CASA DE DEUS, LOGO CASA DA VERDADE
A Igreja é a Casa de Deus, é a instituição depositária da Verdade, que por Ele mesmo foi revelada. A Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo diz: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na Casa de Deus, que é a Igreja de Deus Vivo, coluna e sustentáculo da Verdade." 1 Tm 3,15
A Segunda Carta de São João, ademais, afirma que ela sempre estará com a Igreja: "... por causa da Verdade que permanece em nós e que conosco ficará eternamente." 2 Jo 1,2
A Igreja é a Casa de Deus, é a instituição depositária da Verdade, que por Ele mesmo foi revelada. A Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo diz: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na Casa de Deus, que é a Igreja de Deus Vivo, coluna e sustentáculo da Verdade." 1 Tm 3,15
A Segunda Carta de São João, ademais, afirma que ela sempre estará com a Igreja: "... por causa da Verdade que permanece em nós e que conosco ficará eternamente." 2 Jo 1,2
Ora, o Espírito Santo, prometido por Jesus, é o próprio Deus, o Espírito da Verdade, que arrematou a Revelação e ainda guia a Igreja pelos séculos, nas "coisas que virão". Nosso Senhor disse aos Apóstolos em despedida, no Evangelho Segundo São João: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a Verdade, porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão." Jo 16,13
E Ele, também por promessa de Jesus, jamais abandonou a Igreja: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-rá outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16
Por especial bênção de Deus, pois, a Igreja é um diferenciado e privilegiado lugar, como a própria Terra Santa que Ele revelou a Moisés, e assim incomparável a todos demais. Está no Livro de Êxodo: "Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: 'Moisés, Moisés!' 'Eis-me aqui!', respondeu ele. E Deus: 'Não te aproximes daqui. Tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma Terra Santa.'" Êx, 3,4-5
Ela é Católica, que quer dizer Universal, ou seja, de todo povo que quiser conhecer a Verdade. Deus mesmo firmou no Livro do Profeta Isaías: "... Minha Casa chamar-se-á Casa de Orações para todos povos..." Is 56,7
E enquanto assembleia da Nova e Eterna Aliança, ela só se estabeleceu no mundo pela Pessoa de Jesus. É Ele que confere à Sua Casa, que é Seu Corpo, a divina condição. Os seguidores da tradição de São Paulo escreveram na Carta aos Hebreus: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos vindouros bens. E através de um mais excelente e mais perfeito Tabernáculo, não construído por mãos humanas, isto é, não deste mundo..." Hb 9,11
Isso também estava previsto desde Isaías: "Naquele tempo, o Rebento de Jessé, que Se ergue como um sinal para os povos, será procurado pelas nações, e gloriosa será Sua Morada." Is 11,10
Ora, como exemplo de reverência aos sagrados lugares, o próprio Jesus não abria mão do Templo de Jerusalém. Foi o que Ele disse a Nossa Senhora e São José quando ainda tinha 12 anos, na narrativa do Evangelho segundo São Lucas: "Jesus respondeu: 'Por que Me procuráveis? Não sabeis que devo estar na Casa de Meu Pai?'" Lc 2,49
Pois é a Lei que declara o Templo como lugar de culto, como o Livro dos Salmos canta: "Ó Deus, nós meditamos Teu amor no interior de Vosso Templo." Sl 47,10
Ademais, num versículo na sequência dos 10 Mandamentos, Deus determina através de Moisés: "Prestarás culto ao Senhor Teu Deus, e então Eu abençoarei teu pão e tua água, e te preservarei da enfermidade." Ex 23,25
Esse amor pelo Tabernáculo foi bem expresso pelo rei Davi, que nele atestou a divina proteção: "Uma só coisa peço ao Senhor, e incessantemente peço-a: é habitar na Casa do Senhor todos dias de minha vida, para aí admirar a beleza do Senhor e contemplar Seu Santuário. Assim, no mau dia Ele escondê-me-á em Sua Tenda, ocultá-me-á no recôndito de Seu Tabernáculo, sobre um Rochedo erguê-me-á." Sl 26,4-5
E segundo São João Evangelista, quando Jesus expulsou os vendilhões do Templo, expressando esse mesmo amor, os Apóstolos lembraram de um versículo dos Salmos: "Lembraram-se, então, Seus discípulos do que está escrito: 'O zelo de Tua Casa consome-Me (Sl 68,10).'" Jo 2,17
Assim sabemos que Deus confirma os templos católicos, erguidos para Seu louvor, mas também é verdade que Ele mesmo não precisa de casa feita pelas mãos dos homens, como falou através de Isaías: "Eis o que diz o Senhor: 'O Céu é Meu trono, e a Terra o banquinho de Meus pés. Que casa poderíeis construir-Me, que lugar poderíeis indicar-Me para moradia?" Is 66,1
Por isso, a vastidão da verdadeira Casa de Deus deixou registrado essa admiração no Livro do Profeta Baruc: "Ó Israel, quão imensa é a Casa de Deus, como é vasta a extensão de Seus domínios!" Br 3,24
