Apesar de tudo que é divulgado, muitos e importantes detalhes da vida de Jesus acabam passando despercebidos. Por exemplo: Ele nem sempre foi tão sutil ao referir-Se à Sua passagem entre nós: "Bem-aventurado aquele para quem Eu não for ocasião de escândalo!" Mt 11,6
Aliás, foi incisivo ao falar em culto a Deus: "Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai, que O enviou." Jo 5,23b
Expressamente pediu, de fato, culto ao Seu Pascoal Sacrifício: "Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-O e deu-lhO, dizendo: 'Isto é Meu Corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de Mim." Lc 22,19
Por algumas vezes foi bem explícito, revelando-Se absoluto, ou seja, o próprio Deus: "... sem Mim, nada podeis fazer." Jo 15,5
Apresentou-Se como Aquele que por Si mesmo realizará a Ressurreição dos mortos, sem mencionar o Pai: "Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a Vida Eterna. E Eu ressuscitá-lo-ei no Último Dia." Jo 6,54
Perante aqueles que seriam os primeiros Apóstolos, Ele disse-Se a Porta do Céu, conforme o sonho de Jacó (Gn 28,17), logo após ser batizado por São João Batista: "E ajuntou: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.'" Jo 1,51
Prometeu total proteção às ovelhas sob Sua Graça: "... e ninguém as roubará de Minha mão." Jo 10,28b
São João Evangelista atesta: "De Sua plenitude, todos nós recebemos Graça sobre Graça. Pois a Lei foi dada por meio de Moisés. A Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo." Jo 1,17-18
Ele demonstrou Onisciência logo na primeira Páscoa em vida pública: "Mas Jesus mesmo não Se fiava neles, porque a todos conhecia. Ele não necessitava que dessem testemunho de homem algum, pois bem sabia o que havia no homem." Jo 2,24-25
Ao curar o homem da mão atrofiada: "Mas Jesus conhecia os pensamentos deles..." Lc 6,8
Ao curar o paralítico descido do telhado: "Pelo Seu Espírito, Jesus logo percebeu que eles assim pensavam e disse-lhes: 'Por que pensais essas coisas em vosso coração?'" Mc 2,8
Pouco antes de Sua Prisão, como os Apóstolos atestaram: "Agora sabemos que conheces todas coisas, e que não necessitas que alguém Te pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus." Jo 16,30
Ou ainda o poder de clarividência, como no primeiro encontro com São Bartolomeu: "Porque Eu te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Verás coisas maiores que esta!" Jo 1,50
Ora, Ele acalmou os ventos e o mar: "E Jesus perguntou: 'Por que este medo, gente de pouca fé?' Então, levantando-Se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria." Mt 8,26
Noutra ocasião, foi confundido com uma assombração: "Vendo Jesus caminhar sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram..." Mc 6,49
Provocou pavor entre os Apóstolos ao realizar a miraculosa pesca, um de seus primeiros sinais, como se viu na reação de São Pedro: "É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados, por causa da pesca que haviam feito." Lc 5,9
E mostrou-Se exigente, mesmo diante de uma árvore fora de estação: "No outro dia, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. De longe avistou uma figueira coberta de folhas, e foi ver se encontrava nela algum fruto. Aproximou-Se da árvore, mas só encontrou folhas pois não era tempo de figos. E disse à figueira: 'Jamais alguém coma fruto de ti!' E os discípulos ouviram esta maldição. No dia seguinte pela manhã, ao passarem junto da figueira, viram que ela secara até a raiz." Mc 11,12-14.20
Deu um significativo aviso aos que esperam um reino de vanglória: "O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós." Lc 17,20-21
Mas, por enquanto, Ele apenas prometeu que com o Pai viria morar na alma daqueles que O amam: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E Nós a ele viremos e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23
Falava mesmo de revelações exclusivamente pessoa a pessoa, como rezou ao Pai: "Manifestei Teu Nome aos homens que do mundo Me deste. Agora eles reconheceram que todas coisas que Me deste procedem de Ti." Jo 17,6a.7
E pela instauração da Igreja, Ele mesmo intensamente trabalhou: "Jesus percorria todas cidades e aldeias." Mt 9,35
Aliás, desde o início, quando começou a pregar ainda em Cafarnaum, para onde Se mudou ao sair de Nazaré: "Traziam-Lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os paralíticos, e Ele curava a todos." Mt 4,24b
Isso explica as multidões vindas de toda parte: "Sua fama espalhou-se por toda Síria. Grandes multidões acompanharam-nO da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e dos países do outro lado do Jordão." Mt 4,24a.25
Até usou de 'estranhos métodos' para operar curas: "Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos..." Mc 8,23
Um surdo mudo assim foi curado: "Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva." Mc 7,33
Como Deus no ato da Criação, também usou do barro: "Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lama com a saliva e com ela ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: 'Vai, lava-te na piscina de Siloé (palavra que significa Enviado)'. O cego foi, lavou-se e voltou vendo." Jo 9,6-7
D'Ele saia força: "Jesus imediatamente percebeu que d'Ele saíra uma força, e, voltando-Se para o povo, perguntou: 'Quem tocou minhas vestes?'" Mc 5,30
Menos em Nazaré, Sua própria terra: "Ali não pôde fazer milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E admirou-Se da incredulidade deles." Mc 6,5-6a
Ele cobrou caro das cidades onde realizou Seus sinais: "Depois Jesus começou a censurar as cidades onde tinha feito grande número de Seus milagres, por terem recusado arrepender-se: 'Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas ter-se-iam arrependido sob o cilício e a cinza. Por isso, digo-vos: no dia do Juízo haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! E tu, Cafarnaum, serás elevada até o Céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro de teus muros, subsistiria até este dia.'" Mt 11,20-23
Ele não renegava as tradições judaicas. Ao contrário, ao curar um leproso, mandou que ele seguisse os rituais prescritos por Moisés: "Ordenou-lhe Jesus que não o contasse a ninguém, dizendo-lhe, porém: 'Vai e mostra-te ao sacerdote! E pela tua purificação oferece o que Moisés prescreveu, para servir-lhes de testemunho.'" Lc 5,14
São José e Nossa Senhora, de fato, criaram-nO em perfeito cumprimento da Lei: "Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o Menino, foi-Lhe posto o Nome de Jesus, como Lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno." Lc 2,21
Ele reuniu-Se, inclusive, com o próprio Moisés e também Elias, o Profeta que foi arrebatado ao Céu, que ainda são tratados como as grandes colunas do judaísmo: "Apareceram-Lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus." Mc 9,4
E participava do culto nos sábados: "Em outro dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e ensinava." Lc 6,6
Até mesmo entre os fariseus, Seus maiores opositores, Ele fazia amigos: "Enquanto Jesus falava, pediu-Lhe um fariseu que fosse jantar em sua companhia." Lc 11,37
Alguns deles eram importantes figuras em Israel: "Jesus entrou num sábado em casa de um notável fariseu, para uma refeição. Eles observavam-nO." Lc 14,1
Um deles, além de muito importante, tornou-se Seu seguidor: "Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: 'Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele.'" Jo 3,1-2
Outro era um rico saduceu que fazia parte do Sinédrio, o qual, junto a Nicodemos, cuidou de sepultá-Lo: "... José de Arimateia, ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus. Ele foi resoluto à presença de Pilatos, e pediu o Corpo de Jesus." Mc 15,43
E foram religiosos que radicalmente se opunham aos judeus, apesar de Jesus ser judeu, o primeiro grande segmento social a reconhecê-Lo como o Cristo: "Assim, quando os samaritanos foram ter com Ele, pediram que ficasse com eles. Ali permaneceu Ele dois dias. Ainda muitos outros creram n'Ele por causa das Suas palavras. E diziam à mulher: 'Já não é por causa de tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser Este verdadeiramente o Salvador do mundo.'" Jo 4,40-42
