quinta-feira, 11 de abril de 2024

Igreja: Reino de Sacerdotes


    Em manifestação a Moisés, Deus prometeu que faria de Seu povo um Reino de Sacerdotes: "Agora, pois, se obedecerdes à Minha voz, e guardardes Minha Aliança, sereis Meu povo particular entre todos povos. Toda Terra é Minha, mas vós sê-Me-eis um Reino de Sacerdotes e uma consagrada nação. Tais são as palavras que dirás aos israelitas." Ex 19,5-6
    E séculos depois, falando através do Profeta Isaías, Deus refez essa promessa: "Prestai-Me atenção e vinde a Mim. Escutai e vossa alma viverá. Convosco quero concluir uma Eterna Aliança, outorgando-vos os favores prometidos a Davi. De ti farei um testemunho para os povos, um soberano condutor das nações. Conclamarás povos que nunca conheceste, e nações que te ignoravam acorrerão a ti, por causa do Senhor Teu Deus, e do Santo de Israel que fará tua glória." Is 55,3-5
    E este mesmo Profeta, antecipando palavras do próprio Jesus, assegurou ao povo: "... chamá-vos-ão Sacerdotes do Senhor, de Ministros de Nosso Deus sereis qualificados." Is 61,6a
    O Profeta Jeremias, de fato, indicou este Reino como consequência da manifestação do Cristo, quando o maior sinal do Antigo Testamento já estaria esquecido: "Dá-vos-ei pastores segundo Meu Coração, que vos apascentarão com inteligência e Sabedoria. Quando vos multiplicardes e vos tornardes numerosos na Terra, naqueles dias,' Oráculo do Senhor, 'não mais se falará da Arca da Aliança do Senhor, nem mais nela se pensará, perdendo-se a lembrança e a saudade, e sequer a ela há de referir-se." Jr 3,15-16
    E os Salmos apontam estes Sacerdotes como filhos de Nossa Senhora: "Vosso trono, ó Deus, é eterno. De equidade é Vosso cetro real. ... posta-se à Vossa direita a Rainha, ornada de ouro de Ofir. Ouve, filha, vê e presta atenção: esquece teu povo e a casa de teu pai. De tua beleza encantar-Se-á o Rei. Ele é Teu Senhor, rende-Lhe homenagens. Teus filhos tomarão o lugar de teus pais, tu estabelecê-lo-ás príncipes sobre toda Terra. Celebrarei teu nome através das gerações. E os povos eternamente louvá-te-ão." Sl 44,7.10b-12.17-18
    Daniel viu a investidura do Cristo, Nosso Rei, ainda no Céu, feita por Deus Pai: "Sempre olhando a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do Céu: dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e povos de todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
    E essa promessa cumpriu-se com a Vitória de Jesus, como se vê na reverência feita por São João Evangelista no Livro do Apocalipse: "Àquele que nos ama, que em Seu Sangue nos lavou de nossos pecados e que de nós fez um Reino de Sacerdotes para Deus e Seu Pai, Glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém." Ap 1,5a-6
    Ainda que também constituído pelo elemento humano, em si ele é invencível, pois Jesus garante, através de São Pedro, à Igreja: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18b
    Ele diz de Suas ovelhas: "... ninguém as roubará de Minha mão. ... ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai." Jo 10,27a.28b.29b
    E São Pedro diz a razão dessa proteção: "... vós que, por causa de vossa , sois guardados pelo poder de Deus..." 1 Pd 1,5a
    Assim nos é possível realizar a Santa Missa, como os seguidores da tradição de São Paulo aferem: "Sim, possuindo nós um Inabalável Reino, dediquemos a Deus um reconhecimento que com temor e respeito Lhe torne agradável nosso culto. Porque Nosso Deus é um fogo devorador (Dt 4,24)." Hb 12,28
    Trata-se, portanto, de um sobrenatural sacerdócio, que tem o próprio Cristo como modelo: "E uma vez chegado a Seu termo, tornou-Se Autor da Eterna Salvação para todos que Lhe obedecem, porque Deus O proclamou Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque." Hb 5,9-10
    E assim é, pois, para sempre, como Deus jurou em Jesus. Cantam os Salmos: "O Senhor jurou e não Se arrependerá: 'Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.'" Sl 109,4
    Os seguidores de São Paulo argumentam: "Se a perfeição tivesse sido realizada pelo sacerdócio levítico, porque é sobre este que se funda a legislação dada ao povo, que necessidade havia de que ainda surgisse outro sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque, e não segundo a Ordem de Aarão? Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que Este Outro Sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedeque, foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas por Sua imortalidade." Hb 7,11.15-16
    E arrematam: "E esta Aliança, da qual Jesus é o Senhor, é-lhe muito superior. Além disso, os primeiros sacerdotes deviam suceder-se em grande número, porquanto a morte não permitia que permanecessem sempre. Este, porque vive para sempre, possui um eterno sacerdócio. É por isso que Lhe é possível levar a termo a Salvação daqueles que por Ele vão a Deus, porque vive sempre para interceder em seu favor. Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos Céus..." Hb 7,22-26
    Porque tal Ministério é consequência da instauração do próprio Reino de Deus, como Jesus mesmo declarou aos fariseus: "Mas se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso os demônios, então chegou a vós o Reino de Deus." Mt 12,28
    Disse-o de outro modo: "Um dia, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: 'O Reino de Deus não virá de ostensivo modo. Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós.'" Lc 17,20-21
    O estabelecimento do Reino foi previsto pelo sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, pois só em santidade e justiça é possível estar perto de Deus: "... de conceder-nos que, sem temor, libertados de mãos inimigas, possamos servi-Lo em santidade e justiça, em Sua presença, todos dias de nossa vida." Lc 1,74-75
    E era o que São João Batista dizia aos judeus, advertindo da Vinda do Cristo: "... em meio a vós está Quem vós não conheceis." Jo 1,26b
    Como condição deste sacerdócio, aos Apóstolos determinou Jesus completa entrega à Divina Providência: "Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, em mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão. Pois o operário merece seu sustento." Mt 10,9-10
