segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Tirai o Pecado do Mundo


    Como era missão de São João Batista anunciar o Advento do Salvador, ele apontou Jesus a seus seguidores, dos quais pelo menos Santo André e São João viriam a ser Apóstolos, dizendo qual seria Sua Missão. É do primeiro capítulo do Evangelho Segundo São João: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Jo 1,29
    E por uma visão que teve do Arcanjo São Gabriel, São Zacarias, sacerdote e pai de São João Batista, explicou o Mistério que envolvia o nascimento deste seu filho, deixando bem claro como Cristo salvaria o povo de Deus. Também em primeiro capítulo, está no Evangelho Segundo São Lucas: "E tu, menino, serás chamado Profeta do Altíssimo. Porque precederás o Senhor e Lhe prepararás o Caminho, para a Seu povo dar a conhecer a Salvação, pelo perdão dos pecados." Lc 1,76-77
    De fato, falando a São José sobre a gravidez de Nossa Senhora, o próprio Arcanjo Gabriel reafirmaria o Ministério de Jesus. Novamente em primeiro capítulo, o Evangelho Segundo São Mateus diz: "José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois Aquele que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados." Mt 1,20-21
    Ora, os seguidores da tradição de São Paulo igualmente atestaram a Redenção que está na Paixão de Cristo, registrando na Carta aos Hebreus: "Esplendor da Glória de Deus e imagem de Seu Ser, (Ele) sustenta o universo com o poder de Sua Palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos Céus, elevado tão acima dos anjos quanto o Nome que Ele herdou supera o deles." Hb 1,3-4
    O projeto da Salvação, portanto, deu-se exatamente como estava previsto no Livro do Profeta Isaías havia sete séculos: "Carregou nossos pecados em Seu Corpo sobre o madeiro, para que, mortos para nossos pecados, vivamos para a Justiça. Por fim, por Suas chagas fomos curados." Is 53,5
    Por isso, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios vê no Evangelho de Cristo nossa reconciliação com o Pai, e defende o Ministério dos Sacerdotes da Santa Igreja Católica: "Porque é Deus que em Cristo reconciliava o mundo Consigo, não mais levando em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação." 2 Cor 5,19
    É o que a Carta de São Paulo aos Colossenses garante: "Ele libertou-nos do poder das trevas e introduziu-nos no Reino de Seu amado Filho, no Qual temos a Redenção, a remissão dos pecados." Cl 1,13-14
    Numa síntese sobre o que o Sacrifício Pascal representa para a humanidade, a Primeira Carta de São João vai afirmar: "Ele (Cristo) é a expiação por nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo mundo." 1 Jo 2,2
    Ora, na Santa Ceia, o próprio Jesus disse o significado da Santa Cruz: "Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lhO, dizendo: 'Dele bebei todos, porque isto é Meu Sangue, o Sangue da Nova Aliança, derramado em favor de muitos homens para a remissão dos pecados.'" Mt 26,27-28
    Segundo o holocausto da tradição judaica (cf. Êx 12,5), São Paulo lembra que Jesus é o perfeito Cordeiro, sem mácula: "Aquele que não conheceu o pecado, Deus fê-Lo pecado por nós, para que n'Ele nós nos tornássemos Justiça de Deus." 2 Cor 5,21
    E nessa condição Ele consumou a Redenção, tal qual Isaías havia anunciado: "Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em Sua boca." Is 53,9
    São João Evangelista, Apóstolo muito próximo de Jesus (cf. Mc 5,37), reafirmou Sua pureza: "Sabeis que Jesus apareceu para tirar os pecados, e que n'Ele não há pecado." 1 Jo 3,5
    E garantiu: "Filhinhos, eu escrevo-vos porque vossos pecados vos foram perdoados por Seu Nome." 1 Jo 2,12
    Assim se conclui que a vida carnal de Jesus foi mais um sinal da Vitória, que nós também devemos alcançar, como os discípulos de São Paulo ensinam sobre a Santa Missa: "... e por isso convinha que Ele em tudo Se tornasse semelhante a Seus irmãos, para ser um compassivo e fiel Pontífice no Serviço de Deus, capaz de expiar os pecados do povo. Porque não temos n'Ele um Pontífice incapaz de compadecer-Se de nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado." Hb 2,17; 4,15


