terça-feira, 10 de outubro de 2023

A Oração


    Com frequência os Evangelhos apresentam Jesus rezando, pois, para cumprir estritamente a vontade do Pai, assim Se colocava em perfeita Comunhão com Ele. Esse também é o grande trunfo dos Profetas e dos Santos, como veremos.
    O Pai Nosso, nossa principal oração, foi ensinada por Jesus aos Apóstolos justamente num momento de prece, quando eles, vendo-O rezar, lembraram que essa era uma prática de São João Batista e seus discípulos: "Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de Seus discípulos: 'Senhor, ensina-nos a rezar, como João ensinou a seus discípulos.'" Lc 11,1
    A oração, portanto, além de toda mística e Graça da Comunhão, é um reconhecimento a Deus, um incenso que Lhe acendemos. Canta o salmista: "Que minha oração suba até Vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para Vós sejam como a oferenda da tarde." Sl 140,2
    É assim que São João Evangelista vê chegar às Mãos de Jesus, sob o olhar de quatro querubins e vinte e quatro 'Sacerdotes', os divinos desígnios para os tempos finais: "Quando recebeu o livro, os quatro Seres e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume, que são as orações dos Santos." Ap 5,8
    De fato, tão especial é esse momento que o Eclesiástico recomenda preparação: "Antes da oração, prepara tua alma, e não sejas como um homem que tenta a Deus." Eclo 18,23
    E segundo os Provérbios, o menosprezo à Revelação não é exatamente algo que agrade a Deus: "Aquele que afasta o ouvido para não ouvir a Lei, até mesmo sua oração torna-se abominável." Pr 28,9
    Assim, devemos estar igualmente atentos para não sermos movidos por espúrios interesses, como São Tiago Menor ensinou: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes vossas paixões." Tg 4,3
    E São Pedro adverte os esposos, o que vale para demais fieis, que suas orações podem ser preteridas por Deus: "Do mesmo modo vós, ó maridos, comportai-vos sabiamente em vosso convívio com vossas mulheres, pois são de mais frágil constituição. Porquanto elas são herdeiras, com o mesmo direito que vós, da Graça que dá a Vida. Tratai-as com todo respeito, para que vossas orações não fiquem sem resposta." 1 Pd 3,7
    A pureza de coração, porém, toca sensivelmente a Deus. Está no Livro de Jó: "Se recorreres a Deus, e implorares ao Todo-poderoso, se fores puro e reto, Ele atenderá tua oração..." Jó 8,5-6
    Conforme o Eclesiástico, o Pai é o grande socorro dos mais necessitados: "A oração do pobre eleva-se de sua boca até os ouvidos de Deus, e Ele apressar-Se-á em fazer-lhe justiça. Não despreza a oração do órfão, nem os gemidos da viúva." Eclo 21,6;35,17
    E a humildade é essencial: "A oração do humilde penetra as nuvens." Eclo 35,21a
    O salmista também exaltava essa condição: "Ó vós, humildes, olhai e alegrai-vos. Vós que buscais a Deus, reanime-se vosso coração porque o Senhor ouve os necessitados..." Sl 68,33-34a
    Da importância de conhecer o Evangelho, entretanto, sabemos que a decisão e o ato de rezar não teriam sucesso sem o auxílio do Espírito Santo. São Paulo ensina: "... o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir nem orar como convém. Mas o Espírito mesmo intercede por nós com inefáveis gemidos." Rm 8,25
    E quando a oração é coletiva, e realmente em nome do Reino de Deus, como é o Pai Nosso e como fazemos na Santa Missa, Jesus faz-Se especialmente presente: "Porque onde dois ou três estão reunidos em Meu Nome, aí estou Eu no meio deles." Mt 18,20
    Aos que Lhe obedecem, pois, Ele garantiu: "E tudo que pedirdes ao Pai em Meu Nome, fá-lo-ei..." Jo 14,13
    Em perfeita consonância com esse ensinamento, e convidando-nos às comunitárias orações e ao encontro com o Santo Espírito, São Judas Tadeu recomenda: "Mas vós, caríssimos, mutuamente edificai-vos sobre o fundamento de vossa santíssima fé. Orai no Espírito Santo." Jd 1,20
    Ora, é isso que faz a Igreja desde a Ascensão de Jesus aos Céus, sempre em companhia da Mãe Celeste: "Todos eles unanimemente perseveravam na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos d'Ele." At 1,14
    Os Apóstolos, em especial, enquanto nossos primeiros Sacerdotes, desde a instituição dos diáconos já tinham bem presente que essa é uma inarredável missão da Igreja: "Nós sem cessar atenderemos à oração e ao Ministério da Palavra." At 6,4
    São Tiago Menor ainda recomenda que oremos em intercessão uns pelos outros, mas aponta, além do poder das preces para curar, a suma importância da Confissão: "Confessai vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia. Elias era um pobre homem como nós, e com fervor orou para que não chovesse sobre a terra, e por três anos e seis meses não choveu. Orou de novo, e o céu deu chuva, e a terra deu seu fruto." Tg 5,16-18