    Determinou a prática da total gratuidade pela ministração dos Sacramentos: "Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!" Mt 10,8
    Determinou que tudo abandonassem: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui, não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33
    Inclusive os mais próximos parentes: "Jesus respondeu: 'Em Verdade, declaro-vos: ninguém há que tenha abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos, que não receba muito mais neste mundo e a Vida Eterna no vindouro.'" Lc 18,29
    Ele exigia a real prática do amor a Deus sobre todas coisas e pessoas: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim. Quem ama seu filho mais que a Mim, não é digno de Mim." Mt 10,37
    Assim como exigia a guarda do celibato: "Seus discípulos disseram-Lhe: 'Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, melhor é não se casar!' Respondeu Ele: 'Nem todos são capazes de compreender o sentido desta Palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor ao Reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda.'" Mt 19,10-12
    São Paulo, um convicto celibatário, explicou aos coríntios: "Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa." 1 Cor 7,32-33
    E São João Evangelista ouviu nos Céus a respeito de alguns Santos: "Estes são os que não se contaminaram com mulheres, pois são virgens. São eles que acompanham o Cordeiro por onde quer que Ele vá, foram resgatados dentre os homens como primícias oferecidas a Deus e ao Cordeiro. Em sua boca não se achou mentira, pois são irrepreensíveis." Ap 14,4-5
    Jesus, pois, advertia até dos menores desvios da Sã Doutrina: "Pois em Verdade, digo-vos: passará o céu e a Terra, antes que desapareça um jota, um traço da Lei. Aquele que violar um destes Mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será declarado o menor no Reino dos Céus." Mt 5,18-19a
    Ele duramente critica as invencionices de fariseus e escribas: "Hipócritas! É bem de vós que fala o Profeta Isaías: 'Este povo só Me honra com os lábios. Seu coração, porém, está longe de Mim. Vão é o culto que Me prestam, porque ensinam preceitos que só vêm dos homens (Is 29,13).' Toda planta que Meu Pai Celeste não plantou será arrancada pela raiz. Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, ambos tombarão na mesma vala." Mt 15,7-9.13b-14
    E quanto aos mais graves erros... "Mas se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que creem em Mim, melhor fora que ao pescoço lhe atassem a mó de um moinho e o lançassem ao fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!" Mt 18,6-7
    O caso de Judas Iscariotes, um de Seus escolhidos, foi emblemático. Jesus disse: "O Filho do Homem vai, segundo o que d'Ele está escrito, mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem for traído! Melhor lhe seria que nunca tivesse nascido..." Mc 14,21
    Por isso, São Pedro providencialmente pediu sua substituição: "Irmãos, convinha que se cumprisse o que o Espírito Santo predisse na Escritura pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus. Ele era um dos nossos e teve parte em nosso Ministério. Convém que destes homens que têm estado em nossa companhia todo tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do batismo de João até o dia em que de nosso meio foi arrebatado, um deles torne-se conosco testemunha de Sua Ressurreição. Deitaram sorte e caiu a sorte em Matias, que foi incorporado aos Onze Apóstolos." At 1,16-17.21-22.26
    Logo em seguida, ao Colégio dos Apóstolos foram incorporados os Anciãos, 'Presbíteros' em grego, então um cargo de dignidade, como um título, a quem São Pedro se dirigiu em carta: "Eis a exortação que dirijo aos Anciãos que estão entre vós, porque sou Ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo e com eles serei participante daquela Glória que há de manifestar-se: velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado; dele tende cuidado, não constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de sórdido interesse, mas com dedicação; não como absolutos dominadores sobre as comunidades que vos são confiadas, mas como modelos de vosso rebanho." 1 Pd 5,1-3
    O respeito aos Anciãos era uma antiquíssima tradição dos judeus: "Moisés saiu e referiu ao povo as palavras do Senhor. Reuniu setenta homens dos Anciãos do povo e colocou-os em volta da Tenda. O Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés. Tomou uma parte do Espírito que o animava e pô-la sobre os setenta Anciãos. Apenas repousara o Espírito sobre eles, começaram a profetizar, mas não continuaram." Nm 11,24-25
    Eles já estavam com os Apóstolos em Jerusalém, quando das questões que motivaram o Primeiro Concílio da Igreja: "Então se originou uma grande discussão de Paulo e Barnabé com eles, e resolveu-se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar desta questão com os Apóstolos e os Anciãos em Jerusalém." At 15,2
    Decisões essas, aliás, que sempre foram fielmente obedecidas, como vemos nas missões de São Paulo e São Timóteo, pois a força da Unidade fez crescer a Igreja: "Nas cidades pelas quais passavam, eles ensinavam que observassem as decisões que haviam sido tomadas pelos Apóstolos e Anciãos em Jerusalém. Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a dia cresciam em número." At 16,4-5
    Mas por influência da língua grega, falada pelos primeiros cristãos de origem judaica, ao Ancião, ou Presbítero, atribuiu-se a palavra 'Epíscopo', que quer dizer 'supervisor' e equivale ao termo 'Bispo', embora as funções ainda não fossem as da tradição cristã, pois inicialmente, como os diáconos, eles exerceriam encargos executivos. São Paulo já indica a presença deles na Carta aos Filipenses, primeira comunidade cristã em terras da Europa: "Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos santos em Jesus Cristo que se acham em Filipos, juntamente com os bispos e diáconos." Fl 1,1