ARREPENDIMENTO, CONFISSÃO E PENITÊNCIA

    Conforme São Mateus, São João Batista, além de batizar e anunciar o Messias, também tomava Confissão daqueles que vinham ter com ele: "Confessavam seus pecados e por ele eram batizados nas águas do Jordão." Mt 3,6
    O Evangelho Segundo São Marcos disse o mesmo: "João Batista apareceu no deserto e pregava um batismo de conversão, para a remissão dos pecados. E para ir ter com ele saíam toda Judeia, toda Jerusalém, e por ele eram batizados no rio Jordão, confessando seus pecados." Mc 1,4-5
    E, ainda que nas entrelinhas, também São Lucas: "Ele percorria toda região do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados..." Lc 3,3
    Mas o batismo de São João Batista não tinha o 'fogo', porque o Espírito Santo ainda não havia sido derramado (cf. Jo 7,40). Ele mesmo, revelando que dialogava com o Pai, disse: "Eu não O conhecia, mas Aquele que me mandou batizar em água, disse-me: 'Sobre Quem vires descer e repousar o Espírito, este é Quem batiza no Espírito Santo.'" Jo 1,33
    O Amado Médico detalhou-o, citando outra fala do Batista: "Eu batizo-vos na água, mas eis que vem Outro mais poderoso que eu, a Quem não sou digno de Lhe desatar a correia das sandálias. Ele batizá-vos-á no Espírito Santo e no fogo." Lc 3,16b
    De fato, São João Apóstolo apontou essa exortação de Jesus à multidão em Jerusalém ao fim da Festa das Tendas, quando mencionou uma profecia que estava tanto no Livro do Profeta Zacarias como no de Isaías: "'Quem crê em Mim', como diz a Escritura: 'Do seu interior manarão rios de Água Viva (Zc 14,8; Is 58,11).' Dizia isso, referindo-Se ao Espírito que haviam de receber aqueles que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,38-39
    Aliás, sabemos que o próprio Jesus iniciou Sua vida pública convidando todos ao arrependimento: "Desde então Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,17
    São Marcos deu outros detalhes: "Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-Se a Galileia. Pregava a Boa Nova de Deus, e dizia: 'Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Fazei penitência e crede no Evangelho.'" Mc 1,14-15
    Ora, além de primeiro Sacramento que Ele pregou, foi a primeiríssima missão que deus aos Apóstolos: "Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois e deu-lhes poder sobre os imundos espíritos. Eles partiram e pregaram a penitência." Mc 6,7.12
    E desde a convocação, os Apóstolos batizavam como São João Batista, ou seja, tomando a Confissão dos pecados. De fato, Jesus ainda não lhes havia soprado o Santo Paráclito (cf. Jo 20,22): "Em seguida, foi Jesus com Seus discípulos aos campos de Judeia, e ali Se deteve com eles e batizava. ... se bem que não era Jesus quem batizava, mas Seus discípulos..." Jo 3,22; 4,2
    Em São Lucas, após citar exemplos de pessoas que padeceram perseguições e grandes catástrofes, Jesus até adverte: "... se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo." Lc 13,3
    Mesmo quando não era isso que Lhe pediam, Ele cuidava de remir os pecados: "Eis que Lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a daquela gente, disse ao paralítico: 'Meu filho, coragem! Teus pecados são-te perdoados.'" Mt 9,2
    Porém, como os escribas Lhe resistiam, Ele demonstrou Seu poder e que o perdão de Deus era mais importante que curar enfermidades: "Que é mais fácil dizer: 'Teus pecados são-te perdoados, ou: Levanta-te e anda?' Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na Terra o poder de perdoar os pecados: 'Levanta-te', disse Ele ao paralítico, 'toma tua maca e volta para tua casa.' Levantou-se aquele homem e foi para sua casa." Mt 9,5-7
