Uma menina de 11 anos, pobre e analfabeta, defendeu-se até à morte para não pecar contra a castidade.
Nascida em 16 de outubro de 1890 na comuna de Corinaldo, em Ancona, província do centro-leste de Itália, era a terceira de seis filhos de iletrados camponeses, mas muito religiosos. Quando ela tinha 6 anos, passaram por grandes dificuldades materiais, chegando à desnutrição, e seu pai viu-se obrigado a deixar a terra natal para procurar trabalho.
A fé que os movia, porém, fazia deles uma família alegre e cheia de esperança. Dispostos a qualquer trabalho, de nada lamentavam-se. Piamente acreditavam no amor de Deus, e que Ele tudo providenciaria.
Mudaram-se com os filhos para uma comuna de Paliano, perto de Anagni, na região de Lazio, em seguida para Capurso e depois para uma localidade chamada Ferriere di Conca, na comuna de Latina, também em Lácio, ao sul de Roma. Era uma alagadiça região onde facilmente se contraía várias doenças, mas tinha a vantagem de ter muito fértil solo. Eles encontraram trabalho na propriedade do senhor Giovanni Serenelli, e foram alojados no cômodo de baixo do sobrado onde ele vivia com seus dois filhos, Gaspar e Alessandro.
Nascida em 16 de outubro de 1890 na comuna de Corinaldo, em Ancona, província do centro-leste de Itália, era a terceira de seis filhos de iletrados camponeses, mas muito religiosos. Quando ela tinha 6 anos, passaram por grandes dificuldades materiais, chegando à desnutrição, e seu pai viu-se obrigado a deixar a terra natal para procurar trabalho.
Mudaram-se com os filhos para uma comuna de Paliano, perto de Anagni, na região de Lazio, em seguida para Capurso e depois para uma localidade chamada Ferriere di Conca, na comuna de Latina, também em Lácio, ao sul de Roma. Era uma alagadiça região onde facilmente se contraía várias doenças, mas tinha a vantagem de ter muito fértil solo. Eles encontraram trabalho na propriedade do senhor Giovanni Serenelli, e foram alojados no cômodo de baixo do sobrado onde ele vivia com seus dois filhos, Gaspar e Alessandro.
Por estes anos, em toda região a pobreza era grande e predominava o analfabetismo. Era, contudo, um povo de fervorosa religiosidade. Honrosamente mantinham uma pequena capela para as rezas diárias, embora, de tão longe, raramente o padre pudesse ir lá.
Caminhavam quase três horas para participar da Santa Missa mais próxima, o que repetiam todos domingos, não importando que tempo fizesse. E Santa Maria Goretti demonstrava um gosto todo especial em ir à igreja: envolvia-se de coração e de alma nas celebrações.
Expondo-se a muitos riscos, porém, seu pai, Luigi Goretti, contraiu malária e veio a falecer quando nossa Santa tinha apenas 9 anos. Aquele súbito golpe abalou toda família, que, absolutamente impotente, só tinha a consolação do Espírito Santo e o amparo do bondoso senhor Giovanni Serenelli, que estava por volta de 60 anos e continuou a acolhê-los, pois também estava em dificuldades materiais.
Sua mãe, Assunta Carlini, era uma verdadeira heroína da fé: continuou a trabalhar firmemente no campo com os mais velhos filhos, enquanto Maria Teresa Goretti limpava a casa, lavava roupa, cozinhava, costurava e cuidava de sua mais nova irmã. Tinha o gosto diário de conduzir as orações dos irmãos, logo quando os acordava, sempre fazendo com que se ajoelhassem.
Numa das vezes que foi à igreja, perguntou a sua mãe quando poderia comungar, mas ao saber que primeiro teria que aprender o Catecismo, reconhecendo-se analfabeta, suspirou tristemente. Imaginou que nunca receberia a Santa Eucaristia.
Sempre bem disposta, porém, pôs-se dedicadamente a aprender da mãe tudo que ela sabia sobre os ensinamentos da Santa Igreja Católica, e logo, demonstrando impressionante lucidez, convenceu o padre de que estava preparada. Na celebração do Corpus Christi de 1902, por fim, ela confessou-se e recebeu o Santíssimo Sacramento pela primeira vez. E foi orgulhosamente recebida por todos de seu lugarejo naquele dia: já era um exemplo de devoção.
Mas num dia de julho do mesmo ano, o jovem Alessandro Serenelli, levado pela imoralidade de 'revistas' e 'espetáculos' que já grassava em Europa e descontrolado pela beleza de Santa Maria Goretti, depois de várias tentativas de envolver-se com ela, então aos 11 anos, sabendo que estava sozinha em casa, cuidando da cozinha e da mais nova irmã, deixou sua mãe e seus irmãos no trabalho do campo e foi tentá-la mais uma vez. Nas duas primeiras vezes em que a forçou, pois várias outras insistiu com palavras, ameaçou-a de morte se ela dissesse alguma coisa a sua mãe. Agora, porém, trazia um furador, semelhante a um buril, de quase 30 centímetros para obrigá-la.