Contudo, numa clara alusão ao Cristo, ao Templo e à Igreja, bem como à construção realizada por Salomão, Deus mandou um recado através do Profeta Natã, como se lê no Primeiro Livro de Crônicas: "Vai e dize a Davi, Meu servo: Eis o que diz o Senhor: 'Não és tu que Me construirás a Casa em que habitarei. Quando teus dias se acabarem e tiveres ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti, num de teus filhos, e firmarei Seu Reino. É Ele que Me construirá uma Casa, e Eu firmarei Seu trono para sempre. Serei para Ele um Pai, e Ele será para Mim um Filho. E nunca d'Ele retirarei Meu favor, como retirei daquele que reinou antes de ti. Para sempre Eu estabelecê-Lo-ei em Minha Casa e em Meu Reino, e Seu trono será firme por todos séculos.'" 1 Cro 17,4.11.14
E para construir Sua Igreja, Jesus tomou São Pedro como pedra fundamental, a primeira pedra humana de Seu Tabernáculo. É da leitura do Evangelho segundo São Mateus, quando este Apóstolo, inspirado pelo Pai, O reconheceu como o Cristo: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja." Mt 16,18
Maria, portanto, enquanto Mãe de Deus, ou seja, o Primeiro Sacrário do Corpo e Sangue de Cristo, é a própria Arca da Aliança a ser venerada na Igreja. Foi o que revelou esta visão do Livro do Apocalipse de São João: "Abriu-se o Templo de Deus no Céu e apareceu, em Seu Templo, a Arca de Seu Testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Em seguida, apareceu um grande sinal no Céu: uma Mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas Seu Filho foi arrebatado para junto a Deus e Seu trono." Ap 11,19;12,1.5
Pois enquanto se completam os tempos, a Igreja faz-se presente até mesmo nos Céus, representada pelas almas dos Santos e pelo 'Templo'. Seguem as revelações, que são atemporais: "Então um dos anciãos falou comigo e me perguntou: 'Esses, que estão revestidos de brancas vestes, quem são e de onde vêm?' Respondi-lhe: 'Meu Senhor, tu o sabes.' E ele disse-me: 'Esses são os sobreviventes da Grande Tribulação. Lavaram suas vestes e alvejaram-nas no Sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do Trono de Deus e servem-nO, dia e noite, em Seu Templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á em Sua Tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum abrasá-los-á, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será Seu Pastor e levá-los-á às fontes das Águas Vivas. E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.'" Ap 7,13-16
E com o auxílio de Deus, o testemunho do Evangelho prevalecerá mesmo ante a Grande Tribulação: "Depois disso, no Céu vi abrir-se o Templo que encerra o Tabernáculo do Testemunho. Encheu-se o Templo de fumaça provinda da Glória de Deus e de Seu poder. E ninguém podia entrar, enquanto não se consumassem os sete flagelos dos sete anjos." Ap 15,5-8
A Santa Missa, aliás, é uma representação do ritual que instantemente acontece nos Céus, como foi revelado ao Amado Discípulo: "E cada vez que aqueles seres rendiam Glória, honra e ação de graças Àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos profundamente inclinavam-se diante d'Aquele que estava no Trono... e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: 'Tu és digno Senhor, Nosso Deus, de receber a honra, a Glória e a majestade, porque criaste todas coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.' E todos anjos estavam ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres, prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: 'Amém, louvor, Glória, Sabedoria, ação de graças, honra, poder e força a Nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém.'" Ap 4,9-11;7,11-12
A Carta de São Paulo aos Efésios, por sua vez, além de mencionar os Apóstolos, também se refere à parte da Igreja que deve ser constituída por uma ostensiva, espiritual e física manifestação de nossas pessoas: "Aquele (Jesus) que desceu também é O que subiu acima de todos Céus, para encher todas coisas. A uns Ele constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,11-13
A Primeira Carta de São João, de fato, confirma a Revelação que Jesus confiou à Igreja: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a
Revelação que já se completou, como a Carta de São Judas assegura: "... pelejar pela fé, de uma vez para sempre confiada aos santos." Jd 1,3b
E Jesus mesmo garantiu o sucesso dos Apóstolos, em Sua última noite entre eles: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos designei para irdes, e para que produzais fruto e vosso fruto permaneça. Se guardaram Minha Palavra, também hão de guardar a vossa." Jo 15,16a.20b
Deu aos Onze, porém, um especialíssimo instrumento, como uma indelével marca para que entre eles não houvesse divergências, que é o sinal de Sua passagem entre nós e do amor de Deus: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
Dirigindo-se a nós, pois, a Primeira Carta de São Pedro reforça essa Verdade, dizendo sobre o Antigo Testamento: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu." 1 Pd 1,10.12