    Assim, por Sua pureza e transparência, Ele atraía os desejosos de uma verdadeira conversão, como se vê no episódio do banquete dado por São Mateus: "Como Jesus estivesse à mesa na casa desse homem, numerosos publicanos e pecadores vieram e sentaram-se com Ele e Seus discípulos." Mt 9,10
    Àqueles que já se julgavam puros, Ele explicitava Sua obra citando o Livro do Profeta Oseias: "Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero Misericórdia e não sacrifício' (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." Mt 9,13
    Mostrou-Se intransigente para com perversores: "Mas se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em Mim, melhor seria que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!" Mt 18,6-7
    A todos, pois, recomendava verdadeira penitência, mas, claro!, falando de mutilações em figurado sentido: "Por isso, se tua mão ou teu pé te fazem cair em pecado, corta-os e lança-os longe de ti: melhor é entrares na Vida coxo ou manco que, tendo dois pés e duas mãos, seres lançado no eterno fogo. Se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti: melhor é entrares na Vida cego de um olho que com teus dois olhos seres jogado no fogo da geena." Mt 18,8-9
    E como única concessora do divino perdão, Ele sobremaneira exalta a importância de Sua Igreja, claramente recomendando a ex-comunhão: "Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente. Se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, contigo toma uma ou duas pessoas, a fim de que toda questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se se recusas a ouvi-los, dize-o à Igreja. E se também se recusar a ouvir a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano." Mt 18,15-17
    Por isso, após ressuscitar, logo em Sua primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos lhes transmitiu o poder de perdoar os pecados: "Disse-lhes outra vez: 'A Paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.' Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,21-23
    Rito que a Igreja Católica claramente manteve, como vemos na primeira passagem de São Paulo pela cidade de Éfeso, em registro do Livro de Atos dos Apóstolos: "Muitos daqueles que haviam acreditado, vinham confessar e declarar suas obras." At 19,18
    Sensível e sincero, São Pedro foi o primeiro, sempre ele!, a confessar-se perante Jesus, o que fez logo no início de Sua vida pública, por ocasião da miraculosa pesca: "Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: 'Retira-Te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.'" Lc 5,8
    E após o Pentecostes, diante da cúpula dos judeus, o Príncipe dos Apóstolos corajosamente vai declarar a Missão de Cristo. Ressalva, ademais, a importância da obediência para que se receba o Santo Paráclito: "O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-O num madeiro. Deus elevou-O pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. Destes fatos, nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos que Lhe obedecem.'" At 5,30-32
    A Carta de São Tiago, por sua vez, confirma a plenitude do poder de perdoar, inclusive pela Unção dos Enfermos, que é exclusivo dos Sacerdotes da Igreja Católica Apostólica Romana, os únicos sucessores dos Apóstolos (cf. 2 Tm 2,2): "Está alguém enfermo? Chame os Sacerdotes da Igreja e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em Nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor restabelecê-lo-á. Se ele cometeu pecados, sê-lhe-ão perdoados." Tg 5,14-15
    E exorta-nos à frequente prática da Confissão mesmo entre meros fiéis, como forma de compromisso público para nos apartar dos pecados, sem essa falaciosa doutrina de 'confessar só a Deus': "Confessai vossos pecados uns aos outros, e rezai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia." Tg 5,16
    Principalmente para bem receber o Santíssimo Sacramento, como a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios ensina: "Portanto, todo aquele que indignamente comer o Pão ou beber o Cálice do Senhor, será culpável do Corpo e do Sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse Pão e beba desse Cálice. Aquele que, sem discernir, come e bebe o Corpo do Senhor, come e bebe sua própria condenação. Esta é a razão porque entre vós há muitos adoentados e fracos, e muitos mortos." 1 Cor 11,27-30
