau dia Ele escondê-me-á em Sua Tenda, ocultá-me-á no recôndito de Seu Tabernáculo, sobre um Rochedo erguê-me-á." Sl 26,4-5
E quando Jesus expulsou os vendilhões do Templo, expressando esse mesmo amor, os Apóstolos lembraram um versículo dos Salmos: "Lembraram-se, então, Seus discípulos do que está escrito: 'O zelo de Tua Casa consome-Me (Sl 68,10).'" Jo 2,17
Assim sabemos que Deus confirma os templos católicos, erguidos para Seu louvor, mas também é verdade que Ele mesmo não precisa de casa feita pelas mãos dos homens, como falou através de Isaías: "Eis o que diz o Senhor: 'O Céu é Meu trono, e a Terra o banquinho de Meus pés. Que casa poderíeis construir-Me, que lugar poderíeis indicar-Me para moradia?" Is 66,1
Por isso, a vastidão da verdadeira Casa de Deus deixou admirado o Profeta Baruc: "Ó Israel, quão imensa é a Casa de Deus, como é vasta a extensão de Seus domínios!" Br 3,24
Contudo, numa clara alusão ao Cristo, ao Templo e à Igreja, Deus mandou um recado através do Profeta Natã: "Vai e dize a Davi, Meu servo: Eis o que diz o Senhor: 'Não és tu que Me construirás a Casa em que habitarei. Quando teus dias se acabarem e tiveres ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti, num de teus filhos, e firmarei Seu Reino. É Ele que Me construirá uma Casa, e Eu firmarei Seu trono para sempre. Serei para Ele um Pai, e Ele será para Mim um Filho. E nunca d'Ele retirarei Meu favor, como retirei daquele que reinou antes de ti. Para sempre Eu estabelecê-Lo-ei em Minha Casa e em Meu Reino, e Seu trono será firme por todos séculos.'" 1 Cro 17,4.11.14
E para construir Sua Igreja, Jesus tomou São Pedro como pedra fundamental, a primeira pedra humana de Seu Tabernáculo: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja." Mt 16,18
Maria, portanto, enquanto Mãe de Deus, ou seja, o Primeiro Sacrário do Corpo e Sangue de Cristo, é a própria Arca da Aliança a ser venerada na Igreja. Foi o que revelou a visão que teve São João Evangelista: "Abriu-se o Templo de Deus no Céu e apareceu, em Seu Templo, a Arca de Seu Testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Em seguida, apareceu um grande sinal no Céu: uma Mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas Seu Filho foi arrebatado para junto a Deus e Seu trono." Ap 11,19;12,1.5
Pois enquanto se completam os tempos, a Igreja faz-se presente até mesmo nos Céus, representada pelos Santos e pelo Templo: "Então um dos Anciãos falou comigo e me perguntou: 'Esses, que estão revestidos de brancas vestes, quem são e de onde vêm?' Respondi-lhe: 'Meu Senhor, tu o sabes.' E ele disse-me: 'Esses são os sobreviventes da grande tribulação. Lavaram suas vestes e alvejaram-nas no Sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do Trono de Deus e servem-nO, dia e noite, em Seu Templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á em Sua Tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum abrasá-los-á, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será Seu Pastor e levá-los-á às fontes das Águas Vivas. E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.'" Ap 7,13-16
E com o auxílio de Deus, o testemunho do Evangelho prevalecerá mesmo ante a Grande Tribulação: "Depois disso, no Céu vi abrir-se o Templo que encerra o Tabernáculo do Testemunho. Encheu-se o Templo de fumaça provinda da Glória de Deus e de Seu poder. E ninguém podia entrar, enquanto não se consumassem os sete flagelos dos sete Anjos." Ap 15,5-8
A Santa Missa, aliás, é uma representação do ritual que acontece nos Céus, como foi revelado ao Amado Discípulo: "E cada vez que aqueles Seres rendiam Glória, honra e ação de graças Àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro Anciãos profundamente inclinavam-se diante d'Aquele que estava no Trono... e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: 'Tu és digno Senhor, Nosso Deus, de receber a honra, a Glória e a majestade, porque criaste todas coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.' E todos Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres, prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: 'Amém, louvor, Glória, Sabedoria, ação de graças, honra, poder e força a Nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém.'" Ap 4,9-11;7,11-12
