São Paulo, mesmo de sua profunda espiritualidade, reconhecia: "Eu sei que em mim, isto é, em minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero." Rm 7,18-19
Ele não menosprezava os afagos da Graça, mas admitia e exasperava-se: "Deleito-me na Lei de Deus, no íntimo de meu ser. Sinto, porém, em meus membros outra lei, que luta contra a lei de meu espírito e prende-me à lei do pecado, que está em meus membros. Infeliz homem que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?..." Rm 7,22-24
É quando se percebe, se realmente o abominamos, que o pecado nos leva a buscar a Deus, bem como nossa absoluta carência de Seus socorros para uma efetiva libertação, como Jesus ensinou: "Portanto, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres." Jo 8,36
De fato, só Ele pode reconduzir-nos a tão salutares alegria e esperança, como Nossa Senhora diz no Magnificat: "... meu espírito exulta de alegria em Deus, Meu Salvador..." Lc 1,47
Assim devemos melhor entender o agir do Pai, Sua regência, como São Paulo pregou aos colossenses: "Por isso... não cessamos de orar por vós e pedir a Deus que vos conceda pleno conhecimento da Sua vontade, perfeita Sabedoria e percepção espiritual, para que vos comporteis de maneira digna do Senhor, em tudo procurando agradar-Lhe, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus. Para que, em tudo confortados por Seu glorioso poder, tenhais a paciência de tudo suportar com longanimidade." Cl 1,9-11
Ora, alguns não acreditam na existência de Deus justamente porque esbarram e param nessa pergunta: 'Se Ele tem poder e controle sobre tudo, como pode haver tanta coisa errada?' O próprio Jesus teria afirmado essa aparente permissividade: "... pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos." Mt 5,45b
Mas é demasiadamente primário achar que Deus deveria ter criado não pessoas à Sua imagem e semelhança, mas robôs, que tudo fizessem apenas conforme Sua vontade, sem nenhuma capacidade de decisão nem liberdade. São Paulo argumenta: "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para carnais prazeres. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade, porque toda Lei se encerra num só preceito: 'Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).'" Gl 3,13-14
Também não é sensato imaginar que Deus deveria ser imediatista e punitivo, instantaneamente fulminando qualquer pessoa que sequer pensasse em praticar algum mal. Seu amor expressa exatamente o contrário, como se lê na Sabedoria: "Tendes compaixão de todos porque Vós podeis tudo, e para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens. Porque amais tudo que existe, e não odiais nada do que fizestes, porquanto se o odiásseis não o teríeis feito de modo algum. Como poderia subsistir qualquer coisa, se não o tivésseis querido, e conservar a existência, se por Vós não tivesse sido chamada? Mas poupais todos seres, porque são todos Vossos, ó Senhor, que amais a Vida." Sb 11,23-26
Nosso Pai, pois, não é nem ausente, nem autoritário! São Pedro bem percebeu Seus planos: "O Senhor não retarda o cumprimento de sua promessa, como alguns pensam, mas usa de paciência para convosco. Não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam." 2 Pd 3,9
E além de tudo que já nos deu, como a vida, a Criação, a Vida de Seu Filho, o Espírito Santo, a Virgem Mãe, os anjos, os Santos, a Igreja, os Sacramentos e as Escrituras, Ele continua oferecendo as mais apropriadas condições para que realizemos nossos maiores sonhos. Jesus prometeu aos Apóstolos: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: o que pedirdes ao Pai em Meu Nome, Ele dá-lo-á. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja perfeita." Jo 16,23b.24b
Sonhos, aliás, por Deus mesmo inspirados, pois Ele não nos entrega a obra acabada, por Si só realizada, mas faz-nos sonhar e ajuda a realizá-la, como o Eclesiástico atestou: "Ele não deu ordem a ninguém para fazer o mal, e a ninguém deu licença para pecar, pois não deseja uma multidão de filhos infiéis e inúteis. Neles criou a ciência do Espírito, encheu-lhes o coração de Sabedoria, e mostrou-lhes o bem e o mal." Eclo 15,21-22;17,6
E fora decisivos momentos, nos quais resolve tudo sozinho por livramentos ou milagres, na maioria das vezes, para quem pede Sua Luz, na hora certa Ele concede espiritual e material apoio. São Paulo diz aos coríntios, especificamente sobre a luta espiritual: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além de vossas forças, mas com a tentação Ele dá-vos-á os meios de suportá-la e dela sairdes." 1 Cor 10,13
Aos tessalonicenses, ele disse-o de outra forma: "Mas o Senhor é fiel, e há de dar-vos forças e preservar-vos do Mal." 2 Ts 3,3
Ora, não sabemos nem mesmo de que realmente precisamos, como ele afirma aos romanos: "Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza. Porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com inefáveis gemidos." Rm 8,26
São Tiago Menor é ainda mais contunde ao apontar a origem do mal: "Donde vêm as lutas e as contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros? Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra. Não obtendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes vossas paixões." Tg 4,1-3
E o Apóstolo dos Gentios explica aos filipenses: "Porque é Deus, segundo Seu beneplácito, Quem realiza em vós o querer e o executar." Fl 2,13