Por isso, os seguidores da tradição de São Paulo questionam: "Como então escaparemos nós, se agora desprezarmos a mensagem da Salvação, tão sublime, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois confirmada por aqueles que a ouviram?" Hb 2,3
Eles asseguram que Jesus segue no comando da Igreja: "Guardai-vos, pois, de recusar ouvir Aquele que fala. Porque, se não escaparam do castigo aqueles que d'Ele se desviaram, quando lhes falava na Terra, muito menos escaparemos nós se O repelirmos quando nos fala desde o Céu." Hb 12,25
Referindo-Se ao Autor da Graça e às dioceses, pois, o próprio Jesus determinou por sete vezes durante Suas últimas aparições ao Amado Discípulo: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas..." Ap 2,7
E a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios não deixa de ressaltar que os Doze, mais ele próprio, são os fundamentos: "Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os Apóstolos..." 1 Cor 12,28
O CORPO MÍSTICO DE CRISTO
A Igreja é, portanto, o Corpo Místico de Cristo, que Ele instituiu para salvar a humanidade (cf. Mt 16,18). Diz São Paulo: "... Cristo é o chefe da Igreja, que é Seu Corpo, da qual Ele é o Salvador." Ef 5,23
E se alguém menospreza a Igreja, ele arremata: "Grande é este mistério, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja." Ef 5,32
Jesus mesmo identificou Seu Corpo como o Templo de Jerusalém, que é prefigura da Igreja, logo no início de Seu ministério, quando expulsou os vendilhões: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-Lo-ei em três dias.' Os judeus replicaram: 'Em quarenta e seis anos foi edificado este Templo, e Tu hás de levantá-lo em três dias?!' Mas Ele falava do Templo de Seu Corpo. Depois que ressurgiu dos mortos, Seus discípulos lembraram-se destas palavras, e creram na Escritura e na Palavra de Jesus." Jo 2,18-22
Nosso dever, portanto, é ser parte d'Ele, e assim colaborarmos para a Salvação de nossos irmãos, como o Apóstolo dos Gentios exorta: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um de Seus membros." 1 Cor 12,27
Pois movidos pelo verdadeiro amor a Deus e pelas boas inclinações da alma, nossos corpos carnais formam e dão visibilidade ao Templo do Altíssimo. Ele questiona os cristãos da cidade de Corinto: "Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" 1 Cor 3,16
Sem dúvida, se amamos a Deus, somos verdadeiramente morada da Santíssima Trindade, como o próprio Jesus prometeu após a Santa Ceia: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E a ele Nós viremos e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23
E isso já está acontecendo desde o Advento, pelo Nascimento de Jesus: "Um dia, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: 'O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está em meio a vós.'" Lc 17,20-21
São Paulo explica como isso se dá, como somos convidados a ser Igreja: "Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos Santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É n'Ele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um santo Templo no Senhor. E vós também sois integrados nesta construção, pelo Espírito, para tornarde-vos morada de Deus." Ef 2,19-22
Por isso, temos o dever de edificá-la, pois os dons do Espírito Santo têm esse único e exclusivo fim. Ou seja, ninguém jamais recebeu dom algum do Espírito Santo para atacar a Igreja. Ele segue: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
Sem esquecer, entretanto, que é Cristo a Cabeça da Igreja, e que é por Seu reinado que sem reservas ou medos devemos nos entregar. E isso faz-se participando de Seu Sacrifício, realizado na Santa Missa. Diz a Carta de São Paulo aos Colossenses: "Ele é a Cabeça do Corpo, da Igreja. Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,18.24
Para tanto, é claro, contamos com Sua Luz e Seus divinos auxílios, pois Ele não deixa de cuidar e alimentar a Igreja, como este Apóstolo explica: "Ninguém jamais odiou sua própria carne. Pelo contrário, alimenta-a e cerca-a de cuidado, como Cristo faz com a Igreja..." Ef 5,29
Porque nossa oferta precisa estar em total conformidade com Seus planos, segundo Nosso Senhor: "A outro disse: 'Segue-Me.' Mas ele pediu: 'Senhor, primeiro permite-me ir enterrar meu pai.' Mas Jesus disse-lhe: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.'" Lc 9,59-60
Isso explica porque Ele Se apresentou como a própria entrada de Seu Templo, dizendo em pregação em Jerusalém: "Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo..." Jo 10,9
Essa foi, por tamanho poder, a reveladora sensação de Jacó, ao dar-se conta que estava num santo lugar, como lemos no Livro de Gênesis: "Em verdade, o Senhor está neste lugar e eu não o sabia! Quão terrível é este lugar! É nada menos que a Casa de Deus. É aqui a Porta do Céu. Esta pedra da qual fiz uma estela será uma Casa de Deus..." Gn 28,16,17.22
