sábado, 21 de junho de 2025

A Missão de Jesus


    Muitos descreem da divindade de Jesus, assim como do Reino de Deus que Ele instaurou, por questionarem se Ele seria realmente o Salvador, e, mais pontualmente, de que nos teria salvado. Essas pessoas, porém, têm em geral muito materialista visão da vida. Soubessem a importância do perdão dos pecados, ou conhecessem a sobrenatural Paz de Cristo, não duvidariam de Sua manifestação, pois, como São João Batista disse no Evangelho Segundo São João, Sua Missão é exatamente essa: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Jo 1,29
    Também foi o que disse a São José seu Anjo da Guarda, no Evangelho Segundo São Mateus, ao explicar a gravidez de Nossa Senhora: "Ela dará à luz um Filho, a Quem porás o Nome de Jesus, porque Ele salvará Seu povo de seus pecados." Mt 1,21
    O mesmo disse o sacerdote Zacarias ao chamar seu filho São João Batista, logo após seu nascimento, de Profeta do Altíssimo, referindo-se a Jesus. Está no Evangelho Segundo São Lucas: "E tu, menino, serás chamado Profeta do Altíssimo. Porque precederás o Senhor e Lhe prepararás o Caminho, para dar a Seu povo conhecer a Salvação, pelo perdão dos pecados." Lc 1,76-17
    Igualmente disse São Pedro após o Pentecostes, no Livro de Atos dos Apóstolos, quando pregava aos judeus no Templo de Jerusalém: "Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou Seu Servo, para abençoar-vos, a fim de que cada um se aparte de sua iniquidade." At 3,26
    E ainda disse a Primeira Carta de São João, numas das definições que deu do amor de Deus: "Nisto consiste o amor: não nós em termos amado a Deus, mas em Ele ter-nos amado, e enviado Seu Filho para expiar nossos pecados." 1 Jo 4,10
    O religioso Simeão, homem ungido pelo Espírito Santo e que estava no Templo quando o Menino Jesus foi apresentado, não via no Advento o fim do mundo, como ainda hoje acreditam os judeus, mas a verdadeira Luz a iluminar as trevas espirituais e confirmar as revelações do Antigo Testamento: "Agora, Senhor, deixai ir em Paz Vosso servo, segundo Vossa Palavra. Porque meus olhos viram Vossa Salvação que preparastes diante de todos povos, como Luz para iluminar as nações, e para a Glória de Vosso povo de Israel." Lc 2,30-32
    De fato, Jesus vai confirmar essa profecia em pregação no Templo de Jerusalém: "Eu sou a Luz do mundo. Aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida." Jo 8,12
    São João Evangelista, no mesmo sentido, vai testemunhá-Lo em primeiras linhas: "O Verbo era a Verdadeira Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem." Jo 1,9
    Mas atestando o antigo dilema entre o poder e o amor, a matéria e o espírito, a manifestação de Cristo haveria mesmo de denunciar a cobiça e o hedonismo, e assim dividir o mundo. E isso, da mesma forma, com absoluta precisão por Simeão havia sido previsto, ainda na Apresentação do Menino Jesus, quando disse a Maria: "Eis que este Menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34-35
    E para a surpresa da Mãe Celeste e de São José, a Missão de Jesus começou muito cedo. Aos doze anos, ao ser encontrado no Tempo de Jerusalém interrogando os doutores da Lei, Ele vai dizer-lhes, que O procuraram por três dias: "Não sabíeis que devo estar na Casa de Meu Pai?" Lc 2,49b
    No entanto, enquanto Deus que Se fez Homem, Ele precisava amadurecer. E na condição humana passou por quase tudo que passamos. O Amado Médico registrou: "E Jesus crescia em estatura, em Sabedoria e Graça, diante de Deus e dos homens." Lc 2,52
    Exceto o pecado, como os seguidores da tradição de São Paulo afirmam na Carta aos Hebreus: "... passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado." Hb 4,15
    Assim teve que enfrentar todas experiências e contrariedades desse mundo, e Seus sofrimentos, especialmente durante a Paixão, não foram amenizados pelo Pai: "Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." Hb 5,8