Até fariseus zelavam por Sua vida: "No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: 'Sai e vai-Te daqui, porque Herodes quer matar-Te.'" Lc 13,31
Pois Ele sempre esteve em risco, desde os primeiros dias de Sua vida pública, quando voltou a Nazaré: "Levantaram-se e lançaram-nO fora da cidade. E conduziram-nO até o alto do monte sobre o qual estava construída Sua cidade, e queriam precipitá-Lo dali abaixo. Ele, porém, passou por entre eles e retirou-Se." Lc 4,29-30
Tempos mais tarde, Ele quase foi apedrejado numa Páscoa em Jerusalém: "A essas palavras, pegaram em pedras para atirar-Lhas. Jesus, porém, ocultou-Se e saiu do Templo." Jo 8,59
Parentes quiseram prendê-Lo, logo que Ele voltou a Galileia seguido de uma multidão: "Quando os Seus tomaram conhecimento disso, saíram para detê-Lo, pois diziam: "Ele enlouqueceu!" Mc 3,21
E antes de ser preso no Horto das Oliveiras, já haviam tentado prendê-Lo após ter oferecido Água Viva em Jerusalém, durante a Festa das Tendas: "Alguns deles queriam prendê-Lo, mas ninguém Lhe lançou as mãos. Voltaram os guardas para os príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: 'Por que não O trouxestes?' Os guardas responderam: 'Ninguém jamais falou como Este Homem!...'" Jo 7,44-46
Também durante a Festa da Dedicação, quando evocou Seus milagres como testemunho de Deus e de Sua Divindade: "'Se Eu não faço as obras de Meu Pai, não Me creiais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em Mim, crede em Minhas obras para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim e Eu no Pai.' Então procuraram prendê-Lo, mas Ele esquivou-Se de suas mãos." Jo 10,37-39
Ou ainda em Sua penúltima passagem por Jerusalém, quando Ele denunciou os chefes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, através da parábola dos vinhateiros: "Procuravam prendê-Lo, mas temiam o povo. Porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta parábola. E deixando-O, retiraram-se." Mc 12,12
VIDA ITINERANTE
Jesus começou a pregar quando voltou do deserto, logo após a prisão de São João Batista: "Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-Se a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus..." Mc 1,14
São Mateus registrou o mesmo, atestando que Ele já iniciou exigindo penitências, o primeiro Sacramento: "Quando, pois, Jesus ouviu que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. Desde então Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,12-17
Ora, desde Santo André e São João Evangelista, os discípulos de São João Batista sempre mantiveram estreitas relações com Jesus, como se vê após sua decapitação por Herodes: "Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e enterraram-no. Depois foram dar a notícia a Jesus." Mt 14,12
O Divino Mestre ainda era considerado muito novo para ser um Profeta: "Quando Jesus começou Seu Ministério, tinha cerca de trinta anos..." Lc 3,23
Logo que saiu de Sua terra natal, Ele tomou Cafarnaum como base: "Deixando a cidade de Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, à margem do lago, nos confins de Zabulon e Neftali..." Mt 4,13
E desde então já era acompanhado por São Tiago Menor e São Judas Tadeu, chamados de 'Seus irmãos' e que viriam a ser Seus Apóstolos, além da Santíssima Virgem, que sempre esteve ao Seu lado: "Depois disso, desceu para Cafarnaum, com Sua mãe, Seus irmãos e Seus discípulos. E ali só demoraram poucos dias." Jo 2,12
Aí Ele passou a morar na casa de São Pedro: "Entrou Jesus em Cafarnaum. Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre." Mt 8,5.14
E a população local bem sabia disso: "Alguns dias depois, Jesus novamente entrou em Cafarnaum, e souberam que Ele estava em casa." Mc 2,1
São Mateus chega a ser bem explícito quanto à Sua nova morada: "Jesus de novo tomou a barca, passou o lago e veio à Sua cidade." Mt 9,1
Mas, na Verdade, após iniciar Sua vida pública nunca mais teria uma casa: "Respondeu Jesus: 'As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.'" Mt 8,20
Logo teve que Se ausentar das cidades, por Seu poder de curar e exorcizar: "Ele retirou-Se dali, pregando em todas sinagogas e por toda Galileia expulsando os demônios. Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-Se fora, em despovoados lugares. E de toda parte vinham ter com Ele." Mc 1,45
Pregou até em cima da barca de São Pedro: "Jesus novamente pôs-Se a ensinar, à beira do mar, e junto a Ele aglomerou-se tão grande multidão que Ele teve de entrar numa barca, no mar, e toda multidão ficou em terra, na praia." Mc 4,1
E por toda parte era uma vida realmente muito intensa: "Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. Assim que saíram da barca, o povo reconheceu-O. Percorrendo toda aquela região, em leitos começaram a levar os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que Ele Se encontrava. Onde quer que Ele entrasse, fosse nas aldeias, nos povoados ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-Lhe que ao menos os deixassem tocar na orla de Suas vestes. E todos que tocavam em Jesus ficavam sãos." Mc 6,53-56
Mesmo em cidades reconhecidamente pagãs: "Em seguida, deixando aquele lugar foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, pois uma mulher cuja filha possuía um imundo espírito, logo que soube que Ele ali estava, entrou e caiu a Seus pés." Mc 7,24-25
Esteve ao extremo norte de Israel, nas proximidades do Monte Hermon, nascentes do Jordão, onde foi identificado por São Pedro como o Cristo: "Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a Seus discípulos: 'No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?'" Mt 16,13
Foi para os mais isolados lugares, como no episódio da multiplicação dos pães e peixes: "Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-Lhe: 'Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num deserto lugar.'" Lc 9,12
E mesmo assim as multidões não O abandonavam: "Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer. Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho. E alguns deles vieram de longe!" Mc 8,2-3
Ele, no entanto, evitava que o povo se antecipasse à vontade do Pai, e tanto quanto pôde permaneceu nos ermos até chegar Sua hora: "Jesus, percebendo que queriam arrebatá-Lo e fazê-Lo rei, tornou a retirar-Se sozinho para o monte." Jo 6,15
Ora, as multidões assediavam-nO de modo a não poder andar, como quando partiu para curar a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum: "Jesus foi com ele e grande multidão seguia-O, comprimindo-O." Mc 5,24
Ele e os Apóstolos ficavam até mesmo sem comer, como aconteceu após a convocação dos Doze: "Em seguida , dirigiram-se a uma casa. De novo afluiu aí tanta gente, que nem podiam tomar alimento." Mc 3,20
Por isso, a solução era os ermos: "Ele disse-lhes: 'Vinde à parte, para algum deserto lugar, e descansai um pouco.' Porque eram muitos os que iam e vinham, e nem tinham tempo para comer." Mc 6,31
Chegavam a comer crus grãos de trigo: "Jesus atravessava os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las." Mt 12,1
Pois os Apóstolos também já trabalhavam intensamente: "Então os discípulos perguntaram-Lhe em particular: 'Por que não pudemos nós expulsar este demônio?'" Mt 17,19
E batizavam no mesmo modo que João Batista: "Se bem que não era Jesus quem batizava, mas Seus discípulos." Jo 4,2
E como nos 40 dias no deserto, Ele também fazia jejum: "Entretanto, os discípulos pediam-Lhe: 'Mestre, come.' Mas Ele disse-lhes: 'Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.' Os discípulos perguntavam uns aos outros: 'Alguém Lhe teria trazido de comer?' Disse-lhes Jesus: 'Meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou, e cumprir Sua obra.'" Jo 4,31-34
Improvisava dormidas nos mais inusitados lugares, como dentro da barca de São Pedro: "Jesus achava-Se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-nO e disseram-Lhe: 'Mestre, não Te importa que pereçamos?'" Mc 4,38