E ele também acertou ao chamar a esse lugar de 'terrível', pois realmente se faz pesar por sua gravidade, que a todos enche de responsabilidade. De fato, é pela Casa de Deus que começará o Juízo Final, como foi revelado ao Príncipe dos Apóstolos: "Porque vem o momento em que pela Casa de Deus se começará o Julgamento. Ora, se Ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus?" 1 Pd 4,17
O CÉU
Ao final dos tempos, porém, Deus será tudo em todos, como São Paulo profetizou. É quando enfim se encerra a Missão do Cristo: "E quando tudo Lhe estiver sujeito, então o próprio Filho também renderá homenagem Àquele que Lhe sujeitou todas coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos." 1 Cor 15,28
Porque primeiro é Cristo, por Sua Paixão atualizada no Santíssimo Sacramento, que em Si todos reconcilia: "Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos." Cl 3,11
Referindo-se ao mundo como dividido entre judeus e pagãos, ele continua: "Desse modo, dos dois povos Ele queria fazer em Si mesmo uma única e nova humanidade, pelo restabelecimento da Paz, e ambos reconciliá-los com Deus, reunidos num só Corpo pela virtude da Cruz, nela aniquilando a inimizade." Ef 2,15b-16
Mas, mesmo nos Céus, Deus firmará tal Comunhão, definitivamente fixando Sua Casa entre nós, e aí habitará pela eternidade, como Ele assegurou desde o Livro de Levítico, o que em grande medida já se cumpriu pela passagem de Jesus entre nós e pela instituição da Igreja, no Pentecostes: "Porei Meu Tabernáculo no meio de vós, e Minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei Vosso Deus e vós sereis Meu povo!" Lv 26,11-12
Foi exatamente isso o que viu e ouviu São João Evangelista, nas últimas revelações que Jesus lhe fez: "Eu vi descer do Céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o Esposo. Ao mesmo tempo, do trono ouvi uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,2-3
Na Nova Jerusalém, contudo, já não haverá mais Templo, senão apenas um Tabernáculo, ou seja, uma Tenda, uma morada. Pois o Templo nada mais será senão a própria Casa de Deus, que se fará representar por Ele mesmo e pelo Cordeiro: "Nela não vi, porém, templo algum, porque o Senhor Deus Onipotente é Seu Templo, assim como o Cordeiro." Ap 21,22
Com efeito, aludindo à Sua Ressurreição, como vimos, em Jerusalém, no começo de Sua Missão, apresentou-Se Jesus como o próprio Templo: "Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-lo-ei em três dias.'" Jo 2,19
E na Cidade Santa correrá um rio: "Mostrou-me então o anjo um rio de Água Viva resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro." Ap 22,1
Ele simboliza o pleno cumprimento da promessa de Jesus, que, aliás, já se verifica na pessoa de Seus Santos, como sinal da presença do Divino Paráclito, ou melhor, da própria Santíssima Trindade. Ele disse em Jerusalém na Festa das Tendas, citando os Profetas Zacarias e Isaías, enquanto Se revelava como o Messias: "No último dia, que é o principal dia de festa, estava Jesus de pé e clamava: 'Se alguém tiver sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura: 'De seu interior manarão rios de Água Viva' (Zc 14,8; Is 58,11)'. Dizia isso referindo-Se ao Espírito que haviam de receber aqueles que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,37-39
De fato, o Profeta Zacarias havia dito, e efetivou-se com o ministério de Jesus: "Naquele dia jorrará uma fonte para a Casa de Deus e para os habitantes de Jerusalém, que apagará seus pecados e suas impurezas." Zc 13,1
A IGREJA HOJE
O Papa São Paulo VI, na Constituição Apostólica 'Indulgentiarum Doctrina', disse: "A vida de cada um dos filhos de Deus acha-se unida, por um admirável laço, em Cristo e por Cristo, com a vida de todos outros irmãos cristãos na sobrenatural unidade do Corpo Místico de Cristo, como numa única pessoa mística."
Por sua vez, a Constituição Dogmática 'Lumen Gentium' ensina: "A Igreja é 'Comunhão dos Santos': esta expressão designa as 'coisas santas' (sancta), mas antes de tudo a Eucaristia, pela qual 'é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo, formam um só Corpo.'"
A Igreja, portanto, está dividida em três grupos que comungam da Divina Graça: a Igreja Itinerante, que ainda caminha na Terra, a Igreja Santificante, que se purifica no Purgatório, e a Igreja Glorificante, que já se encontra no Céu. Está no Catecismo da Igreja Católica:
"Na Comunhão dos Santos, 'entre os fiéis já admitidos na posse da celeste pátria, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na Terra, certamente existe um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos bens (São Paulo VI, Indulgentiarum Doctrina).' Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, para muito além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à Comunhão dos Santos permite ao contrito pecador ser purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.