O sagrado autor, porém, já advertia: "A Sabedoria não entrará na perversa alma, nem habitará no corpo sujeito ao pecado. O Espírito Santo Educador das almas fugirá da perfídia, afastar-Se-á de insensatos pensamentos, e a iniquidade que está por vir repeli-Lo-á." Sb 1,4-5
Assim, em nome de nossa total entrega a Seus desígnios, os seguidores da tradição de São Paulo rezavam para que Deus "... queira dispor-vos ao bem e conceder-vos que cumprais Sua vontade, realizando Ele próprio em vós o que é agradável a Seus olhos..." Hb 13,21a
A verdade, portanto, é que não percebemos algo muito simples sobre os desígnios de Deus: mesmo considerando todos sonhos humanos, Seu principal intuito é convidar-nos para trabalhar na construção do Reino dos Céus, vale dizer, na Salvação das almas. São Tiago Menor, neste sentido, exorta-nos à santidade e ao pleno acolhimento da Palavra: "Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia e recebei com mansidão a Palavra em vós semeada, que pode salvar vossas almas." Tg 1,21
São Pedro corrobora esse entendimento: "Esse Jesus vós amai-Lo, sem O terdes visto; n'Ele credes, ainda sem O verdes, e isso é para vós a fonte de uma inefável e gloriosa alegria, porque vós estais certos de obter, como preço de vossa fé, a Salvação de vossas almas." 1 Pd 1,8-9
São Paulo, pois, assevera: "Se é só para esta vida que temos colocado nossa esperança em Cristo, somos, de todos homens, os mais dignos de lástima." 1 Cor 15,19
E lamenta por aqueles que se perdem: "... por não terem cultivado o amor à Verdade que teria podido salvá-los." 2 Ts 2,10b
O próprio Jesus constantemente está acenando para a eternidade: "Meu Reino não é deste mundo." Jo 18,36a
Ele disse pouco antes de Sua Paixão: "Já não estou no mundo..." Jo 17,11a
Prometeu: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se alguém guardar Minha Palavra, jamais verá a morte." Jo 8,51
E disse o que é e como se alcança a Vida Eterna: "Assim como vive o Pai que Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, aquele que comer Minha Carne também viverá por Mim." Jo 6,57
Ora, são nossos projetos que precisam ser suficientemente amadurecidos e bons para que se encaixem nessa grande obra da verdadeira e definitiva família humana. Se eles realmente estiverem fundamentados no bem comum, podemos estar certo que Deus vai colaborar com todos benefícios e contra todas dificuldades. São Paulo diz dos dons do Espírito Santo: "Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Também há diversas operações, mas é o mesmo Deus que tudo opera em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para comum proveito." 1 Cor 12,4-7
É o que nos garante São João Evangelista: "A confiança que n'Ele (Jesus) depositamos é esta: em tudo quanto Lhe pedirmos, se for conforme Sua vontade, Ele atendê-nos-á." 1 Jo 5,14
E São Paulo completa: "Aliás, sabemos que todas coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo Seus desígnios." Rm 8,28
É que as 'armas' desta batalha são outras, e Deus não retém só para Si o exercício de todos poderes. Aí estão, tantas vezes vistos e comprovados na vida dos Santos, os verdadeiros instrumentos da construção do Reino dos Céus: "Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, Paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei. Pois aqueles que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências." Gl 5,22-24
Jesus afirma: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que LhO pedirem." Lc 11,13
E ensinou de Quem realmente devemos esperar o Bem: "Referi-vos essas coisas para que em Mim tenhais a Paz. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 16,33
São Paulo, demonstrando o patente poder da Igreja, corrigia os coríntios: "Não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-lo à obediência a Cristo." 2 Cor 10,4-5
Pois bem: Nosso Pai Celeste quer partilhar estes dons com todos Seus filhos, entre os quais colocou Cristo, modelo de toda Criação. Ele não nos obriga a praticar o Bem: Ele inspira-nos para o Bem! "Ficai alerta, à cintura cingidos com a Verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da Paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos inflamados dardos do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da Salvação e a espada do Espírito, isto é, a Palavra de Deus." Ef 6,14-17
São Pedro até prepara-nos para o crucial momento: "Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo humanas paixões, mas segundo a vontade de Deus." 1 Pd 4,1-2
Contudo, o tempo urge e a obra de Deus é avassaladora, como Gamaliel diz ao Sinédrio quando os Apóstolos foram presos pela primeira vez: "Agora, pois, eu vos aconselho: não vos metais com estes homens. Deixai-os! Se seu projeto ou sua obra provém de homens, por si mesma destruir-se-á. Mas se provier de Deus, não podereis desfazê-la. Vós arriscar-vos-íeis a entrar em luta contra o próprio Deus." At 5,38-39a
E foi exatamente essa a sentença que Santo Estevão proferiu contra este mesmo Sinédrio, pouco antes de ser apedrejado: "Homens de dura cerviz, e de incircuncisos corações e ouvidos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo." At 7,51a
Também foi o que aconteceu com São Paulo, enquanto era fariseu e perseguia a Igreja, pois Jesus não lhe reclama de perseguição à Igreja, mas a Ele mesmo: "Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente cercou-o uma resplandecente Luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: 'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Duro é debater-te contra as esporas.'" At 9,4-5