    Quanto ao diaconato, foi instituído pelos próprios Onze mais São Matias, logo que se avolumaram as atividades dos Apóstolos: "Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque suas viúvas teriam sido negligenciadas na diária distribuição. Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: 'Não é razoável que abandonemos a Palavra de Deus para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de Sabedoria, aos quais encarregaremos este ofício. Nós sem cessar atenderemos à oração e ao Ministério da Palavra.' Apresentaram-nos aos Apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos." At 6,1-4.6
    E quando aos Anciãos, além do encargo administrativo, também já cabia o Ministério da Palavra, São Paulo atribuiu a São Tito a missão de instituí-los, deixam muito claro que as condições de Ordenação eram bem restritas, embora à época ainda pudessem ser casados: "Eu deixei-te em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres Anciãos em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei. Devem ser escolhidos entre quem seja irrepreensível, casado uma só vez, tenha filhos fiéis e não acusados de má conduta ou insubordinação, porquanto é mister que o bispo seja irrepreensível, como administrador que é posto por Deus. Não arrogante, nem colérico, nem intemperante, nem violento, nem cobiçoso. Ao contrário, seja hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente, firmemente apegado à Doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a Sã Doutrina e rebater aqueles que a contradizem." Tt 1,5-9
    Ele dará semelhantes instruções a São Timóteo, e estenderá recomendações sobre os diáconos: "Eis uma coisa certa: quem aspira ao episcopado, saiba que está desejando uma sublime função. Porque o bispo tem o dever de ser irrepreensível, casado uma só vez, sóbrio, prudente, regrado em seu proceder, hospitaleiro, capaz de ensinar. Não deve ser dado a bebidas, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado; deve saber bem governar sua casa, educar seus filhos na obediência e na castidade. Pois quem não sabe governar sua própria casa, como terá cuidado da Igreja de Deus? Não pode ser um recém-convertido, para não acontecer que, ofuscado pela vaidade, venha a cair na mesma condenação que o Demônio. Importa, outrossim, que goze de boa consideração por parte dos de fora, para que não se exponha ao desprezo e assim caia em diabólicas ciladas. Do mesmo modo, os diáconos sejam honestos, não de duas atitudes nem propensos ao excesso da bebida e ao espírito de lucro; que guardem o mistério da fé numa pura consciência. Antes de poderem exercer seu Ministério, sejam provados para que se tenha certeza de que são irrepreensíveis. Os diáconos não sejam casados senão uma vez, e saibam governar os filhos e a casa. E os que bem desempenharem este Ministério, alcançarão honrosa posição e grande confiança na fé, em Jesus Cristo." 1 Tm 3,1-10.12-13
    E explica: "A um servo do Senhor não convém altercar. Bem ao contrário, seja ele condescendente com todos, capaz de ensinar, paciente em suportar os males. É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres dos laços do Demônio, que a seus caprichos os mantém cativos e submetidos." 2 Tm 2,24-26
    O episcopado, portanto, assim como o diaconato, é divina designação, e os Anciãos naturalmente passariam a sucessores dos Apóstolos. Em despedida, São Paulo vai dizer aos de Éfeso, a quarta mais importante cidade do Império Romano: "Mas de Mileto mandou a Éfeso chamar os Anciãos da igreja. 'Cuidai de vós mesmos e de todo rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com Seu próprio Sangue.'" At 20,17.28
    Aliás, todo clero é divina designação, ainda segundo este Apóstolo: "Por conseguinte, desprezar estes preceitos é desprezar não a um homem, mas a Deus, que nos infundiu Seu Santo Espírito." 1 Ts 4,9
    Quanto aos antigos Profetas, cuja tradição segundo Jesus se encerrou com São João Batista (Mt 11,13), passariam a ser nossos Sacerdotes: "Empenhai-vos em procurar a caridade. Igualmente aspirai aos dons espirituais, mas sobretudo ao de profecia. Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala misteriosas coisas, sob a ação do Espírito. Aquele, porém, que profetiza fala aos homens, para edificá-los, exortá-los e consolá-los. Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza, edifica a assembleia." 1 Cor 14,1-4
    E em hierarquia, ainda conforme São Paulo, eles só ficaram atrás dos próprios Apóstolos: "Ora, vós sois o Corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos Seus membros. Na Igreja, Deus primeiramente constituiu os Apóstolos, em segundo lugar os profetas, em terceiro lugar os doutores, depois os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de socorrer, de governar, de falar diversas línguas. São todos Apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? Fazem todos milagres? Têm todos a Graça de curar? Falam todos em diversas línguas? Interpretam todos?" 1 Cor 12,27-30
    Àquele tempo eram admitidos até três profetas por assembleia, que era o rudimento da Santa Missa, mas nunca lhes foi permitidos transes ou arrebatamentos, senão total fidelidade à Sã Doutrina: "Quanto aos profetas, falem dois ou três, e os outros julguem. Se for feita uma revelação a algum dos assistentes, cale-se o primeiro. Todos, um após outro, podeis profetizar para todos aprenderem e todos serem exortados. O espírito dos profetas deve estar-lhes submisso, porquanto Deus não é Deus de confusão, mas de Paz." 1 Cor 14,29-33


O SUMO PONTÍFICE

    Deus havia instituído um sumo sacerdote entre os israelitas desde os tempos de Moisés, posto que primeiro coube a seu mais velho irmão, Aarão, e cuja tradição por eles foi mantida até a destruição de Jerusalém, no ano 70 de nossa era. A ele cabia fazer a oferta do sacrifício no Altar: "Este será um perpétuo direito, devido a Aarão e seus filhos pelos israelitas. Esta é uma reservada oferta, aquela que os israelitas terão de tomar de seus pacíficos sacrifícios, uma reserva que devem ao Senhor. Os sagrados ornamentos de Aarão servirão para seus filhos, depois dele, que os vestirão quando lhes der a unção e forem empossados. Aquele dentre seus filhos que for sumo sacerdote em seu lugar, e que penetrar na Tenda de Reunião para o serviço do santuário, levá-los-á durante sete dias." Ex 29,28-30
