quinta-feira, 9 de maio de 2024

Pelo Rio Grande do Sul

 Nossa caridade, espiritual e material, pelo povo do Rio Grande do Sul

Textos para Celular

 Acesso: dizemasescrituras.blogspot.com

Deus Católico: Mais Amor!


    Nos termos do Catolicismo, Deus é mais atencioso e mais amoroso Pai. Para começar, Ele deu-nos mais que especial Mãe, que constantemente vela por nós e nominalmente é a primeira pessoa a receber uma coroa nos Céus, pois Satanás não conseguiu vencê-la: "O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino. Mas à Mulher foram dadas duas asas de grande águia, a fim de voar para o deserto, para o lugar de seu retiro, onde é alimentada por um tempo, dois tempos e a metade de um tempo, fora do alcance da cabeça da Serpente. A Serpente vomitou contra a Mulher um rio de água, para fazê-la submergir. A terra, porém, acudiu à Mulher, abrindo a boca para engolir o rio que o Dragão vomitara. Cheio de raiva por causa da Mulher, o Dragão então começou a atacar o resto de seus filhos, os que obedecem aos Mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus." Ap 12,13-17


PAPA E PADRES

    Deus 'católico' também nos deu pais espirituais: nossos Sacerdotes são carinhosamente chamados de Padres, e o Sumo Pontífice de Papa, pois, independentemente de seus erros, plenamente representam o Pai do Céu, como São Paulo explicou aos romanos: "Pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis." Rm 11,29
    Este Apóstolo atesta que é Deus Quem age por Seus verdadeiros Ministros: "A Ele (Cristo) é que anunciamos, admoestando todos homens e instruindo-os em toda Sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo. Eis a finalidade de meu trabalho, a razão porque luto, auxiliado por Sua força que em mim poderosamente atua." Cl 1,28-29
    Ele diz do dom de fazer renascer o ser humano: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo! Tudo isso vem de Deus, que, por Cristo, Consigo nos reconciliou e nos confiou o Ministério desta reconciliação." 2 Cor 5,17-18
    Afirma o poder do Santo Paráclito em sua obra: "Tenho motivo de gloriar-me em Jesus Cristo, no que diz respeito ao serviço de Deus. Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu Ministério, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela Palavra e pela ação, pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito." Rm 15,17-19a
    Acertadamente chama-o de Ministério do Espírito Santo: "Ele (Deus) é que nos fez aptos para sermos Ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, revestiu-se de tal Glória... quanto mais glorioso não será o Ministério do Espírito?" 2 Cor 3,6-7a.8
    E para tanto rezava: "Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus." 1 Cor 4,1
    Referindo-se a Jesus, São João Batista atestou a plena presença do Espírito Santo em Seus escolhidos: "Com efeito, Aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque Ele concede o Espírito sem medidas." Jo 3,34
    Pois não são eles que escolhem seguir o Cristo, mas exatamente o contrário, como Ele disse aos Apóstolos ao garantir-lhes o resultado de seus ofícios: "Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu escolhi-vos e constituí-vos para que vades e produzais fruto, e vosso fruto permaneça." Jo 15,16a
    Por isso, o Apóstolo dos Gentios questionava a vacilação dos romanos e garantia: "Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus Quem os justifica!" Rm 8,33
    E diz como Ele opera em Seus enviados: "Eu vivo, mas já não sou eu. É Cristo que vive em mim." Gl 2,20
    Quanto à paternidade espiritual, o próprio Jesus chamava os Apóstolos de filhos: "Filhinhos Meus, apenas por um pouco ainda estou convosco. Vós haveis de procurar-Me, mas, como disse aos judeus, agora também digo a vós: para onde Eu vou, vós não podeis ir." Jo 13,33
    E São Paulo também vai reclamar aos coríntios: "Com efeito, ain­da que tivésseis dez mil mestres em Cristo, não tendes muitos pais. Ora, fui eu que vos gerei em Cristo Jesus pelo Evangelho." 1 Cor 4,15
    Nossos Sacerdotes, ademais, não adquirem para si nenhum bem de valor. Tudo fica em nome da Igreja, pois desde o chamado dos Apóstolos Jesus pediu seguidor "... que tenha abandonado, por amor ao Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos..." Lc 18,29
    Ele sentenciou: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui, não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33
    Atualmente, eles estudam por dez anos e são ordenados por bispos que seguem a mesma e fiel sucessão desde os Apóstolos até os dias de hoje, como São Paulo determinou a São Timóteo: "O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros." 2 Tm 2,2
    Na Primeira Carta a São Timóteo, ele menciona esse ritual: "Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia, quando a Assembleia dos Anciãos te impôs as mãos." 1 Tm 4,14
    Desde o Pentecostes, portanto, o próprio Espírito de Deus encarregou-Se de ungir nossos Sacerdotes, como o Último Apóstolo afirma aos Anciãos de Éfeso: "Cuidai de vós mesmos e de todo rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com Seu próprio Sangue." At 20,28
    Enfim, nossos Padres não casam para que possam levar uma vida plenamente espiritual, e assim dedicar integral atenção à Igreja. O próprio Jesus havia ensinado: "... há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos Céus." Mt 19,12b
    São Paulo, que era celibatário, justificava essa prática nestes termos: "Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu. Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa." 1 Cor 7,8.32-33
    Pois o Sacramento do Matrimônio, que é exclusivo entre homem e mulher, é indissolúvel. Assim Jesus, renegando o divórcio, apresentou esse projeto de Deus como era desde a Criação: "Mas, no princípio da Criação, Deus fê-los homem e mulher: 'Por isso, deixará o homem pai e mãe e unir-se-á à sua mulher, e os dois não serão senão uma só carne (Gn 2,24).' Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe o homem, pois, o que Deus uniu." Mc 10,6-9
    E além de trazer Paz ao casal, essa também é uma garantia para que as crianças tenham pai e mãe sempre presentes, como a profecia de Malaquias dizia sobre São João Batista, ferrenho defensor do Matrimônio, que foi mencionada pelo Arcanjo São Gabriel a Zacarias: "... e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos..." Lc 1,17a


