Nasceu em 1575 na vila de Trawsfynydd, hoje no condado de Gwynedd, no nordeste do País de Gales, de família de nobres que haviam adotado o protestantismo pelas imposições do rei e do parlamento de Inglaterra. Era filho de Anna e John Roberts, um próspero fazendeiro descendente dos príncipes galeses. Sua casa e a igreja onde foi batizado, apesar do pequeno percentual de católicos e dos avanços da modernidade, resistem ao tempo.
Brilhante aluno, aos 18 anos foi estudar no Saint John's College, da Universidade de Oxford, e aos 23, Direito no Furnival's Inn em Londres. Mas numa viagem a Paris, no verão daquele ano, foi convertido por um amigo e religioso inglês, e logo em seguida muito bem recebido na Catedral de Notre Dame por um cônego. Acredita-se, porém, que ele já havia sido fortemente influenciado por um ex-monge beneditino cisterciense da Abadia de Cymer, nos arredores de Dolgellau, então capital do histórico condado de Merioneth, onde ficava sua vila. Este ex-monge havia-se tornado professor em Oxford quando o rei Henrique VIII proibiu o Catolicismo em Inglaterra, mandou fechar todos mosteiros e matou dezenas de milhares de 'traidores'.
De Paris foi enviado a Espanha, onde no final de 1598 foi admitido no seminário inglês de Santo Albano, em Valladolid, instituído para os refugiados. Em 1600, junto a outros ingleses, com o nome de Frei Juan de Mervinia professou votos de estabilidade e clausura na Ordem de São Bento, no mosteiro de São Martinho Pinário, cidade de San Tiago de Compostela. Entre os monges, era conhecido como Irmão João de Merioneth, uma referência ao condado de seu nascimento, que já havia sido um reino.
Ao completar os estudos na cidade de Salamanca, no ano de 1602, foi ordenado Sacerdote e, com autorização do Papa, a 26 de dezembro partiu acompanhado de outros monges beneditinos em missão a Inglaterra, onde entraram no abril seguinte. Aí ele foi nomeado vigário dos monges ingleses da congregação espanhola na missão, mas logo foram denunciados e presos. Contudo, com a ascensão do rei Jaime I, sob certo aspecto mais tolerante, conseguiu a libertação e junto a outros monges foi banido, partindo a França em 13 de maio.
Chegou a Douai, cidade no norte de França, a 24 de maio, e alguns meses mais tarde, ao saber da peste negra que assolava Londres, viu-se na obrigação de regressar e lá prestou grandes serviços à população, quando passou a ser muito querido, principalmente pelos mais pobres.
Como era o desejo de muitas famílias católicas de Inglaterra, que viviam a fé na clandestinidade, em 1604 São João Roberts tentou embarcar para Espanha levando quatro postulantes à vocação beneditina, entre eles William Scott, que viria a ser o Bem-Aventurado Maurus Scott. Mas foram todos denunciados e presos. Por não ter sido reconhecido como Sacerdote, porém, graças aos muitos serviços de enfermagem que havia prestado, nosso Santo foi apenas banido. Entretanto, muito convicto de sua missão, logo conseguiu retornar.
Com a suspensão das liberdades concedidas pelo rei, e sem poder disfarçar suas intensas atividades como Sacerdote, em 5 de novembro de 1605 foi preso mais uma vez, agora por um período de 7 meses na temida prisão de Gatehouse, em Westminster, Londres, até conseguir a conversão da pena em exílio, graças a intervenção de uma católica senhora, Luisa de Carvajal, que tinha forte influência na corte inglesa.
Esteve em Espanha e em seguida em França, onde na cidade de Douai, ao norte, fundou uma casa para os monges beneditinos ingleses que até então viviam em mosteiros espanhóis. Aí nascia a comunidade que em 1617 fundaria uma renomada Escola de Douai, à qual muitas famílias católicas inglesas enviariam seus filhos. E em 1814, depois de sua destruição pela ignóbil Revolução Francesa, essa comunidade construiria a abadia em homenagem a São Gregório Magno, em Downside, próximo à cidade de Bristol, no sudoeste de Inglaterra, após remissão real. Era o retorno oficial dos beneditinos a Grã-Bretanha, ao fim de longa demora e penosas tentativas, e o surgimento do lar que se tornaria sua principal referência nestas terras.