Em algumas regiões, porém, por causa do frio, Ele tentava não ficar ao relento: "Enviou diante de Si mensageiros que, tendo partido, entraram em uma povoação dos samaritanos para arranjar-Lhe pousada. Mas não O receberam, por Ele dar mostras de que ia para Jerusalém." Lc 9,52-53
E ao instituir o Santíssimo Sacramento, quis um solene rito, em adequado local: "Jesus enviou Pedro e João, dizendo: 'Ide e preparai-nos a Ceia da Páscoa.'" Lc 22,8
Realmente era muito especial momento: "Chegada que foi a hora, Jesus pôs-Se à mesa e com Ele os Apóstolos. Disse-lhes: 'Ardentemente tenho desejado convosco comer esta Páscoa, antes de sofrer. Pois digo-vos: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.'" Lc 22,14-16
Mas, na mesma noite, retirou-Se para dormir no Getsêmani, como era de Seu costume quando estava em Jerusalém: "Durante o dia, Jesus ensinava no Templo, e à tarde saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras." Lc 21,37
Entre o grupo que mais de perto O seguia também iam mulheres, como registrou São Mateus a cena de Sua Crucificação: "Ali também havia algumas mulheres que de longe olhavam. Tinham seguido Jesus desde a Galileia, para servi-Lo." Mt 27,55
Algumas delas muito ricas, esposas de altos funcionários romanos: "Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana e muitas outras, que O assistiram com suas posses." Lc 8,3
Os ermos igualmente eram usados em Suas práticas de oração, como desde o segundo dia na casa de São Pedro, ainda em Cafarnaum: "De manhã, tendo-Se levantado muito antes do amanhecer, Ele saiu e foi para um deserto lugar, e ali Se pôs em oração." Mc 1,35
Ou para esconder-Se dos judeus após ressuscitar São Lázaro, pouco antes de Sua última entrada em Jerusalém: "E desde aquele momento resolveram tirar-Lhe a vida. Em consequência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-Se para uma região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali Se detinha com Seus discípulos." Jo 11,53-54
E antes de escolher os Apóstolos, com o Pai ficou completamente a sós durante uma noite: "Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e passou aí toda noite orando a Deus." Lc 6,12
Quando podia, dava-Se à contemplação: "Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. Era inverno. Jesus passeava no Templo, no pórtico de Salomão." Jo 10,22-23
Assim foi em Seus últimos dias, quando profetizou a destruição de Jerusalém: "E estando sentado no monte das Oliveiras, defronte do Templo..." Mc 13,3a
Mesmo entre os Doze, Ele fazia-Se cercar de um pequeno grupo que Lhe era mais íntimo, como na ocasião em que ressuscitou a filha de Jairo: "Quando Jesus chegou à casa, não deixou ninguém entrar com Ele, senão Pedro, Tiago e João, com o pai e a mãe da menina." Lc 8,51
O que eles viam, porém, não puderam dizer a ninguém antes de Sua Ressurreição: "Jesus ordenou-lhes que a pessoa alguma contassem o que se tinha passado." Lc 8,56b
Assim também foi em momento de suma importância, quando de Sua Transfiguração, no sexto dia após ser reconhecido como o Cristo: "Seis dias depois, Consigo Jesus tomou Pedro, Tiago e João, seu irmão, e à parte conduziu-os a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Ele. E quando desciam, Jesus fez-lhes esta proibição: 'A ninguém conteis o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.'" Mt 17,1-3.9
E este mesmo grupo estava junto a Ele pouco antes de ser preso: "Foram em seguida para o lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a Seus discípulos: 'Sentai-vos aqui, enquanto vou orar.' Consigo levou Pedro, Tiago e João, e começou a ter pavor e a angustiar-Se." Mc 14,32-33
Ele, porém, não os prendia arbitrariamente a Si, e, pela estranheza que causou ao oferecer Seu Corpo e Seu Sangue como alimento da Salvação, chegou mesmo a dar-lhes liberdade para que partissem: "Então Jesus perguntou aos Doze: 'Quereis vós também retirar-vos?'" Jo 6,67
SUA MISSÃO
Contudo, falando a mais humilde gente, ao máximo Jesus procurou simplificar Sua mensagem: "Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que Ele lhes anunciava a Palavra, conforme eram capazes de compreender." Mc 4,33
Também as usou para 'peneirar' a multidão: "Eis porque lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo Profeta Isaías: 'Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis! Porque o coração deste povo se endureceu: taparam seus ouvidos e fecharam seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda. Para que não se convertam, e assim Eu os cure (Is 6,9s).'" Mt 13,13-15
A outros, como os religiosos de Jerusalém, Ele simplesmente denunciava: "Por que não compreendeis Minha linguagem? É porque não podeis ouvir Minha Palavra. Vós tendes como pai o Demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio, e não permaneceu na Verdade porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." Jo 8,43-44
Os Apóstolos, entretanto, recebiam especial atenção: "E não lhes falava, a não ser em parábolas. A sós, porém, tudo explicava a Seus discípulos." Mc 4,34
E a despeito da grande responsabilidade que lhes caberia, eram de fato grandes privilegiados, como Ele mesmo afirmou: "Mas quanto a vós, bem-aventurados vossos olhos porque vêem! Ditosos vossos ouvidos porque ouvem! Eu declaro-vos, em Verdade: muitos Profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram." Mt 13,16-17
Para melhor fazer-Se entender, Jesus chegou a essa síntese: "A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou." Jo 6,29
Abertamente prescreveu o ritual da Eucaristia, o Santíssimo Sacramento: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis a Vida em vós mesmos." Jo 6,53
E os discípulos, respondendo a Seu chamado, obedeciam-nO ministrando os Sacramentos, como a Unção dos Enfermos: "Expeliam numerosos demônios, ungiam com Óleo a muitos enfermos e curavam-nos." Mc 6,13
Entre eles, claro, a Confissão: "Eles partiram e pregaram a penitência." Mc 6,12
Diante dos que Lhe provocavam, Jesus reagia com serenidade: "Os escribas e os fariseus trouxeram-Lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: 'Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na Lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes Tu a isso?' Perguntavam-Lhe isso a fim de pô-Lo à prova e poderem acusá-Lo. Jesus, porém, inclinou-Se para a frente e com o dedo escrevia na terra." Jo 8,3-6
E dizia qual a inspiração de Seus atos: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: o Filho de Si mesmo não pode fazer coisa alguma. Ele só faz o que vê fazer o Pai. E tudo que o Pai faz, semelhantemente faz o Filho." Jo 5,19
A todos avisou de Sua partida, deixando evidente Sua divina natureza: "Eu vou-Me, e vós procurá-Me-eis e morrereis em vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir." Jo 8,21
Usou, então, de total clareza: "Ele disse-lhes: 'Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo.'" Jo 8,23
Advertiu que Sua passagem entre nós não restaria indiferente: "Por isso, disse-vos: morrereis em vosso pecado. Porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,24
E assim explicou uma das atribuições do Espírito Santo: "Ele convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim." Jo 16,9
Perante São Filipe e os demais Apóstolos, ainda mais claramente declarou-Se Deus: "Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: 'Mostra-nos o Pai...'?" Jo 14,9
A Verdade, no entanto, é que nem sempre eles O entendiam, mesmo quando reservava algum tempo para ensinar-lhes: "Naquele tempo, Jesus e Seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, pois estava ensinando a Seus discípulos. E dizia-lhes: 'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles matá-Lo-ão. Mas três dias após Sua morte, Ele ressuscitará.' Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar." Mc 9,30-32