    Convenientemente, a Carta de São Paulo aos Filipenses recita o Hino Cristológico: "Sendo Ele de condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-Se ainda mais, tornando-Se obediente até a morte, e morte de Cruz." Fl 2,6-8
    Pois para redimir-nos dos pecados, que é precisamente Sua Missão, também teve que cumprir fielmente os preceitos da Lei judaica. Diz a Carta de São Paulo aos Gálatas: "Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos Sua adoção." Gl 4,4-5
    Foi o que o próprio Jesus disse a São João Batista, ao insistir que ele O batizasse: "Deixa estar por enquanto, pois convém cumpramos toda justiça." Mt 3,15
    E como anunciava e garantia o Caminho da Redenção, desde Suas primeiras pregações Ele avisava da perenidade dos planos de Deus, do Antigo ao Novo Testamento: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para aboli-los, mas sim para levá-los à perfeição." Mt 5,17
    Sem dúvida, isso já estava previsto no Livro de Salmos, que antecipou palavras Suas: "Então Eu disse: 'Eis que Eu venho. No rolo do Livro está escrito de Mim: fazer Vossa vontade, Meu Deus, é o que Me agrada, porque Vossa Lei está no íntimo de Meu Coração.'" Sl 39,8-9
    Nestes termos, pois, noticiava a chegada do Reino dos Céus, que começa já nesse mundo e se perpetua na Vida Eterna: "Eu vim para que as ovelhas tenham Vida, e Vida plena." Jo 10,10
    Muito mais de uma vez, Ele falou da Redenção das almas: "O Filho do Homem não veio para condenar as almas, mas para salvá-las." Lc 9,56
    Como explicou na primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos, no Domingo da Ressurreição, vemos que Sua Vinda é um claro convite à conversão, através do arrependimento e das penitências: "Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em Seu Nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isso." Lc 24,46-48
    Ora, é exatamente isso que Ele anunciava desde as primeiras pregações: "Desde então, Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,17
    Por isso, quando enviou os Apóstolos, deu-lhes a mesma missão. É do Evangelho Segundo São Marcos: "Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois... Eles partiram e pregaram a penitência." Mc 6,7.12
    Não há exagero, portanto, quando Ele descreve Sua Missão como o grande resgate daqueles que vivem nas trevas: "Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido." Lc 19,10
    Disse-o mais de uma vez, aqui citando o Livro do Profeta Oseias: "Ouvindo isto, Jesus respondeu-lhes: "Não são os que estão bem que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero a Misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6).' Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." Mt 9,12-13
    A Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo vai dizer o mesmo: "Eis uma verdade absolutamente certa e merecedora de : Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores..." 1 Tm 1,15a
    Nosso Senhor mesmo revelou: "Digo-vos que assim haverá maior júbilo no Céu por um só pecador que fizer penitência que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Lc 15,7
    Para que ficasse claro a importância de Seu perdão, Ele demonstrou-o na passagem em que primeiro absolve os pecados de um paralítico, para só depois o curar: "Eis que Lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: 'Meu filho, coragem! Teus pecados são-te perdoados.'" Mt 9,2
    E para quem duvida de Sua Palavra, Ele propôs essa experiência: "Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se Minha Doutrina é de Deus ou se falo de Mim mesmo." Jo 7,17
    Não deixava, contudo, de oferecê-La: "Tomai Meu jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para vossas almas." Mt 11,29
    Seu empenho em divulgar o Evangelho, aliás, bem revela a vital importância de Seus ensinamentos: "Ao amanhecer, Ele saiu e retirou-Se para um afastado lugar. As multidões procuravam-nO, foram até onde Ele estava e queriam detê-Lo, para que não as deixasse. Mas Ele disse-lhes: 'É necessário que Eu também anuncie a Boa Nova do Reino de Deus às outras cidades, pois é para isso que fui enviado." Lc 4,42-43