A IGREJA UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA

    Somos, portanto, uma só Igreja em todo mundo, o que é uma grande prova do poder e da presença do Filho de Deus entre nós. Jesus afirmou: "Toda autoridade foi-Me dada no Céu e na terra. Eis que convosco estou todos dias, até o fim do mundo." Mt 28,18b.20b
    Ele também garantiu a constante e eterna presença do Espírito Santo, que é outro Consolador, entre os membros da Igreja, como tem sido pelos séculos: "E Eu rogarei ao Pai e Ele dá-vos-á outro Paráclito, para que convosco fique eternamente." Jo 14,16
    Ela é a Verdadeira Igreja exatamente porque só a ela Jesus enviou o Espírito da Verdade, que é a Terceira Pessoa de Deus e que jamais a abandonou, do Qual o mundo não é digno: "É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,17
    Essa Unidade da Igreja só é possível graças à própria Glória de Deus, que é a prova da passagem do Salvador entre nós e do amor de Deus pelos Seus. Jesus rezou ao Pai: "Eu dei-lhes a Glória que Tu Me deste, para que eles sejam Um, como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Tu Me enviaste e que os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
    Ela é pura e Santa porque assim Jesus a quer: "... como Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela Água do Batismo com a Palavra, para a Si mesmo apresentá-la toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito, mas santa e irrepreensível." Ef 5,25b-27
    São Paulo exorta os efésios: "Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do Céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo, e n'Ele escolheu-nos antes da criação do mundo, para sermos Santos e irrepreensíveis diante de Seus olhos." Ef 1,3-4
    Ele garantiu todos dons aos coríntios: "Assim, enquanto aguardais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo, não vos falta dom algum. Ele há de confirmar-vos até o fim, para que sejais irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo." 1 Cor 1,7-8
    Rezou pelos tessalonicenses: "Que Ele (Jesus) confirme vossos corações, e torne-os irrepreensíveis e Santos na presença de Deus, Nosso Pai, por ocasião da Vinda de Nosso Senhor Jesus com todos Seus Santos!" 1 Ts 3,13
    E assegurou aos romanos: "... pois todos aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." Rm 8,14
    A palavra 'católica', vinda do grego, quer dizer universal, pois Jesus fundou uma só Igreja para o mundo todo. E ela já nasceu Católica, ou seja, falando a todas nações, desde o Pentecostes: "Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo concedia-lhes que falassem. Achavam-se em Jerusalém, então, piedosos judeus de todas nações que há debaixo do céu. Profundamente impressionados, manifestavam sua admiração: 'Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Mas como todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?'" At 2,4-5.7-8
    Jesus mesmo já havia dito que ela seria Católica, pouco antes de Sua Ascensão, quando determinou algo que flagrantemente é desrespeitado por muitos que se dizem cristãos: a divulgação do Evangelho em sua integridade: "Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi." Mt 28,19-20a
    A Igreja é apostólica porque Jesus quis que ela fosse conduzida por seres humanos, a começar pelos Apóstolos, aqueles que Ele escolheu e que Consigo estiveram desde o início, passando por Sua Ressurreição e até Sua Ascensão aos Céus: "... sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria e até os confins do mundo." At 1,8
    Ele explicou as Escrituras e Sua Paixão nestes termos: "Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em Seu Nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isso." Lc 24,46-48
    E assim ela se estabeleceu, claramente guiada por homens: "Perseveravam eles (os fiéis) na Doutrina dos Apóstolos, na reunião em comum, na fração do Pão e nas orações." At 2,42
    Sobre todas estas revelações, pois, São João Evangelista confirma essa ação humana, segundo o projeto de Deus: "Aceitamos o testemunho dos homens." 1 Jo 5,9a
    A Igreja leva ao mundo o Nome de Deus porque só ela tem a guarda, e assim a presença, do Verbo Encarnado. Referindo-Se aos Apóstolos, Jesus rezou ao Pai: "Manifestei Teu Nome aos homens que do mundo Me deste. Eram Teus e deste-mos e guardaram Tua Palavra." Jo 17,6
    Ele constantemente tem-na purificado por ação de Sua Palavra, como disse aos Apóstolos quando usou a imagem da videira e dos ramos: "Vós já estais puros pela Palavra que vos tenho anunciado." Jo 15,3
    E também a santifica, como Ele pediu ao Pai: "Santifica-os pela Verdade. Tua Palavra é a Verdade." Jo 17,17
    Assim a Santa Palavra tem sido preservada desde então, como São Paulo exortou a São Timóteo, invocando a Graça do Divino Paráclito: "Guarda o Precioso Depósito, pela virtude do Espírito Santo que em nós habita." 2 Tm 1,14
    Pois só a Igreja, através do Espírito da Verdade, é depositária da Verdade: "Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na Casa de Deus, que é a Igreja de Deus Vivo, coluna e sustentáculo da Verdade." 1 Tm 3,15
    E a Revelação já está concluída, segundo a afirmação de São Judas Tadeu: "... pela , de uma vez para sempre confiada aos Santos." Jd 3b
    Aliás, o próprio Jesus a ela referiu-Se como algo concluso, ao mandar mensagem à igreja de Filadélfia no livro do Apocalipse: "... guardaste Minha Palavra e não renegaste Meu Nome." Ap 3,8b
    Assim os Sacerdotes de Sua Igreja podem reconciliar-nos com Deus, absolvendo nossos pecados, porque Jesus também lhes deu este poder: "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos.'" Jo 20,22-23
    Eles podem estabelecer a penitência: "Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois, e deu-lhes poder sobre os imundos espíritos. Eles partiram e pregaram a penitência. Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e curavam-nos." Mc 6,7.12-13
    Podem celebrar a memória de Sua Paixão, que nos redime e nos leva à Vida Eterna: "Em seguida tomou o pão, e depois de ter dado graças partiu-O e deu-Lho, dizendo: 'Isto é Meu Corpo, que é dado por vós. Fazei isto em memória de Mim.' Do mesmo modo tomou o cálice depois de cear, dizendo: 'Este cálice é a Nova Aliança em Meu sangue, que é derramado por vós...'" Lc 22,19-20
    Podem crismar, o que evidentemente é diferente de batizar: "Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera a Palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram, fizeram oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo, visto que ainda não havia descido sobre nenhum deles, mas apenas tinham sido batizados em Nome do Senhor Jesus. Então os dois Apóstolos lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo." At 8,14-17
    Podem ministrar a Unção dos Enfermos, como São Tiago Menor pregou: "Está alguém enfermo? Chame os Sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em Nome do Senhor." Tg 5,14
    Rejeitar a Igreja, portanto, é rejeitar o próprio Deus. Jesus diz: "Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita, a Mim rejeita; e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou." Lc 10,16
    E após uma advertência de difíceis tempos, Ele garantiu a perfeita transmissão de seus testemunhos: "Lembrai-vos da Palavra que vos disse: O servo não é maior que Seu Senhor. Se Me perseguiram, também hão de perseguir-vos. Se guardaram Minha Palavra, também hão de guardar a vossa." Jo 15,20
    Pois Quem constrói a Igreja, ou seja, Quem escolhe as 'pedras humanas', nossos Sacerdotes, é o próprio Jesus, que o faz pessoalmente, como desde a pessoa de São Pedro: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja." Mt 16,18a
    Ora, a Igreja Católica, mesmo com todos seus erros, lembremos o próprio Judas que foi escolhido por Jesus, pertence a Ele mesmo, Nosso Salvador, que a chamou de 'Minha': "... edificarei Minha Igreja..." Idem
    E ela não tem como ser vencida por Satanás, pois Ele mesmo garantiu: "As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18b
    Ele também demonstrou ter total controle sobre a Igreja. Está no livro do Apocalipse: "Eis o simbolismo das sete estrelas que viste na Minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros, as sete igrejas." Ap 1,20
    E que quem realmente O ouve, tem Sua inteira proteção: "Minhas ovelhas ouvem Minha voz, Eu conheço-as e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a Vida Eterna. Elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de Minha mão." Jo 10,27-28
    Ele assegura: "Pois desci do Céu não para fazer Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou. Ora, esta é a vontade d'Aquele que Me enviou: que Eu não deixe perecer nenhum daqueles que Me deu, mas que os ressuscite no Último Dia." Jo 6,38-39
    E São Pedro garante: "... vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé..." 1 Pd 1,5a


