quarta-feira, 19 de junho de 2024

As Mãos de Jesus


    Por Graça dos Evangelhos, é possível acompanhar boa parte da história de Jesus fixando a atenção em Suas mãos. Quantos de nós não gostaríamos de vê-las, de tocá-las? Quantos de mais ardorosa não ofereceriam, se pudessem, suas próprias mãos para serem perfuradas pelos pregos na Cruz? Santos que aceitariam até mesmo deixar-se crucificar em Seu lugar... 
    A despeito de tanta maldade e soberba que há no mundo, ou da indiferença, que é bem mais comum, tal devoção existe. E para o bem da humanidade. São sacrifícios assim que fazem muita gente parar e converter-se. É uma questão de valores que se traz no coração, e que, em oportuno momento, Deus faz com que falem mais alto. Os Santos que abraçam maiores penitências, por exemplo, além de disciplinarem-se e implorarem por tantas impenitentes almas, também demonstram que vale qualquer esforço, mesmo entregar a vida, para não renegar a Deus.
    De volta às mãos de Jesus, como dizíamos, as citações sobre elas são fartas. Quando não dizem algo propriamente delas, dizem de suas ações. Logo em São Mateus aparece a primeira menção: era mais uma cura que Jesus operava. Mas não usou a mão para simplesmente operar um milagre, pois para isso não precisava usá-la, senão para desfazer um preconceito, para tocar um 'intocável' de então: "Eis que um leproso se aproximou e se prostrou diante d'Ele, dizendo: 'Senhor, se queres, podes curar-me.' Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: 'Eu quero, sê curado.' No mesmo instante, a lepra desapareceu." Mt 8,2-3
    No episódio da cura da sogra de São Pedro, também segundo São Mateus, num gesto que aparenta mera delicadeza, Ele tocou-lhe a mão: "Foi, então, Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre. Tomou-lhe a mão, e a febre deixou-a. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los." Mt 8,14-15
    Mas segundo São Lucas, que era médico, ela apresentava 'febre alta'. E esse gesto, que ele não menciona, teria apenas minimizado um caso que, na verdade, se tratava de exorcismo: "Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram-Lhe por ela. Inclinando-Se sobre ela, ordenou Ele à febre, e a febre deixou-a. Ela imediatamente levantou-se e pôs-se a servi-los." Lc 4,38-39
    Ainda aí em Cafarnaum, Jesus começa a ser assediado por parentes de pessoas enfermas. É quando Ele começa a usar intensamente as mãos, como instrumento de Seu poder: "Depois do pôr-do-sol, todos que tinham enfermos de diversas moléstias traziam-Lhos. Impondo-lhes a mão, Ele sarava-os." Lc 4,40
    Ao retornar à Sua terra, depois de algumas missões, Seu povo já estava bem atento ao poder de Suas mãos: "Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos O ouviam e, tomados de admiração, diziam: 'De onde Lhe vem isso? Que Sabedoria é essa que Lhe foi dada, e como por Suas mãos se operam tão grandes milagres?'" Mc 6,2
    Mas não O reconheciam como Mestre, e até escandalizaram-se d'Ele. Apesar de Seus inegáveis carisma e poder, Jesus seria apenas um simples carpinteiro para eles. Não entendiam como tão subitamente poderia ter tantos discípulos e estar ensinando. Suas mãos, no entanto, seguiam operando Graças: "Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos." Mc 6,5
    E quando começou a caminhar pelo território da Decápole, Ele realizou uma surpreendente cura. São Pedro, que a teria contado a São Marcos, ficou tão impressionado que não esqueceu os detalhes. Pelos registros dos Evangelhos, foi uma das duas vezes que Jesus usou de Sua saliva para curar, e a única em que Ele teria usado especificamente os dedos. Na simbologia, Sua saliva representa a Água Viva, cuja fonte é Deus, e o dedo de Jesus é o próprio dedo de Deus. "Ora, apresentaram-Lhe um surdo-mudo, rogando-Lhe que lhe impusesse a mão. Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: 'Efatá!', que quer dizer abre-te! No mesmo instante os ouvidos abriram-se-lhe, a prisão da língua desfez-se-lhe e ele falava perfeitamente." Mc 7,32-35