São Paulo, por sua vez, além de mencionar os Apóstolos, também se refere à parte da Igreja que deve ser construída por uma ostensiva, espiritual e física manifestação de nossas pessoas: "Aquele que desceu é também O que subiu acima de todos Céus, para encher todas coisas. A uns Ele constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,11-13
São João Evangelista, de fato, confirma a Revelação que Jesus confiou à Igreja: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a
Revelação que já se completou, como São Judas Tadeu assegura: "... pelejar pela fé, de uma vez para sempre confiada aos santos." Jd 1,3b
E Jesus mesmo garantiu o sucesso dos Apóstolos: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos designei para irdes, e para que produzais fruto e vosso fruto permaneça. Se guardaram Minha Palavra, hão de guardar também a vossa." Jo 15,16a.20b
Deu aos Onze, porém, um especialíssimo instrumento, como uma indelével marca para que entre eles não houvesse divergências: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
Dirigindo-se a nós, pois, São Pedro reforça essa Verdade, dizendo sobre o Antigo Testamento: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu." 1 Pd 1,10.12
Por isso, os seguidores da tradição de São Paulo questionam: "Como então escaparemos nós, se agora desprezarmos a mensagem da Salvação, tão sublime, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois confirmada por aqueles que a ouviram?" Hb 2,3
Eles asseguram que Jesus segue no comando da Igreja: "Guardai-vos, pois, de recusar ouvir Aquele que fala. Porque, se não escaparam do castigo aqueles que d'Ele se desviaram, quando lhes falava na terra, muito menos escaparemos nós se O repelirmos quando nos fala desde o Céu." Hb 12,25
Referindo-Se ao Autor da Graça e às dioceses, pois, o próprio Jesus repete sete vezes durante as aparições do Apocalipse: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas..." Ap 2,7
E São Paulo não deixa de ressaltar que os Doze são os fundamentos: "Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os Apóstolos..." 1 Cor 12,28
O CORPO MÍSTICO DE CRISTO
A Igreja é, portanto, o Corpo Místico de Cristo, que Ele instituiu para salvar a humanidade. Diz São Paulo: "... Cristo é o chefe da Igreja, que é Seu Corpo, da qual Ele é o Salvador." Ef 5,23
E se alguém menospreza a Igreja, ele arremata: "Grande é este mistério, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja." Ef 5,32
Jesus mesmo identificou Seu Corpo como o Templo de Jerusalém, prefigura da Igreja: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-Lo-ei em três dias.' Os judeus replicaram: 'Em quarenta e seis anos foi edificado este Templo, e Tu hás de levantá-lo em três dias?!' Mas Ele falava do Templo de Seu Corpo. Depois que ressurgiu dos mortos, Seus discípulos lembraram-se destas palavras, e creram na Escritura e na Palavra de Jesus." Jo 2,18-22
Nosso dever, portanto, é ser parte d'Ele, e assim colaborarmos para a Salvação de nossos irmãos, como o Último Apóstolo exorta: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um de Seus membros." 1 Cor 12,27
Pois movidos pelo verdadeiro amor a Deus e pelas boas inclinações da alma, nossos corpos carnais formam e dão visibilidade ao Templo do Altíssimo. Ele questiona: "Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" 1 Cor 3,16
Sem dúvida, se amamos a Deus, somos verdadeiramente morada da Santíssima Trindade, como o próprio Jesus disse: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E a ele Nós viremos e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23
E isso já está acontecendo desde o Advento: "Um dia, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: 'O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está em meio a vós.'" Lc 17,20-21
São Paulo explica como isso se dá, como somos convidados a ser Igreja: "Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos Santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É n'Ele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um santo Templo no Senhor. E vós também sois integrados nesta construção, pelo Espírito, para tornarde-vos morada de Deus." Ef 2,19-22
Por isso, temos o dever de edificá-la, pois os dons do Espírito Santo têm esse único e exclusivo fim: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
Sem esquecer, entretanto, que é Cristo a Cabeça da Igreja, e que é por Seu reinado que sem reservas ou medos devemos nos entregar. E isso faz-se participando de Seu Sacrifício, como se enseja na própria Santa Missa: "Ele é a Cabeça do Corpo, da Igreja. Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,18.24