De novo a virgem Santinha rechaçou-o e repreendeu-o, dizendo que era pecado e que ele iria para o inferno se continuasse com aqueles assédios. O rapaz tentou tapar-lhe a boca, ao que ela bravamente resistia, gritando que era pecado. Tomado de uma estúpida força, ele desferiu-lhe vários golpes com o furador: inicialmente, 11. E quando ela conseguiu desvencilhar-se, e tentou correr até à porta, ele golpeou-a mais 3 vezes. Ao todo, foi gravemente atingida no coração, no pulmão esquerdo, no diafragma, no intestino delgado e no ilíaco, junto à bacia.
Apesar dos brutais ferimentos, Maria Teresa Goretti ainda conseguia gritar por socorro. Sua mãe e o pai de Alessandro levaram-na para o hospital da cidade de Nettuno, a pouco mais de 20 quilômetros. Os médicos ficaram admirados como ainda pudesse estar viva, e ela pedia para acompanhar acordada todos procedimentos cirúrgicos!
O padre veio oferecer-lhe a Comunhão, e foi quando ela se pronunciou pela última vez, dizendo que perdoava seu agressor. Pressentindo a chegada de sua morte, disse que do Céu estaria rezando para que ele se arrependesse.
Seu funeral, além de despertar muita comoção, foi considerado um triunfo da Graça da virgindade. Nada demorou para que a devoção popular da região a tomasse como intercessora. Copiosos milagres e Graças eram alcançados através de seu nome. Três de seus irmãos deram testemunhos de que dos Céus ela seguia cuidando de suas vidas por visões e audições.
E seu corpo não se decompunha...
Quiseram linchar Alessandro, que acabou preso, julgado e condenado a 30 anos de reclusão, mas foi libertado após cumprir 27 anos. Escapou da prisão perpétua porque ainda era menor, tinha 20 anos.
Durante os primeiros três anos, ele mostrou-se indiferente, contudo, após receber a visita do Bispo Monsenhor Giovanni Blandini , começou a cair em si. Foi quando sonhou que, do Céu, Santa Maria Goretti lhe jogava flores de lírio, porém elas queimavam-se ao cair em suas mãos. Atordoado, escreveu ao bispo pedindo perdão e orações.
Ao deixar a cadeia, que aceitou como penitência, comportando-se exemplarmente, foi aos pés de Dona Assunta, mãe de Santa Maria Goretti, pedir de joelhos e encarecidamente seu perdão. Citando o último gesto de sua filha, ela também o perdoou. E fez mais: adotou-o como filho. Era Natal de 1937, e eles comungaram juntos.
Sentindo-se realmente redimido, Alessandro candidatou-se como aspirante entre os frades capuchinhos, e foi misericordiosamente aceito. Viveu como frade recolhido e penitente. Trabalhou como servo, jardineiro e porteiro em vários conventos até 1970, quando morreu em Paz. Nunca tentou esconder-se de ocasionais humilhações de quem ainda o apontava e ofendia. Em 1947, no dia da canonização de Santa Maria Goretti, fez questão de estar presente ao lado de Dona Assunta na Praça de São Pedro. Tinha 'Marieta' como sua intercessora, a quem chamava de 'minha pequena Santa'.
Neste concorrido dia, estimadamente 500 mil pessoas, das quais muitos jovens de vários países, o Papa Pio XII tratou-a como a 'Santa Inês do século XX', declarando-a Padroeira das virgens cristãs. Devoção que já tomava toda Europa, foi por isso a primeira canonização ao ar livre da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. E assim sua veneração repentinamente espalhou-se pelo mundo, invocada, nas palavras do Santo Padre, como protetora da castidade, das vítimas de estupro, da juventude, da pobreza, da pureza e do perdão.
Dadas as constantes peregrinações, a propriedade da família Serenelli e o local de seu martírio foram preservados, assim como sua modesta casa em Corinaldo, que passou por ligeiras reformas, ao alcance e dignidade de todas famílias da região, para melhor conservação e receber visita de devotos.
Suas relíquias, que em anos recentes tiveram rosto, mãos e pés retocados com cera, são veladas na cripta da belíssima Basílica de Nettuno, que por uma extremada demonstração de carinho, além do nome de Nossa Senhora das Graças, também leva o de Santa Maria Goretti, o que eleva sua homenagem a altíssima estima.
Santa Maria Goretti, rogai por nós!