Mas, salvo alguns episódios, ainda assim Ele age com total respeito à nossa liberdade. É o livre arbítrio, cabendo a nós a decisão de mudar nossos planos a qualquer hora, e para melhor. Não encontramos as coisas prontas, mas os instrumentos se realmente estivermos a caminho do bom trabalho. Ao enviar os Apóstolos pela primeira vez, Jesus disse-lhes: "Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão. Pois o operário merece seu sustento." Mt 10,9-10
É por isso que esse Seu mais frequente modo de agir é chamado de Divina Providência. Jesus ensina: "Considerai os corvos: eles não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro. Entretanto, Deus sustenta-os. Quanto mais valeis vós que eles? Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras? Considerai os lírios, como crescem: não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles. Se Deus, portanto, assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã se lança ao fogo, quanto mais a vós, homens de pequenina fé!" Lc 12,24-28
A finalidade, porém, é sempre vencer o pecado, como São Pedro reza: "... Graça e Paz sejam-vos dadas em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor! O divino poder deu-nos tudo que contribui para a Vida e a piedade, fazendo-nos conhecer Aquele que nos chamou por Sua Glória e Sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de por este meio tornar-vos participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo." 2 Pd 1,2-4
Em Sua infinita Sabedoria, Deus deu-nos dois especialíssimos presentes: a responsabilidade e a autoridade. O primeiro, muito mais que mera obrigação de prestar contas, é, na verdade, a capacidade de responder aos fatos ponderando circunstâncias, sempre visando o Sumo Bem. A responsabilidade, portanto, determina o melhor ou pior nexo que se estabelece entre a situação que se vive e a solução adotada. Somos constantemente convidados a responder, a exercer a liberdade ponderando sobre questões que nos motivam ao aperfeiçoamento.
Tanto quanto estivermos realmente melhorando nossas respostas, pois, não iremos frustrar, mas estimular nossos irmãos e alegrar Nosso Pai. Jesus contou essa parábola: "Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: 'Meu filho, vai trabalhar hoje na vinha.' Respondeu ele: 'Não quero.' Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi. Dirigindo-se depois ao outro, disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu: 'Sim, pai!' Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?" Mt 21,28b-31a
O segundo presente, a autoridade, que muita gente também confunde com o poder, é nossa capacidade de sermos autores, de criar. Hoje se usa o termo autoria, mas é a autoridade, de fato, o vínculo entre quem fez e a coisa feita. Somos, como filhos de Deus Criador, convidados a criar o mundo em que vivemos. Que nós então tenhamos boas obras a mostrar, para que nem desanimemos nossos irmãos nem entristeçamos Nosso Pai. É o que São Paulo diz a São Timóteo: "Antes é preciso que o lavrador trabalhe com afinco, se quer boa colheita." 2 Tm 2,6
Esses 'brinquedos', entretanto, que alguns julgam por demais perigosos, nem sempre são usados corretamente, como facilmente se constata. De toda forma, não podemos dizer que a culpa é de Deus. São Tiago Menor argumenta: "Feliz o homem que suporta a tentação, porque depois de sofrer a provação receberá a Coroa da vida que Deus prometeu aos que O amam. Ninguém, quando for tentado, diga: 'É Deus Quem me tenta.' Deus é inacessível ao Mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado por sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos iludais, pois, amados irmãos meus. Toda boa dádiva e todo perfeito dom vêm de cima: descem do Pai das luzes, no Qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade. Por Sua vontade é que nos gerou pela Palavra da Verdade, a fim de que sejamos como que as primícias de Suas criaturas." Tg 1,12-18
Por isso, conclui-se, Deus não deve tomar de volta estes dons, como na prática alguns sugerem. Nós é que temos que aprender a usá-los, eis o problema! Sempre que tivermos em vista o verdadeiro bem comum, muitas vezes em detrimento de certos 'bens' particulares, estaremos agradavelmente respondendo à inspiração do Espírito Santo e sendo autores de belas obras de fé. São Paulo, sempre versando pelo bem de todos, diz da obra da Salvação: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
O próprio Jesus constantemente está acenando para a eternidade: "Meu Reino não é deste mundo." Jo 18,36a
Ele disse pouco antes de Sua Paixão: "Já não estou no mundo..." Jo 17,11a
Prometeu: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: se alguém guardar Minha Palavra, jamais verá a morte." Jo 8,51
E disse o que é e como se alcança a Vida Eterna: "Assim como vive o Pai que Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, aquele que comer Minha Carne também viverá por Mim." Jo 6,57
Ora, são nossos projetos que precisam ser suficientemente amadurecidos e bons para que se encaixem nessa grande obra da verdadeira e definitiva família humana. Se eles realmente estiverem fundamentados no bem comum, podemos estar certo que Deus vai colaborar com todos benefícios e contra todas dificuldades. São Paulo diz dos dons do Espírito Santo: "Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Também há diversas operações, mas é o mesmo Deus que tudo opera em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para comum proveito." 1 Cor 12,4-7