Para tanto, é claro, contamos com Sua Luz e Seus divinos auxílios: "Ninguém jamais odiou sua própria carne. Pelo contrário, alimenta-a e cerca-a de cuidado, como Cristo faz com a Igreja..." Ef 5,29
Porque nossa oferta precisa estar em total conformidade com Seus planos: "A outro disse: 'Segue-Me.' Mas ele pediu: 'Senhor, primeiro permite-me ir enterrar meu pai.' Mas Jesus disse-lhe: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.'" Lc 9,59-60
Isso explica porque Ele Se apresentou como a própria entrada de Seu Templo: "Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo..." Jo 10,9
Essa foi, por tamanho poder, a reveladora sensação de Jacó, ao dar-se conta que estava num santo lugar: "Em verdade, o Senhor está neste lugar e eu não o sabia! Quão terrível é este lugar! É nada menos que a Casa de Deus. É aqui a Porta do Céu. Esta pedra da qual fiz uma estela será uma Casa de Deus..." Gn 28,16,17.22
E ele também acertou ao chamar a esse lugar de 'terrível', pois realmente se faz pesar por sua gravidade, que a todos enche de responsabilidade. De fato, é pela Casa de Deus que começará o Juízo Final, como São Pedro afirmou: "Porque vem o momento em que pela Casa de Deus se começará o Julgamento. Ora, se Ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus?" 1 Pd 4,17
O CÉU
Ao final dos tempos, porém, Deus será tudo em todos, como São Paulo disse aos coríntios. É quando se encerra a Missão do Cristo: "E quando tudo Lhe estiver sujeito, então o próprio Filho também renderá homenagem Àquele que Lhe sujeitou todas coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos." 1 Cor 15,28
Porque primeiro é Cristo, por Sua Paixão atualizada no Santíssimo Sacramento, que em Si todos reconcilia: "Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos." Cl 3,11
Referindo-se ao mundo como dividido entre judeus e pagãos, São Paulo diz: "Desse modo, dos dois povos Ele queria fazer em Si mesmo uma única e nova humanidade, pelo restabelecimento da Paz, e ambos reconciliá-los com Deus, reunidos num só Corpo pela virtude da Cruz, nela aniquilando a inimizade." Ef 2,15b-16
Mas, mesmo nos Céus, Deus firmará tal Comunhão, definitivamente fixando Sua Casa entre nós, e aí habitará pela eternidade: "Porei Meu Tabernáculo no meio de vós, e Minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei Vosso Deus e vós sereis Meu povo!" Lv 26,11-12
Foi exatamente isso o que viu e ouviu São João Evangelista: "Eu vi descer do Céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o Esposo. Ao mesmo tempo, do trono ouvi uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,2-3
Na Nova Jerusalém, contudo, já não haverá mais Templo, senão apenas um Tabernáculo, ou seja, uma Tenda, uma morada. Pois o Templo nada mais será senão a própria Casa de Deus, que se fará representar por Ele mesmo ou pelo Cordeiro: "Nela não vi, porém, templo algum, porque o Senhor Deus Onipotente é Seu Templo, assim como o Cordeiro." Ap 21,22
Com efeito, aludindo à Sua Ressurreição, como vimos, em Jerusalém apresentou-Se Jesus como o próprio Templo: "Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-lo-ei em três dias.'" Jo 2,19
E na Cidade Santa correrá um rio: "Mostrou-me então o anjo um rio de Água Viva resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro." Ap 22,1
Ele simboliza o pleno cumprimento da promessa de Jesus, que, aliás, já se verifica na pessoa de Seus Santos, como sinal da presença do Divino Paráclito, ou melhor, da própria Santíssima Trindade: "No último dia, que é o principal dia de festa, estava Jesus de pé e clamava: 'Se alguém tiver sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura: 'De seu interior manarão rios de Água Viva' (Zc 14,8; Is 58,11)'. Dizia isso referindo-Se ao Espírito que haviam de receber aqueles que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,37-39
Isso havia sido previsto pelo Profeta Zacarias, e efetivou-se com a passagem de Jesus entre nós: "Naquele dia jorrará uma fonte para a Casa de Deus e para os habitantes de Jerusalém, que apagará seus pecados e suas impurezas." Zc 13,1
A IGREJA HOJE
O Papa São Paulo VI, na Constituição Apostólica 'Indulgentiarum Doctrina', disse: "A vida de cada um dos filhos de Deus acha-se unida, por um admirável laço, em Cristo e por Cristo, com a vida de todos outros irmãos cristãos na sobrenatural unidade do Corpo Místico de Cristo, como numa única pessoa mística."