    Ele veio, portanto, para tirar-nos das trevas da ignorância e da dúvida, mostrando-nos o Caminho para o Pai, como afirmou diante de Pilatos: "É para dar testemunho da Verdade que nasci e vim ao mundo. Todo aquele que é da Verdade ouve Minha voz." Jo 18,37
    Pois Ele é a própria Verdade, exclusivo Caminho para o Céu: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim." Jo 14,6b
    E confiou Seus ensinamentos à Santa Igreja Católica, à qual garantiu Sua constante presença e proteção: "Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos dias, até o fim dos séculos." Mt 28,19-20a


DEUS FEZ-SE HOMEM

    Mas tamanha era a humanidade de Jesus, e nós sempre esquecemos que somos imagem e semelhança de Deus, que muitos ficavam em dúvida quanto a Sua Divina Encarnação, como aconteceu com o próprio São João Batista: "Tendo João, em sua prisão, ouvido falar das obras de Cristo, mandou-Lhe dizer por seus discípulos: 'Sois vós Aquele que deve vir, ou devemos esperar por Outro?'" Mt 11,2-3
    E Ele, para ser mais contundente, vai responder citando profecias de Isaías que O anunciavam (cf. Is 26,19;29,18): "Respondeu-lhes Jesus: 'Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres... Bem-aventurado aquele para quem Eu não for ocasião de queda!'" Mt 11,4-6
    De toda forma, enquanto ser humano, Ele tinha uma Missão restrita ao povo de Israel, como disse à mulher cananeia que Lhe pedia por sua filha possessa, a quem Ele acabou atendendo: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel." Mt 15,24
    Assim também determinou aos Doze Apóstolos, logo após os escolher: "Não ireis ao meio dos gentios nem entrareis em Samaria. Ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel." Mt 10,5b-6
    Pois só com a Vinda do Espírito Santo, no Pentecostes, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Católica, assumiria sua missão universal, como seu nome diz. Ele disse aos Onze, a pouco instantes de Sua Ascensão: "Mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria, e até os confins do mundo." At 1,8
    Mas Ele já havia dito, referindo-Se aos não judeus, como isso se daria: "Ainda Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco. Também preciso conduzi-las, e ouvirão Minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor." Jo 10,16
    Ainda antes, Ele havia abertamente declarado Sua Missão de Redentor de toda humanidade: "Pois desci do Céu não para fazer Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou. Ora, Sua vontade é esta: que Eu não deixe perecer nenhum daqueles que Me deu, mas que os ressuscite no Último Dia." Jo 6,38-39
    E condicionou a crença em Sua divindade ao perdão de nossas faltas: "... se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,24
    Ademais, conforme o 'sinal de contradição' predito por Simeão, quanto à falsa estabilidade que se busca nessa vida e à difícil aceitação que Ele teria no mundo, vai dizer: "Não julgueis que vim trazer a Paz à Terra. Vim trazer não a Paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa." Mt 10,34-36
    Com efeito, sobre Sua Paixão, que para Si atrairia todos que sofrem injustiças, o sumo sacerdote Caifás falará pelo Espírito Santo. São João anotou: "E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os dispersos filhos de Deus." Jo 11,51-52
    Jesus mesmo firmou: "E quando Eu for levantado da Terra, a Mim atrairei todos homens." Jo 12,32
    Esse, no entanto, seria mais um capítulo de difícil compreensão para muitos, incluindo os próprios Apóstolos. É o paradoxo do Deus que morre, como Ele mesmo anunciava: "E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem muito padecesse, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias." Mc 8,31
    Mas essa profecia, antes que um fatídico acidente, era a própria vontade do Pai, que vai ser deliberadamente realizada pelo Filho: "Ninguém tira Minha vida. Eu dou-a livremente. Tenho poder para dar a vida e tenho poder para retomá-la. Esse é o Mandamento que recebi de Meu Pai." Jo 10,18