Esteve em Espanha e em seguida em França, onde na cidade de Douai, ao norte, fundou uma casa para os monges beneditinos ingleses que até então viviam em mosteiros espanhóis. Aí nascia a comunidade que em 1617 fundaria uma renomada Escola de Douai, à qual muitas famílias católicas inglesas enviariam seus filhos. E em 1814, depois de sua destruição pela ignóbil Revolução Francesa, essa comunidade construiria a abadia em homenagem a São Gregório Magno, em Downside, próximo à cidade de Bristol, no sudoeste de Inglaterra, após remissão real. Era o retorno oficial dos beneditinos a Grã-Bretanha, ao fim de longa demora e penosas tentativas, e o surgimento do lar que se tornaria sua principal referência nestas terras.
De alma fervorosamente piedosa, e também destemida, após 14 meses São João Roberts sentiu-se outra vez chamado a Inglaterra para zelar por suas abandonadas ovelhas. Mas sua fama crescia, assim como as perseguições, e acabou denunciado pelos espiões do rei, quando de novo vez foi preso na prisão de Westminster, de onde por milagre conseguiu fugir passados alguns meses.
Por sua coragem, secretamente manteve suas atividades sacerdotais mesmo em Londres, ministrando os Sacramentos aos perseverantes fiéis. Em maio de 1609, porém, aconteceu o previsível: foi levado à prisão de Newgate e recebeu sentença de execução. Todavia, graças a intervenção de Antonie de la Broderie, embaixador francês, conseguiu que a pena fosse trocada pela expulsão do reino inglês.
Mais uma vez esteve em Espanha e depois em Douai, onde trabalhou muito e fez a comunidade prosperar ainda mais. Entretanto, a exemplo de Jesus (cf. Lc 13,33) e de Seu amor por Jerusalém (cf. Lc 19,41), sabia que sua paixão haveria de ser cumprida em Inglaterra. E após de um ano de espera, guardando vívida lembrança de seu povo, novamente conseguiu retornar. Mas não teve muito tempo: em 2 de zembro de 1610 foi preso ao ser flagrado por um ex-padre, agora espião do rei, celebrando a Santa Missa numa casa. Como um troféu, e para intimidar católicos ocultos, levaram-no para Newgate com suas vestes litúrgicas. Na prisão, como sempre fazia, rezou por seus oponentes protestantes e pelo rei. Em julgamento a 5 de dezembro, instado a renegar a autoridade papal em troca de liberdade, recusou-se.
Cinco dias depois foi enforcado na 'Árvore de Tyburn', área rural próxima ao Hyde Park, em Londres, lugar de execução de criminosos e traidores condenados da cidade de Londres e do condado de Middlesex, incluindo muitos mártires católicos. Tinha 35 anos de idade. E como evidência da índole de quem o perseguia, teve seu corpo barbaramente eviscerado e esquartejado. Seu coração foi erguido pelo carrasco, que gritou: 'Eis o coração do traidor!' Mas ninguém respondeu 'Viva o rei!', como era de costume.
Antes de morrer, abençoou os ladrões que seriam enforcados naquele mesmo dia e beijou seu fiel amigo Padre Thomas Somers, condenado e executado com ele. Permitiram-lhe dizer umas últimas palavras à multidão, maioria de pobres, que em prantos acompanhava seu martírio. Ele pediu a Deus pelo rei, lamentou a heresia do protestantismo e gritou as palavras de Santo Agostinho: "Fora da Igreja não há Salvação."
Foi canonizado por São Paulo VI junto a Santo Ambrósio Barlow, enforcado em 1641, como um dos 40 mártires de Inglaterra e do País de Gales, representando todos católicos martirizados entre 1535 e 1679, durante a 'reforma' protestante.
E todos eles tiveram inspiração, sem dúvida, no fulgurante testemunho de São Tomás More, martirizado no início destas sangrentas e inumeráveis perseguições à Santa Igreja Católica que se deram em Inglaterra. Ou na própria corajosa e frutuosa missão do pioneiro Santo Agostinho da Cantuária, o 'Apóstolo dos Ingleses'.
Duas noite depois da execução, partes do corpo de São João Roberts foram recuperadas pelo Bem- Aventurado Maurus Scott, em companhia de outros monges, e levados para Douai. E aí, durante a Revolução Francesa suas relíquias foram profanadas e desapareceram. Salvaram-se apenas dois dedos, que mais tarde foram levados para a Abadia de São Gregório Magno, em Downside, onde uma magnífica capela é dedicada a Nossa Senhora.
