Por sua vez, a Constituição Dogmática 'Lumen Gentium' ensina: "A Igreja é 'Comunhão dos Santos': esta expressão designa as 'coisas santas' (sancta), mas antes de tudo a Eucaristia, pela qual 'é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo, formam um só Corpo.'"
A Igreja, portanto, está dividida em três grupos que comungam da Divina Graça: a Igreja Itinerante, que ainda caminha na Terra, a Igreja Santificante, que se purifica no Purgatório, e a Igreja Glorificante, que já se encontra no Céu. Está no Catecismo da Igreja:
"Na Comunhão dos Santos, 'entre os fiéis já admitidos na posse da celeste pátria, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, certamente existe um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos bens (São Paulo VI, Indulgentiarum Doctrina).' Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, para muito além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à Comunhão dos Santos permite ao contrito pecador ser purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.
Esses bens espirituais da Comunhão dos Santos também são chamados o tesouro da Igreja, 'que não é uma soma de bens, comparáveis às materiais riquezas acumuladas no decorrer dos séculos, mas é o infinito e inesgotável valor que junto a Deus têm as expiações e os méritos de Cristo, Nosso Senhor, oferecidos para que toda humanidade seja libertada do pecado e chegue à Comunhão com o Pai. É em Cristo, Nosso Redentor, que em abundância se encontram as satisfações e os méritos de Sua Redenção' (Cf. Hb 9,11-28;7,23-25)." CIC § 1475-1476
"Lembrai-Vos, ó Pai, de Vossos filhos!"
A Igreja é a Casa de Deus, é a instituição depositária da Verdade, que por Ele mesmo foi revelada. São Paulo diz a São Timóteo: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na Casa de Deus, que é a Igreja de Deus Vivo, coluna e sustentáculo da Verdade." 1 Tm 3,15
Por especial bênção de Deus, é um diferenciado e privilegiado lugar, como a própria Terra Santa que Ele revelou a Moisés, e assim incomparável a todos demais: "Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: 'Moisés, Moisés!' 'Eis-me aqui!', respondeu ele. E Deus: 'Não te aproximes daqui. Tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma Terra Santa.'" Ex, 3,4-5
Ela é Católica, que quer dizer Universal, ou seja, de todo povo que quiser conhecer a Verdade. Deus disse ao Profeta Isaías: "... Minha Casa chamar-se-á Casa de Orações para todos povos..." Is 56,7
E enquanto assembleia da Nova e Eterna Aliança, ela só se estabeleceu no mundo pela Pessoa de Jesus. É Ele que confere à Sua Casa, que é Seu Corpo, a divina condição. Os seguidores da tradição de São Paulo escreveram: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos vindouros bens. E através de um mais excelente e mais perfeito Tabernáculo, não construído por mãos humanas, isto é, não deste mundo..." Hb 9,11
Isso estava previsto desde Isaías: "Naquele tempo, o Rebento de Jessé, que Se ergue como um sinal para os povos, será procurado pelas nações, e gloriosa será Sua Morada." Is 11,10
Ora, como exemplo de reverência aos sagrados lugares, o próprio Jesus não abria mão do Templo de Jerusalém. Foi o que Ele disse a Nossa Senhora e São José quando ainda tinha 12 anos: "Jesus respondeu: 'Por que Me procuráveis? Não sabeis que devo estar na Casa de Meu Pai?'" Lc 2,49
Pois é a Lei que declara o Templo como lugar de culto, como o salmista canta: "Ó Deus, nós meditamos Teu amor no interior de Vosso Templo." Sl 47,10
Num versículo na sequência dos 10 Mandamentos, lê-se: "Prestarás culto ao Senhor Teu Deus, e então Eu abençoarei teu pão e tua água, e preservá-te-ei da enfermidade." Ex 23,25