    E foi ainda mais específico ao estabelecer o nexo entre Sua Paixão e a Salvação da humanidade: "Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar Sua vida em Redenção por muitos." Mc 10,45
    Serviu-nos, pois, Sua própria Carne e Seu Sangue como alimento da Vida Eterna: "Então lhes disse Jesus: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes Seu Sangue, não tereis a Vida em vós mesmos. Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a Vida Eterna, e Eu ressuscitá-lo-ei Último Dia. Pois Minha Carne verdadeiramente é uma comida e Meu Sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue permanece em Mim e Eu nele. Assim como o Pai, que Me enviou, vive, e Eu vivo pelo Pai, assim aquele que comer Minha Carne também viverá por Mim.'" Jo 6,53-57
    Quem, porém, vê algum desconforto em enfrentar a vida entre arrependimento e penitências, erra em imaginar que Jesus veio convidar-nos para uma vida só de alegrias aqui na Terra. Pelo contrário, Ele mesmo avisou: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 6,33
    A Carta de São Paulo aos Romanos assim explica o sentido de Sua Paixão: "... segundo meu Evangelho, na pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério, guardado em segredo durante séculos, mas agora manifestado por ordem do Eterno Deus e, por meio das Proféticas Escrituras, dado a conhecer a todas nações, a fim de levá-las à obediência da fé..." Rm 16,25-26
    Assim, bem ao modo das tradições judaicas, Seu Sacrifício serviu para a definitiva expiação de nossas faltas. Os discípulos de São Paulo argumentam: "Pois se sangue de carneiros e de touros, e a cinza de uma vaca, com que se aspergem os impuros, santificam e purificam pelo menos os corpos, quanto mais o Sangue de Cristo, que pelo Eterno Espírito Se ofereceu como vítima sem mácula a Deus, purificará nossa consciência das obras mortas para o serviço do Deus vivo!" Hb 9,13-14
    A purificação, portanto, está aí a nosso alcance, pelo Sacramento da Confissão. Pois, como se pode concluir, a Missão de Jesus foi cumprida com pleno êxito: "Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos Céus..." Hb 1,3b
    Mas, tal qual falou à mulher adúltera, Jesus diz a todos nós: "Vai, e não tornes a pecar." Jo 8,11a
    Sob a mesma ótica do binômio pecado e perdão, São João Evangelista vai justificar a intenção de sua Carta. No entanto, prevendo possíveis faltas, também disse para nosso conforto: "Filhinhos meus, isto escrevo-vos para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo." 1 Jo 2,1
    Trata-se mesmo de assegurar-nos a eficácia do Ministério de Jesus: "Eis porque Cristo entrou, não em santuário feito por mãos de homens, que fosse apenas figura do santuário verdadeiro, mas no próprio Céu, para agora Se apresentar nosso intercessor ante a face de Deus." Hb 9,24

CONFORME AS PROFECIAS

    Como visto, Nosso Salvador foi previsto como a Luz, o Libertador da escravidão do pecado, porque Deus Pai Lhe disse no Livro do Profeta Isaías: "Eu, o Senhor, realmente chamei-Te, Eu segurei-Te pela mão, Eu formei-Te e designei para ser a Aliança com os povos, a Luz das nações. Para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas." Is 42,6-7
    Assim era que São Pedro divulgava Cristo, falando mesmo em exorcismo: "Ele andou fazendo o bem e curando a todos que estavam dominados pelo Demônio, porque Deus estava com Ele." At 10,38b
    São João é ainda mais direto: "Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8b
    E o Apóstolo dos Gentios diz algo parecido: "... Senhor Jesus Cristo, que Se entregou por nossos pecados, para libertar-nos da perversidade do presente mundo..." Gl 1,4a
    Desta forma, ainda segundo a Palavra de Deus registradas por Isaías, Ele veio salvar aqueles que O abraçam, e divulgar a Salvação aos que ainda desconhecem Seu projeto: "Não basta que sejas Meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os fugitivos de Israel. Vou fazer de Ti a Luz das nações, para propagar Minha Salvação até os confins do mundo." Is 49,6
