terça-feira, 8 de outubro de 2024

Resistir ao Mal


    Como São Lucas registrou, Nosso Salvador diz que constantemente devemos rezar: "Propôs-lhes Jesus uma parábola, para mostrar que é necessário orar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo." Lc 18,1
    E no Pai Nosso fica claro a razão, pois exorta que Lhe peçamos: "... não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal." Mt 6,13
    São Paulo, então, citando classes de anjos caídos, vai ser bem específico sobre o grande combate de nossas vidas: "Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste tenebroso mundo, contra as forças espirituais do Mal espalhadas nos ares." Ef 6,12
    De fato, a Igreja foi instituída com uma clara missão, como Jesus disse sobre os pagãos a São Paulo, quando lhe apareceu no dia de sua conversão: "... a fim de que se convertam das trevas à Luz, e do poder de Satanás ao de Deus, para que, pela  em Mim, recebam o perdão dos pecados e a herança entre os que foram santificados." At 26,18
    Pois as primeiras palavras de Jesus, no início de Sua vida pública, tratavam exatamente de arrependimento, nos dias em que Ele deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum: "Desde então, Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,17
    E logo na aparição ao Colégio dos Apóstolos, no Domingo da Ressurreição, assim explicou Sua Paixão, revelando o ministério que lhes tocava: "Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em Seu Nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas nações, começando por Jerusalém." Lc 24,46-47
    Ora, como lemos na Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, este Apóstolo atestou que não podemos ignorar o "... poder de Satanás, de toda sorte de enganadores portentos, sinais e prodígios." 2 Ts 2,9b
    E segundo o próprio Jesus, "O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir." Jo 10,10a
    Muito além de meros malefícios pessoais, portanto, ele busca assenhorar-se principalmente dos midiáticos, econômicos, políticos e militares poderes, como São João Evangelista viu, visando desgraças de comunidades inteiras. Ele registrou no Livro do Apocalipse: "Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças. Deu-lhe o Dragão seu poder, seu trono e grande autoridade. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera... dizendo: 'Quem é semelhante à Fera e quem poderá lutar com ela?' Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar Seu Nome, Seu Tabernáculo e os habitantes do Céu. Também lhe foi dado fazer guerra aos Santos e vencê-los. Recebeu autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação..." Ap 13,1a.2b.3b.4b.6-7
    Por isso, ao fim da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, o Último Apóstolo recomenda alerta contra todo e qualquer espaço que lhe possa ser dado: "Guardai-vos de toda espécie de mal." 1 Ts 5,22
    E também como últimas recomendações na Carta de São Paulo aos Efésios, ressaltando a importância da Verdade, da e da Palavra de Deus, ele foi contundente: "Finalmente, irmãos, fortalecei-vos no Senhor por Seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus para que possais resistir às ciladas do Demônio." Ef 6,10-11
    Conhecedor de suas astúcias, ele realisticamente temia por nossa desobediência, como está expresso na Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: "Não quero que sejamos vencidos por Satanás, pois não ignoramos suas maquinações. É que, de fato, não somos, como tantos outros, falsificadores da Palavra de Deus. Mas é em sua integridade, tal como procede de Deus, que nós a pregamos em Cristo, sob os olhares de Deus." 2 Cor 2,11-17
    Pois sabia que o inimigo é inclemente com quem fraqueja: "Ele usará de todas seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à Verdade que teria podido salvá-los." 2 Ts 2,10
    E contra a ambição e a luxúria, que também são armas do inimigo, vemos na Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo: "Aqueles que ambicionam tornar-se ricos caem nas armadilhas do Demônio e em muitos insensatos e nocivos desejos, que precipitam os homens no abismo da ruína e da perdição." 1 Tm 6,9