A percepção do Cristo como o Servo Sofredor, pois, foi uma dificuldade para os Apóstolos mesmo nos últimos diálogos, e só com Sua Ressurreição seria esclarecida: "Nisso, alguns de Seus discípulos perguntavam uns aos outros: 'Que é isso que Ele nos diz: Ainda um pouco de tempo, e não Me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e tornareis a ver-Me? E que significa também: Eu vou para o Pai?' Diziam então: 'Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que Ele quer dizer.'" Jo 16,17-18
O mesmo deu-se quando falou do celibato que Seus Sacerdotes adotariam: "Seus discípulos disseram-Lhe: 'Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, melhor é não se casar!' Respondeu Ele: 'Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda.'" Mt 19,10-12
Em tocante humildade, também aos Apóstolos pediu que n'Ele acreditassem ao menos pelas obras que realizava: "Crede-Me: estou no Pai, e o Pai em Mim. Crede-o ao menos por causa destas obras." Jo 14,11
Revelou-Se muito humano ao chorar junto a Santa Marta e aos judeus, pela morte do amigo São Lázaro: "Ao vê-la assim chorar, como também todos judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E sob o impulso de profunda emoção... Jesus pôs-Se a chorar." Jo 11,33-35
Por fim, também chorou ao lamentar a cegueira espiritual que predominava na Cidade Santa: "Aproximando-Se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela, dizendo: 'Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses Aquele que pode trazer-te a Paz!..." Lc 19,41,42
Os peregrinos que iam a Jerusalém para a Páscoa, no entanto, calorosamente receberam-nO como ao próprio Messias: "Então a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada. E toda aquela multidão, que O precedia e que O seguia, clamava: 'Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em Nome do Senhor! Hosana no mais alto dos Céus!' Quando Ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda cidade, perguntando: 'Quem é Este?' A multidão respondia: 'É Jesus, o Profeta de Nazaré da Galileia.'" Mt 21,8-11
De fato, foram os habitantes de Jerusalém que pediram Sua Crucificação quando Pilatos pediu que escolhessem entre Jesus e Barrabás. São Paulo explicou em Antioquia da Pisídia: "Com efeito, os habitantes de Jerusalém e seus magistrados não conheceram Jesus, e, sentenciando-O, cumpriram os Oráculos dos Profetas que cada sábado são lidos. Embora n'Ele não achassem culpa alguma de morte, pediram a Pilatos que Lhe tirasse a vida." At 13,27-28
SUA PAIXÃO
Dando mostra da importância, e da urgência, da Salvação, Jesus viveu Seus últimos dias ensinando ao povo: "Durante o dia Jesus ensinava no Templo, e à tarde saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras. E toda gente ia de manhã cedo ter com Ele no Templo, para ouvi-Lo." Lc 21,37-38
Até já Se havia revelado Deus em público, quando na Festa das Tendas prometeu derramar o Espírito Santo sobre a humanidade: "No último dia, que é o principal dia de Festa, estava Jesus de pé e clamava: 'Se alguém tiver sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de Água Viva (Zc 14,8; Is 58,11).' Dizia isso referindo-Se ao Espírito que haviam de receber os que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,37-39
São Marcos deixou um registro de que Jesus e os Apóstolos cantavam os Salmos, como fizeram após a Santa Ceia: "Terminado o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras." Mc 14,26
E durante Sua agonia no Horto das Oliveiras, sabemos que Ele foi consolado por um anjo: "Apareceu-Lhe, então, um anjo do Céu para confortá-Lo. Ele entrou em agonia e ainda com mais instância rezava, e Seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra." Lc 22,43-44
Porém, enfrentou Seus algozes com destemor, exigindo a liberdade dos Apóstolos no momento em que vieram prendê-Lo: "Como Jesus soubesse tudo que havia de acontecer-Lhe, adiantou-Se e perguntou-lhes: 'A quem buscais?' Responderam: 'A Jesus de Nazaré'. 'Sou Eu', disse-lhes. (Também Judas, o traidor, estava com eles.) Quando lhes disse 'Sou Eu', recuaram e caíram por terra. Perguntou-lhes Ele, pela segunda vez: 'A quem buscais?' Disseram: 'A Jesus de Nazaré.' Replicou Jesus: 'Já vos disse que Sou Eu. Se é, pois, a Mim que buscais, deixai partir estes.'" Jo 18,4-7
E não permitiu que eles interferissem naquela que era a vontade do Pai, repreendendo São Pedro pela reação armada: "Jesus, no entanto, disse-lhe: 'Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar Meu Pai, e Ele de imediato não Me enviaria mais de doze legiões de anjos?'" Mt 26,52-53
Até a mulher de Pilatos, Santa Cláudia, sonhou com Jesus na noite de Sua Paixão: "Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: 'Nada faças a Este Justo. Hoje fui atormentada por um sonho que Lhe diz respeito.'" Mt 27,19
Jesus, entretanto, seguia destemido, francamente declarando a Pilatos qual era Sua Missão: "'Meu Reino não é deste mundo.' Então Lhe perguntou Pilatos: 'És, portanto, Rei?' Respondeu Jesus: 'Sim, Eu Sou Rei. É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz." Jo 18,36-37
Pilatos viu-se numa incômoda situação, porque, querendo libertá-Lo, não podia contrariar os líderes religiosos. Mas Jesus insistia no cumprimento da vontade do Pai: "Falou-lhes Pilatos: 'Tomai-O vós e crucificai-O, pois n'Ele não acho culpa alguma.' Responderam-lhe os judeus: 'Nós temos uma Lei, e segundo essa Lei deve Ele morrer, porque Se declarou Filho de Deus.' Estas palavras impressionaram Pilatos. Novamente entrou no pretório e perguntou a Jesus: 'De onde és Tu?' Mas Jesus não lhe respondeu. Pilatos então Lhe disse: 'Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para soltar-Te ou para crucificar-Te?' Respondeu Jesus: 'Não terias poder algum sobre Mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado.' Desde então Pilatos procurava soltá-Lo. Mas os judeus gritavam: 'Se O soltares, não és amigo do imperador, porque todo aquele que se faz rei, declara-se contra o imperador.'" Jo 19,6-12
Ele tentou libertá-Lo ainda mais uma vez, falando ao povo e outra vez oferecendo Barrabás para ser punido: "Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo..." Lc 23,20
Enfim, o linho que viria a ser a Santa Síndone, também chamada de Santo Sudário, ainda hoje guardada pela Igreja, foi comprada por São José de Arimateia: "Depois de ter comprado um pano de linho, José tirou-O da Cruz, envolveu-O no pano e depositou-O num sepulcro escavado na rocha, rolando uma pedra para fechar a entrada." Mc 15,49
São João Evangelista deu este testemunho, registrando que a Santa Síndone estava no túmulo vazio após a Ressurreição: "Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e ali viu os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Também viu o Sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então também entrou o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu." Jo 20,4-8
E em Corpo Glorioso, ao apresentar-Se ressuscitado pela primeira vez aos Apóstolos, Jesus causou-lhes enorme espanto: "Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-Se em meio a eles e disse-lhes: 'A Paz esteja convosco!' Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito." Lc 24,36-37
Uma prova da veracidade destes fatos é que os próprios Apóstolos deixaram registradas nos Evangelhos suas vacilações, mesmo tendo sido várias vezes avisados de que Ele iria ressuscitar. Um deles foi São Tomé, que teve sua incredulidade perpetuada numa frase que ouviu de Jesus na segunda aparição ao colégio dos Apóstolos: "Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé." Jo 20,27
Nosso Salvador também disse algo parecido aos demais Apóstolos, ainda na primeira aparição, e comeu diante deles para que acreditassem na ressurreição de Sua Carne: "'Vede Minhas Mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.' E dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas ainda vacilando eles, e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?' Então Lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles." Lc 24,39-43
"Toda vez que se come deste Pão, toda vez que se bebe deste Vinho, recorda-se a Paixão de Jesus Cristo e fica-se esperando Sua Volta!"