É o que nos garante São João Evangelista: "A confiança que n'Ele (Jesus) depositamos é esta: em tudo quanto Lhe pedirmos, se for conforme Sua vontade, Ele atendê-nos-á." 1 Jo 5,14
E São Paulo completa: "Aliás, sabemos que todas coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo Seus desígnios." Rm 8,28
É que as 'armas' desta batalha são outras, e Deus não retém só para Si o exercício de todos poderes. Aí estão, tantas vezes vistos e comprovados na vida dos Santos, os verdadeiros instrumentos da construção do Reino dos Céus: "Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, Paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei. Pois aqueles que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências." Gl 5,22-24
Jesus afirma: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que LhO pedirem." Lc 11,13
E ensinou de Quem realmente devemos esperar o Bem: "Referi-vos essas coisas para que em Mim tenhais a Paz. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 16,33
São Paulo, demonstrando o patente poder da Igreja, corrigia os coríntios: "Não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas, em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e reduzimo-lo à obediência a Cristo." 2 Cor 10,4-5
Pois bem: Nosso Pai Celeste quer partilhar estes dons com todos Seus filhos, entre os quais colocou Cristo, modelo de toda Criação. Ele não nos obriga a praticar o Bem: Ele inspira-nos para o Bem! "Ficai alerta, à cintura cingidos com a Verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da Paz. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos inflamados dardos do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da Salvação e a espada do Espírito, isto é, a Palavra de Deus." Ef 6,14-17
São Pedro até prepara-nos para o crucial momento: "Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento: quem padeceu na carne rompeu com o pecado, a fim de que, no tempo que lhe resta para o corpo, já não viva segundo humanas paixões, mas segundo a vontade de Deus." 1 Pd 4,1-2
Contudo, o tempo urge e a obra de Deus é avassaladora, como Gamaliel diz ao Sinédrio quando os Apóstolos foram presos pela primeira vez: "Agora, pois, eu vos aconselho: não vos metais com estes homens. Deixai-os! Se seu projeto ou sua obra provém de homens, por si mesma destruir-se-á. Mas se provier de Deus, não podereis desfazê-la. Vós arriscar-vos-íeis a entrar em luta contra o próprio Deus." At 5,38-39a
E foi exatamente essa a sentença que Santo Estevão proferiu contra este mesmo Sinédrio, pouco antes de ser apedrejado: "Homens de dura cerviz, e de incircuncisos corações e ouvidos! Vós sempre resistis ao Espírito Santo." At 7,51a
Também foi o que aconteceu com São Paulo, enquanto era fariseu e perseguia a Igreja, pois Jesus não lhe reclama de perseguição à Igreja, mas a Ele mesmo: "Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente cercou-o uma resplandecente Luz vinda do Céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: 'Saulo, Saulo, por que Me persegues?' Saulo disse: 'Quem és, Senhor?' Respondeu Ele: 'Eu sou Jesus, a Quem tu persegues. Duro é debater-te contra as esporas.'" At 9,4-5
Mas, salvo alguns episódios, ainda assim Ele age com total respeito à nossa liberdade. É o livre arbítrio, cabendo a nós a decisão de mudar nossos planos a qualquer hora, e para melhor. Não encontramos as coisas prontas, mas os instrumentos se realmente estivermos a caminho do bom trabalho. Ao enviar os Apóstolos pela primeira vez, Jesus disse-lhes: "Não leveis nem ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão. Pois o operário merece seu sustento." Mt 10,9-10
É por isso que esse Seu mais frequente modo de agir é chamado de Divina Providência. Jesus ensina: "Considerai os corvos: eles não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro. Entretanto, Deus sustenta-os. Quanto mais valeis vós que eles? Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras? Considerai os lírios, como crescem: não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles. Se Deus, portanto, assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã se lança ao fogo, quanto mais a vós, homens de pequenina fé!" Lc 12,24-28
A finalidade, porém, é sempre vencer o pecado, como São Pedro reza: "... Graça e Paz sejam-vos dadas em abundância por um profundo conhecimento de Deus e de Jesus, Nosso Senhor! O divino poder deu-nos tudo que contribui para a Vida e a piedade, fazendo-nos conhecer Aquele que nos chamou por Sua Glória e Sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de por este meio tornar-vos participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo." 2 Pd 1,2-4
Em Sua infinita Sabedoria, Deus deu-nos dois especialíssimos presentes: a responsabilidade e a autoridade. O primeiro, muito mais que mera obrigação de prestar contas, é, na verdade, a capacidade de responder aos fatos ponderando circunstâncias, sempre visando o Sumo Bem. A responsabilidade, portanto, determina o melhor ou pior nexo que se estabelece entre a situação que se vive e a solução adotada. Somos constantemente convidados a responder, a exercer a liberdade ponderando sobre questões que nos motivam ao aperfeiçoamento.