AMOR À SALVAÇÃO DAS ALMAS

    Deus 'católico' tem mais amor por Seus filhos e dá-lhes mais oportunidades. Mesmo após a morte, por exemplo, Ele concede mais uma chance para expiar os pecados. As almas realmente más vão para o inferno logo após a morte; as realmente santas vão para o Céu, também de imediato; mas a imensa maioria delas, feita de inconfessos ou indecisos pecadores, precisa depurar seus pecados para que possam subir aos Céus, e para isso existe o Purgatório.
    Isso é evidente porque no Céu não haverá castigo, e no inferno o castigo é total. Onde aconteceriam, então, os castigos intermediários mencionados por Jesus, de numerosos ou poucos golpes? "O servo que, apesar de conhecer a vontade de Seu Senhor, nada preparou e Lhe desobedeceu, será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de Seu Senhor, fizer repreensíveis coisas será açoitado com poucos golpes." Lc 12, 47-48a
    Ele também falou em duas ocasiões para o perdão, quando mencionou um pecado para o qual a Confissão é essencial, pois aí não haverá perdão dado pela Divina Misericórdia: "Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste nem no vindouro século." Mt 12,32b
    E disse: "... dali não sairás antes de teres pago o último centavo." Mt 5,26
    É o mesmo que ensina o segundo livro de Macabeus: "... se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles." 2 Mb 12,44
    Assim, quer dos Céus quer do Purgatório, Deus 'católico' permite que rezemos e intercedamos uns pelos outros, pois a morte não nos congela no tempo à espera do Juízo Final, como Jesus mesmo ensinou: "Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para Ele todos vivem." Lc 20,38
    Sem dúvida, nossas almas são julgadas imediatamente após a morte, como disseram os seguidores da tradição de São Paulo: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o Juízo." Hb 9,27
    E no livro do Apocalipse, temos um registro dos Santos em pleno exercício de suas atividades celestiais: "Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de brancas vestes e palmas na mão, e bradavam em alta voz: 'A Salvação é obra de Nosso Deus, que está assentado no Trono, e do Cordeiro.' Por isso, estão diante do Trono de Deus e em Seu Templo servem-nO dia e noite." Ap 7,15
    Eles intercedem por justiça, embora sempre prevaleça, claro, a vontade de Deus, a qual muitas vezes requer paciência perante o mistério do Mal: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do Altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus, e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da terra?' Então foi dada a cada um deles uma branca veste, e foi-lhes dito que ainda aguardassem um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que com eles estavam para serem mortos." Ap 6,9-11
    Sim, Deus 'católico' deu-nos os Santos, pessoas que estão em perfeita Comunhão Consigo, sentadas em tronos e reinando com Ele, o que significa que têm poder. Eles são a maior prova de Seu amor, explicitando que Seu caminho é perfeito e que é possível servi-Lo com perfeição. Sem dúvida, a Coroa da Vida e o Céu são honrosos reconhecimentos para quem viveu e morreu pela Salvação das almas: "Também vi tronos, sobre os quais se assentaram aqueles que receberam o poder de julgar: eram as almas dos que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e todos aqueles que não tinham adorado a Fera ou sua imagem, que não tinham recebido seu sinal na fronte nem nas mãos. Eles viveram uma Nova Vida e com Cristo reinaram por mil anos." Ap 20,4
    Ou seja, eles têm poderes que já estão em vigor sobre este mundo. O próprio Jesus prometeu: "Então ao vencedor, ao que praticar Minhas obras até o fim, lhe darei poder sobre as pagãs nações." Ap 2,26
    Se um fiel for exemplo de santidade, a Igreja dá-lhe-á um especial lugar entre seu povo aqui na terra. Não há desprezo nem esquecimento. É Palavra de Jesus: "O vencedor assim será revestido de brancas vestes. Jamais apagarei seu nome do livro da Vida, e proclamá-lo-ei diante de Meu Pai e de Seus anjos. Do vencedor farei uma coluna no Templo de Meu Deus, de onde jamais sairá." Ap 3,5.12a
    Ora, por Seu imenso amor, Ele promete-nos o inimaginável: "Ao vencedor concederei assentar-se Comigo no Meu Trono, assim como Eu venci e assentei-Me com Meu Pai em Seu Trono." Ap 3,21
    Por fim, cada um de nós tem de Deus 'católico' a proteção de um Anjo da Guarda, como foi dito de São Pedro quando esteve preso e foi miraculosamente solto: "Então é seu anjo." At 12,15b
    Eles estão conosco desde nosso nascimento e acompanham-nos especificamente durante a infância. Jesus disse: "Guardai-vos de menosprezar um só destes pequenos, porque Eu vos digo que seus anjos contemplam sem cessar a face de Meu Pai que está nos Céus." Mt 18,10
    São eles que apresentam nossas orações ao Senhor, como disse o Arcanjo São Rafael a Tobit, pai de Tobias: "Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava tuas orações ao Senhor." Tb 12,11-12
    E levam-nos aos Céus após a morte, como Jesus contou na parábola de Lázaro e do rico: "Ora, aconteceu morrer o mendigo, e pelos anjos ser levado ao seio de Abraão." Lc 16,22a