    E a primazia do sumo sacerdote, da qual temos nosso Papa, Deus claramente prescreveu: "O sumo sacerdote, superior a seus irmãos, sobre cuja cabeça se derramou o óleo de unção, e que foi estabelecido para revestir as sagradas vestes, não descobrirá sua cabeça e não rasgará suas vestes." Lv 21,10
    Por isso, de cordeiros a ovelhas, Jesus entregou todo Seu rebanho a São Pedro, que demonstrou e professou amar a Deus sobre todas coisas: "Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, amas-Me mais que a estes?' Respondeu ele: 'Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.' Disse-lhe Jesus: 'Apascenta Meus cordeiros.' Perguntou-lhe outra vez: 'Simão, filho de João, amas-Me?' Respondeu-Lhe: 'Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.' Disse-lhe Jesus: 'Apascenta Meus cordeiros.' Perguntou-lhe pela terceira vez: 'Simão, filho de João, amas-Me?' Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: 'Amas-Me?', e respondeu-Lhe: 'Senhor, Tu sabes tudo, sabes que Te amo.' Disse-lhe Jesus: 'Apascenta Minhas ovelhas.'" Jo 21,15-17
    Isso fica evidente na parábola do fiel administrador, quando Jesus lhe prometeu entregar todo Seu tesouro: "Disse-Lhe Pedro: 'Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos?' O Senhor replicou: 'Qual é o sábio e fiel administrador que o Senhor estabelecerá sobre Seus operários para a seu tempo dar-lhes sua medida de trigo? Feliz daquele servo que o Senhor assim achar procedendo, quando vier! Em Verdade, digo-vos: confiá-lhe-á todos Seus bens.'" Lc 12,41-44
    Ora, Jesus notoriamente escolheu a Pedro dentre os Apóstolos, e deu-lhe clara proeminência: "Eu dá-te-ei as chaves do Reino dos Céus." Mt 16,19a
    E Ele ainda lhe dirá, na noite da Santa Ceia: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para peneirar-vos como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, por tua vez, confirma teus irmãos." Lc 22,31-32
    Quanto ao sacerdócio durante a Antiga Aliança, Deus havia separado a tribo de Levi dentre as doze de Israel: "O Senhor havia dito, com efeito, a Moisés: 'Não farás o recenseamento da tribo de Levi, nem porás a soma deles com os filhos de Israel. Confia-lhes o cuidado do Tabernáculo do Testemunho, de todos seus utensílios e de tudo que lhe pertence. Levarão o Tabernáculo e todos seus utensílios, farão seu serviço e acamparão em volta do Tabernáculo. Quando se tiver de partir, os levitas desmontarão o Tabernáculo, e levantá-lo-ão quando se tiver de acampar. O estrangeiro que dele se aproximar, será punido de morte. Os israelitas acamparão cada um em seu respectivo acampamento, e cada um perto de sua bandeira, segundo suas turmas. Quanto aos levitas, porém, acamparão em torno do Tabernáculo do Testemunho, para que não suceda explodir Minha cólera contra a assembleia dos israelitas. Ademais, os levitas terão a guarda do Tabernáculo do Testemunho.'" Nm 1,48-53
    A eles não coube nenhuma terra na partilha de Israel, apenas o dízimo do que era produzido nos campos: "O Senhor disse a Aarão: 'Não possuirás nada na terra deles, e não terás parte alguma entre eles. Eu sou tua parte e tua herança em meio aos israelitas. Quanto aos levitas, dou-lhes como patrimônio todos dízimos de Israel pelo serviço que prestam na Tenda da Reunião.'" Nm 18,20-21
    Eram eles, portanto, que realizavam o sacrifício para a expiação dos pecados do povo: "A expiação será feita pelo sacerdote, que foi ungido e empossado para exercer o sacerdócio..." Lv 16,32
    E assim Deus determinou a confissão como forma de expiação, entre outras coisas, de falso testemunho, tocar coisa impura ou jurar: "Aquele, pois, que for culpado de uma dessas coisas, confessará aquilo em que faltou. Apresentará ao Senhor, em expiação pelo pecado cometido, uma fêmea do miúdo de seu rebanho, uma ovelha ou uma cabra em sacrifício pelo pecado, e o sacerdote fará por ele a expiação de seu pecado." Lv 5,5-6
    Quanto à purificação dos próprios levitas, segundo o Profeta Malaquias, era uma delicada obra de Deus: "Ele sentar-Se-á para fundir e purificar a prata. Purificará os filhos de Levi e refiná-los-á como se refinam o ouro e a prata. Então eles serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convêm. E a oblação de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos antigos dias, como nos anos de outrora." Ml 3,3-4
    Assim os levitas cumpriram o sacerdócio através dos séculos: "'Então sabereis que fui Eu que vos dei esta ordem, para que Meu pacto com Levi subsista,' diz o Senhor dos Exércitos. 'Minha Aliança com Levi foi um pacto de Vida e prosperidade, e também de temor, a fim de que ele temesse Meu Nome. E ele temeu-Me e sempre teve reverência por Meu Nome, sua boca ensinou a Verdade e não se encontrou perversidade em seus lábios. Comigo andou na Paz e na retidão, e do mal afastou grande número de homens. Porque os lábios do sacerdote guardam a ciência e é de sua boca que se espera a Doutrina, pois ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.'" Ml 2,4-7
    O Livro do Eclesiástico, enfim, exorta entre citações do Primeiro Mandamento: "Teme a Deus com toda tua alma, e tem um profundo respeito por Seus sacerdotes. Ama com todas tuas forças Aquele que te criou, e não abandones Seus ministros." Eclo 7,31-32
    E recomenda aos vocacionados: "Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de Sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação." Eclo 2,1-6
    Porque todos esses ofícios são divinos dons, guiados por inspiração do Divino Paráclito. Nada têm de mera instrução humana ou simples literalidade da Bíblia, principalmente após o Pentecostes, como São Paulo afirma: "Ele (Deus) é que nos fez aptos para ser Ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica." 2 Cor 3,6