Tanto quanto estivermos realmente melhorando nossas respostas, pois, não iremos frustrar, mas estimular nossos irmãos e alegrar Nosso Pai. Jesus contou essa parábola: "Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: 'Meu filho, vai trabalhar hoje na vinha.' Respondeu ele: 'Não quero.' Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi. Dirigindo-se depois ao outro, disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu: 'Sim, pai!' Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?" Mt 21,28b-31a
O segundo presente, a autoridade, que muita gente também confunde com o poder, é nossa capacidade de sermos autores, de criar. Hoje se usa o termo autoria, mas é a autoridade, de fato, o vínculo entre quem fez e a coisa feita. Somos, como filhos de Deus Criador, convidados a criar o mundo em que vivemos. Que nós então tenhamos boas obras a mostrar, para que nem desanimemos nossos irmãos nem entristeçamos Nosso Pai. É o que São Paulo diz a São Timóteo: "Antes é preciso que o lavrador trabalhe com afinco, se quer boa colheita." 2 Tm 2,6
Esses 'brinquedos', entretanto, que alguns julgam por demais perigosos, nem sempre são usados corretamente, como facilmente se constata. De toda forma, não podemos dizer que a culpa é de Deus. São Tiago Menor argumenta: "Feliz o homem que suporta a tentação, porque depois de sofrer a provação receberá a Coroa da vida que Deus prometeu aos que O amam. Ninguém, quando for tentado, diga: 'É Deus Quem me tenta.' Deus é inacessível ao Mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado por sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos iludais, pois, amados irmãos meus. Toda boa dádiva e todo perfeito dom vêm de cima: descem do Pai das luzes, no Qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade. Por Sua vontade é que nos gerou pela Palavra da Verdade, a fim de que sejamos como que as primícias de Suas criaturas." Tg 1,12-18
Por isso, conclui-se, Deus não deve tomar de volta estes dons, como na prática alguns sugerem. Nós é que temos que aprender a usá-los, eis o problema! Sempre que tivermos em vista o verdadeiro bem comum, muitas vezes em detrimento de certos 'bens' particulares, estaremos agradavelmente respondendo à inspiração do Espírito Santo e sendo autores de belas obras de fé. São Paulo, sempre versando pelo bem de todos, diz da obra da Salvação: "Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja." 1 Cor 14,12
PARA A SALVAÇÃO DAS ALMAS
O Papa São João Paulo II, falando sobre nossa natural vocação para formar sociedade, fez menção à imprescindível hierarquia de valores, que determina a superioridade das coisas que são espirituais e interiores sobre as que são materiais e instintivas. Jesus, com efeito, abertamente prega a excelência dos dons espirituais: "Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, Vosso Pai Celeste sabe que necessitais de tudo isso. Antes buscai o Reino de Deus e Sua justiça, e todas estas coisas sê-vos-ão dadas em acréscimo." Mt 6,31-33
O Papa São João Paulo II, falando sobre nossa natural vocação para formar sociedade, fez menção à imprescindível hierarquia de valores, que determina a superioridade das coisas que são espirituais e interiores sobre as que são materiais e instintivas. Jesus, com efeito, abertamente prega a excelência dos dons espirituais: "Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, Vosso Pai Celeste sabe que necessitais de tudo isso. Antes buscai o Reino de Deus e Sua justiça, e todas estas coisas sê-vos-ão dadas em acréscimo." Mt 6,31-33
Sem dúvida, entendamos ou não, Deus tem o controle de tudo, como o salmista canta, e bem sabe o que faz: "Ó Senhor, quão variadas são Vossas obras! Feitas, todas, com Sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes. Eis o mar, imenso e vasto, onde, sem conta, se agitam grandes e pequenos animais. Todos esses seres esperam de Vós que lhes deis de comer a seu tempo. Vós dai-lhes e eles recolhem-no, abris a mão e fartam-se de bens. Se desviais o rosto, eles perturbam-se. Se lhes retirais o sopro, expiram e voltam ao pó donde saíram." Sl 103,24-25.27-29
Assim, a injustiça social, que na maioria das vezes é a causa primeira do sofrimento humano, precisa ser enfrentada por intensa participação do cristão nas instituições de sua sociedade. Não por acaso, Jesus vai acusar no Dia do Juízo: "Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me acolhestes; nu e não Me vestistes; enfermo e na prisão e não Me visitastes." Mt 25,42-43
Pois precisamos achar o estreito caminho entre a covardia, que faz calar, e a violência, que aumenta e agrava o sofrimento. E esse é o caminho da caridade, seja material ou espiritual, que através do amor, da prudência e da paciência liberta o ser humano do Mal. Avisando das dificuldades em segui-Lo, Jesus garantia Seu mais frequente socorro: "Tomai Meu Jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para vossas almas." Mt 11,29
Falando sobre o Espírito Santo, Ele deixou claro Sua missão: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Consolador, para que convosco fique eternamente. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,16-17