AS MÃOS DA SALVAÇÃO

    E quando Jairo procurou Jesus, o toque de Suas mãos já era amplamente reconhecido: "Falava Ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante d'Ele e disse-Lhe: 'Senhor, minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.'" Mt 9,18
    Mas, nesse caso, Jesus não lhe impôs as mãos. Simplesmente tomou-lhe a mão, como fez com a sogra de São Pedro, e pelo poder de Sua Palavra fez com que ela se levantasse: "Segurou a mão da menina e disse-lhe: 'Talita, cumi', que quer dizer: 'Menina, ordeno-te: levanta-te!'" Mc 5,41
    Por sua vez, a mulher que sofria de hemorragia, e que empobreceu gastando tudo em tratamentos, não pediu que Jesus a tocasse. Apenas acreditou que bastava tocar-Lhe o manto: "Jesus imediatamente percebeu que d'Ele saíra uma força e, voltando-Se para o povo, perguntou: 'Quem tocou Minhas vestes?'" Mc 5,27
    Ao multiplicar os pães e os peixes, diferente da transformação da água em vinho, Ele manuseou-os: "Mandou, então, a multidão assentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, elevando os olhos ao céu, abençoou-os. Partindo, em seguida, os pães, deu-os a Seus discípulos, que os distribuíram ao povo." Mt 14,19
    As crianças eram tidas pelos judeus como muito suscetíveis ao Maligno, e os próprios Apóstolos sempre guardavam uma respeitosa distância do Mestre, exceto São João Evangelista, que na Santa Ceia aparece recostando a cabeça sobre Seu peito. Numa ocasião, tentaram preservá-Lo deste contato com crianças do povo, mas Jesus, para desfazer essa crença e demonstrar que elas nada tinham de impuras, pediu para afagá-las e impor-lhes as mãos: "Foram-Lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e por elas orasse. Os discípulos, porém, afastavam-nas. Disse-lhes Jesus: 'Deixai vir a Mim estas criancinhas, e não as impeçais, porque o Reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham.' E, depois de impor-lhes as mãos, continuou Seu caminho." Mt 19,13-15