    Ele identifica os novos Sacerdotes como Ministros da Justiça: "Pois se o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz, parece bem normal que seus ministros se disfarcem em Ministros de Justiça, cujo fim, no entanto, será segundo suas obras." 2 Cor 11,14b-15
    E eles apresentavam-se como colaboradores do Criador: "Nós somos cooperadores de Deus. Vós, o campo de Deus, o edifício de Deus." 1 Cor 3,9
    Uma vez ordenados, esses dons não podem ser retirados: "Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." Rm 11,29
    Por isso, ele questionava os romanos: "Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus Quem os justifica." Rm 8,33
    Quanto à vocação para o sacerdócio, seus seguidores não tinham dúvida: "Ninguém se apropria desta honra, senão somente aquele que é chamado por Deus, como Aarão." Hb 5,4
    São João Batista havia dito: "Ninguém pode atribuir-se a si mesmo senão o que lhe foi dado do Céu." Jo 3,27
    Com efeito, garantindo a missão dos Apóstolos, Jesus disse-lhes: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu escolhi-vos e constitui-vos para que vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça." Jo 15,16
    Pois não basta candidatar-se, é preciso ser ordenado por Sua Igreja. Ele mesmo sentenciou: "Quem fala por si mesmo busca a própria glória, mas quem procura a Glória de Quem o enviou é digno de fé e nele não há impostura alguma." Jo 7,18
    São Paulo, no mesmo sentido, vai dizer: "Pois merece a aprovação não aquele que se recomenda a si mesmo, mas aquele que o Senhor recomenda." 2 Cor 10,18
    Por isso, Nosso Salvador firmou: "Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou." Lc 10,16
    E ensinando aos fieis, foi terminativo: "Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente. Se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se também se recusar a ouvir a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano." Mt 18,15-17
    São João Evangelista reconheceu essa força que move a Igreja: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a
    Pois o próprio Jesus o reclamava, como vemos quando apareceu aos Apóstolos: "Por fim, apareceu aos Onze, quando estavam sentados à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, por não acreditarem nos que O tinham visto ressuscitado." Mc 16,14
    E os Salmos entoam a Deus:"Feliz aquele que Vós escolheis, e chamais para habitar em Vossos átrios. Possamos nós ser saciados dos bens de Vossa Casa, da santidade de Vosso Templo." Sl 64,5
    Assim, e desde então, o Sacramento da Ordenação sempre é dado pelo mesmo ritual, pela imposição de mãos que vem desde os Apóstolos, que Jesus mesmo escolheu. Foi o que São Paulo determinou a São Timóteo: "Por esse motivo, eu exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que pela imposição de minhas mãos recebeste. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de Sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, Seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus." 2 Tm 1,6-7
    Mas, num registro de detalhes deste ritual, ele também vai exigir: "Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia, quando a Assembleia dos Anciãos te impôs as mãos. Põe nisto toda diligência e empenho, de tal modo que teu aproveitamento se torne manifesto a todos." 1 Tm 4,14-15
    Também anotou estes: "Conquista a Vida Eterna, para a qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas." 1 Tm 6,12b
    E diante de um povo ainda questionador e vacilante, os seguidores da tradição do Último Apóstolo vão comentar: "Não queremos agora insistir nas fundamentais noções da conversão, da renúncia ao pecado, da fé em Deus, a doutrina dos vários batismos, da imposição das mãos, da Ressurreição dos mortos e do Julgamento Eterno." Hb 6,1b-2
    Disto, nossos atuais Sacerdotes são exclusivamente aqueles que vêm sendo instituídos pela mesma e Sagrada Tradição, como vemos noutra instrução de São Paulo a São Timóteo: "O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a fiéis homens que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros." 2 Tm 2,2
    Escrevendo aos tessalonicenses, ele indicou de Quem realmente vem essa vocação e esse dom: "Não cessamos de rezar por vós, para que Nosso Deus vos faça dignos de Sua vocação. Que Ele, por Seu poder, realize todo bem que desejais e torne ativa vossa fé." 2 Ts 1,11
    Por isso, rezava: "Irmãos, que todo mundo nos considere como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. A este respeito, o que se exige dos administradores é que sejam fiéis." 1 Cor 4,1-2
    No entanto, contava com o auxílio dos próprios fiéis para a instrução da Palavra, como pediu aos colossenses: "A Palavra de Cristo permaneça entre vós em toda sua riqueza, de sorte que mutuamente possais instruir-vos e exortar-vos com toda Sabedoria." Cl 3,16a
    E também pedia: "Procedei com Sabedoria no trato com os de fora. Sabei aproveitar todas circunstâncias. Que vossas conversas sempre sejam amáveis, temperadas com sal, e a cada um sabei responder devidamente." Cl 4,5-6
    Ora, o Livro da Sabedoria já dizia sobre ela mesma: "Ela derrama-se de geração em geração nas santas almas, e forma os amigos e os intérpretes de Deus, porque Deus só ama quem vive com a Sabedoria!" Sb 7,27-28
    Pois São Paulo tinha plena consciência da fragilidade humana, seja de fiéis ou Sacerdotes: "Se nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a Luz do Evangelho, onde resplandece a Glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que claramente transpareça que este extraordinário poder provém de Deus e não de nós." 2 Cor 4,3-4.7
    Ele atesta aos tessalonicenses: "Nosso Evangelho foi-vos pregado não somente por Palavra, mas também com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção." 1 Ts 1,5