Esses bens espirituais da Comunhão dos Santos também são chamados o tesouro da Igreja, 'que não é uma soma de bens, comparáveis às materiais riquezas acumuladas no decorrer dos séculos, mas é o infinito e inesgotável valor que junto a Deus têm as expiações e os méritos de Cristo, Nosso Senhor, oferecidos para que toda humanidade seja libertada do pecado e chegue à Comunhão com o Pai. É em Cristo, Nosso Redentor, que em abundância se encontram as satisfações e os méritos de Sua Redenção' (Cf. Hb 9,11-28;7,23-25)." CIC § 1475-1476
"Lembrai-Vos, ó Pai, de Vossos filhos!"
E enquanto assembleia da Nova e Eterna Aliança, ela só se estabeleceu no mundo pela Pessoa de Jesus. É Ele que confere à Sua Casa, que é Seu Corpo, a divina condição. Os seguidores da tradição de São Paulo escreveram na Carta aos Hebreus: "Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos vindouros bens. E através de um mais excelente e mais perfeito Tabernáculo, não construído por mãos humanas, isto é, não deste mundo..." Hb 9,11
Isso também estava previsto desde Isaías: "Naquele tempo, o Rebento de Jessé, que Se ergue como um sinal para os povos, será procurado pelas nações, e gloriosa será Sua Morada." Is 11,10
Ora, como exemplo de reverência aos sagrados lugares, o próprio Jesus não abria mão do Templo de Jerusalém. Foi o que Ele disse a Nossa Senhora e São José quando ainda tinha 12 anos, na narrativa do Evangelho segundo São Lucas: "Jesus respondeu: 'Por que Me procuráveis? Não sabeis que devo estar na Casa de Meu Pai?'" Lc 2,49
Pois é a Lei que declara o Templo como lugar de culto, como o Livro dos Salmos canta: "Ó Deus, nós meditamos Teu amor no interior de Vosso Templo." Sl 47,10
Ademais, num versículo na sequência dos 10 Mandamentos, Deus determina através de Moisés: "Prestarás culto ao Senhor Teu Deus, e então Eu abençoarei teu pão e tua água, e te preservarei da enfermidade." Ex 23,25
Esse amor pelo Tabernáculo foi bem expresso pelo rei Davi, que nele atestou a divina proteção: "Uma só coisa peço ao Senhor, e incessantemente peço-a: é habitar na Casa do Senhor todos dias de minha vida, para aí admirar a beleza do Senhor e contemplar Seu Santuário. Assim, no mau dia Ele escondê-me-á em Sua Tenda, ocultá-me-á no recôndito de Seu Tabernáculo, sobre um Rochedo erguê-me-á." Sl 26,4-5
E segundo São João Evangelista, quando Jesus expulsou os vendilhões do Templo, expressando esse mesmo amor, os Apóstolos lembraram de um versículo dos Salmos: "Lembraram-se, então, Seus discípulos do que está escrito: 'O zelo de Tua Casa consome-Me (Sl 68,10).'" Jo 2,17
Assim sabemos que Deus confirma os templos católicos, erguidos para Seu louvor, mas também é verdade que Ele mesmo não precisa de casa feita pelas mãos dos homens, como falou através de Isaías: "Eis o que diz o Senhor: 'O Céu é Meu trono, e a Terra o banquinho de Meus pés. Que casa poderíeis construir-Me, que lugar poderíeis indicar-Me para moradia?" Is 66,1
Por isso, a vastidão da verdadeira Casa de Deus deixou registrado essa admiração no Livro do Profeta Baruc: "Ó Israel, quão imensa é a Casa de Deus, como é vasta a extensão de Seus domínios!" Br 3,24
Contudo, numa clara alusão ao Cristo, ao Templo e à Igreja, bem como à construção realizada por Salomão, Deus mandou um recado através do Profeta Natã, como se lê no Primeiro Livro de Crônicas: "Vai e dize a Davi, Meu servo: Eis o que diz o Senhor: 'Não és tu que Me construirás a Casa em que habitarei. Quando teus dias se acabarem e tiveres ido juntar-te a teus pais, levantarei tua posteridade após ti, num de teus filhos, e firmarei Seu Reino. É Ele que Me construirá uma Casa, e Eu firmarei Seu trono para sempre. Serei para Ele um Pai, e Ele será para Mim um Filho. E nunca d'Ele retirarei Meu favor, como retirei daquele que reinou antes de ti. Para sempre Eu estabelecê-Lo-ei em Minha Casa e em Meu Reino, e Seu trono será firme por todos séculos.'" 1 Cro 17,4.11.14
E para construir Sua Igreja, Jesus tomou São Pedro como pedra fundamental, a primeira pedra humana de Seu Tabernáculo. É da leitura do Evangelho segundo São Mateus, quando este Apóstolo, inspirado pelo Pai, O reconheceu como o Cristo: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja." Mt 16,18
Maria, portanto, enquanto Mãe de Deus, ou seja, o Primeiro Sacrário do Corpo e Sangue de Cristo, é a própria Arca da Aliança a ser venerada na Igreja. Foi o que revelou esta visão do Livro do Apocalipse de São João: "Abriu-se o Templo de Deus no Céu e apareceu, em Seu Templo, a Arca de Seu Testamento. Houve relâmpagos, vozes, trovões, terremotos e forte saraiva. Em seguida, apareceu um grande sinal no Céu: uma Mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas Seu Filho foi arrebatado para junto a Deus e Seu trono." Ap 11,19;12,1.5