    "Santificai e reuni Vosso povo!"

quarta-feira, 8 de maio de 2024

A Moralidade das Paixões


    A palavra 'paixão' é do vocabulário cristão, e significa forte emoção ou sensibilidade. É uma das mais importantes funções da psique humana, e, em muitos casos, independente da real necessidade, é ela que nos leva a agir ou a omitir-nos. É, pois, o objeto da paixão que vai determinar se ela é boa ou má, porque, como elo entre a vida sensível e a vida espiritual, seus impulsos necessariamente passam pelo crivo da consciência moral, de nossa formação social, e aí, movida pela intenção, é que ela se inclina para o bem ou para o mal.
    Nestes termos, portanto, entende-se o Amor de Salvação, em seu ápice representado pela Paixão de Cristo: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara Sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim." Jo 13,1
    Ou se entende o próprio amor do Pai que O levou à Cruz, nas palavras do próprio Jesus: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu Seu único Filho, para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a Vida Eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que por Ele o mundo seja salvo." Jo 3,16-17
    E ainda o amor de Jesus ao Pai, como Ele sentenciou pouco antes de Sua Paixão: "O mundo, porém, deve saber que amo o Pai, e procedo como o Pai Me ordenou." Jo 14,31a
    As paixões são muitas. Com seus correspondentes opostos, as principais são amoródio, desejo e medo, e alegria e tristeza. E tomando à parte o amor, por ser natural fundamento de toda vida, mais propriamente vê-se que ele é a própria atração pelo bem. Aqui se diz do bem como valor absoluto. De fato, quem poderia relativizar a importância da Verdade, da Paz, da justiça, do companheirismo, do bem-estar ou do simples alimento? O bem que atrai e provoca o amor, portanto, é o bem absoluto, que, embora possa ser representado pelos mais belos bens espirituais e materiais criados por Deus, é melhor compreendido como Ele próprio, por Suas Pessoas.
    O amor, de fato, quando conhecido, causa o desejo do bem e a esperança de alcançá-lo, e assim, quando esse anseio se realiza, se experimenta os mais conhecidos prazeres e alegrias. Logo, as paixões são boas quando o bem é real, ou más quando o bem é ilusório.
    Jesus aponta o coração como fonte das paixões, pois é o exato lugar onde se combinam os elementos da sensibilidade e da consciência, e estes geram a vontade. Ele disse: "O bom homem tira boas coisas do bom tesouro de seu coração, e o mau homem tira más coisas de seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio." Lc 6,45
    O Divino Mestre, pois, tratou de revelar os verdadeiros tesouros, e onde nós os guardamos: "Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem as traças nem a ferrugem os consomem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está teu tesouro, lá também está teu coração." Mt 6,19-21
    Porque assim como fonte das boas paixões, que embora mais conhecidas não sejam as mais cultuadas, Ele fazia questão de ressaltar o coração como fonte das más paixões: "Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias." Mt 15,16
    E exemplificou: "Ouvistes que foi dito aos antigos: 'Não cometerás adultério.' Eu, porém, digo-vos: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, com ela já adulterou em seu coração." Mt 5,27-28
    Contudo, apesar de brotar no coração, a paixão inegavelmente é regulada pela razão e pela vontade, que jamais podem ser desativadas. Ninguém se engane: quando é mau o objeto da paixão, em simultâneo vacila a natureza primeira do coração com o impulso que nele insurge, e nega-se a consentir, só se deixando vencer se for acintosa e fortemente combatida por más razões e maus exemplos. É nesse momento que, mesmo que a trancos e barrancos, o objeto da paixão invariavelmente passa pelo escrutínio da consciência moral, que nada mais é que o mecanismo natural que pondera, sob a ótica dos valores pessoais, as informações a serem processadas.
    Em condições normais, por exemplo, não se questiona se os pais devem ou não dar alimento a um recém-nascido. Devem muito mais: devem dar amor! Mas isso só se pode afirmar por força da apreciação moral. Por ela, nada desobriga um ser de dar amor a uma indefesa criatura fruto de sua carne, não importando em que condições a criança foi gerada. Ora, isso faz parte de uma consciência instintiva, verificável mesmo entre os animais.
    Outro exemplo: o que nos obriga a não destruir o meio ambiente? Não é apenas por razões econômicas, mas principalmente porque sabemos que estamos aniquilando nossas chances de sobrevivência e, principalmente, as de nossos descendentes. Vale dizer: só contrariando uma elementar formação moral poderíamos continuar dando continuidade a atividades ecologicamente nocivas.
    A Constituição Pastoral da Igreja inspiradamente ensina: "Na intimidade da consciência, o ser humano descobre uma lei." GS 16
    E o livro da Sabedoria menciona esse 'freio moral' como sendo a virtude da temperança: "E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; ela (a Sabedoria) ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há, na vida, nada que seja mais útil aos homens." Sb 8,7
    O Eclesiástico reza ao Pai: "Afastai de mim a intemperança! Que a paixão da volúpia não se apodere de mim e não me entregueis a uma alma sem pejo e sem pudor!" Eclo 23,6
    E São Paulo diz do Evangelho como leis inscritas no coração: "Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações." 2 Cor 3,3
    É a mais pura Verdade: fazendo bom uso da consciência, não conseguimos determinar-nos a agir pelo mal. O relativismo, na melhor das hipóteses, é uma disfunção da razão, uma patologia! Se bem observarmos, obedecemos a uma lei muito mais profunda que nossa mera formação ou experiências de vida. A importância da formação moral, porém, está na consolidação dos escrúpulos, que nos ajudam a enxergar essa lei nas mais diversas situações. O salmista canta: "... fazer Vossa vontade, Meu Deus, é o que me agrada, porque Vossa Lei está no íntimo de meu coração." Sl 39,9
    O Último Apóstolo assim explicava a existência dessa lei, dessa consciência moral: "Os pagãos, que não têm a Lei, naturalmente fazendo as coisas que são da Lei, eles, embora não tenham a Lei, a si mesmos servem de Lei. Eles mostram que o objeto da Lei está gravado em seus corações, dando-lhes testemunho sua consciência, bem como seus raciocínios, com os quais mutuamente se acusam ou se escusam." Rm 2,14-15
    E também assim atestava a percepção de Deus pelos pagãos: "Desde a criação do mundo, as invisíveis perfeições de Deus, Seu sempiterno poder e divindade, tornam-se visíveis à inteligência por Suas obras, de modo que não podem escusar-se." Rm 1,20
    Por isso, reconhece e afirma: "Sabemos que a Lei é espiritual, mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Eu deleito-me na Lei de Deus, no íntimo de meu ser, mas em meus membros percebo outra lei que luta contra a lei da minha razão, e acorrenta-me à lei do pecado que está em meus membros." Rm 7,14.18-20.22-23
    Assim se tem que a paixão não é o único elemento determinante, pois ela compõe com a razão e a vontade a motivação de nossas boas e más ações. E, mais uma vez, a consciência moral, ou seja, a razão, é que examina e decide qual será nossa vontade diante de uma determinada paixão. Por isso, disseram os anjos que anunciaram o Nascimento de Jesus: "... e Paz na terra aos homens de boa vontade." Lc 2,14