    Igualmente ao fim da Primeira Carta de São Pedro, é dado à Igreja um idêntico recado, lembrando que estamos todos no mesmo combate, mas assegura os infalíveis auxílios de Deus aos que Lhe obedecem: "Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda Graça, que vos chamou em Cristo à Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoá-vos-á, torná-vos-á inabaláveis, fortificá-vos-á." 1 Pd 5,8-10
    Como forma de resistência, além da 'armadura de Deus', São Paulo, lembrando a queda das muralhas de Jericó (Js 6,20), falou das prodigiosas armas da Igreja, que relegam à insignificância os projetos de rebeldia e de falsidade: "Não são carnais as armas que usamos na luta. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-lo à obediência a Cristo." 2 Cor 10,4-5
    Sinceramente abraçado à proposta da Cruz, a Carta de São Paulo aos Colossenses atestou: "O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por Seu Corpo que é a Igreja. A Ele é que anunciamos, admoestando todos homens e instruindo-os em toda Sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo. Eis a finalidade de meu trabalho, a razão porque luto auxiliado por Sua força que em mim poderosamente atua." Cl 1,24b.28-29
    E recebemos esta exortação por meio da Carta de São Paulo aos Romanos: "Eu exorto-vos, irmãos, pelas Misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em vivo, santo e agradável sacrifício a Deus: é este vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada e o que é perfeito." Rm 12,1-2
    Comparando seu agir, e o de seus colaboradores, frente ao dos coríntios, ele usa de ironia e acusa-os por tolerarem as coisas do mundo: "Vós, sendo sensatos homens, suportais de boa mente os loucos. Sim, tolerais a quem vos escraviza, a quem vos devora, a quem vos faz violência, a quem vos trata com orgulho, a quem vos dá no rosto. Digo-o para vergonha vossa, pois parece que nós é que somos fracos..." 2 Cor 11,19-20
    Renegando toda vaidade, pois, ele assim se explicava: "Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9b-10
    Em despedida, ao fim da Carta de São Paulo aos Filipenses é garantido: "Tudo posso n'Aquele que me fortalece." Fl 4,13
    Ele ressaltou a importância da santa fé como principal trunfo na perseverante resistência ao inimigo: "Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos inflamados dardos do Maligno." Ef 6,16
     E com um simples mas valioso conselho que aplica em sua própria luta, na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, havia dito: "Tudo é-me permitido, mas nem tudo convém. Tudo é-me permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma." 1 Cor 6,12
    Ora, foi isso que Deus disse a Caim quando ele sentiu inveja de Abel, ainda nos primeiros tempos da Criação: "Se praticares o bem, sem dúvida alguma poderás reabilitar-te. Mas se procederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te. Tu, porém, deverás dominá-lo.'" Gn 4,7
    Porque é por nossa redentora submissão a Deus, o que significa estar sob Sua Graça, que podemos travar o verdadeiro combate. Inspiradamente aconselha a Carta de São Tiago: "Sede submissos a Deus. Resisti ao Demônio, e ele fugirá para longe de vós." Tg 4,7
    Com tocante sinceridade, de quem realmente reconhece seus pecados, ele pede humildade entre possíveis mestres: "Meus irmãos, entre vós não haja muitos a arvorarem-se em mestres. Sabeis que seremos mais severamente julgados, porque todos nós caímos em muitos pontos." Tg 3,1-2
    E adverte para a verdadeira religiosidade: "Se alguém pensa ser piedoso, mas não refreia sua língua e engana seu coração, então é vã sua religião. A pura e sem mácula religião aos olhos de Deus e Nosso Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo." Tg 1,26-27


O PECADO ALIENA

    Jesus bem denunciou o alienante poder que têm os pecados, dizendo aos judeus de Jerusalém que se achavam livres tão somente por serem descendentes de Abraão: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." Jo 8,34