    Não abria mão, entretanto, de sua autoridade: "Peço-vos que, quando eu estiver presente, não me veja obrigado a usar de minha autoridade de que realmente pretendo usar com certas pessoas que imaginam que nós procedemos com humanas intenções. Porque, ainda que vivamos na carne, não militamos segundo a carne. Não são carnais as armas com as quais lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-o à obediência a Cristo. Também estamos prontos para castigar todos desobedientes, desde que vossa obediência seja perfeita." 2 Cor 10,2-6
    E assevera sobre a indeclinável santidade dos pastores: "Esta é a vontade de Deus: vossa santificação... E que ninguém, nesta matéria, oprima nem defraude a seu irmão, porque o Senhor faz justiça de todas estas coisas, como antes já vos temos dito e asseverado." 1 Ts 4,3a.6
    Pedia aos fieis pelos Sacerdotes da Igreja: "Suplicamo-vos, irmãos, que reconheçais aqueles que arduamente trabalham entre vós para dirigir-vos no Senhor e admoestar-vos. Para com eles tendes singular amor, em vista do cargo que exercem. Conservai a Paz entre vós." 1 Ts 5,12-13
    Determinou a São Timóteo: "Não recebas acusação contra um presbítero, senão por duas ou três testemunhas." 1 Tm 5,19
    Advogava-lhes a devida remuneração: "Os presbíteros que bem desempenham o encargo de presidir sejam honrados com dupla remuneração, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino." 1 Tm 5,7
    E reclamou a espiritual paternidade dos coríntios: "Com efeito, ainda que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos pais. Ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho." 1 Cor 4,15
    Seus seguidores evocavam a memória dos que já haviam partido: "Lembrai-vos de vossos guias que vos pregaram a Palavra de Deus. Considerai como souberam encerrar a carreira, e imitai-lhes a fé. Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda eternidade." Hb 13,7-8
    Pediam submissão e obediência aos ainda presentes: "Sede submissos e obedecei aos que vos guiam, pois eles velam por vossas almas e delas devem dar conta. Assim eles o farão com alegria, e não a gemer, pois isto vos seria funesto." Hb 13,17
    E quanto aos que se pretendem doutos ou se arrogam vocacionados, São Tiago Menor deu um sério conselho: "Meus irmãos, entre vós não haja muitos a arvorarem-se mestres. Sabeis que seremos mais severamente julgados..." Tg 3,1
    De fato, Jesus avisava da distância entre pregar, ou mesmo operar maravilhas, e viver com sinceridade os Mandamentos: "Nem todo aquele que Me diz: 'Senhor, Senhor', entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele Dia: 'Senhor, Senhor, não pregamos nós em Vosso Nome, e não foi em Vosso Nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres?' E, no entanto, Eu di-lhes-ei: 'Nunca vos conheci. Retirai-vos de Mim, maus operários!'" Mt 7,21-23
    São Judas Tadeu já denunciava as abominações de certos 'sacerdotes': "Pois certos homens furtivamente se introduziram entre nós, os quais desde muito tempo estão destinados para este Julgamento. Uns ímpios que transformam a Graça de Nosso Deus em licenciosidade e negam Jesus Cristo, Nosso Único Mestre e Senhor." Jd 4
    São João Evangelista até reconhecia que eles haviam sido da Igreja, mas recomenda a Guia do Divino Espírito: "Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que esta é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, certamente ficariam conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos. Vós, porém, tendes a Unção do Santo e sabeis todas coisas." 1 Jo 3,18b-20
    Como solução, Nosso Salvador mandou-nos pedir mais Sacerdotes ao Pai: "Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estava enfraquecida e abatida como ovelhas sem pastor. Disse, então, a Seus discípulos: 'A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para Sua messe.'" Mt 9,36-37
    E assim São Paulo ensina a importância das penitências, lembrando a lição de São Tiago Menor sobre o mais severo Juízo: "Assim eu corro, mas não sem rumo certo, e dou golpes, mas não no ar. Ao contrário, castigo meu corpo e mantenho-o em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de ter pregado aos outros." 1 Cor 9,26-27
    Falava em exclusividade e em pertinaz dedicação: "Nenhum soldado pode implicar-se em negócios da vida civil, se quer agradar a Quem o alistou. Antes é preciso que o lavrador trabalhe com afinco, se quer boa colheita." 2 Tm 2,4.6


SACERDOTES ORDENADOS E SACERDOTES LEIGOS

    A todos, entretanto, São Pedro recomenda compromisso e seriedade, seja ordenado ou leigo Sacerdote: "Como bons dispensadores das diversas Graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu: a Palavra, para anunciar as mensagens de Deus; um Ministério, para exercê-lo com uma divina força, a fim de que em todas coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo." 1 Pd 4,10-11
    Convocava todos cristãos às divinas virtudes, sempre vendo neles um sacerdócio: "Vós, porém, sois uma escolhida raça, um régio sacerdócio, uma santa nação, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis as virtudes d'Aquele que vos chamou das trevas à Sua maravilhosa Luz." 1 Pd 2,9
    São Paulo diz aos coríntios: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso Ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações." 2 Cor 3,3
    E invocando os dons, pede pela Unidade aos efésios: "Sede um só Corpo e um só espírito, assim como fostes chamados por vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos. Mas a cada um de nós foi dada a Graça, segundo a medida do dom de Cristo, pelo que diz: 'Quando subiu ao alto, levou muitos cativos, cumulou de dons os homens (Sl 67,19).'" Ef 4,4-8
    Sobre a função dos Sacerdotes ordenados, especificamente, os seguidores de sua tradição diziam, citando a prática do sumo sacerdócio dos judeus, ainda em voga: "Em verdade, todo sumo sacerdote é escolhido entre os homens e constituído a favor dos homens como mediador nas coisas que dizem respeito a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Sabe compadecer-se dos que estão na ignorância e no erro, porque ele também está cercado de fraqueza. Por isso, ele deve oferecer sacrifícios tanto pelos próprios pecados quanto pelos pecados do povo." Hb 5,1-3