A OBEDIÊNCIA

    O próprio Jesus, por obediência, estritamente cumpriria a vontade do Pai: "... porque não busco Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 5,30
    É o que Ele vai dizer momentos antes de Sua prisão: "Pai, se é de Teu agrado, afasta de Mim este cálice! Porém não se faça Minha vontade, mas sim a Tua." Lc 22,42
    O Apóstolo dos Gentios testemunha esse feito, recitando o Hino Cristológico: "Sendo Ele de divina condição, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas a Si mesmo aniquilou, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens." Fl 2,6-7
    Por isso, exorta: "Esta é a vontade de Deus: vossa santificação! Que eviteis a impureza; que cada um de vós santa e honestamente saiba possuir seu corpo, sem se deixar levar por desregradas paixões, como os pagãos que não conhecem a Deus." 1 Ts 4,3-5
    Diante das tentações que surgem antes da idade da razão, sua recomendação a São Timóteo era simples porém sábia: fugir, buscar a companhia daqueles que realmente são membros da Igreja, membros do Corpo Místico de Cristo: "Foge das paixões da mocidade, com empenho busca a justiça, a , a caridade, a Paz, em companhia daqueles que invocam o Senhor com pureza de coração." 2 Tm 2,22
    São João Evangelista garante a perfeita expiação operada pela verdadeira Igreja, que se faz representar pela Comunhão dos Santos: "Se dizemos ter Comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a Verdade. Se, porém, andamos na Luz como Ele mesmo está na Luz, temos Comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, purifica-nos de todo pecado. Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a Verdade não está em nós." 1 Jo 1,6-8
    E São Paulo diz aos gálatas: "Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as más paixões e concupiscências." Gl 5,24
    Também diz aos romanos: "Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer, mas se pelo espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." Rm 8,12-14
    Com contundência ele critica os hedonistas, que por tal comportamento nunca conseguem perceber propriamente as santas coisas, o sagrado: "... amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão de sua autoridade. Dessa gente, afasta-te! Deles fazem parte os que jeitosamente se insinuam pelas casas e enfeitiçam mulherzinhas carregadas de pecados, atormentadas por toda espécie de paixões, sempre a aprender sem nunca chegar ao conhecimento da Verdade." 2 Tm 3,4b-7
    Diz mais: que as más paixões levarão muita gente a renegar Jesus, e a buscar 'religiões' que tolerem seus pecados: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si." 2 Tm 4,3
    E resume a Missão de Jesus numa exortação à religiosidade, contrária à vida de dissolução: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade..." Tt 2,12
    São Pedro denuncia os falsos mestres exatamente porque renegam a autoridade da Igreja, e assim levam uma vida afundada na prática de perversões: "... aqueles que com impuros desejos correm atrás dos prazeres da carne e desprezam a autoridade. Audaciosos, arrogantes, não temem falar injuriosamente das Glórias... quais brutos destinados pela lei natural para a presa e para a perdição, injuriam o que ignoram... Encontram suas delícias entregando-se em pleno dia às libertinagens. Pervertidos e imundos homens, sentem prazer em enganar... Têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar. Por seus artifícios, seduzem as inconstantes almas, têm o coração acostumado à cobiça, são filhos da maldição. Com palavras tão vãs quanto enganadoras, pelas carnais paixões e pela devassidão atraem aqueles que mal acabam de escapar dos homens que vivem no erro. Prometem-lhes a liberdade quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é feito escravo daquele que o venceu. Com efeito, se aqueles que renunciaram às corrupções do mundo pelo conhecimento de Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, nelas de novo deixam-se enredar e vencer, seu último estado torna-se pior que o primeiro." 2 Pd 2,10.12a.13a.14.18-20
    No comportamento desses deturpadores da Doutrina, São Judas Tadeu pontualmente vai denunciar a luxúria, causada pela ausência da Unção do Espírito de Deus, e ao cabo faz uma exortação à verdadeira fé: "No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo suas ímpias paixões. Homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm o Espírito. Mas vós, caríssimos, mutuamente edificai-vos sobre o fundamento de vossa santíssima fé. Orai no Espírito Santo." Jd 1,18-20
    São Paulo, na Carta aos Romanos, registrou ainda mais graves consequências para os que renegam a religiosidade, e assim ao próprio Criador: "A ira de Deus manifesta-se do alto do Céu contra toda impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a Verdade. Porque, conhecendo a Deus, não O glorificaram como Deus nem Lhe deram graças. Pelo contrário, extraviaram-se em seus vãos pensamentos, e obscureceu-se-lhes o insensato coração. Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos. Mudaram a majestade de Deus, que é incorruptível, em representações e figuras de corruptível homem, de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou-os aos desejos de seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos. Trocaram a Verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez do Criador, que é bendito pelos séculos. Amém! Por isso, Deus entregou-os a vergonhosas paixões: suas mulheres mudaram as naturais relações em relações contra a natureza. Do mesmo modo, os homens, deixando o natural uso da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo a torpeza homens com homens, e recebendo em seus corpos a paga devida a seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Ele entregou-os a depravados sentimentos, e daí seu indigno procedimento. São repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade. São difamadores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, altivos, inventores de maldades, rebeldes contra os pais. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia. Apesar de conhecerem o justo decreto de Deus, que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas, não somente as praticam, como também aplaudem aqueles que as cometem." Rm 1,18.21-32
    Contudo, pede muito tato: "Procedei com Sabedoria no trato com os de fora. Sabei aproveitar todas circunstâncias. Que vossas conversas sejam sempre amáveis, temperadas com sal, e a cada um sabei responder devidamente." Cl 4,5-6
    Pois ele bem sabe contra quem se está em guerra: "É com brandura que deve corrigir os adversários, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento e o conhecimento da Verdade, e voltem a si, uma vez livres das correntes do Demônio, que aos seus caprichos os mantém cativos e submetidos." 2 Tm 2,25-26
    Evocando a vida passada, ele pondera: "E vós estáveis mortos por vossas faltas, pelos pecados que outrora cometestes seguindo o modo de viver deste mundo, do príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos rebeldes. Todos nós também éramos deste número quando vivíamos nos carnais desejos, fazendo a vontade da carne e da concupiscência. Éramos como os outros, por natureza, verdadeiros objetos da divina ira." Ef 2,1-3
    Falando sobre a Verdade, isto é, sobre a mais crua realidade, ou ainda, sobre essa lei maior que encontramos em nossas consciências, São Pedro coloca a obediência como bússola que deve nortear nossa vontade e nossa paixão: "Em obediência à Verdade, tendes purificado vossas almas para praticardes um sincero e fraterno amor. Amai-vos, pois, uns aos outros, ardentemente e do fundo do coração." 1 Pd 1,22
    E convida-nos ao Sacramento da Confissão e às penitências, que verdadeiramente nos libertam: "Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo as humanas paixões, mas segundo a vontade de Deus. Baste-vos que no tempo passado tenhais vivido segundo os caprichos dos pagãos, em luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias." 1 Pd 4,1-3
    São Tiago Menor, por fim, denuncia as más inclinações como fonte de todo mal: "Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que em vossos membros combatem? Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra. Não obtendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes vossas paixões. Adúlteros, não sabeis que o amor ao mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." Tg 4,1-4
    São Paulo faz o mesmo, ao acusar as limitações dos coríntios em assuntos espirituais: "A vós, irmãos, não vos pude falar como a homens espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo. Eu dei-vos leite a beber, e não sólido alimento que ainda não podíeis suportar. Nem agora o podeis, porque ainda sois carnais. Com efeito, enquanto entre vós houver ciúmes e contendas, não será porque sois carnais e procedeis de um totalmente humano modo?" 1 Cor 3,1-3
    Os seguidores de sua tradição complementam: "Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma profunda doutrina, porque ainda é criança. Mas o sólido alimento é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal." Hb 5,13-14
    As paixões em si, portanto, enquanto pura sensibilidade, não são nem boas nem más. Quando motivadas por imoral razão ou má vontade, tornam-se desordenadas e pervertem-se em vícios, mas, quando motivadas para o bem, tornam-se virtudes.