Como Deus no ato da Criação, também usou do barro: "Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lama com a saliva e com ela ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: 'Vai, lava-te na piscina de Siloé (palavra que significa Enviado)'. O cego foi, lavou-se e voltou vendo." Jo 9,6-7
D'Ele saia força: "Jesus imediatamente percebeu que d'Ele saíra uma força, e, voltando-Se para o povo, perguntou: 'Quem tocou minhas vestes?'" Mc 5,30
Menos em Nazaré, Sua própria terra: "Ali não pôde fazer milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E admirou-Se da incredulidade deles." Mc 6,5-6a
Ele cobrou caro das cidades onde realizou Seus sinais: "Depois Jesus começou a censurar as cidades onde tinha feito grande número de Seus milagres, por terem recusado arrepender-se: 'Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas ter-se-iam arrependido sob o cilício e a cinza. Por isso, digo-vos: no dia do Juízo haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós! E tu, Cafarnaum, serás elevada até o Céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro de teus muros, subsistiria até este dia.'" Mt 11,20-23
Ele não renegava as tradições judaicas. Ao contrário, ao curar um leproso, mandou que ele seguisse os rituais prescritos por Moisés: "Ordenou-lhe Jesus que não o contasse a ninguém, dizendo-lhe, porém: 'Vai e mostra-te ao sacerdote! E pela tua purificação oferece o que Moisés prescreveu, para servir-lhes de testemunho.'" Lc 5,14
São José e Nossa Senhora, de fato, criaram-nO em perfeito cumprimento da Lei: "Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o Menino, foi-Lhe posto o Nome de Jesus, como Lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno." Lc 2,21
Ele reuniu-Se, inclusive, com o próprio Moisés e também Elias, o Profeta que foi arrebatado ao Céu, que ainda são tratados como as grandes colunas do judaísmo: "Apareceram-Lhes Elias e Moisés, e falavam com Jesus." Mc 9,4
E participava do culto nos sábados: "Em outro dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e ensinava." Lc 6,6
Até mesmo entre os fariseus, Seus maiores opositores, Ele fazia amigos: "Enquanto Jesus falava, pediu-Lhe um fariseu que fosse jantar em sua companhia." Lc 11,37
Alguns deles eram importantes figuras em Israel: "Jesus entrou num sábado em casa de um notável fariseu, para uma refeição. Eles observavam-nO." Lc 14,1
Um deles, além de muito importante, tornou-se Seu seguidor: "Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: 'Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele.'" Jo 3,1-2
Outro era um rico saduceu que fazia parte do Sinédrio, o qual, junto a Nicodemos, cuidou de sepultá-Lo: "... José de Arimateia, ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus. Ele foi resoluto à presença de Pilatos, e pediu o Corpo de Jesus." Mc 15,43
E foram religiosos que radicalmente se opunham aos judeus, apesar de Jesus ser judeu, o primeiro grande segmento social a reconhecê-Lo como o Cristo: "Assim, quando os samaritanos foram ter com Ele, pediram que ficasse com eles. Ali permaneceu Ele dois dias. Ainda muitos outros creram n'Ele por causa das Suas palavras. E diziam à mulher: 'Já não é por causa de tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser Este verdadeiramente o Salvador do mundo.'" Jo 4,40-42
Até fariseus zelavam por Sua vida: "No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: 'Sai e vai-Te daqui, porque Herodes quer matar-Te.'" Lc 13,31
Pois Ele sempre esteve em risco, desde os primeiros dias de Sua vida pública, quando voltou a Nazaré: "Levantaram-se e lançaram-nO fora da cidade. E conduziram-nO até o alto do monte sobre o qual estava construída Sua cidade, e queriam precipitá-Lo dali abaixo. Ele, porém, passou por entre eles e retirou-Se." Lc 4,29-30
Tempos mais tarde, Ele quase foi apedrejado numa Páscoa em Jerusalém: "A essas palavras, pegaram em pedras para atirar-Lhas. Jesus, porém, ocultou-Se e saiu do Templo." Jo 8,59
Parentes quiseram prendê-Lo, logo que Ele voltou a Galileia seguido de uma multidão: "Quando os Seus tomaram conhecimento disso, saíram para detê-Lo, pois diziam: "Ele enlouqueceu!" Mc 3,21
E antes de ser preso no Horto das Oliveiras, já haviam tentado prendê-Lo após ter oferecido Água Viva em Jerusalém, durante a Festa das Tendas: "Alguns deles queriam prendê-Lo, mas ninguém Lhe lançou as mãos. Voltaram os guardas para os príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: 'Por que não O trouxestes?' Os guardas responderam: 'Ninguém jamais falou como Este Homem!...'" Jo 7,44-46
Também durante a Festa da Dedicação, quando evocou Seus milagres como testemunho de Deus e de Sua Divindade: "'Se Eu não faço as obras de Meu Pai, não Me creiais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em Mim, crede em Minhas obras para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim e Eu no Pai.' Então procuraram prendê-Lo, mas Ele esquivou-Se de suas mãos." Jo 10,37-39
Ou ainda em Sua penúltima passagem por Jerusalém, quando Ele denunciou os chefes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, através da parábola dos vinhateiros: "Procuravam prendê-Lo, mas temiam o povo. Porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta parábola. E deixando-O, retiraram-se." Mc 12,12
VIDA ITINERANTE
Jesus começou a pregar quando voltou do deserto, logo após a prisão de São João Batista: "Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-Se a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus..." Mc 1,14
São Mateus registrou o mesmo, atestando que Ele já iniciou exigindo penitências, o primeiro Sacramento: "Quando, pois, Jesus ouviu que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. Desde então Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,12-17
Ora, desde Santo André e São João Evangelista, os discípulos de São João Batista sempre mantiveram estreitas relações com Jesus, como se vê após sua decapitação por Herodes: "Vieram, então, os discípulos de João transladar seu corpo, e enterraram-no. Depois foram dar a notícia a Jesus." Mt 14,12
O Divino Mestre ainda era considerado muito novo para ser um Profeta: "Quando Jesus começou Seu Ministério, tinha cerca de trinta anos..." Lc 3,23
Logo que saiu de Sua terra natal, Ele tomou Cafarnaum como base: "Deixando a cidade de Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, à margem do lago, nos confins de Zabulon e Neftali..." Mt 4,13
E desde então já era acompanhado por São Tiago Menor e São Judas Tadeu, chamados de 'Seus irmãos' e que viriam a ser Seus Apóstolos, além da Santíssima Virgem, que sempre esteve ao Seu lado: "Depois disso, desceu para Cafarnaum, com Sua mãe, Seus irmãos e Seus discípulos. E ali só demoraram poucos dias." Jo 2,12
Aí Ele passou a morar na casa de São Pedro: "Entrou Jesus em Cafarnaum. Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre." Mt 8,5.14