Esse amor pelo Tabernáculo foi bem expresso por Davi, que nele atestou a divina proteção: "Uma só coisa peço ao Senhor, e incessantemente peço-a: é habitar na Casa do Senhor todos dias de minha vida, para aí admirar a beleza do Senhor e contemplar Seu Santuário. Assim, no mau dia Ele escondê-me-á em Sua Tenda, ocultá-me-á no recôndito de Seu Tabernáculo, sobre um Rochedo erguê-me-á." Sl 26,4-5
E quando Jesus expulsou os vendilhões do Templo, expressando esse mesmo amor, os Apóstolos lembraram um versículo dos Salmos: "Lembraram-se, então, Seus discípulos do que está escrito: 'O zelo de Tua Casa consome-Me (Sl 68,10).'" Jo 2,17
Assim sabemos que Deus confirma os templos católicos, erguidos para Seu louvor, mas também é verdade que Ele mesmo não precisa de casa feita pelas mãos dos homens, como falou através de Isaías: "Eis o que diz o Senhor: 'O Céu é Meu trono, e a Terra o banquinho de Meus pés. Que casa poderíeis construir-Me, que lugar poderíeis indicar-Me para moradia?" Is 66,1
Por isso, a vastidão da verdadeira Casa de Deus deixou admirado o Profeta Baruc: "Ó Israel, quão imensa é a Casa de Deus, como é vasta a extensão de Seus domínios!" Br 3,24
Contudo, numa clara alusão ao Cristo, ao Templo e à Igreja, Deus mandou um recado através do Profeta Natã: "Vai e dize a Davi, Meu servo: Eis o que diz o Senhor: 'Não és tu que Me construirás a Casa em que habitarei. Quando teus dias se acabarem e tiveres ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti, num de teus filhos, e firmarei Seu Reino. É Ele que Me construirá uma Casa, e Eu firmarei Seu trono para sempre. Serei para Ele um Pai, e Ele será para Mim um Filho. E nunca d'Ele retirarei Meu favor, como retirei daquele que reinou antes de ti. Para sempre Eu estabelecê-Lo-ei em Minha Casa e em Meu Reino, e Seu trono será firme por todos séculos.'" 1 Cro 17,4.11.14
E para construir Sua Igreja, Jesus tomou São Pedro como pedra fundamental, a primeira pedra humana de Seu Tabernáculo: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja." Mt 16,18
Maria, portanto, enquanto Mãe de Deus, ou seja, o Primeiro Sacrário do Corpo e Sangue de Cristo, é a própria Arca da Aliança a ser venerada na Igreja. Foi o que revelou a visão que teve São João Evangelista: "Abriu-se o Templo de Deus no Céu e apareceu, em Seu Templo, a Arca de Seu Testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Em seguida, apareceu um grande sinal no Céu: uma Mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas Seu Filho foi arrebatado para junto a Deus e Seu trono." Ap 11,19;12,1.5
Pois enquanto se completam os tempos, a Igreja faz-se presente até mesmo nos Céus, representada pelos Santos e pelo Templo: "Então um dos Anciãos falou comigo e me perguntou: 'Esses, que estão revestidos de brancas vestes, quem são e de onde vêm?' Respondi-lhe: 'Meu Senhor, tu o sabes.' E ele disse-me: 'Esses são os sobreviventes da grande tribulação. Lavaram suas vestes e alvejaram-nas no Sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do Trono de Deus e servem-nO, dia e noite, em Seu Templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á em Sua Tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum abrasá-los-á, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será Seu Pastor e levá-los-á às fontes das Águas Vivas. E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.'" Ap 7,13-16
E com o auxílio de Deus, o testemunho do Evangelho prevalecerá mesmo ante a Grande Tribulação: "Depois disso, no Céu vi abrir-se o Templo que encerra o Tabernáculo do Testemunho. Encheu-se o Templo de fumaça provinda da Glória de Deus e de Seu poder. E ninguém podia entrar, enquanto não se consumassem os sete flagelos dos sete Anjos." Ap 15,5-8