    "Confirmai na caridade Vosso povo!"

terça-feira, 7 de maio de 2024

As Preocupações do Mundo


    Na atualidade, cada vez maior número de pessoas tem problemas espirituais, e assim de saúde, por causa de preocupações. Mas ao recomendar a como vívida certeza da Divina Providência, Jesus já mostrava a importância da frequente prática de vigília e de oração, pois tantos os temores como a indolência podem tornar-se verdadeiras tentações, das quais o inimigo se aproveita. Ele disse: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." Mc 14,38a
    Nosso Salvador ia ainda mais longe: pedia que nos detivéssemos na obra de Salvação de nossas almas recomendando penitências! "Desde então, Jesus começou a pregar: 'Fazei penitência, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,17
    Pois esse é o sentido de Sua Paixão e a missão da Igreja, como Ele ensinou aos Apóstolos falando de Si em terceira pessoa, logo no Domingo da Ressurreição: "Então lhes abriu o espírito para que compreendessem as Escrituras, dizendo: 'Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que dos mortos ressurgisse ao terceiro dia. E que em Seu Nome se pregasse a penitência para a remissão dos pecados a todas nações, começando por Jerusalém.'" Lc 24,47
    Ensinava, da mesma forma, a prática do desapego: "E então disse ao povo: 'Escrupulosamente guardai-vos de toda avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas.'" Lc 12,15
    Assim, cumpridas as obrigações, temos que confiantemente nos entregar nas mãos de Deus, abandonar-nos aos Seus cuidados, pois se não podemos viver como preguiçosos, que presunçosamente tudo esperam, também não podemos viver como neuróticos, ciosos do que não podemos controlar. Ele alertava das inerentes aflições de um cristão, que requerem a virtude da fortaleza: "Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá suas próprias preocupações. A cada dia basta seu mal." Mt 6,34
    Na parábola do semeador, Jesus revela quem somos e o quanto realmente confiamos na Palavra de Deus. E as preocupações aí aparecem como um impedimento à fé. São Marcos assim registrou:

    "O semeador lança a Palavra. Alguns se encontram à beira do caminho, onde ela é semeada. Apenas a ouvem, vem Satanás tirar a Palavra neles semeada.
    Outros recebem a semente em pedregosos solos. Quando a ouvem, recebem-na com alegria. Mas não têm raiz em si mesmos, são inconstantes, e assim que se levanta uma tribulação ou uma perseguição por causa da Palavra, eles tropeçam.
    Outros ainda recebem a semente entre os espinhos. Ouvem a Palavra, mas as mundanas preocupações, a ilusão das riquezas, as múltiplas cobiças sufocam-na e tornam-na infrutífera.
    Mas aqueles que recebem a semente em boa terra, escutam a Palavra, acolhem-na e dão fruto. Trinta, sessenta e cem por um." 
                                                Mc 4,14-20