E a população local bem sabia disso: "Alguns dias depois, Jesus novamente entrou em Cafarnaum, e souberam que Ele estava em casa." Mc 2,1
São Mateus chega a ser bem explícito quanto à Sua nova morada: "Jesus de novo tomou a barca, passou o lago e veio à Sua cidade." Mt 9,1
Mas, na Verdade, após iniciar Sua vida pública nunca mais teria uma casa: "Respondeu Jesus: 'As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.'" Mt 8,20
Logo teve que Se ausentar das cidades, por Seu poder de curar e exorcizar: "Ele retirou-Se dali, pregando em todas sinagogas e por toda Galileia expulsando os demônios. Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-Se fora, em despovoados lugares. E de toda parte vinham ter com Ele." Mc 1,45
Pregou até em cima da barca de São Pedro: "Jesus novamente pôs-Se a ensinar, à beira do mar, e junto a Ele aglomerou-se tão grande multidão que Ele teve de entrar numa barca, no mar, e toda multidão ficou em terra, na praia." Mc 4,1
E por toda parte era uma vida realmente muito intensa: "Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. Assim que saíram da barca, o povo reconheceu-O. Percorrendo toda aquela região, em leitos começaram a levar os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que Ele Se encontrava. Onde quer que Ele entrasse, fosse nas aldeias, nos povoados ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-Lhe que ao menos os deixassem tocar na orla de Suas vestes. E todos que tocavam em Jesus ficavam sãos." Mc 6,53-56
Mesmo em cidades reconhecidamente pagãs: "Em seguida, deixando aquele lugar foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, pois uma mulher cuja filha possuía um imundo espírito, logo que soube que Ele ali estava, entrou e caiu a Seus pés." Mc 7,24-25
Esteve ao extremo norte de Israel, nas proximidades do Monte Hermon, nascentes do Jordão, onde foi identificado por São Pedro como o Cristo: "Chegando ao território de Cesareia de Filipe, Jesus perguntou a Seus discípulos: 'No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?'" Mt 16,13
Foi para os mais isolados lugares, como no episódio da multiplicação dos pães e peixes: "Ora, o dia começava a declinar e os Doze foram dizer-Lhe: 'Despede as turbas, para que vão pelas aldeias e sítios da vizinhança e procurem alimento e hospedagem, porque aqui estamos num deserto lugar.'" Lc 9,12
E mesmo assim as multidões não O abandonavam: "Tenho compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer. Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho. E alguns deles vieram de longe!" Mc 8,2-3
Ele, no entanto, evitava que o povo se antecipasse à vontade do Pai, e tanto quanto pôde permaneceu nos ermos até chegar Sua hora: "Jesus, percebendo que queriam arrebatá-Lo e fazê-Lo rei, tornou a retirar-Se sozinho para o monte." Jo 6,15
Ora, as multidões assediavam-nO de modo a não poder andar, como quando partiu para curar a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum: "Jesus foi com ele e grande multidão seguia-O, comprimindo-O." Mc 5,24
Ele e os Apóstolos ficavam até mesmo sem comer, como aconteceu após a convocação dos Doze: "Em seguida , dirigiram-se a uma casa. De novo afluiu aí tanta gente, que nem podiam tomar alimento." Mc 3,20
Por isso, a solução era os ermos: "Ele disse-lhes: 'Vinde à parte, para algum deserto lugar, e descansai um pouco.' Porque eram muitos os que iam e vinham, e nem tinham tempo para comer." Mc 6,31
Chegavam a comer crus grãos de trigo: "Jesus atravessava os campos de trigo num dia de sábado. Seus discípulos, tendo fome, começaram a arrancar as espigas para comê-las." Mt 12,1
Pois os Apóstolos também já trabalhavam intensamente: "Então os discípulos perguntaram-Lhe em particular: 'Por que não pudemos nós expulsar este demônio?'" Mt 17,19
E batizavam no mesmo modo que João Batista: "Se bem que não era Jesus quem batizava, mas Seus discípulos." Jo 4,2
E como nos 40 dias no deserto, Ele também fazia jejum: "Entretanto, os discípulos pediam-Lhe: 'Mestre, come.' Mas Ele disse-lhes: 'Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.' Os discípulos perguntavam uns aos outros: 'Alguém Lhe teria trazido de comer?' Disse-lhes Jesus: 'Meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou, e cumprir Sua obra.'" Jo 4,31-34
Improvisava dormidas nos mais inusitados lugares, como dentro da barca de São Pedro: "Jesus achava-Se na popa, dormindo sobre um travesseiro. Eles acordaram-nO e disseram-Lhe: 'Mestre, não Te importa que pereçamos?'" Mc 4,38
Em algumas regiões, porém, por causa do frio, Ele tentava não ficar ao relento: "Enviou diante de Si mensageiros que, tendo partido, entraram em uma povoação dos samaritanos para arranjar-Lhe pousada. Mas não O receberam, por Ele dar mostras de que ia para Jerusalém." Lc 9,52-53
E ao instituir o Santíssimo Sacramento, quis um solene rito, em adequado local: "Jesus enviou Pedro e João, dizendo: 'Ide e preparai-nos a Ceia da Páscoa.'" Lc 22,8
Realmente era muito especial momento: "Chegada que foi a hora, Jesus pôs-Se à mesa e com Ele os Apóstolos. Disse-lhes: 'Ardentemente tenho desejado convosco comer esta Páscoa, antes de sofrer. Pois digo-vos: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.'" Lc 22,14-16
Mas, na mesma noite, retirou-Se para dormir no Getsêmani, como era de Seu costume quando estava em Jerusalém: "Durante o dia, Jesus ensinava no Templo, e à tarde saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras." Lc 21,37
Entre o grupo que mais de perto O seguia também iam mulheres, como registrou São Mateus a cena de Sua Crucificação: "Ali também havia algumas mulheres que de longe olhavam. Tinham seguido Jesus desde a Galileia, para servi-Lo." Mt 27,55
Algumas delas muito ricas, esposas de altos funcionários romanos: "Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana e muitas outras, que O assistiram com suas posses." Lc 8,3
Os ermos igualmente eram usados em Suas práticas de oração, como desde o segundo dia na casa de São Pedro, ainda em Cafarnaum: "De manhã, tendo-Se levantado muito antes do amanhecer, Ele saiu e foi para um deserto lugar, e ali Se pôs em oração." Mc 1,35
Ou para esconder-Se dos judeus após ressuscitar São Lázaro, pouco antes de Sua última entrada em Jerusalém: "E desde aquele momento resolveram tirar-Lhe a vida. Em consequência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-Se para uma região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali Se detinha com Seus discípulos." Jo 11,53-54
E antes de escolher os Apóstolos, com o Pai ficou completamente a sós durante uma noite: "Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e passou aí toda noite orando a Deus." Lc 6,12
Quando podia, dava-Se à contemplação: "Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. Era inverno. Jesus passeava no Templo, no pórtico de Salomão." Jo 10,22-23
Assim foi em Seus últimos dias, quando profetizou a destruição de Jerusalém: "E estando sentado no monte das Oliveiras, defronte do Templo..." Mc 13,3a