    Assim como Elias, Moisés alcançou grandes feitos pela oração, como afirmou Eliacim, o sumo sacerdote, que tinha diante de Israel as ameaças de Nabucodonosor: "Lembrai-vos de Moisés, servo do Senhor. Amalec, que confiava em sua força, em seu poder, em seu exército, em seus escudos, em seus carros e cavaleiros, foi derrotado por ele, não com a força das armas, mas com o poder da santa oração." Jt 4,13
    Também recorria à oração o Profeta Daniel, mesmo contrariando as ordens do rei, que não queria que o Deus de Israel fosse cultuado. E por isso foi denunciado: "E continuaram: 'Pois bem, Daniel, o deportado de Judá, não tem consideração nem por tua pessoa nem por teu decreto: três vezes ao dia ele faz sua oração.'" Dn 6,14
    Entretanto, para efeito das respostas de Deus às orações, com o salmista devemos compreender que Seu tempo é diferente do nosso: "... porque mil anos, diante de Vós, são como o dia de ontem que já passou, como uma só vigília da noite." Sl 89,4
    E São Paulo, pedindo por todos cristãos nas intenções de nossas súplicas, lembra aos efésios que a oração é uma vigília: "Intensificai vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no Qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos cristãos." Ef 6,18
    Aliás, não só pelos cristãos, mas por todo ser humano, e em específico pelas autoridades, como ele indicou a São Timóteo: "Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos homens, pelos reis e por todos que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma calma e tranquila vida, com toda a piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, Nosso Salvador, o Qual deseja que todos homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade." 1 Tm 2,1-4
    Humilde, o Apóstolo dos Gentios pedia oração inclusive para si mesmo, pelo melhor cumprimento de sua missão: "E também orai por mim, para que me seja dado corajosamente anunciar o Mistério do Evangelho..." Ef 6,19
    E perante os colossenses tornou a estimular à vigilância e aos cultos: "Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças." Cl 4,2
    São Pedro também exorta: "Sede, portanto, prudentes e vigiai na oração." 1 Pd 4,7
    Nos mais graves momentos, de fato, Jesus apontava a vigília e a oração como nosso único remédio. Foi o que Ele pediu aos mais próximos Apóstolos quando estava no Horto das Oliveiras, prestes a ser preso: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação." Mt 26,41
    Segundo Nosso Salvador, essa é a única maneira de resistir às tribulações e alcançar a Salvação, e assim recomendou aos Doze Apóstolos dias antes de Sua última Páscoa: "Vigiai, pois, a todo tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de apresentar-vos de pé diante do Filho do Homem." Lc 21,36
    Resignado perante as dificuldades que se apresentavam, São Paulo demonstrava absoluta convicção nas preces. Tal segurança era fruto de suas constantes práticas, e resultado de edificantes experiências pessoais. Ele escreveu aos filipenses: "Não vos inquieteis com nada! Em todas circunstâncias, apresentai a Deus vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças." Fl 4,6
    E dizia aos tessalonicenses: "Orai sem cessar." 1 Ts 5,17
    Autenticamente Santo, na Carta aos Romanos ele associa a perseverança à verdadeira alegria: "Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração." Rm 12,12
    Pois sabia que a oração, associada ao culto da Palavra de Deus, tem o dom de tudo purificar: "Porque tudo se torna santificado pela Palavra de Deus e pela oração." 1 Tm 4,5
    Em extremos casos , porém, além da vigília, também devemos recorrer ao jejum, como o Arcanjo São Rafael ensinou a Tobit e seu filho, Tobias: "Boa coisa é a oração acompanhada de jejum..." Tb 12,8
    E como ele disse a Tobit, em intercessão os anjos cuidam de apresentar nossas orações ao Pai: "Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava tuas orações ao Senhor." Tb 12,12
    Foi o que São João Evangelista viu nos rituais do Céu, e registrou no Livro do Apocalipse: "Adiantou-se outro anjo e pôs-se junto ao Altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos Santos no Altar de ouro, que está adiante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos Santos, diante de Deus." Ap 8,3-4
    Ou, em ainda mais graves casos, devemos penitenciar-nos recorrendo ao uso das cinzas, pó ao qual voltaremos, como fez Daniel ao suplicar Misericórdia diante do cumprimento da profecia da destruição de Jerusalém: "Volvi-me para o Senhor Deus a fim de dirigir-Lhe uma oração de súplica, jejuando e impondo-me o cilício e a cinza." Dn 9,3