Assim, a injustiça social, que na maioria das vezes é a causa primeira do sofrimento humano, precisa ser enfrentada por intensa participação do cristão nas instituições de sua sociedade. Não por acaso, Jesus vai acusar no Dia do Juízo: "Porque tive fome e não Me destes de comer; tive sede e não Me destes de beber; era peregrino e não Me acolhestes; nu e não Me vestistes; enfermo e na prisão e não Me visitastes." Mt 25,42-43
Pois precisamos achar o estreito caminho entre a covardia, que faz calar, e a violência, que aumenta e agrava o sofrimento. E esse é o caminho da caridade, seja material ou espiritual, que através do amor, da prudência e da paciência liberta o ser humano do Mal. Avisando das dificuldades em segui-Lo, Jesus garantia Seu mais frequente socorro: "Tomai Meu Jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para vossas almas." Mt 11,29
Falando sobre o Espírito Santo, Ele deixou claro Sua missão: "E Eu rogarei ao Pai, e Ele dá-vos-á outro Consolador, para que convosco fique eternamente. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber porque não O vê nem O conhece. Mas vós conhecê-Lo-eis, porque convosco permanecerá e em vós estará." Jo 14,16-17
Mas, como visto, precisamos ter a liberdade para agir, porque uma 'participação preestabelecida', convenhamos, não faria o menor sentido. Que teríamos? Uma 'história' de roteiro e final conhecidos? Ensinando a humildade, Jesus deu este exemplo do quão limitado já é nosso saber e campo de atuação: "Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: 'Vem depressa sentar-te à mesa?' E não lhe dirá, ao contrário: 'Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me enquanto como e bebo, e depois comerás e beberás tu?' E se o servo tiver feito tudo que lhe ordenara, fica o senhor devendo-lhe alguma obrigação? Assim também vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, dizei: 'Somos inúteis servos. Fizemos apenas o que devíamos fazer.'" Lc 17-7-10
Não acenava, porém, para uma efetiva degeneração: "O discípulo não é mais que o Mestre, o servidor não é mais que o Patrão. Basta ao discípulo ser tratado como Seu Mestre, e ao servidor como Seu Patrão." Mt 10,24-25a
Aliás, lembrava nossa verdadeira filiação: "Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai Celeste é perfeito." Mt 5,48
Falava mesmo de inimagináveis obras: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e fará ainda maiores que estas, porque vou para junto do Pai." Jo 14,12
Apenas estabelecia uma condição: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5
Por isso, Ele exortava os Doze: "Os Apóstolos disseram ao Senhor: 'Aumenta-nos a fé!' Disse o Senhor: 'Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: arranca-te e transplanta-te no mar, e ela obedecê-vos-á.'" Lc 17,5-6
Quer mesmo que abracemos as maiores obras: "A outro disse: 'Segue-Me.' Mas ele pediu: 'Senhor, primeiro permite-me ir enterrar meu pai.' Mas Jesus disse-lhe: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.'" Lc 9,59-60
Notemos, pois, que a caridade, que é o mais elevado mandamento social, também é inspirada pela Divina Graça. E não é, igualmente, algo que nos é dado pronto e acabado. Ela é inspirada no coração do cristão. O jovem rico que buscou Jesus até tinha algum apreço pela santidade, mas teria que dar mais largo passo para realmente alcançá-la: "Respondeu Jesus: 'Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me!'" Mt 19,21
Assim, inspirado pelo Divino Espírito, o cristão sente a vontade de praticar a caridade, seja espiritual ou material. Diz São Paulo: "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Rm 5,5b
Mas precisa perseverar, crendo no comando de Deus, para que não desanime diante dos desafios que vão surgindo. Ao pedir a Jesus que fosse liberto de um 'espinho na carne', por exemplo, São Paulo não foi atendido: "Mas Ele disse-me: 'Basta-te Minha Graça, porque é na fraqueza que Minha força se revela totalmente.' Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9-10
Aliás, lembrava nossa verdadeira filiação: "Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai Celeste é perfeito." Mt 5,48
Falava mesmo de inimagináveis obras: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e fará ainda maiores que estas, porque vou para junto do Pai." Jo 14,12
Apenas estabelecia uma condição: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5
Por isso, Ele exortava os Doze: "Os Apóstolos disseram ao Senhor: 'Aumenta-nos a fé!' Disse o Senhor: 'Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: arranca-te e transplanta-te no mar, e ela obedecê-vos-á.'" Lc 17,5-6
Quer mesmo que abracemos as maiores obras: "A outro disse: 'Segue-Me.' Mas ele pediu: 'Senhor, primeiro permite-me ir enterrar meu pai.' Mas Jesus disse-lhe: 'Deixa que os mortos enterrem seus mortos. Tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus.'" Lc 9,59-60