Mesmo entre os Doze, Ele fazia-Se cercar de um pequeno grupo que Lhe era mais íntimo, como na ocasião em que ressuscitou a filha de Jairo: "Quando Jesus chegou à casa, não deixou ninguém entrar com Ele, senão Pedro, Tiago e João, com o pai e a mãe da menina." Lc 8,51
O que eles viam, porém, não puderam dizer a ninguém antes de Sua Ressurreição: "Jesus ordenou-lhes que a pessoa alguma contassem o que se tinha passado." Lc 8,56b
Assim também foi em momento de suma importância, quando de Sua Transfiguração, no sexto dia após ser reconhecido como o Cristo: "Seis dias depois, Consigo Jesus tomou Pedro, Tiago e João, seu irmão, e à parte conduziu-os a uma alta montanha. Lá Se transfigurou na presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com Ele. E quando desciam, Jesus fez-lhes esta proibição: 'A ninguém conteis o que vistes, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.'" Mt 17,1-3.9
E este mesmo grupo estava junto a Ele pouco antes de ser preso: "Foram em seguida para o lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a Seus discípulos: 'Sentai-vos aqui, enquanto vou orar.' Consigo levou Pedro, Tiago e João, e começou a ter pavor e a angustiar-Se." Mc 14,32-33
Ele, porém, não os prendia arbitrariamente a Si, e, pela estranheza que causou ao oferecer Seu Corpo e Seu Sangue como alimento da Salvação, chegou mesmo a dar-lhes liberdade para que partissem: "Então Jesus perguntou aos Doze: 'Quereis vós também retirar-vos?'" Jo 6,67
SUA MISSÃO
Contudo, falando a mais humilde gente, ao máximo Jesus procurou simplificar Sua mensagem: "Era por meio de numerosas parábolas desse gênero que Ele lhes anunciava a Palavra, conforme eram capazes de compreender." Mc 4,33
Também as usou para 'peneirar' a multidão: "Eis porque lhes falo em parábolas: para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não ouçam nem compreendam. Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo Profeta Isaías: 'Ouvireis com vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis! Porque o coração deste povo se endureceu: taparam seus ouvidos e fecharam seus olhos, para que seus olhos não vejam e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda. Para que não se convertam, e assim Eu os cure (Is 6,9s).'" Mt 13,13-15
A outros, como os religiosos de Jerusalém, Ele simplesmente denunciava: "Por que não compreendeis Minha linguagem? É porque não podeis ouvir Minha Palavra. Vós tendes como pai o Demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio, e não permaneceu na Verdade porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira." Jo 8,43-44
Os Apóstolos, entretanto, recebiam especial atenção: "E não lhes falava, a não ser em parábolas. A sós, porém, tudo explicava a Seus discípulos." Mc 4,34
E a despeito da grande responsabilidade que lhes caberia, eram de fato grandes privilegiados, como Ele mesmo afirmou: "Mas quanto a vós, bem-aventurados vossos olhos porque vêem! Ditosos vossos ouvidos porque ouvem! Eu declaro-vos, em Verdade: muitos Profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram." Mt 13,16-17
Para melhor fazer-Se entender, Jesus chegou a essa síntese: "A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou." Jo 6,29
Abertamente prescreveu o ritual da Eucaristia, o Santíssimo Sacramento: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis a Vida em vós mesmos." Jo 6,53
E os discípulos, respondendo a Seu chamado, obedeciam-nO ministrando os Sacramentos, como a Unção dos Enfermos: "Expeliam numerosos demônios, ungiam com Óleo a muitos enfermos e curavam-nos." Mc 6,13
Entre eles, claro, a Confissão: "Eles partiram e pregaram a penitência." Mc 6,12
Diante dos que Lhe provocavam, Jesus reagia com serenidade: "Os escribas e os fariseus trouxeram-Lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: 'Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na Lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes Tu a isso?' Perguntavam-Lhe isso a fim de pô-Lo à prova e poderem acusá-Lo. Jesus, porém, inclinou-Se para a frente e com o dedo escrevia na terra." Jo 8,3-6
E dizia qual a inspiração de Seus atos: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: o Filho de Si mesmo não pode fazer coisa alguma. Ele só faz o que vê fazer o Pai. E tudo que o Pai faz, semelhantemente faz o Filho." Jo 5,19
A todos avisou de Sua partida, deixando evidente Sua divina natureza: "Eu vou-Me, e vós procurá-Me-eis e morrereis em vosso pecado. Para onde Eu vou, vós não podeis ir." Jo 8,21
Usou, então, de total clareza: "Ele disse-lhes: 'Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo.'" Jo 8,23
Advertiu que Sua passagem entre nós não restaria indiferente: "Por isso, disse-vos: morrereis em vosso pecado. Porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,24
E assim explicou uma das atribuições do Espírito Santo: "Ele convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim." Jo 16,9
Perante São Filipe e os demais Apóstolos, ainda mais claramente declarou-Se Deus: "Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: 'Mostra-nos o Pai...'?" Jo 14,9
A Verdade, no entanto, é que nem sempre eles O entendiam, mesmo quando reservava algum tempo para ensinar-lhes: "Naquele tempo, Jesus e Seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, pois estava ensinando a Seus discípulos. E dizia-lhes: 'O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles matá-Lo-ão. Mas três dias após Sua morte, Ele ressuscitará.' Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar." Mc 9,30-32
A percepção do Cristo como o Servo Sofredor, pois, foi uma dificuldade para os Apóstolos mesmo nos últimos diálogos, e só com Sua Ressurreição seria esclarecida: "Nisso, alguns de Seus discípulos perguntavam uns aos outros: 'Que é isso que Ele nos diz: Ainda um pouco de tempo, e não Me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e tornareis a ver-Me? E que significa também: Eu vou para o Pai?' Diziam então: 'Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que Ele quer dizer.'" Jo 16,17-18
O mesmo deu-se quando falou do celibato que Seus Sacerdotes adotariam: "Seus discípulos disseram-Lhe: 'Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, melhor é não se casar!' Respondeu Ele: 'Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda.'" Mt 19,10-12
Em tocante humildade, também aos Apóstolos pediu que n'Ele acreditassem ao menos pelas obras que realizava: "Crede-Me: estou no Pai, e o Pai em Mim. Crede-o ao menos por causa destas obras." Jo 14,11
Revelou-Se muito humano ao chorar junto a Santa Marta e aos judeus, pela morte do amigo São Lázaro: "Ao vê-la assim chorar, como também todos judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E sob o impulso de profunda emoção... Jesus pôs-Se a chorar." Jo 11,33-35
Por fim, também chorou ao lamentar a cegueira espiritual que predominava na Cidade Santa: "Aproximando-Se ainda mais, Jesus contemplou Jerusalém e chorou sobre ela, dizendo: 'Oh! Se também tu, ao menos neste dia que te é dado, conhecesses Aquele que pode trazer-te a Paz!..." Lc 19,41,42