    Os cegos de Jericó, que clamaram ao saber que Jesus estava passando por ali, não se contiveram e, pela fé que Lhe tinham, foram agraciados com o divino toque de Suas mãos: "Dois cegos, sentados à beira do caminho, ouvindo dizer que Jesus passava, começaram a gritar: 'Senhor, Filho de Davi, tem piedade de nós!' A multidão, porém, repreendia-os para que se calassem. Mas eles gritavam ainda mais forte: 'Senhor, Filho de Davi, tem piedade de nós!' Jesus parou, chamou-os e perguntou-lhes: 'Que quereis que Eu vos faça?' 'Senhor, que nossos olhos se abram!' Jesus, cheio de compaixão, tocou-lhes os olhos. Instantaneamente recobraram a vista, e puseram-se a segui-Lo." Mt 20,30-34
    Outro testemunho deixado por São Pedro, certamente também por tê-lo impressionado, é a cura do cego de Betsaida. Jesus usa Sua saliva pela segunda vez, mas já usava de mais discrição ao realizar milagres, pois estava ficando mais difícil andar pelas cidades e aldeias. Antes de curá-lo, porém, mostrou-lhe algo mais: a vida absolutamente vegetativa que levamos muitos de nós: "Chegando eles a Betsaida, trouxeram-Lhe um cego e suplicaram-Lhe que o tocasse. Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: 'Vês alguma coisa?' O cego levantou os olhos e respondeu: 'Vejo os homens como árvores que andam.' Em seguida, Jesus impôs-lhe as mãos nos olhos e ele começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe." Mc 8,22-25
    Ora, o próprio São Pedro teve sua vida salva pela mão do Redentor, no episódio em que Ele andou sobre as águas no Mar da Galileia e este Apóstolo quis imitá-Lo: "Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus. Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: 'Senhor, salva-me!' No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: 'Homem de pouca fé! Por que duvidaste?'" Mt 14,29b-31
    A viúva de Naim teve seu filho único ressuscitado quando Jesus pôs a mão no caixão, e ordenou-lhe que levantasse: "Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva. Acompanhava-a muita gente da cidade. Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: 'Não chores!' E aproximando-Se, tocou no esquife, e aqueles que o levavam pararam. Disse Jesus: 'Moço, Eu ordeno-te: levanta-te.'" Lc 7,12-14
    Noutra situação, quando alguns Apóstolos discutiam entre si qual deles seria o maior, Jesus faz um simbólico gesto: abrindo os braços em aconchego, atrai para Si um menino. Aquela criança, por ser humilde e indefesa, era ali a pessoa de quem Deus estava mais próximo: "Penetrando Jesus nos pensamentos de seus corações, tomou um menino, colocou-o junto de Si e disse-lhes: 'Todo aquele que recebe este menino em Meu Nome, a Mim é que recebe, e quem recebe a Mim, recebe Aquele que Me enviou. Pois quem dentre vós for o menor, esse será grande.'" Lc 9,47-48
    Num sábado, fora da sinagoga onde Ele ensinava, estava uma mulher com deformidade física. Os judeus não a deixavam entrar, porque seria impura, mas Jesus chama-a e toca-a. Isso vai despertar a ira dos fariseus que, não podendo contestar-Lhe a cura, vão acusá-Lo de profanar o sábado: "Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e absolutamente não podia erguer-se. Ao vê-la, Jesus chamou-a e disse-lhe: 'Estás livre da tua doença.' Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela endireitou-se, glorificando a Deus." Lc 13,11.14
    Coisa parecida aconteceu na casa de um chefe dos fariseus, uma das autoridades de então, quando à porta se colocou um homem hidrópico, esperançoso pela graciosa presença d'Aquele que só poderia ser o Messias: "Jesus entrou num sábado em casa de um notável fariseu, para uma refeição. Eles observavam-nO. Havia ali um homem hidrópico. Jesus dirigiu-Se aos doutores da Lei e aos fariseus: 'É permitido ou não fazer curas no dia de sábado?' Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, o curou e o despediu." Lc 14,1-4
    Quando Jesus Se transfigurou no monte Tabor, os Apóstolos ficaram tão assustados com a Voz de Deus que só após um toque de Sua mão eles tornaram a si: "E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: 'Eis Meu Amado Filho, em Quem pus toda Minha afeição. Ouvi-O.' Ouvindo esta Voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. Mas Jesus aproximou-Se deles e tocou-os, dizendo: 'Levantai-vos e não temais.' Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus." Mt 17,5-8
    Ainda houve o milagre em que Jesus, tal qual o Pai na Criação, fez barro com Sua saliva para curar um cego de nascença de Jerusalém: "Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego. Depois lhe disse: 'Vai, lava-te na piscina de Siloé (esta palavra significa Enviado).' O cego foi, lavou-se e voltou vendo." Jo 9,6-7
    Em oposição à obra do Maligno, a Ressurreição e a Vida Eterna, oferecidas ao Seu rebanho, também são obras que Jesus realiza por Sua forte mão: "O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham Vida, e para que a tenham em abundância. Eu sou o Bom Pastor. Conheço Minhas ovelhas e Minhas ovelhas conhecem a Mim, como Meu Pai Me conhece e Eu conheço o Pai. Dou Minha Vida pelas Minhas ovelhas. Dou-lhes a Vida Eterna. Elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de Minha mão." Jo 10,10.14-15.28
    A instituição da Eucaristia, do mesmo modo que a multiplicação dos pães e peixes, também aconteceu pelo direto contato de Suas mãos. Ele abençoou o pão e o vinho, e partilhou-Os: "Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-O, partiu-O e deu-O aos discípulos, dizendo: 'Tomai e comei, isto é Meu Corpo.' Depois tomou o cálice, rendeu graças e deu-lhO, dizendo: 'Bebei dele todos, porque isto é Meu Sangue, o Sangue da Nova Aliança, derramado em favor de muitos homens para a remissão dos pecados.'" Mt 26,26-28
    E ao ser preso no Jardim das Oliveiras, talvez pelo medo que tinham do poder de Suas Mãos, Jesus só foi conduzido ao Sumo Sacerdote após ser maniatado: "Depois dessas palavras, Jesus saiu com Seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com Seus discípulos. Judas, o traidor, também conhecia aquele lugar, porque Jesus frequentemente ia para lá com Seus discípulos. Tomou, então, Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e ali chegaram com lanternas, tochas e armas. Então a coorte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e O ataram." Jo 18,1-3.12
    Contudo, antes de ser preso, Ele havia realizado Sua última cura: reconstituiu a orelha do guarda, que foi decepada por São Pedro: "Os que estavam ao redor d'Ele, vendo o que ia acontecer, perguntaram: 'Senhor, devemos atacá-los à espada?' E um deles feriu o servo do príncipe dos sacerdotes, decepando-lhe a orelha direita. Mas Jesus interveio: 'Deixai, basta.' E tocando na orelha daquele homem, curou-o." Lc 22,50-51
    Mas após ser julgado por Pilatos, nessas poderosas mãos, numa forma de ridicularização, foi posto uma vara como se fosse um cetro, que é o símbolo do poder dos reis: "Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e rodearam-nO com todo pelotão. Arrancaram-Lhe as vestes e colocaram-Lhe um escarlate manto. Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-Lha na cabeça e puseram-Lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante d'Ele, diziam com escárnio: 'Salve, rei dos judeus!' Cuspiam-Lhe no rosto e, tomando da vara, davam-Lhe golpes na cabeça." Mt 27,27-30
    E em seguida, ensanguentadas pelos brutais açoites dos soldados romanos, Suas mãos tomaram a Cruz em caminho do Calvário, enquanto Ele pôde carregá-la: "Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava Sua Cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota." Jo 19,17