    E revelou que tal escravidão pode arrastar-se por muitos anos, quando foi acusado por um chefe de sinagoga por realizar curas num sábado: "Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado?" Lc 13,16
    Ou pode mesmo arrastar para o inferno, como abertamente pregou contra os escândalos: "Se tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a. Melhor é entrares na Vida aleijado que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o inextinguível fogo. Se teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o fora. Melhor é entrares coxo na Vida Eterna que, tendo dois pés, seres lançado à geena do inextinguível fogo. Se teu olho for para ti ocasião de queda, arranca-o. Melhor é entrares com um olho de menos no Reino de Deus que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga." Mc 9,43.45.47-48
    Com efeito, mesmo sob a Graça do Espírito Santo, São Paulo admite a inclinação para o mal que subsiste na carne: "Assim, pois, de um lado, por meu espírito, sou submisso à Lei de Deus. De outro lado, por minha carne, sou escravo da lei do pecado." Rm 7,26
    Contudo, bem diferente é a condição daqueles que não conhecem a Cristo, como ele diz dos efésios: "E vós estáveis mortos por vossas faltas, pelos pecados que outrora cometestes seguindo o modo de viver deste mundo, do príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos rebeldes." Ef 2,1-2
    E sem rodeios, diz aos coríntios: "Se nosso Evangelho ainda estiver encoberto, está encoberto para aqueles que se perdem, para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a Luz do Evangelho, onde resplandece a Glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Cor 4,3-4
    Sem dúvida, com a passagem do Messias e por força de Sua Palavra, o Reino de Deus já foi instalado entre nós. Em Sua última Páscoa, depois do Domingo de Ramos, Ele declarou perante a multidão em Jerusalém: "Agora é o Juízo deste mundo! Agora será lançado fora o príncipe deste mundo!" Jo 12,31
    De uma profunda experiência religiosa, portanto, lê-se na Primeira Carta de São João: "Sabemos que o Filho de Deus veio e deu-nos entendimento para conhecermos o Verdadeiro." 1 Jo 5,20
    Mas, embora admita o efetivo resgate pelo Sangue de Cristo, também reconhece a situação por toda parte: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno." 1 Jo 5,19
    Ele elenca três vertentes do pecado: "Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas do mundo." 1 Jo 2,16
     E por essa razão o Divino Espírito vem em nosso socorro, em oposição aos desejos da carne, segundo ensina a Carta de São Paulo aos Gálatas: "Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne, pois são contrários uns aos outros." Gl 5,16-17
    Contras as tentações do maligno, enfim, Jesus recomendou constantes vigilância e oração a São Pedro, a São Tiago Maior e a São João Apóstolo, enquanto agonizava no Jardim das Oliveiras: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." Mt 26,41
    De fato, só fielmente guardando Sua Palavra podemos resistir às inevitáveis tribulações no mundo e na vida de todo cristão. Ele advertiu Apóstolos e discípulos em Seus últimos dias entre eles, falando do Juízo, seja o Particular, seja o Final: "Velai sobre vós mesmos, para que vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida... Vigiai todo tempo, pois, e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de apresentar-vos de pé diante do Filho do Homem." Lc 21,34a.36
     Ele não nos prometeu um mar de rosas. Ao contrário, como visto, avisou-nos de grandes dificuldades! Mas pediu coragem antes de partir com Seus seguidores para o Jardim das Oliveiras, onde seria preso: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 16,33
    O Apóstolo do Gentios, no mesmo sentido, ensina que é melhor enfrentar as dificuldades da realidade proposta por Deus que nos enganarmos nas ilusões do pecado: "De fato, a tristeza segundo Deus produz uma salutar penitência da qual ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte." 2 Cor 7,10