Notemos, pois, que a caridade, que é o mais elevado mandamento social, também é inspirada pela Divina Graça. E não é, igualmente, algo que nos é dado pronto e acabado. Ela é inspirada no coração do cristão. O jovem rico que buscou Jesus até tinha algum apreço pela santidade, mas teria que dar mais largo passo para realmente alcançá-la: "Respondeu Jesus: 'Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me!'" Mt 19,21
Assim, inspirado pelo Divino Espírito, o cristão sente a vontade de praticar a caridade, seja espiritual ou material. Diz São Paulo: "Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." Rm 5,5b
Mas precisa perseverar, crendo no comando de Deus, para que não desanime diante dos desafios que vão surgindo. Ao pedir a Jesus que fosse liberto de um 'espinho na carne', por exemplo, São Paulo não foi atendido: "Mas Ele disse-me: 'Basta-te Minha Graça, porque é na fraqueza que Minha força se revela totalmente.' Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,9-10
Então vem à cena a solidariedade, expressão maior da caridade espiritual, que tão bem representa o agir de Deus e o espírito cristão. Diferente de um deus interventor, temos Deus solidário que nos auxilia para muito além das nossas necessidades materiais. Jesus diz à Igreja: "Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de Vosso Pai dar-vos o Reino. Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um inesgotável tesouro nos Céus, aonde não chega o ladrão e a traça não o destrói. Pois onde estiver vosso tesouro, ali também estará vosso coração." Lc 12,32-34
Convocava mesmo a repassar tudo aos demais, pois já teríamos chegado ao Doador de todos bens: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33
É o que São Paulo pregava: "Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança em volúveis riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas coisas para delas fruirmos." 1 Tm 6,17
E diz: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo." Rm 14,17
Não foi isso o que Jesus mesmo veio fazer entre nós? Conosco viver as dificuldades humanas, mostrar-nos o caminho para vencer o pecado e reconciliar-nos com o Pai? Ele afirmou aos Apóstolos: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que Me enviou e cumprir Sua obra." Jo 4,34b
Falava da Vida e da perseverança espiritual: "Perguntaram-Lhe: 'Que faremos para praticar as obras de Deus?' Respondeu-lhes Jesus: 'A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou.'" Jo 6,28-29
São Tiago Menor ensina: "A pura e sem mácula religião, aos olhos de Deus e Nosso Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo." Tg 1,27
E o Último Apóstolo diz da busca pela transcendência, desde sempre fomentada por Deus: "Ele fez nascer de um só homem todo gênero humano, para que habitasse sobre toda face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites de sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-Lo como que às apalpadelas, pois na verdade Ele não está longe de cada um de nós. Porque é n'Ele que temos a vida, o movimento e o ser..." At 17,26-28a
Devemos fazer o mesmo que Jesus, então: apoiar, dedicar nosso conhecimento e nosso tempo convivendo e consolando os mais carentes nas mais difíceis realidades. Quando perguntado pelos discípulos de São João Batista se Ele era realmente o Messias, Ele deu essa resposta: "... aos pobres é anunciado o Evangelho." Lc 7,22
A solidariedade, portanto, já é um imperativo moral e ético em qualquer sociedade. E a Igreja, enquanto Corpo Místico de Cristo, ou seja, Sacerdotes e fiéis, tem o sério compromisso de a todos prover essa especial esperança. São Paulo diz aos efésios: "Exorto-vos, pois, prisioneiro que sou pela causa do Senhor, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda humildade e amabilidade, com grandeza de alma, mutuamente suportando-vos com caridade. Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da Paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança." Ef 4,1-4
Ora, esse é o sentido da Revelação, como ele diz aos romanos: "Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança." Rm 15,4
Convocava mesmo a repassar tudo aos demais, pois já teríamos chegado ao Doador de todos bens: "Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo que possui não pode ser Meu discípulo." Lc 14,33
É o que São Paulo pregava: "Exorta os ricos deste mundo a que não sejam orgulhosos nem ponham sua esperança em volúveis riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas coisas para delas fruirmos." 1 Tm 6,17
E diz: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo." Rm 14,17
Não foi isso o que Jesus mesmo veio fazer entre nós? Conosco viver as dificuldades humanas, mostrar-nos o caminho para vencer o pecado e reconciliar-nos com o Pai? Ele afirmou aos Apóstolos: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que Me enviou e cumprir Sua obra." Jo 4,34b
Falava da Vida e da perseverança espiritual: "Perguntaram-Lhe: 'Que faremos para praticar as obras de Deus?' Respondeu-lhes Jesus: 'A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou.'" Jo 6,28-29
