domingo, 31 de dezembro de 2023

Santa Catarina Labouré


    Freira vicentina, foi agraciada com cinco aparições da Virgem Maria, que aconteceram entre julho e dezembro de 1830, sendo a mais importante a de 27 de novembro, quando ela se apresentou como Nossa Senhora das Graças e mandou cunhar a medalha milagrosa, pela qual tem derramado grandes bênçãos aos que se mostram fiéis usuários.
    Zoe de Labouré, seu nome de Batismo, nasceu em 1806. Família de onze filhos, ainda criança se tornou órfã de mãe e, por inspiração do Espírito de Deus, adotou Nossa Senhora. Aos 18 anos pediu ao pai para ser freira, mas ele não lhe permitiu, alegando que precisava de ajuda para criar seus irmãos. Aos 23 anos, após todos criados, ela voltou a insistir com o pai por sua vocação religiosa, e em abril de 1830, ao obter seu consentimento, entrou para a ordem fundada por São Vicente de Paulo, pois havia sonhado com ele, dizendo que Deus a queria trabalhando para ajudar os enfermos. Escolheu o nome de Catarina, e era exemplo de devoção e dedicação aos pacientes no hospital da congregação em Paris.
    As visões que tinha de São Vicente, porém, tornaram-se muito frequentes, e ela sentiu-se na obrigação de relatá-las ao confessor espiritual, que apenas lhe pedia que escrevesse todos detalhes. Então passou a ter visões de Jesus Eucarístico e, em seguida, de Cristo Rei, no início de junho do mesmo ano, o que deixou seu confessor em alerta.
    E na noite do dia 18 de julho de 1830, um anjo (seu Anjo da Guarda?) apareceu para conduzi-la à Capela do Convento, onde Nossa Mãe Celestial por ela esperava para uma aparição de mais de duas horas. Santa Catarina, ajoelhando-se aos seus pés e apoiando os braços ao seu colo, buscou os afagos daquela que havia adotado como mãe e recebeu a Consolação que todas almas anseiam. Mas também ouviu que Deus queria encarregar-lhe de uma difícil missão, e iria demandar toda sua , sem hesitação.
    

    Entretanto, de tão impressionada com aquela aparição, Santa Catarina resolveu nada dizer a pessoa alguma, nem mesmo a seu confessor. E comedidamente aguardou a indicação de sua missão, confiante nas palavras de Nossa Senhora que lhe havia garantido: "Terás a proteção de Deus e de São Vicente, e meus olhos sempre estarão sobre ti."
    Sua incumbência finalmente foi revelada quando a Mãe do Salvador lhe apareceu em 27 de novembro de 1830. Nossa Santa assim escreveu em diário:

    "A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé sobre um globo, com o semblante de uma Senhora de indizível beleza; de veste branca, manto azul, tinha as mãos elevadas até à cintura e sustentava um globo figurando o mundo, encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fitá-la. O radiante rosto de celestial claridade conservava os olhos elevados ao Céu, como para oferecer o globo a Deus. A Santíssima Virgem baixou para mim os olhos e disse-me no íntimo de meu coração:
    'Este globo que vês representa o mundo inteiro... e cada pessoa em particular... Eis o símbolo das Graças que derramo sobre as pessoas que pedem.'
    Desapareceu, então, o globo que tinha nas mãos e, como se estas já não pudessem com o peso das Graças, voltaram-se para a terra em amorosa atitude. Formou-se em volta da Santíssima Virgem um figura oval, na qual em letras de ouro se liam estas palavras que por cima cercavam a Senhora: 'Ó MARIA CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS.'
    Ouvi, então, uma voz que me dizia:
    'Faça cunhar uma medalha por este modelo. Todas pessoas que a trouxerem receberão grandes Graças, sobretudo se a trouxerem no pescoço. As Graças serão abundantes, especialmente para aqueles que a usarem com confiança.'
    Então se virou o quadro, e no verso apareceu a letra M, monograma de Maria, com uma cruz em cima, tendo um Terço na base; por baixo do M, os dois Corações, de Jesus e de Maria; o de Jesus, com uma coroa de espinhos e o de Maria atravessado por uma espada; uma coroa de doze estrelas contornava o quadro."

    Não era fácil tarefa. Onde cunharia medalhas? Quem a ajudaria? Seu confessor creria nela? E de imediato perguntou a Imaculada Virgem como poderia realizar sua missão, e ela simplesmente indicou-lhe o Padre Jean Marie Aladel.
    De fato, seu confessor ouviu-a com muita atenção, mas ainda passou dois anos observando seu comportamento para ter certeza de que se tratava de uma verdadeira aparição. Nesse período Santa Catarina manteve sua rotina, entregando-se com a costumeira dedicação às orações e ao trabalho, que, aliás, executou por 45 anos no mesmo hospital, desde que entrou no convento até o dia de sua morte em 1876, aos 70 anos.


    Uma vez cunhadas, através das medalhas realizavam-se muitíssimos milagres, que rapidamente as fizeram conhecidas e desejadas por toda população.
    Exceto ao confessor e a seu bispo, Santa Catarina nunca divulgou essas aparições. Elas fazem parte de uma importantíssima série que culminaria em Fátima, e inclui as Aparições de Quito, de Lourdes, de Salette e de Akita. De fato, a Santíssima Mãe avisou que se iniciavam 'difíceis tempos para a França e para o mundo', mas nossa Santa publicou-as apenas pouco antes de morrer, e por expressa autorização da própria Senhora Imaculada.
    Em 1947, Santa Catarina foi canonizada pelo Venerável Papa Pio XII, profícuo escritor e de heroicas virtudes.


    Ao ser beatificada em 1933, seu corpo foi exumado e encontrava-se absolutamente incorrupto, como ainda se vê em exposição na capela do convento, ao lado direito do Altar.


    Santa Catarina Labouré, rogai por nós!