Os peregrinos que iam a Jerusalém para a Páscoa, no entanto, calorosamente receberam-nO como ao próprio Messias: "Então a multidão estendia os mantos pelo caminho, cortava ramos de árvores e espalhava-os pela estrada. E toda aquela multidão, que O precedia e que O seguia, clamava: 'Hosana ao filho de Davi! Bendito seja aquele que vem em Nome do Senhor! Hosana no mais alto dos Céus!' Quando Ele entrou em Jerusalém, alvoroçou-se toda cidade, perguntando: 'Quem é Este?' A multidão respondia: 'É Jesus, o Profeta de Nazaré da Galileia.'" Mt 21,8-11
De fato, foram os habitantes de Jerusalém que pediram Sua Crucificação quando Pilatos pediu que escolhessem entre Jesus e Barrabás. São Paulo explicou em Antioquia da Pisídia: "Com efeito, os habitantes de Jerusalém e seus magistrados não conheceram Jesus, e, sentenciando-O, cumpriram os Oráculos dos Profetas que cada sábado são lidos. Embora n'Ele não achassem culpa alguma de morte, pediram a Pilatos que Lhe tirasse a vida." At 13,27-28
SUA PAIXÃO
Dando mostra da importância, e da urgência, da Salvação, Jesus viveu Seus últimos dias ensinando ao povo: "Durante o dia Jesus ensinava no Templo, e à tarde saía para passar a noite no monte chamado das Oliveiras. E toda gente ia de manhã cedo ter com Ele no Templo, para ouvi-Lo." Lc 21,37-38
Até já Se havia revelado Deus em público, quando na Festa das Tendas prometeu derramar o Espírito Santo sobre a humanidade: "No último dia, que é o principal dia de Festa, estava Jesus de pé e clamava: 'Se alguém tiver sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de Água Viva (Zc 14,8; Is 58,11).' Dizia isso referindo-Se ao Espírito que haviam de receber os que n'Ele cressem, pois ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido glorificado." Jo 7,37-39
São Marcos deixou um registro de que Jesus e os Apóstolos cantavam os Salmos, como fizeram após a Santa Ceia: "Terminado o canto dos Salmos, saíram para o monte das Oliveiras." Mc 14,26
E durante Sua agonia no Horto das Oliveiras, sabemos que Ele foi consolado por um anjo: "Apareceu-Lhe, então, um anjo do Céu para confortá-Lo. Ele entrou em agonia e ainda com mais instância rezava, e Seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra." Lc 22,43-44
Porém, enfrentou Seus algozes com destemor, exigindo a liberdade dos Apóstolos no momento em que vieram prendê-Lo: "Como Jesus soubesse tudo que havia de acontecer-Lhe, adiantou-Se e perguntou-lhes: 'A quem buscais?' Responderam: 'A Jesus de Nazaré'. 'Sou Eu', disse-lhes. (Também Judas, o traidor, estava com eles.) Quando lhes disse 'Sou Eu', recuaram e caíram por terra. Perguntou-lhes Ele, pela segunda vez: 'A quem buscais?' Disseram: 'A Jesus de Nazaré.' Replicou Jesus: 'Já vos disse que Sou Eu. Se é, pois, a Mim que buscais, deixai partir estes.'" Jo 18,4-7
E não permitiu que eles interferissem naquela que era a vontade do Pai, repreendendo São Pedro pela reação armada: "Jesus, no entanto, disse-lhe: 'Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da espada, pela espada morrerão. Crês tu que não posso invocar Meu Pai, e Ele de imediato não Me enviaria mais de doze legiões de anjos?'" Mt 26,52-53
Até a mulher de Pilatos, Santa Cláudia, sonhou com Jesus na noite de Sua Paixão: "Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher mandou-lhe dizer: 'Nada faças a Este Justo. Hoje fui atormentada por um sonho que Lhe diz respeito.'" Mt 27,19
Jesus, entretanto, seguia destemido, francamente declarando a Pilatos qual era Sua Missão: "'Meu Reino não é deste mundo.' Então Lhe perguntou Pilatos: 'És, portanto, Rei?' Respondeu Jesus: 'Sim, Eu Sou Rei. É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz." Jo 18,36-37
Pilatos viu-se numa incômoda situação, porque, querendo libertá-Lo, não podia contrariar os líderes religiosos. Mas Jesus insistia no cumprimento da vontade do Pai: "Falou-lhes Pilatos: 'Tomai-O vós e crucificai-O, pois n'Ele não acho culpa alguma.' Responderam-lhe os judeus: 'Nós temos uma Lei, e segundo essa Lei deve Ele morrer, porque Se declarou Filho de Deus.' Estas palavras impressionaram Pilatos. Novamente entrou no pretório e perguntou a Jesus: 'De onde és Tu?' Mas Jesus não lhe respondeu. Pilatos então Lhe disse: 'Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para soltar-Te ou para crucificar-Te?' Respondeu Jesus: 'Não terias poder algum sobre Mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado.' Desde então Pilatos procurava soltá-Lo. Mas os judeus gritavam: 'Se O soltares, não és amigo do imperador, porque todo aquele que se faz rei, declara-se contra o imperador.'" Jo 19,6-12
Ele tentou libertá-Lo ainda mais uma vez, falando ao povo e outra vez oferecendo Barrabás para ser punido: "Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo..." Lc 23,20
Enfim, o linho que viria a ser a Santa Síndone, também chamada de Santo Sudário, ainda hoje guardada pela Igreja, foi comprada por São José de Arimateia: "Depois de ter comprado um pano de linho, José tirou-O da Cruz, envolveu-O no pano e depositou-O num sepulcro escavado na rocha, rolando uma pedra para fechar a entrada." Mc 15,49
São João Evangelista deu este testemunho, registrando que a Santa Síndone estava no túmulo vazio após a Ressurreição: "Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinou-se e ali viu os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Também viu o Sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. Então também entrou o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu." Jo 20,4-8
E em Corpo Glorioso, ao apresentar-Se ressuscitado pela primeira vez aos Apóstolos, Jesus causou-lhes enorme espanto: "Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-Se em meio a eles e disse-lhes: 'A Paz esteja convosco!' Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito." Lc 24,36-37
Uma prova da veracidade destes fatos é que os próprios Apóstolos deixaram registradas nos Evangelhos suas vacilações, mesmo tendo sido várias vezes avisados de que Ele iria ressuscitar. Um deles foi São Tomé, que teve sua incredulidade perpetuada numa frase que ouviu de Jesus na segunda aparição ao colégio dos Apóstolos: "Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé." Jo 20,27
Nosso Salvador também disse algo parecido aos demais Apóstolos, ainda na primeira aparição, e comeu diante deles para que acreditassem na ressurreição de Sua Carne: "'Vede Minhas Mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho.' E dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. Mas ainda vacilando eles, e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?' Então Lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles." Lc 24,39-43
"Toda vez que se come deste Pão, toda vez que se bebe deste Vinho, recorda-se a Paixão de Jesus Cristo e fica-se esperando Sua Volta!"