    Ele pede uma vida em família e digna da Comunhão que professamos, e que sigamos seu exemplo de resistência ao mal: "Cumpre, somente, que em vosso proceder vos mostreis dignos do Evangelho de Cristo. Quer eu vá ter convosco quer permaneça ausente, desejo ouvir que estais firmes em um só Espírito, unanimemente lutando pela fé do Evangelho... Sustentais o mesmo combate que me tendes visto travar, e no qual sabeis que agora continuo." Fl 1,28-30
    Aponta o caminho do amor que liberta: "Sede vigilantes, permanecei firmes na fé, sede corajosos, sede fortes. E vosso proceder seja todo inspirado no amor." 1 Cor 16,13-14
    Pede orações ao romanos, para vencer reais ameaças: "Rogo-vos, irmãos, em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e em nome da caridade que é dada pelo Espírito, que comigo combatei, a Deus dirigindo vossas orações por mim, para que eu escape dos infiéis que estão na Judeia e para que o auxílio que levo a Jerusalém seja bem acolhido pelos irmãos." Rm 15,30-31
    E deixa claro que não estamos autorizados a combater usando das armas do mal: "Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem." Rm 12,21
    Sobre esse assunto, a Segunda Carta de São Pedro também se mostra em perfeita sintonia com a Luz do Espírito Santo. Com razão, não somos herdeiros do mal-dizer, mas do bem-dizer: "Não pagueis mal com mal, nem injúria com injúria. Ao contrário, abençoai, pois para isto fostes chamados, para que sejais herdeiros da bênção." 2 Pd 3,9
    E este, talvez, seja o mais difícil ensinamento de Jesus: plenamente abraçar a vida espiritual. Ele pregou no Sermão da Montanha: "... amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem." Mt 5,44
    De fato, como São Paulo exortava São Timóteo, travamos batalhas de fé: "Combate o bom combate da fé. Conquista a Vida Eterna, para a qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas." 1 Tm 6,12
    Já em sua Segunda Carta a São Timóteo, recomendava-lhe fugir das armadilhas, buscando abrigo na Igreja: "Foge das paixões da mocidade, com empenho busca a justiça, a fé, a caridade, a Paz, em companhia daqueles que invocam o Senhor com pureza de coração." 2 Tm 2,22
    Ele escreveu em admoestação aos coríntios: "Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra seu próprio corpo. Ou não sabeis que vosso corpo é Templo do Espírito Santo, que habita em vós, o Qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai a Deus, pois, em vosso corpo." 1 Cor 6,18-20
    E também aos colossenses: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da Terra. Mortificai vossos membros, pois, no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria." Cl 1,1-2.5
    Ora, essa era uma recomendação do próprio Jesus, enquanto nos exortava a confiar na Divina Providência: "Antes buscai o Reino de Deus e Sua justiça..." Mt 6,33a
    Porque o Livro dos Salmos já garantia: "Aparta-te do mal e faze o bem, busca a Paz e vai em seu encalço. Os olhos do Senhor estão voltados para os justos, e Seus ouvidos atentos a seus clamores." Sl 33,15-16


A IMPRESCINDÍVEL AJUDA DOS CÉUS
 
    Contudo, devemos lembrar que não estamos sós nesse combate. São Paulo garante aos tessalonicenses: "Mas o Senhor é fiel, e há de dar-vos forças e preservar-vos do Mal." 2 Ts 3,3
    Com efeito, Ele age através de Seus anjos, como prometeu a Moisés antes da entrada em Canaã: "Vou enviar um anjo adiante de ti, para proteger-te no caminho e conduzir-te ao lugar que te preparei. Está de sobreaviso em sua presença, e ouve o que ele te diz. Não lhe resistas, pois ele não te perdoaria tua falta, porque Meu Nome nele está." Ex 23,20-21
    Muito menos devemos resistir ao Espírito Santo, como Santo Estevão julgou e sentenciou o Sinédrio. Pois além de matarem Jesus, eles continuavam perseguindo os cristãos, ou seja, a Igreja de Jesus: "Homens de dura cerviz, e de incircuncisos corações e ouvidos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo." At 7,51
    Ao contrário, como São Paulo defende, devemos colaborar com o Divino Paráclito e renegar às más inclinações da carne, que está fadada a fenecer: "Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção. Quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a Vida Eterna." Gl 6,8