    Por isso, Ele ensina a primeiro buscar o Reino de Deus, o que deve ser feito com empenho e perseverança, e promete que tudo mais se resolverá. E mais uma vez mencionou as preocupações como um empecilho à Comunhão com Deus, como São Lucas narrou:

    "Jesus voltou-Se, então, para Seus discípulos:
    - Portanto, digo-vos: não andeis preocupados com vossa vida, pelo que haveis de comer; nem com vosso corpo, pelo que haveis de vestir. A vida vale mais que o sustento, e o corpo, mais que as vestes. 
    Considerai os corvos: eles não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro. Entretanto, Deus sustenta-os. Quanto mais valeis vós que eles? Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só minuto à duração de vossa vida? Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras?
    Considerai os lírios, como crescem. Não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles! Se Deus, portanto, assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã lança-se ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé!
    Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber, e não andeis com vãs preocupações. Porque os homens do mundo é que se preocupam com todas estas coisas. Mas Vosso Pai bem sabe que precisais de tudo isso. Antes buscai o Reino de Deus e Sua justiça, e todas estas coisas sê-vos-ão dadas por acréscimo." 
                                                Lc 12,22-31

    Em síntese, Jesus exortava a que, seja no dia de nossa morte ou mesmo no fim do mundo, sempre estejamos preparados, cuidando da alma e da fé, sem nos entregarmos nem a falsos prazeres nem a mundanos cuidados: "Velai sobre vós mesmos para que vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida. Para que Aquele Dia não vos apanhe de improviso." Lc 21,34
    A bem da verdade, Ele quis preparar-nos para tarefas muito mais difíceis que meras preocupações. Ao contrário de algumas infundadas expectativas, anunciadas por 'profetas' da prosperidade material, Ele não nos prometeu um mar de rosas aqui na terra: avisou das aflições que passaríamos ao abraçar Seus ensinamentos, e por isso pediu-nos coragem: "Referi-vos essas coisas para que em Mim tenhais a Paz. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 16,33
    Do contrário, como entenderíamos a incumbência que Ele deu a um seguidor, num difícil momento da vida, em que aparentemente lhe caberia apenas fazer o funeral do próprio pai? Sem dúvida, somos chamados a maiores missões: "Outra vez, um de Seus discípulos disse-Lhe: 'Senhor, primeiro deixa-me ir enterrar meu pai.' Jesus, porém, respondeu-lhe: 'Segue-Me, e deixa que os mortos enterrem seus mortos.'" Mt 8,21-22
    A própria vida de Jesus, aliás, já demonstrava a condição de auto-abandono em que vivem os verdadeiros servos de Deus: "Nisto, d'Ele aproximou-se um escriba e disse-Lhe: 'Mestre, segui-Te-ei aonde quer que fores.' Respondeu Jesus: 'As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça.'" Mt 8,19-20
    Pois só o pleno cumprimento de Sua Missão Lhe saciava: "Entretanto, os discípulos pediam-Lhe: 'Mestre, come.' Mas Ele disse-lhes: 'Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.' Os discípulos perguntavam uns aos outros: 'Alguém Lhe teria trazido de comer?' Disse-lhes Jesus: 'Meu alimento é fazer a vontade d'Aquele que Me enviou, e cumprir Sua obra.'" Jo 4,31-34
    E assim Ele também determinou aos Apóstolos, modelos de Seus Sacerdotes, na primeira missão: "Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão. Pois o operário merece seu sustento." Mt 10,9-10
    Afirmativamente, Ele estabeleceu um parâmetro absolutamente sobrenaturais de amor: "Ninguém tem maior amor que aquele que dá sua vida por seus amigos." Jo 15,13
    Por isso, acenando para a Ressurreição da Carne, Ele garantia o total controle por parte de Deus: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena. Não se vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a vontade de Vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós." Mt 10,28-31
    E foi contundente quanto aos apegos da vida terrena, que tornam impossível amar a Deus sobre todas coisas: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim. Quem ama seu filho mais que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma sua cruz e não Me segue, não é digno de Mim. Aquele que tentar salvar sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por Minha causa, reencontrá-la-á." Mt 10,37-39
    Em compensação, à Igreja Ele prometeu Sua Paz: "Deixo-vos a Paz, dou-vos Minha Paz. Não é à maneira do mundo que Eu a dou. Não se perturbe, nem se atemorize vosso coração." Jo 14,28
    Deixou-nos Seu Espírito Santo, cuja missão está evidente pelo nome com que O invocou: "E Eu pedirei ao Pai, e Ele dar-vos-á outro Consolador, que convosco ficará para sempre..." Jo 14,16
    E prometeu a verdadeira alegria: "Perseverai em Meu amor. Se guardardes Meus Mandamentos, sereis constantes em Meu amor, como Eu também guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto em Seu amor. Disse-vos essas coisas para que Minha alegria esteja em vós, e vossa alegria seja completa." Jo 15,9-11
    Contra todas atribulações, portanto, Ele recomendou tenaz perseverança, e que n'Ele crêssemos como cremos em Deus: "Não se perturbe vosso coração. Vós credes em Deus, crede também em Mim." Jo 14,1


"SÓ UMA COISA É NECESSÁRIA"

    Como exemplo também temos o clássico episódio de Santa Marta, símbolo das mulheres que, antes que uma verdadeira conversão, demasiadamente se entregam aos trabalhos, ao ativismo, e descuidam da oração, da reflexão, da contemplação e dos assuntos espirituais. E mais uma vez Jesus ensina que só uma coisa é realmente importante: a Salvação da alma. São Lucas contou:

    "Estando Jesus em viagem, entrou numa aldeia, onde uma mulher, chamada Marta, recebeu-O em sua casa. Tinha ela uma irmã por nome Maria, que se assentou aos pés do Senhor para ouvi-Lo falar. Marta, toda preocupada na lida da casa, veio a Jesus e disse:
    - Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude.
    Respondeu-lhe o Senhor:
    - Marta, Marta, andas muito inquieta e preocupas-te com muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada." 
                                                 Lc 10,38-42

