Uma menina de 12 anos, pobre e analfabeta, defendeu-se até à morte para não pecar contra a castidade.
Nascida em 1890 na cidade italiana de Corinaldo, em Ancona, era a terceira de seis filhos de iletrados camponeses, mas muito religiosos. Quando ela tinha 6 anos, passaram por grandes dificuldades materiais, e seu pai viu-se obrigado a deixar a terra natal para procurar trabalho.
A fé que os movia, porém, fazia deles uma família alegre e cheia de esperança. Dispostos a qualquer trabalho, de nada lamentavam-se. Piamente acreditavam no amor de Deus, e que tudo aos poucos se arranjaria.
Mudaram-se com os filhos para uma localidade chamada Le Ferriere, na cidade de Latina, no Lazio, ao sul de Roma. Era uma alagadiça região, onde facilmente se contraía várias doenças, mas tinha a vantagem de ter um solo muito fértil. Eles encontraram trabalho na propriedade do senhor Giovanni Serenelli, e foram alojados no cômodo de baixo do sobrado onde ele vivia com seus dois filhos, Gaspar e Alessandro.
Nascida em 1890 na cidade italiana de Corinaldo, em Ancona, era a terceira de seis filhos de iletrados camponeses, mas muito religiosos. Quando ela tinha 6 anos, passaram por grandes dificuldades materiais, e seu pai viu-se obrigado a deixar a terra natal para procurar trabalho.
Mudaram-se com os filhos para uma localidade chamada Le Ferriere, na cidade de Latina, no Lazio, ao sul de Roma. Era uma alagadiça região, onde facilmente se contraía várias doenças, mas tinha a vantagem de ter um solo muito fértil. Eles encontraram trabalho na propriedade do senhor Giovanni Serenelli, e foram alojados no cômodo de baixo do sobrado onde ele vivia com seus dois filhos, Gaspar e Alessandro.
Por estes anos, em toda região a pobreza era grande e predominava o analfabetismo. Era, contudo, um povo de fervorosa religiosidade. Honrosamente mantinham uma pequena capela para as rezas diárias, embora, de tão longe, raramente o padre pudesse ir lá.
Caminhavam quase três horas para participar da Santa Missa mais próxima, o que repetiam todos domingos, não importando que tempo fizesse. E Santa Maria Goretti demonstrava um gosto todo especial em ir à igreja: envolvia-se de coração e de alma nas celebrações.
Expondo-se a muitos riscos, porém, seu pai, Luigi Goretti, contraiu malária e veio a falecer quando nossa Santa tinha apenas 9 anos. Aquele súbito golpe abalou toda família, que, absolutamente impotente, só tinha a consolação do Espírito Santo e o amparo do bondoso senhor Giovanni Serenelli, que estava por volta de seus 60 anos e continuou a acolhê-los como se nada tivesse acontecido.
Sua mãe, Assunta Carlini, era uma verdadeira heroína da fé: continuou a trabalhar firmemente no campo com os mais velhos filhos, enquanto Maria Goretti limpava a casa, lavava roupa, cozinhava, costurava e cuidava de sua mais nova irmã. Tinha o gosto diário de conduzir as orações dos irmãos, logo quando os acordava, sempre fazendo com que se ajoelhassem.
Numa das vezes que foi à igreja, perguntou à sua mãe quando poderia comungar, mas ao saber que primeiro teria que aprender o Catecismo, reconhecendo-se analfabeta, suspirou tristemente. Imaginou que nunca receberia a Santa Comunhão.
Sempre bem disposta, porém, pôs-se dedicadamente a aprender da mãe tudo que ela sabia sobre os ensinamentos da Santa Igreja, e logo, demonstrando impressionante lucidez, convenceu o padre de que estava preparada. Na celebração do Corpus Christi de 1902, por fim, ela recebeu o Santíssimo Sacramento pela primeira vez. E foi orgulhosamente recebida por todos do lugarejo naquele dia: já era um exemplo de devoção.