AS MÃOS DO RESSUSCITADO

    Após a Ressurreição, ao acompanhar os discípulos que iam a Emaús, Jesus só Se permitiu ser reconhecido por eles ao tomar o pão e parti-Lo: "Aconteceu que, estando conjuntamente sentado à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-O, partiu-O e serviu-lhO. Então se lhes abriram os olhos e O reconheceram... mas Ele desapareceu." Lc 24,30-31
    Quando apareceu aos dez Apóstolos pela primeira vez, tomou de alimento e comeu diante deles, para mostrar-lhes que não era um fantasma: "Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?' Então Lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles." Lc 24,41-43
    E na segunda aparição ao colégio dos Apóstolos, Jesus pediu que São Tomé, que havia duvidado de Sua Ressurreição, pusesse o dedo na ferida de Seu lado e visse Suas mãos. Assim ele haveria de ser uma perfeita testemunha não só de Sua Ressurreição, mas, por causa de sua incredulidade, também de toda Sua dor: "Depois disse a Tomé: 'Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas mãos... Não sejas incrédulo, mas homem de fé.'" Jo 20,27
    Ao tornar-se visível aos Apóstolos às margens do mar da Galileia, de novo era Ele quem partia o pão e o peixe para cear. Repetia esse gesto para deixar claro que o grande mal do mundo é a falta de partilha, e que só Sua Carne pode conceder-nos a Vida Eterna: "Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lhos, e do mesmo modo o peixe." Jo 21,13
    Por fim, instituiu entre os Apóstolos a imposição de mãos como parte da Sua Doutrina: "... imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados." Mc 16,18
    E ao subir aos Céus, usou de Suas mãos pela última vez entre nós, para abençoar Seus Apóstolos, discípulos e seguidores: "Depois os levou para Betânia e, levantando as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-Se deles e foi arrebatado ao Céu." Lc 24,50-51
    No Livro dos Atos dos Apóstolos, São Lucas ainda vai citar Sua mão como o meio pelo qual Jesus colaborava para a difusão do Evangelho. Quando narrou a chegada dos discípulos em Antioquia, após o 'Pentecostes dos Gentios' operado por São Pedro (cf. At 10,44), o Amado Médico vai dizer: "Entretanto, aqueles que foram dispersados pela perseguição que houve no tempo de Estêvão, chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, pregando a Palavra só aos judeus. Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene, entrando em Antioquia, também se dirigiram aos gregos, anunciando-lhes o Evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e grande foi o número dos que receberam a fé e se converteram ao Senhor." At 11,19-22
    Já nos Céus, segundo a visão de São João Evangelista, ao mais uma vez declarar Sua divindade, Ele demonstrou ter total controle sobre Sua Igreja, aí representada pelas dioceses de então, que sempre mantém em volta de Si: "Tendo-me voltado, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante ao Filho do Homem, vestindo longa túnica até os pés, cingido o peito por um cinto de ouro. Segurava na mão direita sete estrelas. Ao vê-lo, caí como morto a Seus pés. Ele, porém, pôs sobre mim Sua mão direita e disse: 'Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, Aquele que vive. Eis o simbolismo das sete estrelas que viste na Minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros, as sete igrejas.'" Ap 1,12b-13.16a.17.20
    É de Sua mão, enfim, que partirá a foice do Juízo Final: "Eu ainda vi uma branca nuvem, sobre a qual Se sentava como que um Filho do Homem, com a cabeça cingida de coroa de ouro e na mão uma afiada foice. Outro anjo saiu do Templo, gritando em alta voz para Aquele que estava assentado na nuvem: 'Lança Tua foice e ceifa. É chegada a hora de ceifar, pois está madura a seara da Terra.' O Ser que estava assentado na nuvem então lançou a foice à Terra, e a Terra foi ceifada." Ap 14,14-6
    De fato, era exatamente assim o testemunho de São João Batista a Seu respeito: "O Pai ama o Filho, e entregou tudo em Suas mãos." Jo 3,35


    "Bendito sejais, Senhor Jesus!"