A Santa Missa, aliás, é uma representação do ritual que acontece nos Céus, como foi revelado ao Amado Discípulo: "E cada vez que aqueles Seres rendiam Glória, honra e ação de graças Àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro Anciãos profundamente inclinavam-se diante d'Aquele que estava no Trono... e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: 'Tu és digno Senhor, Nosso Deus, de receber a honra, a Glória e a majestade, porque criaste todas coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.' E todos Anjos estavam ao redor do trono, dos Anciãos e dos quatro Seres, prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: 'Amém, louvor, Glória, Sabedoria, ação de graças, honra, poder e força a Nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém.'" Ap 4,9-11;7,11-12
São Paulo, por sua vez, além de mencionar os Apóstolos, também se refere à parte da Igreja que deve ser construída por uma ostensiva, espiritual e física manifestação de nossas pessoas: "Aquele que desceu é também O que subiu acima de todos Céus, para encher todas coisas. A uns Ele constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,11-13
São João Evangelista, de fato, confirma a Revelação que Jesus confiou à Igreja: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a
Revelação que já se completou, como São Judas Tadeu assegura: "... pelejar pela fé, de uma vez para sempre confiada aos santos." Jd 1,3b
E Jesus mesmo garantiu o sucesso dos Apóstolos: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos designei para irdes, e para que produzais fruto e vosso fruto permaneça. Se guardaram Minha Palavra, hão de guardar também a vossa." Jo 15,16a.20b
Deu aos Onze, porém, um especialíssimo instrumento, como uma indelével marca para que entre eles não houvesse divergências: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
Dirigindo-se a nós, pois, São Pedro reforça essa Verdade, dizendo sobre o Antigo Testamento: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu." 1 Pd 1,10.12
Por isso, os seguidores da tradição de São Paulo questionam: "Como então escaparemos nós, se agora desprezarmos a mensagem da Salvação, tão sublime, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois confirmada por aqueles que a ouviram?" Hb 2,3
Eles asseguram que Jesus segue no comando da Igreja: "Guardai-vos, pois, de recusar ouvir Aquele que fala. Porque, se não escaparam do castigo aqueles que d'Ele se desviaram, quando lhes falava na terra, muito menos escaparemos nós se O repelirmos quando nos fala desde o Céu." Hb 12,25
Referindo-Se ao Autor da Graça e às dioceses, pois, o próprio Jesus repete sete vezes durante as aparições do Apocalipse: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas..." Ap 2,7
E São Paulo não deixa de ressaltar que os Doze são os fundamentos: "Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os Apóstolos..." 1 Cor 12,28
O CORPO MÍSTICO DE CRISTO
A Igreja é, portanto, o Corpo Místico de Cristo, que Ele instituiu para salvar a humanidade. Diz São Paulo: "... Cristo é o chefe da Igreja, que é Seu Corpo, da qual Ele é o Salvador." Ef 5,23
E se alguém menospreza a Igreja, ele arremata: "Grande é este mistério, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja." Ef 5,32
Jesus mesmo identificou Seu Corpo como o Templo de Jerusalém, prefigura da Igreja: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-Lo-ei em três dias.' Os judeus replicaram: 'Em quarenta e seis anos foi edificado este Templo, e Tu hás de levantá-lo em três dias?!' Mas Ele falava do Templo de Seu Corpo. Depois que ressurgiu dos mortos, Seus discípulos lembraram-se destas palavras, e creram na Escritura e na Palavra de Jesus." Jo 2,18-22
Nosso dever, portanto, é ser parte d'Ele, e assim colaborarmos para a Salvação de nossos irmãos, como o Último Apóstolo exorta: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um de Seus membros." 1 Cor 12,27