JESUS E A ORAÇÃO

    Como não poderia deixar de ser, também quanto às orações Jesus é Nosso Modelo. Além do Pai Nosso, que é absolutamente imprescindível à vida cristã, Ele deixou-nos outras instruções de grande importância. Como destacado exemplo, pediu para que rezássemos por nossos inimigos como maneira realmente eficaz de desfazer as intrigas e a ira: "... amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai por aqueles que vos maltratam e perseguem." Mt 5,44
    E como consta no Pai Nosso, deixou evidente que a oração, para que seja atendida, deve ser precedida pelo total perdão que devemos oferecer a todos: "E quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também Vosso Pai, que está nos Céus, perdoe vossos pecados." Mc 11,25
    Apontou o grave erro do uso das orações para simular piedade: "Quando orardes, não façais como os hipócritas que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em Verdade, digo-vos: já receberam sua recompensa." Mt 6,5
    Explicou que não é por meras repetições, desprovidas de verdadeira devoção, que nos faremos ouvidos por Deus: "Em vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de vazias palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós Lho peçais." Mt 6,7
    Numa parábola, Ele explicou que os arrogantes não são atendidos, mas sim os arrependidos, que confessam seus erros: "Dois homens subiram ao Templo para orar. Um era fariseu, o outro, publicano. O fariseu, de pé, orava em seu interior desta forma: 'Graças dou-Te, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros. Nem como o publicano que ali está. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos meus lucros.' O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao Céu, mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!' Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo aquele que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado." Lc 18,10-14
    Noutra parábola, a do iníquo juiz, Ele falou da importância de persistir nas orações: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que sempre é necessário orar, sem jamais deixar de fazê-lo." Lc 18,1
    Disse, mais claramente, que a oração de valia deve ser feita com : "Tudo que pedirdes com fé na oração, vós alcançareis." Mt 21,22
    E que, ao terminar, devemos portar-nos como se ela já tivesse sido atendida: "Por isso, digo-vos: tudo que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e sê-vos-á dado." Mc 11,24
    São João Evangelista disse o mesmo, mas explicou em que condição seremos atendidos: "A confiança que n'Ele depositamos é esta: em tudo quanto Lhe pedirmos, se for conforme Sua vontade, Ele atendê-nos-á. E se sabemos que Ele nos atende em tudo quanto Lhe pedirmos, daí sabemos que já recebemos o que pedimos." 1 Jo 5,14-15
    Quanto aos casos de exorcismo, que se não urgentes só devem ser conduzidos por Sacerdotes preparados, Jesus explicou que a certos maus espíritos não bastava apenas dar uma ordem: "Depois de entrar em casa, Seus discípulos perguntaram-Lhe em particular: 'Por que não pudemos expeli-lo?' Ele disse-lhes: 'Esta espécie de demônios não se pode expulsar senão pela oração.'" Mc 9,28-29
    Em casos ainda mais complicados, Ele explicou que nem mesmo as orações seriam suficientes: "Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum." Mt 17,20
    Enfim, pouco antes de ser preso no Monte das Oliveiras, Jesus prometeu que os Apóstolos já poderiam começar a pedir a Deus em Seu Nome, pois só as respostas dos Céus trazem a verdadeira felicidade: "Até agora não pedistes nada em Meu nome. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja perfeita." Jo 16,24
    Assim garantia a Seus representantes que atenderia todo pedido feito em favor do Reino de Deus: "E tudo que pedirdes ao Pai em Meu Nome, fá-lo-ei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que Me pedirdes em Meu Nome, fá-lo-ei." Jo 14,13-14
    E que o próprio Pai os atenderia: "... o que pedirdes ao Pai em Meu Nome, Ele dá-vos-á." Jo 16,23
    Porque Deus Pai quer uma relação de amor com Seus filhos: "Naquele dia pedireis em Meu Nome, e já não digo que rogarei ao Pai por vós, pois Ele mesmo vos ama..." Jo 16,26-27