    Sem dúvida, Jesus ensinou: "E se o servo tiver feito tudo que lhe fora mandado, acaso fica-lhe o Senhor devendo alguma obrigação? Assim vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, também dizei: 'Somos inúteis servos. Apenas fizemos o que devíamos fazer.'" Lc 1,9-10
    E vedava qualquer sinal de riqueza pessoal: "Nenhum servo pode servir a dois senhores: ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de aderir a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro." Lc 16,13
    Pois não foi honrarias, mas serviço que Ele determinou aos Apóstolos: "Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, faça-se vosso servo. E o que quiser tornar-se o primeiro entre vós, faça-se vosso escravo, assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar Sua vida em resgate por uma multidão." Mt 20,25b-28
    Ele advertia: "Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é Vosso Mestre, e vós sois todos irmãos. Nem vos façais chamar de guia, porque só tendes um Guia, o Cristo." Mt 23,8.10
    Mas prometeu: "Se alguém quer servir-Me, siga-Me. Onde Eu estiver, ali também estará Meu servo. E se alguém Me serve, Meu Pai honrá-lo-á." Jo 12,26
    São João Batista, Arauto do Salvador e modelo de Sacerdote, dava este testemunho de mero coadjuvante: "Aquele que tem a esposa é o Esposo. O amigo do Esposo, porém, que está presente e O ouve, sobremodo regozija-se com a voz do Esposo. Nisso consiste minha alegria, que agora se completa. Importa que Ele cresça, e que eu diminua." Jo 3,29-30
    Os verdadeiros Sacerdotes, portanto, são aqueles que por testemunho de vida nos levam à Comunhão, como São João Evangelista dizia: "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com nossos olhos, o que temos contemplado e nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da Vida, porque a Vida se manifestou e nós temo-la visto, damos testemunho e anunciamo-vos a Vida Eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou. O que vimos e ouvimos, nós anunciamo-vos, para que vós também tenhais Comunhão conosco. Ora, nossa Comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo." 1 Jo 1,1-3
    E São Paulo bem sabia Quem agia através dele e dos Sacerdotes, e por isso exorta: "Porque é Deus, em Cristo, que Consigo reconciliava o mundo, não mais levando em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação. Portanto, desempenhamos o encargo de embaixadores em Nome de Cristo, e é Deus mesmo que exorta por nosso intermédio. Em Nome de Cristo, rogamo-vos: reconciliai-vos com Deus!" 2 Cor 5,19-20
    Falando de santidade, ele escreve aos colossenses: "Eis a finalidade de meu trabalho, a razão pela qual luto auxiliado por Sua força, que em mim poderosamente atua." Cl 1,29
    Pois a Igreja recebeu de Jesus o Ministério de nossa reconciliação com o Pai: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho, eis que tudo se fez novo! Tudo isso vem de Deus, que Consigo nos reconciliou, por Cristo, e confiou-nos o Ministério desta reconciliação." 2 Cor 5,17-18
    Jesus, de fato, atribuiu-lhes esse dom já em Sua primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos: "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos.'" Jo 20,22-23
    São Pedro distintivamente nomeia o Espírito Santo na obra da evangelização: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas, que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Foi-lhes revelado que propunham não para si mesmos, senão para vós, estas revelações que agora vos têm sido anunciadas por aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo, enviado do Céu." 1 Pd 1,10.12
    Por isso, em nome da obra da Salvação, São Paulo pedia a São Timóteo absoluta fidelidade ao Evangelho: "Empenha-te em apresentar-te diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da Palavra da Verdade. Procura esquivar-te das frívolas conversas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena. Quem, portanto, se conservar puro e isento dessas doutrinas, será um nobre utensílio, santificado, útil ao Seu Possuidor, preparado para todo benéfico uso." 2 Tm 2,15-17a.21
    Ele exortava-o: "Recomenda esta Doutrina aos irmãos, e serás bom Ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da Sã Doutrina, que até agora seguiste com exatidão. Quanto às profanas fábulas, esses extravagantes contos de comadres, rejeita-as." 1 Tm 4,6-7
    E aí centrava sua atenção: "Vigia a ti e a Doutrina. E persevera nestas coisas. Se isto fizeres, salvar-te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem." 1 Tm 4,16
    Os seguidores de sua tradição levantavam uma pertinente questão: "Como, então, escaparemos nós se agora desprezarmos a mensagem da Salvação, tão sublime, primeiramente anunciada pelo Senhor e depois confirmada por aqueles que a ouviram?" Hb 2,3
    Eles reclamavam: "Teríamos muita coisa a dizer sobre isso, e coisas bem difíceis de explicar, dada vossa lentidão em compreender... A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestres! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da Palavra de Deus, e tornaste-vos tais que precisais de leite em vez de sólido alimento! Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma profunda doutrina, porque é ainda criança. Mas o sólido alimento é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal." Hb 5,11-14