Pois movidos pelo verdadeiro amor a Deus e pelas boas inclinações da alma, nossos corpos carnais formam e dão visibilidade ao Templo do Altíssimo. Ele questiona: "Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" 1 Cor 3,16
Sem dúvida, se amamos a Deus, somos verdadeiramente morada da Santíssima Trindade, como o próprio Jesus disse: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E a ele Nós viremos e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23
E isso já está acontecendo desde o Advento: "Um dia, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: 'O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está em meio a vós.'" Lc 17,20-21
São Paulo explica como isso se dá, como somos convidados a ser Igreja: "Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos Santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É n'Ele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um santo Templo no Senhor. E vós também sois integrados nesta construção, pelo Espírito, para tornarde-vos morada de Deus." Ef 2,19-22
Por isso, temos o dever de edificá-la, pois os dons do Espírito Santo têm esse único e exclusivo fim: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
Sem esquecer, entretanto, que é Cristo a Cabeça da Igreja, e que é por Seu reinado que sem reservas ou medos devemos nos entregar. E isso faz-se participando de Seu Sacrifício, como se enseja na própria Santa Missa: "Ele é a Cabeça do Corpo, da Igreja. Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,18.24
Para tanto, é claro, contamos com Sua Luz e Seus divinos auxílios: "Ninguém jamais odiou sua própria carne. Pelo contrário, alimenta-a e cerca-a de cuidado, como Cristo faz com a Igreja..." Ef 5,29
Porque nossa oferta precisa estar em total conformidade com Seus planos: "A outro disse: 'Segue-Me.' Mas ele pediu: 'Senhor, primeiro permite-me ir enterrar meu pai.' Mas Jesus disse-lhe: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.'" Lc 9,59-60
Isso explica porque Ele Se apresentou como a própria entrada de Seu Templo: "Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo..." Jo 10,9
Essa foi, por tamanho poder, a reveladora sensação de Jacó, ao dar-se conta que estava num santo lugar: "Em verdade, o Senhor está neste lugar e eu não o sabia! Quão terrível é este lugar! É nada menos que a Casa de Deus. É aqui a Porta do Céu. Esta pedra da qual fiz uma estela será uma Casa de Deus..." Gn 28,16,17.22
E ele também acertou ao chamar a esse lugar de 'terrível', pois realmente se faz pesar por sua gravidade, que a todos enche de responsabilidade. De fato, é pela Casa de Deus que começará o Juízo Final, como São Pedro afirmou: "Porque vem o momento em que pela Casa de Deus se começará o Julgamento. Ora, se Ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus?" 1 Pd 4,17
O CÉU
Ao final dos tempos, porém, Deus será tudo em todos, como São Paulo disse aos coríntios. É quando se encerra a Missão do Cristo: "E quando tudo Lhe estiver sujeito, então o próprio Filho também renderá homenagem Àquele que Lhe sujeitou todas coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos." 1 Cor 15,28
Porque primeiro é Cristo, por Sua Paixão atualizada no Santíssimo Sacramento, que em Si todos reconcilia: "Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos." Cl 3,11
Referindo-se ao mundo como dividido entre judeus e pagãos, São Paulo diz: "Desse modo, dos dois povos Ele queria fazer em Si mesmo uma única e nova humanidade, pelo restabelecimento da Paz, e ambos reconciliá-los com Deus, reunidos num só Corpo pela virtude da Cruz, nela aniquilando a inimizade." Ef 2,15b-16
Mas, mesmo nos Céus, Deus firmará tal Comunhão, definitivamente fixando Sua Casa entre nós, e aí habitará pela eternidade: "Porei Meu Tabernáculo no meio de vós, e Minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei Vosso Deus e vós sereis Meu povo!" Lv 26,11-12