    Mas como Simeão disse no dia da Apresentação do Senhor, Ele não seria uma unanimidade nem mesmo entre Seu povo, muito menos na mais desenvolvida cidade de Sua nação, onde mais pessoas conheciam as Escrituras. Isaías previu: "Ele será a pedra de escândalo e a pedra de tropeço para as duas casas de Israel, o laço e a cilada para os habitantes de Jerusalém." Is 8,14
    Mesmo assim, como uma pequena semente lançada em Israel, Ele tornou-Se o maior líder de todos tempos. Porque, conforme as palavras de Deus no Livro do Profeta Miqueias, é Ele que apascenta e protege o rebanho de Deus: "'Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para Mim Aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos antigos tempos, aos dias do longínquo passado.' Por isso, Deus deixá-los-á até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de Seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel. Ele levantar-Se-á para apascentá-los com o poder do Senhor, com a majestade do Nome do Senhor, Seu Deus. Os Seus viverão em segurança, porque Ele será exaltado até os confins da Terra." Mq 5,1-3
    Pois ao divulgar o Nome do Pai, Jesus promove a Unidade da Igreja pelo exemplo dos Apóstolos, que são seus fundamentos (cf. Ef 2,20). Ele rezou: "Pai Santo, guarda-os em Teu Nome, que Me encarregaste de fazer conhecido, a fim de que sejam Um como Nós." Jo 17,11b
    E assim, pela Unidade em torno do Papa, a Igreja passou a ser o sinal da própria Glória de Deus, prova de que Jesus é o Messias e do amor do Pai por nós: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23


REDENÇÃO PELO ESPÍRITO DE DEUS, ATRAVÉS DA IGREJA

    Por fim, para o pleno sucesso de Sua Missão, Jesus prometeu o Espírito de Deus para arrematar a Revelção e confirmar todos Seus ensinamentos: "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu Nome, ensiná-vos-á todas coisas e recordá-vos-á tudo que vos tenho dito." Jo 14,26
    E como Deus havia prometido através de Isaías, é Ele que nos mantém longe do pecado: "'Mas virá como Redentor a Sião, e aos arrependidos filhos de Jacó', Oráculo do Senhor. 'Eis Minha Aliança com eles', diz o Senhor: 'Meu Espírito que sobre ti repousa, e Minhas palavras que coloquei em tua boca não deixarão teus lábios nem os de teus filhos, nem os de seus descendentes', diz o Senhor, 'desde agora e para sempre.'" Is 59,20-21
    Pois, sobre os Sacerdotes da Igreja, Jesus derramou Seu Espírito para conceder-nos o perdão dos pecados: "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,22-23
    Sem dúvida, é o Divino Paráclito que nos convence de nossas ofensas a Deus, como Ele disse: "Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim." Jo 16,9
    É, portanto, por Sua unção que recebemos a libertação do pecado. São Paulo afirma aos cristãos de Roma: "Porquanto não recebestes um espírito de escravidão, para viverdes ainda no temor, mas recebestes o Espírito de Adoção pelo qual clamamos: 'Aba! Pai!'" Rm 8,15
    Eis porque, como com´promisso para afastar-se de todo erro, a Carta São Tiago estimula bem mais que a mera Confissão ao Sacerdote: "Confessai vossos pecados uns aos outros..." Tg 5,16
    São João Evangelista, no entanto, corrobora o Sacramento da Penitência: "Se confessarmos nossos pecados, Deus está aí, fiel e justo para perdoar-nos os pecados e para purificar-nos de toda iniquidade." 1 Jo 1,9
    Quanto a quem pode ministrar os Sacramentos, São Tiago Menor foi absolutamente restritivo, mais uma vez evidenciando o rito do Sacramento da Unção dos Enfermos (cf. Mc 6,13): "Chame os Sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com Óleo em Nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor restabelecê-lo-á. Se ele cometeu pecados, sê-lhe-ão perdoados." Tg 5,14-15