    Ora, segundo o próprio Jesus, o pedido e a oferta de perdão é a única forma de alcançar as Graças de Deus, como recomendou para nossas orações pessoais: "E quando vos puserdes de pé para rezar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que Vosso Pai, que está nos Céus, também perdoe vossos pecados." Mc 11,25
    Ele explicou, nestes termos, a importância do arrependimento: "Digo-vos que assim haverá maior júbilo no Céu por um só pecador, que fizer penitência, que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lc 15,7
    Por isso, não deixou faltar esse pedido no Pai Nosso: "... perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..." Mt 6,12
    E determinou que tomássemos a iniciativa, mesmo quando não nos sentimos culpados: "Se estás, portanto, para fazer tua oferta diante do altar e lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá tua oferta diante do altar e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão. Só então vem fazer tua oferta." Mt 5,23-24
    Pois o perdão, que todos nós devemos oferecer, é prova de amor. Ele disse sobre uma conhecida pecadora, que ungiu Seus pés com perfume: "Por isso, digo-te: seus numerosos pecados foram-lhe perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas àquele que pouco se perdoa, pouco ama." Lc 7,47
    Recomendou, pois, que largamente usássemos do perdão, em especial para com aqueles que se arrependem: "Se teu irmão pecar, repreende-o, e se se arrepender, perdoa-lhe. Se pecar sete vezes ao dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: 'Estou arrependido', perdoá-lhe-ás." Lc 17,3-4
    Respondendo ao Príncipe dos Apóstolos, noutra ocasião, Ele foi ainda mais longe: "Então Pedro se aproximou d'Ele e disse: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?' Respondeu Jesus: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.'" Mt 18,21-22
    E como alguns religiosos teimavam em usar das mais pesadas punições, Ele tornou inaplicável o apedrejamento, forçando-os a reconhecerem seus próprios pecados. Foi no episódio da mulher flagrada em adultério, que Lhe apresentaram enquanto Ele pregava no Templo de Jerusalém: "Como eles insistissem, ergueu-Se e disse-lhes: 'Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra.'" Jo 8,7


A AUTORIDADE DE CRISTO

    Contudo, assim como o mundo não se convence de suas ofensas a Deus, nem por Seus milagres Jesus convenceu a gente de Seu tempo quanto a Sua autoridade. Nem mesmo após revelar Sua Divina Natureza, pois abertamente Se autodeclarou pelo codinome com que Deus Se havia identificado a Moisés (cf. Êx 3,14): 'EU SOU': "Por isso, disse-vos: morrereis no vosso pecado. Porque se não crerdes que EU SOU, morrereis no vosso pecado." Jo 8,24
    E desafiou os religiosos de Jerusalém a apontarem-Lhe um pecado: "Quem de vós Me acusará de pecado? E se vos falo a Verdade, por que Me não credes?" Jo 8,46
    Os próprios fariseus da Cidade Santa, no entanto, já se mostravam incertos: "Como pode um pecador fazer tais prodígios?" Jo 9,16
    Até mesmo gente entre os líderes dos judeus, como se viu após o Domingo de Ramos: "Não obstante, muitos dos chefes também creram n'Ele, mas por causa dos fariseus não o manifestavam, para não serem expulsos da sinagoga." Jo 12,42
    O desconcerto era tamanho que até um cego de nascença, curado por Jesus, argumentou com os sacerdotes de então: "Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem Lhe presta culto e faz Sua vontade. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer nada." Jo 9,31
    Por essa cura que os fariseus puderam constatar, mas mesmo assim seguiam renegando-O, Ele avisou-os que estavam incorrendo em falso testemunho, que o oitavo Mandamento proíbe (cf. Êx 20,16): "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado, mas agora pretendeis ver, e vosso pecado subsiste." Jo 9,41