Pois enquanto se completam os tempos, a Igreja faz-se presente até mesmo nos Céus, representada pelas almas dos Santos e pelo 'Templo'. Seguem as revelações, que são atemporais: "Então um dos anciãos falou comigo e me perguntou: 'Esses, que estão revestidos de brancas vestes, quem são e de onde vêm?' Respondi-lhe: 'Meu Senhor, tu o sabes.' E ele disse-me: 'Esses são os sobreviventes da Grande Tribulação. Lavaram suas vestes e alvejaram-nas no Sangue do Cordeiro. Por isso, estão diante do Trono de Deus e servem-nO, dia e noite, em Seu Templo. Aquele que está sentado no trono abrigá-los-á em Sua Tenda. Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum abrasá-los-á, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será Seu Pastor e levá-los-á às fontes das Águas Vivas. E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.'" Ap 7,13-16
E com o auxílio de Deus, o testemunho do Evangelho prevalecerá mesmo ante a Grande Tribulação: "Depois disso, no Céu vi abrir-se o Templo que encerra o Tabernáculo do Testemunho. Encheu-se o Templo de fumaça provinda da Glória de Deus e de Seu poder. E ninguém podia entrar, enquanto não se consumassem os sete flagelos dos sete anjos." Ap 15,5-8
A Santa Missa, aliás, é uma representação do ritual que instantemente acontece nos Céus, como foi revelado ao Amado Discípulo: "E cada vez que aqueles seres rendiam Glória, honra e ação de graças Àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos profundamente inclinavam-se diante d'Aquele que estava no Trono... e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: 'Tu és digno Senhor, Nosso Deus, de receber a honra, a Glória e a majestade, porque criaste todas coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.' E todos anjos estavam ao redor do trono, dos anciãos e dos quatro seres, prostravam-se de face em terra diante do trono e adoravam a Deus, dizendo: 'Amém, louvor, Glória, Sabedoria, ação de graças, honra, poder e força a Nosso Deus pelos séculos dos séculos! Amém.'" Ap 4,9-11;7,11-12
A Carta de São Paulo aos Efésios, por sua vez, além de mencionar os Apóstolos, também se refere à parte da Igreja que deve ser constituída por uma ostensiva, espiritual e física manifestação de nossas pessoas: "Aquele (Jesus) que desceu também é O que subiu acima de todos Céus, para encher todas coisas. A uns Ele constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,11-13
A Primeira Carta de São João, de fato, confirma a Revelação que Jesus confiou à Igreja: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a
Revelação que já se completou, como a Carta de São Judas assegura: "... pelejar pela fé, de uma vez para sempre confiada aos santos." Jd 1,3b
E Jesus mesmo garantiu o sucesso dos Apóstolos, em Sua última noite entre eles: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos designei para irdes, e para que produzais fruto e vosso fruto permaneça. Se guardaram Minha Palavra, também hão de guardar a vossa." Jo 15,16a.20b
Deu aos Onze, porém, um especialíssimo instrumento, como uma indelével marca para que entre eles não houvesse divergências, que é o sinal de Sua passagem entre nós e do amor de Deus: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
Dirigindo-se a nós, pois, a Primeira Carta de São Pedro reforça essa Verdade, dizendo sobre o Antigo Testamento: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu." 1 Pd 1,10.12
Por isso, os seguidores da tradição de São Paulo questionam: "Como então escaparemos nós, se agora desprezarmos a mensagem da Salvação, tão sublime, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois confirmada por aqueles que a ouviram?" Hb 2,3
Eles asseguram que Jesus segue no comando da Igreja: "Guardai-vos, pois, de recusar ouvir Aquele que fala. Porque, se não escaparam do castigo aqueles que d'Ele se desviaram, quando lhes falava na Terra, muito menos escaparemos nós se O repelirmos quando nos fala desde o Céu." Hb 12,25
Referindo-Se ao Autor da Graça e às dioceses, pois, o próprio Jesus determinou por sete vezes durante Suas últimas aparições ao Amado Discípulo: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas..." Ap 2,7
E a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios não deixa de ressaltar que os Doze, mais ele próprio, são os fundamentos: "Na Igreja, Deus constituiu primeiramente os Apóstolos..." 1 Cor 12,28
O CORPO MÍSTICO DE CRISTO
A Igreja é, portanto, o Corpo Místico de Cristo, que Ele instituiu para salvar a humanidade (cf. Mt 16,18). Diz São Paulo: "... Cristo é o chefe da Igreja, que é Seu Corpo, da qual Ele é o Salvador." Ef 5,23