    Porque foi para a instituição da Igreja, e consequentemente para a concessão do perdão, que Jesus derramou Seu preciosíssimo Sangue. No Livro de Apocalipse de São João, este Apóstolo aclama: "Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados em Seu Sangue e que fez de nós um Reino de Sacerdotes para Deus e Seu Pai, Glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém." Ap 1,5b-6
    E São Pedro, denunciando o Sinédrio e atestando a redentora Missão do Cristo, confirma a presença do Divino Paráclito na Igreja pela obediência que devotamos ao Pai: "O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, que vós matastes, suspendendo-O num madeiro. Deus elevou-O pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus deu a todos aqueles que Lhe obedecem.'" At 5,30-32
    Exatamente como Jesus prometeu, exclusivamente à Igreja: "Se Me amais, guardareis Meus Mandamentos. E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,15-17
    Assim o Espírito de Deus passou a ser a própria marca dos cristãos, como São João Apóstolo diz de Jesus: "Quem observa Seus Mandamentos, permanece em Deus e Deus nele. É nisto que reconhecemos que Ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu." 1 Jo 3,24
    Por isso, logo após a manifestação do Santo Paráclito no Pentecostes, São Pedro exortou todos ali presentes à Confissão, quando claramente vemos que o Batismo também é para as crianças : "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em Nome de Jesus Cristo para remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos que de longe ouvirem o apelo do Senhor, Nosso Deus." At 2,38-39
    E assim se comportavam diante de São Paulo todos que eram tocados pela Palavra: "Muitos daqueles que haviam acreditado, vinham confessar e declarar suas obras." At 19,18
    A Carta de São Paulo aos Colossenses ensinava: "Mortificai, pois, vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria." Cl 3,5
    Não por acaso, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios vê no Espírito de Cristo a garantia da Salvação: "Ele (Deus) marcou-nos com Seu selo, e a nossos corações deu o penhor do Espírito." 2 Cor 1,22
    Carta de São Paulo aos Efésios, pois, pedia: "Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o Qual estais selados para o Dia da Redenção." Ef 4,30
    E no mesmo sentido, a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses instava contra nosso terrível poder de afastá-Lo: "Não extingais o Espírito." 1 Ts 5,19
    O Amado Discípulo, com propriedade, faz essa síntese da Missão do Cristo: "Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam. Mas a todos aqueles que O receberam, àqueles que creem em Seu Nome, deu-lhes o poder de tornarem-se filhos de Deus..." Jo 1,11-12
    Ele testemunha: "Aquele que era desde o princípio, Aquele que temos ouvido, Aquele que temos visto com nossos olhos, Aquele que temos contemplado e nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da Vida, porque a Vida se manifestou e nós a temos visto, damos testemunho e anunciamo-vos a Vida Eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou. Aquele que vimos e ouvimos, nós anunciamo-vos para que vós também tenhais Comunhão conosco." 1 Jo 1,1-3
    Pois como disse, o que realmente sabemos sobre Deus, "O Filho único, que está no seio do Pai, foi Quem O revelou." Jo 1,18
    Ele completa: "Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que estamos em Seu Filho Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro Deus e a Vida Eterna." 1 Jo 5,20
    E explicitando o poder de Sua Palavra, Jesus sentenciou: "Desse modo, todos honrarão o Filho, bem como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai, que O enviou." Jo 5,23
    Ficamos, pois, com uma frase da Carta de São Paulo a São Tito, que bem detalha tanto a Missão de Jesus como Sua identidade: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa de nossa feliz esperança, a Gloriosa Aparição de Nosso Grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, a fim de resgatar-nos de toda iniquidade, purificar-nos e constituir-nos Seu povo de predileção, zeloso na prática do bem." Tt 2,12-14

    "Jesus Cristo deu-nos vida por Sua morte!"