    Também cobrou por cada Palavra Sua, como disse sobre os judeus em Sua última noite entre os Apóstolos: "Se Eu não viesse e não lhes tivesse falado, não teriam pecado. Mas agora não há desculpa para seu pecado." Jo 15,22
    Por fim, cobrou por todas Suas obras, citando o rei Davi no Livro de Salmos, em dois cânticos: "Se entre eles não tivesse Eu feito obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado. Mas agora as viram, e odiaram a Mim e a Meu Pai. Porém, foi para que se cumpra a Palavra que está escrita na Lei: 'Odiaram-Me sem motivo' (Sl 34,19; 68,5)." Jo 15,24
    E depois de Sua Ascensão aos Céus, enfim, Jesus deixou-nos o Espírito da Promessa, para intimamente nos auxiliar em exames de consciência: "Entretanto, digo-vos a Verdade: convém a vós que Eu vá! Porque se Eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se Eu for, enviá-Lo-ei. E quando Ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da Justiça e do Juízo. Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim." Jo 16,7-9
    Enfim, quando todo povo de Deus já estiver redimido, Jesus retornará para o premiar, pois a condenação dos ímpios, o Juízo Final não tomará muito tempo (2 Ts 2,8), e não é Seu objetivo (cf. 1 Tm 2,4) nem Sua principal obra (cf. Ap 7,10): "... assim Cristo uma vez só Se ofereceu para tomar sobre Si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, porém não em razão do pecado, mas para trazer a Salvação àqueles que O esperam." Hb 9,28
    De fato, se o Antigo Testamento apontava os pecados (cf. Rm 3,20), a manifestação do Salvador já possibilitou a fé, e por ela a Redenção, como a Carta de São Paulo aos Gálatas ensina: "... as Escrituras tudo encerram sob o império do pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo a promessa fosse dada àqueles que creem." Gl 3,22


O SACRIFÍCIO DE CRISTO

    O Apóstolo dos Gentios, pois, firmando-se nas profecias sobre o Messias (cf. Is 53,5), trata de assegurar-nos: "... Cristo morreu por nossos pecados, em conformidade as Escrituras..." 1 Cor 15,3
    E seus seguidores atestam que com pleno êxito Jesus concluiu o plano de Salvação, que o Pai Lhe ditou: "Por nossos pecados Jesus ofereceu um único sacrifício, e, logo em seguida, para sempre tomou lugar à direita de Deus... " Hb 10,12
    Seu Sacrifício, portanto, foi perfeito: "Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: Santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos Céus, que não tem necessidade, como outros sumos sacerdotes, de todos dias oferecer sacrifícios, primeiro pelos próprios pecados, depois pelos do povo. Pois isto fez de uma só vez para sempre, oferecendo a Si mesmo." Hb 7,26-27
    E ao estabelecer a Nova Aliança, Ele redime a humanidade por Seu Sangue e possibilita a Santa Misssa: "Porém, já veio o Messias, Sumo Sacerdote dos vindouros bens. E através de mais excelente e mais perfeito Tabernáculo, não construído por mãos humanas (isto é, não deste mundo), sem levar Consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com Seu próprio Sangue, de uma vez por todas entrou no Santuário, adquirindo-nos uma eterna Redenção. Porque se o sangue de carneiros e de touros, e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, quanto mais o Sangue de Cristo, que pelo Eterno Espírito Se ofereceu a Deus como vítima sem mácula, purificará nossa consciência das obras mortas para que prestemos culto a Deus Vivo." Hb 9,11-14
    Essa era uma antiga promessa, feita por Deus no Livro do Profeta Jeremias: "Dias hão de vir, Oráculo do Senhor, em que firmarei Nova Aliança com as casas de Israel e de Judá. ... pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados...." Jr 31,31-34
    E como a Carta de São Paulo aos Romanos explicou, essa promessa cumpriu-se através de Jesus, o Ressuscitado: "... porque cremos n'Aquele que dos mortos ressuscitou Jesus, Nosso Senhor, o Qual foi entregue por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação." Rm 4,24-25