JESUS REZAVA
 
    Ora, o próprio Salvador mostrava, através de Sua atitude de constante oração, qual deve ser nosso caminho. Ele rezou:
    - Durante Seu Batismo por São João Batista: "Quando todo povo ia sendo batizado, Jesus também foi. E estando Ele a orar, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em corpórea forma, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: 'Tu és Meu amado Filho. Em Ti ponho Minha afeição.'" Lc 3,21-22
    - No dia seguinte ao discurso inaugural de Sua Missão: "De manhã, tendo-Se levantado muito antes do amanhecer, Ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali Se pôs em oração." Mc 1,35
    - Após a multiplicação dos pães e dos peixes: "E despedido que foi o povo, retirou-Se ao monte para orar." Mc 6,46
    - Quando Sua fama se espalhou: "Mas Ele costumava retirar-Se a solitários lugares para orar." Lc 5,16
    - Antes de escolher os Apóstolos: "Naqueles dias, Jesus retirou-Se a uma montanha para rezar, e aí passou toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou Seus discípulos e escolheu Doze dentre eles, que chamou de Apóstolos... " Lc 6,12-13
    - Antes de revelar Sua divina identidade aos Apóstolos: "Num dia em que Ele estava a orar a sós com os discípulos, perguntou-lhes: 'Quem dizem que EU SOU?'" Lc 9,18
    - Quando subiu ao Monte e Se transfigurou: "Passados uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar." Lc 9,28
    - Quando agonizava no Horto das Oliveiras, sabendo que Sua flagelação e morte estavam próximas: "Adiantou-Se um pouco e, prostrando-Se com a face por terra, assim rezou: 'Meu Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice! Todavia não se faça o que Eu quero, mas sim o que Tu queres.'" Mt 26,39
    - Oração essa, aliás, a despeito dos que insensatamente criticam a recitação do Rosário ou do Terço, que Ele repetiu por três vezes: "Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras." Mt 26,44
    - Como havia ensinado a rezar pelos inimigos, mesmo agonizando na Cruz Ele ainda pedia a Deus por Seus algozes: "Pai, perdoa-lhes. Porque não sabem o que fazem." Lc 23,34
    - E antes de morrer, disse Sua última oração: "Pai, em Tuas mãos entrego Meu espírito." Lc 23,46

    A esse propósito, os seguidores da tradição de São Paulo fazem este resumo da vida meramente humana de Jesus: "Assim também Cristo não atribuiu a Si mesmo a glória de ser pontífice. Esta foi-Lhe dada por Aquele que Lhe disse: 'Tu és Meu Filho, Eu hoje Te gerei' (Sl 2,7). Nos dias de Sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que O podia salvar da morte, e foi atendido por Sua Misericórdia. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." Hb 5,5.7-8