E se alguém menospreza a Igreja, ele arremata: "Grande é este mistério, quero dizer, com referência a Cristo e à Igreja." Ef 5,32
Jesus mesmo identificou Seu Corpo como o Templo de Jerusalém, que é prefigura da Igreja, logo no início de Seu ministério, quando expulsou os vendilhões: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-Lo-ei em três dias.' Os judeus replicaram: 'Em quarenta e seis anos foi edificado este Templo, e Tu hás de levantá-lo em três dias?!' Mas Ele falava do Templo de Seu Corpo. Depois que ressurgiu dos mortos, Seus discípulos lembraram-se destas palavras, e creram na Escritura e na Palavra de Jesus." Jo 2,18-22
Nosso dever, portanto, é ser parte d'Ele, e assim colaborarmos para a Salvação de nossos irmãos, como o Apóstolo dos Gentios exorta: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um de Seus membros." 1 Cor 12,27
Pois movidos pelo verdadeiro amor a Deus e pelas boas inclinações da alma, nossos corpos carnais formam e dão visibilidade ao Templo do Altíssimo. Ele questiona os cristãos da cidade de Corinto: "Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" 1 Cor 3,16
Sem dúvida, se amamos a Deus, somos verdadeiramente morada da Santíssima Trindade, como o próprio Jesus prometeu após a Santa Ceia: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E a ele Nós viremos e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23
E isso já está acontecendo desde o Advento, pelo Nascimento de Jesus: "Um dia, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: 'O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está em meio a vós.'" Lc 17,20-21
São Paulo explica como isso se dá, como somos convidados a ser Igreja: "Consequentemente, já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos Santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus. É n'Ele que todo edifício, harmonicamente disposto, se levanta até formar um santo Templo no Senhor. E vós também sois integrados nesta construção, pelo Espírito, para tornarde-vos morada de Deus." Ef 2,19-22
Por isso, temos o dever de edificá-la, pois os dons do Espírito Santo têm esse único e exclusivo fim. Ou seja, ninguém jamais recebeu dom algum do Espírito Santo para atacar a Igreja. Ele segue: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
Sem esquecer, entretanto, que é Cristo a Cabeça da Igreja, e que é por Seu reinado que sem reservas ou medos devemos nos entregar. E isso faz-se participando de Seu Sacrifício, realizado na Santa Missa. Diz a Carta de São Paulo aos Colossenses: "Ele é a Cabeça do Corpo, da Igreja. Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo em minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja." Cl 1,18.24
Para tanto, é claro, contamos com Sua Luz e Seus divinos auxílios, pois Ele não deixa de cuidar e alimentar a Igreja, como este Apóstolo explica: "Ninguém jamais odiou sua própria carne. Pelo contrário, alimenta-a e cerca-a de cuidado, como Cristo faz com a Igreja..." Ef 5,29
Porque nossa oferta precisa estar em total conformidade com Seus planos, segundo Nosso Senhor: "A outro disse: 'Segue-Me.' Mas ele pediu: 'Senhor, primeiro permite-me ir enterrar meu pai.' Mas Jesus disse-lhe: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.'" Lc 9,59-60
Isso explica porque Ele Se apresentou como a própria entrada de Seu Templo, dizendo em pregação em Jerusalém: "Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo..." Jo 10,9
Essa foi, por tamanho poder, a reveladora sensação de Jacó, ao dar-se conta que estava num santo lugar, como lemos no Livro de Gênesis: "Em verdade, o Senhor está neste lugar e eu não o sabia! Quão terrível é este lugar! É nada menos que a Casa de Deus. É aqui a Porta do Céu. Esta pedra da qual fiz uma estela será uma Casa de Deus..." Gn 28,16,17.22
E ele também acertou ao chamar a esse lugar de 'terrível', pois realmente se faz pesar por sua gravidade, que a todos enche de responsabilidade. De fato, é pela Casa de Deus que começará o Juízo Final, como foi revelado ao Príncipe dos Apóstolos: "Porque vem o momento em que pela Casa de Deus se começará o Julgamento. Ora, se Ele começa por nós, qual será a sorte daqueles que são infiéis ao Evangelho de Deus?" 1 Pd 4,17
O CÉU
Ao final dos tempos, porém, Deus será tudo em todos, como São Paulo profetizou. É quando enfim se encerra a Missão do Cristo: "E quando tudo Lhe estiver sujeito, então o próprio Filho também renderá homenagem Àquele que Lhe sujeitou todas coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos." 1 Cor 15,28
Porque primeiro é Cristo, por Sua Paixão atualizada no Santíssimo Sacramento, que em Si todos reconcilia: "Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos." Cl 3,11