    E São Paulo assim explica a importância da instituição da Igreja, da hierarquia e da preservação da Palavra: "A uns Ele constituiu Apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à Unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus enganadores artifícios. Mas pela sincera prática da caridade, cresçamos em todos sentidos n'Aquele que é a Cabeça, Cristo. É por Ele que todo Corpo, coordenado e unido por conexões que estão a Seu dispor, cada um trabalhando conforme a atividade que lhe é própria, efetua esse crescimento, visando Sua plena edificação na caridade. Portanto, eis o que digo e conjuro no Senhor: não persistais em viver como os pagãos, que andam à mercê de suas frívolas idéias. Têm o entendimento obscurecido. Sua ignorância e o endurecimento de seu coração mantêm-nos afastados da Vida de Deus. Indolentes, entregaram-se à dissolução, à apaixonada prática de toda espécie de impureza. Vós, porém, não foi para isto que vos tornastes discípulos de Cristo, se é que O ouvistes e d'Ele aprendestes, como convém à Verdade em Jesus. Renunciai à vida passada, despojai-vos do velho homem, corrompido por enganadoras concupiscências. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma e revesti-vos do novo homem, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade. Por isso, renunciai à mentira. Cada um fale a seu próximo somente a Verdade, pois somos membros uns dos outros. Mesmo em cólera, não pequeis. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento. Não deis lugar ao Demônio. Nenhuma má palavra saia de vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem. Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o Qual estais selados para o Dia da Redenção. Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas de vosso meio, bem como toda malícia. Antes, sede bondosos e compassivos uns com os outros. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo." Ef 4,11-27.29-32
    Porque todos dons devem colaborar durante a Santa Missa, para a edificação da Igreja: "Em suma, que dizer, irmãos? Quando vos reunis, quem dentre vós tem um cântico, um ensinamento, uma revelação, um discurso em línguas, uma interpretação a fazer, que isto se faça de modo a edificar." 1 Cor 14,26
    Ele disse dos dons referentes a atribuições sacerdotais: "Temos diferentes dons, conforme a Graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao Ministério, dedique-se ao Ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a Misericórdia, que o faça com afabilidade." Rm 12,6-8
    Tornou a ser bem claro quanto ao finalidade de todos dons: a edificação da Igreja: "Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os Ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Também há diversas operações, mas é o mesmo Deus que tudo opera em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para comum proveito." 1 Cor 12,4-7
    E repetia: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
    Ele não tinha dúvida: "Não cesso de agradecer a Deus por vós, pela Divina Graça que vos foi dada em Jesus Cristo. N'Ele fostes ricamente contemplados com todos dons, com os da Palavra e os da ciência, tão solidamente foi confirmado em vós o testemunho de Cristo." 1 Cor 1,4-6
    São Pedro, pedra fundamental da Igreja, a todos humildemente propõe a Comunhão dos Santos: "Achegai-vos a Ele (Jesus), pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E quais outras pedras vivas, vós também vos tornais os materiais deste espiritual edifício, um santo sacerdócio, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo." 1 Pd 2,4-5
    São Paulo ressalta, mais uma vez, a ação do Santo Espírito nesta obra: "É n'Ele (Cristo) que todo edifício se levanta, harmonicamente disposto, até formar um Santo Templo no Senhor. É n'Ele que vós também entrais, pelo Espírito, na estrutura do edifício que se torna a habitação de Deus." Ef 2,21-22
    Pois em exemplar respeito aos sacerdotes de Seu tempo, o próprio Jesus invocava seus ofícios como mandava a Lei: "Ao entrar numa aldeia, vieram-Lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!' Jesus viu-os e disse-lhes: 'Ide, mostrai-vos ao sacerdote.' E quando eles iam andando, ficaram curados." Lc 17,12-14
    São Paulo mesmo invocou o testemunho deles, quando foi preso em Jerusalém: "O sumo sacerdote e todo conselho dos Anciãos são-me testemunhas." At 22,5a
    E até demonstrou reverência ao sumo sacerdote, ao ser julgado: "Os assistentes disseram: 'Tu injurias o sumo sacerdote de Deus.' Respondeu Paulo: 'Não sabia, irmãos, que é o sumo sacerdote. Pois está escrito: Não falarás mal do príncipe de teu povo (Ex 22,28).'" At 23,4-5
    Muitos deles converteram-se ao cristianismo, logo após a instituição do diaconato pelos Apóstolos: "E sempre mais se divulgou a Palavra de Deus. Consideravelmente multiplicava-se o número dos discípulos em Jerusalém. Também grande número de sacerdotes aderia à fé." At 6,7
    Isto já havia acontecido enquanto Jesus pregava em Jerusalém no Domingo de Ramos: "Não obstante, muitos dos chefes também creram n'Ele, mas por causa dos fariseus não o manifestavam, para não serem expulsos da sinagoga." Jo 12,42
    Aliás, desde Sua primeira Páscoa em vida pública: "Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: 'Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele.'" Jo 3,1-2
    E entre outras ocasiões, como quando pregou aos judeus no Templo, próximo ao tesouro: "Então Jesus lhes disse: 'Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis Quem sou e que nada faço de Mim mesmo, mas falo do modo como o Pai Me ensinou.' Tendo proferido essas palavras, muitos creram n'Ele." Jo 8,28.30
    Eles tinham alguma noção do que estava acontecendo, como São João Evangelista anotou: "Um deles, chamado Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano, disse-lhes: 'Vós não entendeis nada! Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda nação.' E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas para que também fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos." Jo 11,49-52
    E assim através do Pascal Sacrifício foi instituída a Santa Missa e o Reino de Sacerdotes, como as visões de São João Evangelista atestam. É o que professavam os quatro querubins e os vinte e quatro serafins ou tronos, prostrando-se diante do Cordeiro: "Cantavam um novo cântico, dizendo: 'Tu és digno de receber o Livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de Teu Sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça, e deles fizeste para Nosso Deus um Reino de Sacerdotes, que reinam sobre a Terra.'" Ap 5,9-10
    E uma vez nos Céus, este é o papel de nossos Santos: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,6

    "Conservai Vossa Igreja sempre unida!"