IGREJA: CASA DE ORAÇÃO 

    Como lugar para rezar, Jesus deixou-nos Sua Igreja. São Paulo diz algo que muitos esquecem: Ele morreu por ela: "... Cristo amou a Igreja e entregou-Se por ela..." Ef 5,25
    Ora, tanto quanto pôde, toda vida de Jesus foi devotada aos lugares de oração. Seguindo fielmente a tradição dos judeus, começou sendo apresentado no Templo de Jerusalém por Sua Mãe e Seu Pai: "Concluídos os dias de sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-nO a Jerusalém para apresentá-Lo ao Senhor... " Lc 2,22
    E desde criança, junto a Seus pais, Ele devotamente e em Jerusalém guardou os dias da Páscoa: "Seus pais iam todo ano a Jerusalém para a festa da Páscoa. Tendo Ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém segundo o costume da festa." Lc 2,41-42
    Durante Sua vida pública, sempre pregava nas sinagogas: "Jesus percorria todas cidades e aldeias. Ensinava nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo mal e toda enfermidade." Mt 9,34
    Ele respeitava e atendia os pedidos dos chefes das sinagogas, chegando a ressuscitar a filha de Jairo: "Chegando à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu os tocadores de flauta e uma alvoroçada multidão." Mt 9,23
    Até mandou os dez leprosos, que curou, apresentarem-se ao sacerdote local: "Ao entrar numa aldeia, em Seu encontro vieram dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: 'Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!' Jesus viu-os e disse-lhes: 'Ide, mostrai-vos ao sacerdote.' E quando eles iam andando, ficaram curados." Lc 17,12-14
    E nas Páscoas e outras festas em Jerusalém, sempre pregava no Templo: "Todo dia ensinava no Templo. Os príncipes dos sacerdotes, porém, os escribas e os chefes do povo procuravam tirar-Lhe a vida." Lc 19,47
    Fazia-o mesmo quando já era perseguido: "Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a Jerusalém antes da Páscoa para purificar-se. Procuravam Jesus e falavam uns com os outros no Templo: 'Que vos parece? Achais que Ele não virá à festa?' No dia seguinte, uma grande multidão que tinha vindo à festa em Jerusalém ouviu dizer que Jesus ia aproximando-Se. Saíram-Lhe ao encontro com ramos de palmas, exclamando: 'Hosana! Bendito o que vem em Nome do Senhor, o Rei de Israel!'" Jo 11,55-56;12,12-13
    Ele até usou esse argumento quando foi julgado pelos judeus: "Jesus respondeu-lhe: 'Publicamente falei ao mundo. Ensinei na sinagoga e no Templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas.'" Jo 18,20
    Aliás, por Seu extremo zelo pelo Templo, Ele entrou em embate físico para purificá-lo, expulsando os vendilhões com um chicote: "Está escrito: 'Minha casa é uma Casa de Oração' (Is 56,7), mas vós dela fizestes um covil de ladrões (Jr 7,11)!" Mt 21,13
    E para edificar Sua Igreja, deixou-nos os Apóstolos, que em seguida ordenaram Bispos e Diáconos, e por fim, como era da tradição dos anciãos judeus, os Presbíteros. Juntos, eles são os Sacerdotes que intercedem por nós: "Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em Meu Nome, Ele conceda-vos." Jo 15,16b
    Ele garantiu, através de Seus Sacerdotes, o sucesso da Igreja: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu escolhi-vos e constituí-vos para que vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça." Jo 15,16a
    Pois como sinal da perfeita Unidade da Igreja, eles trazem em si a Glória que o próprio Jesus lhes deu, como rezou ao Pai: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
    Os seguidores de São Paulo também defendem a Igreja, argumentando que precisamos das palavras de fé e dos testemunhos uns dos outros: "Não abandonemos nossa assembléia, como é costume de alguns, mas mutuamente admoestemo-nos..." Hb 10,25
    O próprio São Paulo diz que é na Igreja que devemos dar Glórias a Deus: "Àquele que, pela virtude que em nós opera, pode fazer infinitamente mais que tudo quanto pedimos ou entendemos, a Ele seja dada glória na Igreja..." Ef 3,20-21
    Recomenda, por isso, que São Timóteo permaneça em Comunhão com os fieis: "... com empenho busca a justiça, a fé, a caridade, a Paz, junto àqueles que invocam o Senhor com pureza de coração." 2 Tm 2,22b
    Ele reza pela religiosidade dos cristãos: "Nesta esperança, incessantemente suplicamos por vós, para que Nosso Deus vos faça dignos de vossa vocação e que eficazmente leve a bom termo todo vosso zelo pelo bem e toda atividade de vossa fé." 2 Ts 1,11
    E pede amor pelos Sacerdotes da Igreja, pois são os pilares da Paz, os apascentadores do rebanho de Cristo: "Suplicamo-vos, irmãos, que reconheçais aqueles que arduamente trabalham entre vós para dirigir-vos no Senhor e admoestar-vos. Tende para com eles singular amor, em vista do cargo que exercem. Conservai a Paz entre vós." 1 Ts 5,12-13
    Pois para que nossas orações sejam atendidas, temos que prestar culto a Deus, como testemunhou o cego de nascença curado por Jesus: "Sabemos, porém, que Deus não ouve a pecadores, mas atende a quem Lhe presta culto e faz Sua vontade." Jo 9,31
    Quanto a qualquer postura divergente, o Eclesiástico já dizia: "Mas o culto a Deus é abominado pelo inconfesso pecador." Eclo 1,32
    Ora, até os anjos precisam observar o que acontece na Igreja para entender os desígnios e as obras de Deus: "Assim, de ora em diante, as dominações e as potestades celestes podem conhecer, pela Igreja, a infinita diversidade da Divina Sabedoria..." Ef 3,10
    O próprio Jesus valeu-Se de São João Evangelista para dirigir-Se aos anjos das dioceses de então: "Ao anjo da igreja de Éfeso, escreve: 'Eis o que diz Aquele que segura as sete estrelas em Sua mão direita, Aquele que anda pelo meio dos sete candelabros de ouro.'" Ap 2,1
    Temos, enfim, do profundo recolhimento e silêncio de Santa Faustina esta reveladora frase: "É pela oração que a alma se arma para toda espécie de combate. Em qualquer estado em que se encontre, a alma deve rezar. Tem que rezar a alma pura e bela, porque de outra forma perderia sua beleza; deve rezar a a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria; deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, atolada em pecados, para que possa levantar-se. E não existe uma só alma que não tenha obrigação de rezar, porque toda Graça provém da oração." (Diário, 146)

    "Em Comunhão com toda a Igreja aqui estamos!"