Hedwig von Andechs nasceu em 1174, no castelo de Andechs, município em terras no sudoeste de atual Alemanha, então ducado e hoje estado de Baviera, onde seu pai, Bertoldo IV, era conde, e em 1185 tornou-se o primeiro duque da Morávia, região que hoje é a parte oriental de Chéquia. Ele havia sido dos mais influentes e poderosos príncipes de Europa, e duque de Merânia, em atual Croácia. Dos cuidados de sua mãe, Inês de Rochlitz, da dinastia de Wettin, duquesa de Merânia, teve a mais refinada educação da época e viveu a infância na nobreza, mas mostrava as mesmas religiosas inclinações que haviam inspirado São Bernardo em 1115, e nas primeiras décadas de 1200 iriam arrebatar São Francisco de Assis, São Domingos e São Raimundo Nonato: viver a evangélica pobreza e a prática de penitências como forma de anúncio de Cristo.
Flor da Idade Média, era irmã de Bertold, Patriarca de Aquileia e Arcebispo de Kalocsa, de Ekbert, Bispo de Bamberg, de Mechthild, Abadessa do Convento Beneditino de Kitzigen, da rainha Inês-Maria, esposa de Filipe Augusto, rei de França, da mãe de Santa Isabel de Hungria, a rainha Gertrudes, esposa de André II, rei de Hungria, de Otto VII, duque de Merânia, marquês de Ístria e conde palatino de Borgonha, e de Henrique, marquês de Ístria-Carniola e conde de Stein. Foi de uma era na qual reis e rainhas eram Santos, como sua sobrinha, que citamos, Santa Margarida de Escócia, Santa Isabel de Portugal, São Luís, além de muitos nobres como Santa Brígida, São Tomás More e Santo Inácio de Loiola.
Foi aluna no renomado Convento de Kitzingen, na região da Baixa Francônia, em Baviera, fundado por São Bonifácio, onde as moças, além de aprenderem latim, conheciam a Filosofia dos Padres da Igreja Católica Apostólica Romana, chamada de Patrística, e viviam o carisma cisterciense da Regra de São Bento, que consiste em frequentes orações, leitura das Escrituras e serviço a Deus na solene Liturgia. Daí trouxe o hábito de ler a Bíblia com assiduidade. Aprendeu noções de enfermagem, canto, tocar os instrumentos musicais da época, bordado e cuidados de horta e de plantas, que serviam de medicação. Documentos avaliavam-na como "bene literata", ou seja, bem letrada.
Aos 12 anos, como era tradição das nobres famílias, foi dada em casamento a Henrique I, de tão católico chamado 'o piedoso', duque da Silésia, região que hoje equivale a uma área entre Alemanha, Chéquia e Polônia. Ele viria a ser duque de Polônia em 1223. Obediente a seus pais, nossa Santa aceitou. Teve 6 filhos, mas 2 morreram ainda bem novos.
Foi muito dedicada esposa, apesar de nunca abandonar as orações e os diários jejuns. Quartas e sextas ingeria apenas pão e água. Em tempos de Advento e de Quaresma, por força das propícias penitências, visivelmente enfraquecia. Após alguns anos nessas práticas, ficou gravemente doente e teve que suspender os jejuns por ordens do Legado Papal para aquela região, que também era o Bispo de Módena, uma comuna do norte de Itália.
Tomava parte na administração dos bens de seu marido, para que ele sempre beneficiasse um pouco mais os mais pobres, e por isso é considerada a padroeira deles. E uma vez impedida de fazer as penitências, com a ajuda do esposo ativamente pôs-se a construir hospitais, escolas, conventos, mosteiros e igrejas, ao menos vinte. Teve que contratar construtores, pedreiros e escultores de Renânia, região oeste de Alemanha. Sua imagem traz uma maquete de uma igreja na mão esquerda, modo que frequentemente usava para convencer o marido de sempre mais um projeto, e, na mão direita, uma imagem de Maria Santíssima, que por toda vida foi sua grande devoção e exemplo. Entre obras mais notáveis, fundou Abadia Beneditina de Wahlstatt, ao sul de Polônia, um hospital para leprosos em Środa Śląska, na Baixa Silésia, e um hospital itinerante para os pobres, buscando atendê-los onde estivessem. Trouxe clérigos alemães para revitalizar a vida espiritual de Silésia e colonos alemães para ativar a economia agrícola de Silésia Ocidental, pouco povoada e de boas terras.
Aos 32 anos, propôs ao marido viverem a abstinência, e ele, absolutamente tocado por sua santidade, concordou.
Enviuvou aos 64 anos, quando só lhe restava a filha Gertrudes, abadessa do Convento de Mosteiro de Trzebnica, ducado de Breslau, em atual Polônia, que ela e o marido haviam construído. Como não tinha mais nenhuma obrigação que lhe impedisse de plenamente abraçar a vida religiosa, aos pobres ofereceu toda riqueza que ainda possuía e entrou para este convento como simples freira.
Desde casada, dormia numa cama muito dura, andava descalça, mesmo no inverno, e visitava hospitais e prisões, segundo recomendação do próprio Jesus (cf. Mt 25,36). Ficou muito comovida ao saber que muitos trabalhadores estavam presos por não terem bens para honrar suas dívidas. Não hesitou: advogou pela liberdade de todos que conheceu e, em compaixão por suas famílias, com seus senhores tratava para que os aceitassem de volta em seus feudos, como São Paulo pediu a seu colaborador Filêmon (cf. Fm 17). Vem desse seu empenho que seja venerada como a Padroeira dos endividados e das famílias.
Sempre tinha muito especial atenção para com viúvas e crianças.
Era unanimemente reconhecida como Santa ainda em vida. Seus cuidados para com os enfermos resultaram em muitas miraculosas curas, que simplesmente aconteciam ao toque de suas mãos. E jamais faltava à Santa Missa, dando origem a um ditado latino sobre sua religiosidade: "Una missa non est contenta ducissa.", que significa: uma só missa não satisfará uma duquesa. Por influência de sua forte espiritualidade, dois de seus netos tornaram-se padres, Władysław de Wrocław e Konrad de Głogów, e uma neta, freira.
Dizia: "A santidade da vida, unida ao saber, garante à alma maior Glória dos Céus."
Morreu em 1243, aos 69 anos. Para que sua face não fosse esquecida, o povo demandou que se fizesse uma máscara mortuária, na qual se percebe sua simplicidade e seu vigor espiritual, apesar da idade. Registros de 1522 atestam que seus restos mortais foram sepultados em Trzebnica, terras de atual Polônia, onde lhe ergueram uma imponente basílica e um belo mausoléu.
Morreu em 1243, aos 69 anos. Para que sua face não fosse esquecida, o povo demandou que se fizesse uma máscara mortuária, na qual se percebe sua simplicidade e seu vigor espiritual, apesar da idade. Registros de 1522 atestam que seus restos mortais foram sepultados em Trzebnica, terras de atual Polônia, onde lhe ergueram uma imponente basílica e um belo mausoléu.
O Papa Urbano IV, que já a admirava desde quando era Legado Papal em Polônia, apoiou sua canonização. Com Nossa Senhora de Częstochowa, São João Paulo II e outros Santos, é Padroeira de Polônia, além da região histórica de Silésia. No século XX, depois das Grandes Guerras Mundiais, passou a ser venerada como a Padroeira da reconciliação polaco-germânica. Também é conhecida como Santa Edwiges de Silésia e é homenageada no calendário protestante de nomes, uma espúria imitação do Calendário Católico de Santos.