Foi exatamente isso o que viu e ouviu São João Evangelista: "Eu vi descer do Céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o Esposo. Ao mesmo tempo, do trono ouvi uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,2-3
Na Nova Jerusalém, contudo, já não haverá mais Templo, senão apenas um Tabernáculo, ou seja, uma Tenda, uma morada. Pois o Templo nada mais será senão a própria Casa de Deus, que se fará representar por Ele mesmo ou pelo Cordeiro: "Nela não vi, porém, templo algum, porque o Senhor Deus Onipotente é Seu Templo, assim como o Cordeiro." Ap 21,22
Com efeito, aludindo à Sua Ressurreição, como vimos, em Jerusalém apresentou-Se Jesus como o próprio Templo: "Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-lo-ei em três dias.'" Jo 2,19
E na Cidade Santa correrá um rio: "Mostrou-me então o anjo um rio de Água Viva resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro." Ap 22,1
Ele simboliza o pleno cumprimento da promessa de Jesus, que, aliás, já se verifica na pessoa de Seus Santos, como sinal da presença do Divino Paráclito, ou melhor, da própria Santíssima Trindade: "No último dia, que é o principal dia de festa, estava Jesus de pé e clamava: 'Se alguém tiver sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura: 'De seu interior manarão rios de Água Viva' (Zc 14,8; Is 58,11)'. Dizia isso referindo-Se ao Espírito que haviam de receber aqueles que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,37-39
Isso havia sido previsto pelo Profeta Zacarias, e efetivou-se com a passagem de Jesus entre nós: "Naquele dia jorrará uma fonte para a Casa de Deus e para os habitantes de Jerusalém, que apagará seus pecados e suas impurezas." Zc 13,1
A IGREJA HOJE
O Papa São Paulo VI, na Constituição Apostólica 'Indulgentiarum Doctrina', disse: "A vida de cada um dos filhos de Deus acha-se unida, por um admirável laço, em Cristo e por Cristo, com a vida de todos outros irmãos cristãos na sobrenatural unidade do Corpo Místico de Cristo, como numa única pessoa mística."
Por sua vez, a Constituição Dogmática 'Lumen Gentium' ensina: "A Igreja é 'Comunhão dos Santos': esta expressão designa as 'coisas santas' (sancta), mas antes de tudo a Eucaristia, pela qual 'é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo, formam um só Corpo.'"
A Igreja, portanto, está dividida em três grupos que comungam da Divina Graça: a Igreja Itinerante, que ainda caminha na Terra, a Igreja Santificante, que se purifica no Purgatório, e a Igreja Glorificante, que já se encontra no Céu. Está no Catecismo da Igreja:
"Na Comunhão dos Santos, 'entre os fiéis já admitidos na posse da celeste pátria, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na terra, certamente existe um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos bens (São Paulo VI, Indulgentiarum Doctrina).' Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, para muito além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à Comunhão dos Santos permite ao contrito pecador ser purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.
Esses bens espirituais da Comunhão dos Santos também são chamados o tesouro da Igreja, 'que não é uma soma de bens, comparáveis às materiais riquezas acumuladas no decorrer dos séculos, mas é o infinito e inesgotável valor que junto a Deus têm as expiações e os méritos de Cristo, Nosso Senhor, oferecidos para que toda humanidade seja libertada do pecado e chegue à Comunhão com o Pai. É em Cristo, Nosso Redentor, que em abundância se encontram as satisfações e os méritos de Sua Redenção' (Cf. Hb 9,11-28;7,23-25)." CIC § 1475-1476
"Lembrai-Vos, ó Pai, de Vossos filhos!"