     Ele assim se refere ao Pentecostes, que se prorroga no tempo e é oferecido aos cristãos pelo Sacramento da Crisma: "A Lei do Espírito de Vida libertou-me, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte. O que era impossível à Lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus fez. Enviando, por causa do pecado, Seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça prescrita pela Lei fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o Espírito." Rm 8,2-4
    Ora, o próprio Jesus havia dito, quando falou de Sua Carne e de Seu Sangue como o alimento da Vida Eterna, na sinagoga de Cafarnaum: "... a carne de nada serve." Jo 6,63
    Referindo-se a essa sentença, São Pedro recorda o que disse o Profeta Isaías, garantindo a Vitória: "'Porque toda carne é como a erva, e toda sua glória como a flor da erva. Seca-se a erva e cai a flor, mas a Palavra do Senhor eternamente permanece (Is 40,6s).' Ora, esta Palavra é a que vos foi anunciada pelo Evangelho." 1 Pd 1,24
    Por isso, exorta que cuidemos da alma: "Caríssimos, rogo-vos, como estrangeiros e peregrinos nesse mundo, que vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma." 1 Pd 2,11
    E pede vigilância e perseverança: "Cingi, portanto, os rins do vosso espírito, sede sóbrios e colocai toda vossa esperança na Graça que vos será dada no Dia em que Jesus Cristo aparecer." 1 Pd 1,13
    Pois Nosso Senhor, instando-nos à Comunhão, revelou-Se essencial às nossas vidas: "Quem permanecer em Mim e Eu n'ele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5b
    São Paulo, por fim, prega a purificação, tanto de nossa carne quanto de nosso espírito: "... purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, plenamente realizando nossa santificação..." 2 Cor 7,1
    E como perfeito imitador de Jesus, prescrevia o mesmo remédio: "Orai sem cessar. Dai graças em todas circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus em Jesus Cristo a vosso respeito." 1 Ts 5,17-18
    Ele era um agraciado com o dom da ciência, manifestando sua plena maturidade espiritual: "Intensificai vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no Qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos cristãos." Ef 6,18
    E em mais uma grande síntese, São João Evangelista diz a razão da passagem de Jesus entre nós: "Eis porque o Filho de Deus Se manifestou: para destruir as obras do Demônio." 1 Jo 3,8
    Da mesma forma, milhares de Santos deixaram-nos seus testemunhos e seus exemplos. Eles nos enganariam? Jesus nos enganaria? Como podemos fugir à responsabilidade desse combate? Na Carta aos Hebreus, dizem os seguidores da tradição de São Paulo: "Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Com perseverança corramos ao proposto combate, com o olhar fixo no Autor e Consumador de nossa fé, Jesus. Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado." Hb 12,1.4
    Eles exortam à importância da Palavra como espiritual alimento, como fonte de discernimento: "Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma profunda doutrina, porque é ainda criança. Mas o sólido alimento é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal." Hb 5,13-14
    E se a batalha parece grande demais, e numerosos são os inimigos, lembremos o que o levita Jaaziel disse aos habitantes de Judá, de Jerusalém e ao rei Josafá, quando amonitas, moabitas e maonitas se levantaram contra eles, seis décadas depois do reinado de Salomão: "Eis o que vos diz o Senhor: 'Não temais, não vos deixeis atemorizar diante dessa imensa multidão!' Pois essa guerra não é vossa, mas de Deus." 2 Cro 20,15b
    Após uma citação de palavras de Deus ditas através do Profeta Habacuc, os seguidores de São Paulo também deixaram uma passagem que deve ser nosso lema: "'Meu justo viverá da fé. Porém, se ele esmorecer, Meu Coração já não se agradará dele (Hab 2,3s).' Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína. Somos de manter a fé, para nossa Salvação!" Hb 10,38-39

    "Lembrai-vos, ó Pai, de Vossa Igreja!"