    Assim, pela obediência e pela Ressurreição de Cristo, o pecado e a morte foram vencidos: "Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo gênero humano, porque todos pecaram. Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, e pela obediência de Um só todos se tornarão justos." Rm 5,12.19
    Pois a absoluta Graça de Cristo leva à Vida Eterna, concluindo o que o Antigo Testamento iniciou: "Sobreveio a Lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a Graça. Assim como o pecado reinou para a morte, a Graça também reinaria pela Justiça para a Vida Eterna, por meio de Jesus Cristo, Nosso Senhor." Rm 5,20-21
    Com efeito, a Carta de São Paulo aos Efésios vai repetir esse argumento: "Nesse Filho, por Seu Sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas de Sua Graça..." Ef 1,7
    E assim ele celebra o dia de Pentecostes, contrapondo a Antiga e a Nova Aliança: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a Justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rm 8,2-4
    Por isso, exorta: "Não reine, pois, o pecado em vosso corpo mortal, de modo que obedeçais a seus apetites. Nem ofereçais vossos membros ao pecado, como instrumentos do Mal. Oferecei-vos a Deus, como vivos, salvos da morte, para que vossos membros sejam instrumentos do bem, a Seu serviço." Rm 6,12-13
    E garantiu: "O pecado já não vos dominará, porque agora não estais mais sob a Lei, e sim sob a Graça. Mas agora, libertos do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santidade, e o termo é a Vida Eterna. Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a Vida Eterna em Cristo Jesus, Nosso Senhor." Rm 6,14.22-23
    Para tanto, assegurando-nos do amor de Deus, o Amado Discípulo estimula que recorramos ao Sacramento da Penitência: "Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a Verdade não está em nós. Se reconhecemos nossos pecados, Deus aí está fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda iniquidade." 1 Jo 1,8-9
    A Primeira Carta de São Pedro também argumenta nesse sentido: "Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, também vos armai deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne, rompeu com o pecado..." 1 Pd 4,1


COMUNHÃO COM DEUS

    E como só uma verdadeira purificação, através do verdadeiro amor, pode efetivamente honrar o Sangue de Cristo, São João Evangelista diz da razão da anunciação da Boa Nova, que é a obra da Santa Igreja: "... o que vimos e ouvimos, nós anunciamo-vos para que vós também tenhais Comunhão conosco. Ora, nossa Comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo. Se, porém, andamos na Luz como Ele mesmo está na Luz, temos recíproca Comunhão, uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, purifica-nos de todo pecado." 1 Jo 1,3.7
    São Pedro, portanto, ensinou a importância do amor para nos unir a Deus, citando o Livro de Provérbios: "Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão dos pecados. (Pr 10,12)" 1 Pd 4,8
    Ora, a verdadeira caridade expressa-se no cuidado ao próximo visando sua Salvação, por dedicação e paciência como São Tiago Menor prega: "... aquele que fizer um pecador retroceder de seu erro, salvará sua alma da morte e fará desaparecer uma multidão de pecados." Tg 5,20
    Por fim, e uma vez em dia com os Sacramentos, os seguidores de São Paulo convidam-nos a definitivamente abraçar o projeto do Cristo: "... acheguemo-nos a Ele com sincero coração, com plena firmeza da fé, o mais íntimo da alma isento de toda mácula de pecado e o corpo lavado com a purificadora Água do Batismo." Hb 10,22
    E Davi celebra: "Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades foram perdoadas e cujos pecados foram cobertos! Bem-aventurado o homem ao qual o Senhor não imputou seu pecado." Sl 31,1-2

    "Glória e louvor ao Pai, que em Cristo nos reconciliou!"