Mas num dia de julho do mesmo ano, o jovem Alessandro Serenelli, levado pela imoralidade de 'revistas' e 'espetáculos' que já grassava pela Europa e transtornado pela beleza de Santa Maria Goretti, depois de várias tentativas de envolver-se com ela, então aos 12 anos, sabendo que havia ficado sozinha em casa, cuidando da cozinha e da mais nova irmã, deixou sua mãe e seus irmãos no trabalho do campo e foi tentá-la mais uma vez. Agora, porém, trazia uma adaga de quase 30 centímetros para intimidá-la.
De novo a virgem Santinha rechaçou-o e repreendeu-o, dizendo que era pecado e que ele iria para o inferno. O rapaz tentou tapar-lhe a boca, ao que ela bravamente resistia, gritando que era pecado. Tomado de uma estúpida força, ele desferiu-lhe vários golpes com a adaga: inicialmente, 11. E quando ela conseguiu desvencilhar-se, e tentou correr até à porta, ele golpeou-a mais 3 vezes. Ao todo, foi gravemente atingida no coração, no pulmão esquerdo, no diafragma, no intestino delgado e no ilíaco, junto à bacia.
Apesar dos brutais ferimentos, Santa Maria Goretti ainda conseguia gritar por socorro. Sua mãe e o pai de Alessandro levaram-na para o hospital da cidade de Nettuno. Os médicos ficaram admirados como ainda pudesse estar viva, e ela pedia para acompanhar acordada todos procedimentos cirúrgicos!
O padre veio oferecer-lhe a Comunhão, e foi quando ela se pronunciou pela última vez, dizendo que perdoava seu agressor. Pressentindo a chegada de sua morte, disse que do Céu estaria rezando para que ele se arrependesse.
Seu funeral, além de despertar muita comoção, foi considerado um triunfo da Graça da virgindade. Nada demorou para que a devoção popular da região a tomasse como intercessora. Copiosos milagres e Graças passaram a ser alcançados através de seu nome. Três de seus irmãos deram testemunhos de que dos Céus ela milagrosamente cuidava de suas vidas.
E seu corpo não se decompunha...
Quiseram linchar Alessandro, que acabou preso, julgado e condenado a 30 anos de reclusão, mas foi libertado após cumprir 27 anos. Escapou da prisão perpétua porque ainda era menor, tinha 20 anos.
Durante os primeiros três anos, ele mostrou-se indiferente, mas, após receber a visita do bispo, começou a cair em si. Foi quando sonhou que, do Céu, Santa Maria Goretti lhe jogava flores, porém elas queimavam-se ao cair em suas mãos. Atordoado, escreveu ao bispo pedindo perdão e orações.
Ao deixar a cadeia, que aceitou como penitência, comportando-se exemplarmente, foi aos pés de Dona Assunta, mãe de Santa Maria Goretti, pedir de joelhos e encarecidamente seu perdão. Citando o último gesto de sua filha, ela também o perdoou. E fez mais: adotou-o como filho. Era Natal de 1937, e eles comungaram juntos.
Sentindo-se realmente redimido, Alessandro candidatou-se como aspirante entre os frades capuchinhos, e foi misericordiosamente aceito. Viveu como frade recolhido e penitente. Trabalhou como porteiro e jardineiro até 1970, quando morreu em Paz. Nunca tentou esconder-se de ocasionais humilhações de quem ainda o apontava e ofendia. Em 1947, no dia da canonização de Santa Maria Goretti, fez questão de estar presente ao lado de Dona Assunta na Praça de São Pedro. Tinha 'Marieta' como sua intercessora, a quem chamava de 'minha pequena Santa'.
Neste concorrido dia, o Papa Pio XII tratou-a como a 'Santa Inês do século XX', declarando-a Padroeira das virgens cristãs. A devoção a ela, que já era grande na Itália, repentinamente espalhou-se pelo mundo, invocada como protetora da castidade, das vítimas de estupro, da juventude, da pobreza, da pureza e do perdão.
Dadas as constantes peregrinações, a propriedade da família Serenelli e o local de seu martírio foram preservados.
Suas relíquias, que em anos recentes tiveram rosto, mãos e pés retocados com cera, são veladas na cripta da belíssima Basílica de Nettuno, que por uma extremada demonstração de carinho, além do nome de Nossa Senhora das Graças, também leva o de Santa Maria Goretti, o que eleva sua homenagem a altíssima estima.
Santa Maria Goretti, rogai por nós!