    Ora, falando sobre a verdadeira esperança aos coríntios, São Paulo foi incisivo: "Se é só para esta vida que temos colocado nossa esperança em Cristo, de todos homens somos os mais dignos de lástima." 1 Cor 15,19
    Menciona os terríveis percalços que sofreu e a autêntica fé: "Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia. Ali fomos desmedidamente maltratados, além das nossas forças, a ponto de termos perdido a esperança de sair com vida. Dentro de nós mesmos sentíamos a sentença de morte, para que aprendêssemos a pôr nossa confiança não em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos. Ele livrou-nos e livrá-nos-á de tamanhos perigos de morte. Sim, esperamos que ainda nos livrará se vós também nos ajudardes com orações em nossa intenção." 2 Cor 1,8-11a
    E ele ensina: "Portanto, quem pensa estar de pé, veja que não caia. Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação Ele dá-vos-á os meios de suportá-la e dela sairdes." 1 Cor 10,12-13
    Ele reconhece ingentes dificuldades, ma Carta aos Romanos: "Pois sabemos que toda Criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a Redenção de nosso corpo." Rm 8,22-23
    Pregando as penitências, porém, ele assegura a Unção, e assim o total desassombro: "Portanto, irmãos, não somos devedores da carne para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer. Mas se pelo espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para ainda viverdes no temor, mas recebestes o Espírito de Adoção pelo Qual clamamos: Aba! Pai!" Rm 8,12-15
    A São Timóteo, no mesmo sentido, ele relembra a Graça da Crisma: "Por esse motivo, eu exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição de minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de tibieza, mas de fortaleza, de amor e de Sabedoria." 2 Tm 1,6-7
    Também fala da esperança, lembrando os indizíveis auxílios do Divino Paráclito: "Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança. Porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos. Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza, porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém. Mas o próprio Espírito intercede por nós com inefáveis gemidos." Rm 8,24-26
    Exalta o Evangelho e a religiosidade, em combinação com o desapego, enquanto denuncia mercadores da fé: "Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como da Doutrina conforme à piedade, é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, doentio por ociosas questões e contendas de palavras. Daí se originam a inveja, a discórdia, os insultos, as injustas suspeitas, os vãos conflitos entre homens de corrompido coração e privados da Verdade, que na piedade só vêem uma fonte de lucro. Sem dúvida, de grande proveito é a piedade, porém quando acompanhada de espírito de desprendimento. Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar. Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto." 1 Tm 6,3-8
    Ele assume nossa natural fragilidade e dá exemplo de resignação e confiança nos desígnios de Deus: "Ademais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para esbofetear-me e livrar-me do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim, mas Ele disse-me: 'Basta-te Minha Graça, porque é na fraqueza que Minha força se revela totalmente.' Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,7-10
    Ele dá esta certeza: "Aliás, sabemos que todas coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos segundo Seus desígnios." Rm 8,28
    E quase replica as palavras de Jesus: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Ele está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra." Cl 1,1-2
    Jesus, de fato, garantiu: "E Eu digo-vos: pedi, e dá-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abri-se-vos-á. Pois todo aquele que pede, recebe, todo aquele que procura, acha, e ao que bater, abri-se-lhe-á. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que LhO pedirem." Lc 11,9-10.13
    E São Tiago Menor explica: "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova de vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem deficiência alguma. Se alguém de vós necessita de Sabedoria, peça-a a Deus, que a todos liberalmente dá com simplicidade e sem recriminação, e sê-lhe-á dada. Mas peça-a com fé, sem nenhuma vacilação, porque o homem que vacila se assemelha à onda do mar, levantada pelo vento e agitada de um lado para o outro. Portanto, não pense tal homem que alcançará alguma coisa do Senhor, pois é um irresoluto homem, inconstante em todo seu proceder." Tg 1,2-8
    Também focando o indizível bem da Graça, os seguidores da tradição de São Paulo lembram o próprio Sacrifício de Cristo e asseveram: "Temos, portanto, um Grande Sumo Sacerdote que aos Céus chegou: Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme nossa fé. Porque n'Ele não temos um Pontífice incapaz de compadecer-Se de nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Confiantemente aproximemo-nos, pois, do trono da Graça, a fim de alcançar Misericórdia e achar a Graça de um oportuno auxílio." Hb 4,14-16
    E firmam que por Sua Ressurreição Cristo destruiu o maior dos medos: "Pois como os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, Ele também participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o Demônio, e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda vida sujeitos a uma verdadeira escravidão." Hb 2,14-15
    São João Evangelista, versando sobre o amor, vai em idêntico sentido: "Nisto é perfeito em nós o amor: que tenhamos confiança no Dia do Julgamento, pois, como Ele é, assim também nós o somos neste mundo. No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor." 1 Jo 4,17-18
    E diz da confiança que o Evangelho dá, invocando a própria Vida do Cristo: "Aquele, porém, que guarda Sua Palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos n'Ele: aquele que n'Ele afirma permanecer, também deve viver como Ele viveu." 1 Jo 2,5-6
    Apontando os perigos da permissividade, São Pedro exorta à confiante resignação: "Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte em oportuno momento. Confiai-Lhe todas vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda Graça, que em Cristo vos chamou à Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoá-vos-á, torná-vos-á inabaláveis, fortificá-vos-á." 1 Pd 5,6-10
    Verdadeiramente inspirado, ele recomenda esta redentora ascese: "O divino poder deu-nos tudo que contribui para a Vida e a piedade, fazendo-nos conhecer Aquele que nos chamou por Sua Glória e Sua Virtude. Por estes motivos, esforçai-vos quanto possível por unir à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o fraterno amor, e ao fraterno amor a caridade." 2 Pd 1,3.5-7
    E eis que Cristo, mesmo reconhecendo fragilidades, promete à igreja de Sardes: "Conheço tuas obras: diante de ti pus uma porta aberta que ninguém pode fechar, porque apesar de tua fraqueza guardaste Minha Palavra e não renegaste Meu Nome." Ap 3,8
    O livro da Sabedoria, enfim, alerta para o peso dos pecados e para a falta de vida espiritual: "Tímidos são os pensamentos dos mortais, e incertas as nossas concepções; o corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados." Sb 9,14-15

    "Fazei de nós uma perfeita oferenda!"