São Tiago Menor ensina: "A pura e sem mácula religião, aos olhos de Deus e Nosso Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas em suas aflições, e conservar-se puro da corrupção deste mundo." Tg 1,27
E o Último Apóstolo diz da busca pela transcendência, desde sempre fomentada por Deus: "Ele fez nascer de um só homem todo gênero humano, para que habitasse sobre toda face da terra. Fixou aos povos os tempos e os limites de sua habitação. Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-Lo como que às apalpadelas, pois na verdade Ele não está longe de cada um de nós. Porque é n'Ele que temos a vida, o movimento e o ser..." At 17,26-28a
Devemos fazer o mesmo que Jesus, então: apoiar, dedicar nosso conhecimento e nosso tempo convivendo e consolando os mais carentes nas mais difíceis realidades. Quando perguntado pelos discípulos de São João Batista se Ele era realmente o Messias, Ele deu essa resposta: "... aos pobres é anunciado o Evangelho." Lc 7,22
A solidariedade, portanto, já é um imperativo moral e ético em qualquer sociedade. E a Igreja, enquanto Corpo Místico de Cristo, ou seja, Sacerdotes e fiéis, tem o sério compromisso de a todos prover essa especial esperança. São Paulo diz aos efésios: "Exorto-vos, pois, prisioneiro que sou pela causa do Senhor, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda humildade e amabilidade, com grandeza de alma, mutuamente suportando-vos com caridade. Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da Paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança." Ef 4,1-4
Ora, esse é o sentido da Revelação, como ele diz aos romanos: "Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança." Rm 15,4
Porque as relações interpessoais da Santíssima Trindade, ou seja, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, são para nós modelo de sociedade e de interação, e isso também nada tem de predeterminados papéis ou autoritarismo. Jesus diz dos renascidos da Igreja: "O vento sopra onde quer. Ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito." Jo 3,8
Lembremos o momento da Transfiguração de Jesus, quando Ele conversou com Moisés e Elias sobre Sua Paixão. É uma mostra de como as obras de Deus são construídas passo a passo. Aí a humanidade, e, mais especificamente, a Igreja por nascer, representada por São Pedro, São Tiago e São João, testemunhou as três Pessoas da Santíssima Trindade manifestando-se simultânea e harmoniosamente: Jesus transfigura-Se, o Espírito Santo apresenta-Se como nuvem e Deus Pai fala: "Ainda falava Ele, quando veio uma nuvem luminosa e envolveu-os. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: 'Eis Meu muito amado Filho, em quem pus toda Minha afeição. Ouvi-O!'" Mt 17,5
Lembremos o momento da Transfiguração de Jesus, quando Ele conversou com Moisés e Elias sobre Sua Paixão. É uma mostra de como as obras de Deus são construídas passo a passo. Aí a humanidade, e, mais especificamente, a Igreja por nascer, representada por São Pedro, São Tiago e São João, testemunhou as três Pessoas da Santíssima Trindade manifestando-se simultânea e harmoniosamente: Jesus transfigura-Se, o Espírito Santo apresenta-Se como nuvem e Deus Pai fala: "Ainda falava Ele, quando veio uma nuvem luminosa e envolveu-os. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: 'Eis Meu muito amado Filho, em quem pus toda Minha afeição. Ouvi-O!'" Mt 17,5
A perfeita Comunhão entre Eles, pois, é nosso sumo exemplo de convivência em harmonia. Diz São João Evangelista: "Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Ei-lo, Jesus Cristo, Aquele que veio pela Água e pelo Sangue. Não só pela Água, mas pela Água e pelo Sangue. E o Espírito é Quem dá testemunho d'Ele, porque o Espírito é a Verdade." 1 Jo 5,5-7
Pois como Jesus ensinou, amar a Deus é inseparável de amar ao próximo. Ele chamou-os de Mandamentos semelhantes: "'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todas tuas forças.' Este é o maior e o primeiro Mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: 'Amarás teu próximo como a ti mesmo.'" Mt 22,37-39
Esse é o projeto de Nosso Deus, caridoso e solidário, para nossa convivência. Essa é Sua mais frequente forma de agir: cooperar, oferecendo exemplos e condições. Jesus disse: "Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que permanece em Mim, é que realiza Suas próprias obras." Jo 14,10
E é assim que podemos realizar nossos melhores sonhos: "Se permanecerdes em Mim, e Minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo que quiserdes e ser-vos-á feito." Jo 15,7
O Reino de Deus, enfim, é essa família que a nós cabe construir: "Todo aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe." Mt 12,50
"Tornai viva nossa fé, nossa esperança!"
E é assim que podemos realizar nossos melhores sonhos: "Se permanecerdes em Mim, e Minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo que quiserdes e ser-vos-á feito." Jo 15,7
O Reino de Deus, enfim, é essa família que a nós cabe construir: "Todo aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é Meu irmão, Minha irmã e Minha mãe." Mt 12,50
"Tornai viva nossa fé, nossa esperança!"