Referindo-se ao mundo como dividido entre judeus e pagãos, ele continua: "Desse modo, dos dois povos Ele queria fazer em Si mesmo uma única e nova humanidade, pelo restabelecimento da Paz, e ambos reconciliá-los com Deus, reunidos num só Corpo pela virtude da Cruz, nela aniquilando a inimizade." Ef 2,15b-16
Mas, mesmo nos Céus, Deus firmará tal Comunhão, definitivamente fixando Sua Casa entre nós, e aí habitará pela eternidade, como Ele assegurou desde o Livro de Levítico, o que em grande medida já se cumpriu pela passagem de Jesus entre nós e pela instituição da Igreja, no Pentecostes: "Porei Meu Tabernáculo no meio de vós, e Minha alma não vos rejeitará. Andarei entre vós: serei Vosso Deus e vós sereis Meu povo!" Lv 26,11-12
Foi exatamente isso o que viu e ouviu São João Evangelista, nas últimas revelações que Jesus lhe fez: "Eu vi descer do Céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o Esposo. Ao mesmo tempo, do trono ouvi uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,2-3
Na Nova Jerusalém, contudo, já não haverá mais Templo, senão apenas um Tabernáculo, ou seja, uma Tenda, uma morada. Pois o Templo nada mais será senão a própria Casa de Deus, que se fará representar por Ele mesmo e pelo Cordeiro: "Nela não vi, porém, templo algum, porque o Senhor Deus Onipotente é Seu Templo, assim como o Cordeiro." Ap 21,22
Com efeito, aludindo à Sua Ressurreição, como vimos, em Jerusalém, no começo de Sua Missão, apresentou-Se Jesus como o próprio Templo: "Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-lo-ei em três dias.'" Jo 2,19
E na Cidade Santa correrá um rio: "Mostrou-me então o anjo um rio de Água Viva resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro." Ap 22,1
Ele simboliza o pleno cumprimento da promessa de Jesus, que, aliás, já se verifica na pessoa de Seus Santos, como sinal da presença do Divino Paráclito, ou melhor, da própria Santíssima Trindade. Ele disse em Jerusalém na Festa das Tendas, citando os Profetas Zacarias e Isaías, enquanto Se revelava como o Messias: "No último dia, que é o principal dia de festa, estava Jesus de pé e clamava: 'Se alguém tiver sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura: 'De seu interior manarão rios de Água Viva' (Zc 14,8; Is 58,11)'. Dizia isso referindo-Se ao Espírito que haviam de receber aqueles que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,37-39
De fato, o Profeta Zacarias havia dito, e efetivou-se com o ministério de Jesus: "Naquele dia jorrará uma fonte para a Casa de Deus e para os habitantes de Jerusalém, que apagará seus pecados e suas impurezas." Zc 13,1
A IGREJA HOJE
O Papa São Paulo VI, na Constituição Apostólica 'Indulgentiarum Doctrina', disse: "A vida de cada um dos filhos de Deus acha-se unida, por um admirável laço, em Cristo e por Cristo, com a vida de todos outros irmãos cristãos na sobrenatural unidade do Corpo Místico de Cristo, como numa única pessoa mística."
Por sua vez, a Constituição Dogmática 'Lumen Gentium' ensina: "A Igreja é 'Comunhão dos Santos': esta expressão designa as 'coisas santas' (sancta), mas antes de tudo a Eucaristia, pela qual 'é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo, formam um só Corpo.'"
A Igreja, portanto, está dividida em três grupos que comungam da Divina Graça: a Igreja Itinerante, que ainda caminha na Terra, a Igreja Santificante, que se purifica no Purgatório, e a Igreja Glorificante, que já se encontra no Céu. Está no Catecismo da Igreja Católica:
"Na Comunhão dos Santos, 'entre os fiéis já admitidos na posse da celeste pátria, os que expiam as faltas no purgatório e os que ainda peregrinam na Terra, certamente existe um laço de caridade e um amplo intercâmbio de todos bens (São Paulo VI, Indulgentiarum Doctrina).' Neste admirável intercâmbio, cada um se beneficia da santidade dos outros, para muito além do prejuízo que o pecado de um possa ter causado aos outros. Assim, o recurso à Comunhão dos Santos permite ao contrito pecador ser purificado, mais cedo e mais eficazmente, das penas do pecado.
Esses bens espirituais da Comunhão dos Santos também são chamados o tesouro da Igreja, 'que não é uma soma de bens, comparáveis às materiais riquezas acumuladas no decorrer dos séculos, mas é o infinito e inesgotável valor que junto a Deus têm as expiações e os méritos de Cristo, Nosso Senhor, oferecidos para que toda humanidade seja libertada do pecado e chegue à Comunhão com o Pai. É em Cristo, Nosso Redentor, que em abundância se encontram as satisfações e os méritos de Sua Redenção' (Cf. Hb 9,11-28;7,23-25)." CIC § 1475-1476
"Lembrai-Vos, ó Pai, de Vossos filhos!"