segunda-feira, 1 de julho de 2024

JESUS DEUS


    Por força da grandeza de Sua manifestação, e por nossas limitações, a percepção de Jesus como Deus, mesmo sob o impacto de Seus desconcertantes milagres, não se dá de imediato modo. Pelo contrário, e como é bem ao modo de Deus, essa percepção, hoje como àquela época, precisa amadurecer na alma. Para começar, deve-se ter presente que estamos diante do Mistério de Cristo, e que este está inserido num ainda maior mistério: o da Santíssima Trindade. Ou seja, na Revelação temos não apenas que Jesus é Deus, mas que o Espírito Santo também o é, pois ambos usufruem de total autonomia, e só por essas perspectivas se obtém maiores luzes.
    De toda forma, e além de Sua real presença em nosso dia-a-dia, as evidências da Divindade de Jesus estão em várias passagens do Novo Testamento, que confirmam e até excedem o cumprimento das profecias do Antigo Testamento a Seu respeito. São elas que nos fornecem teóricos subsídios para formular as melhores concepções que d'Ele formulamos. De fato, numa de suas primeiras viagens a Jerusalém em Sua vida pública, Ele vai dizer aos principais dos judeus: "Vós perscrutais as Escrituras, julgando encontrar nelas a Vida Eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de Mim." Jo 5,39
    Para que se alcance tal , porém, São Paulo adverte que é imprescindível o auxílio do próprio Espírito de Deus: "... ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo." 1 Cor 12,3
    Ou, segundo o próprio Jesus, o auxílio de Deus Pai: "Ninguém pode vir a Mim se o Pai, que Me enviou, não o atrair." Jo 6,44a
    E ainda que alheios à noção da Santíssima Trindade, era assim que procediam os Doze Apóstolos perante Jesus, nas situações que requeriam maior desdobramento espiritual: "Os Apóstolos disseram ao Senhor: 'Aumentai-nos a fé!'" Lc 17,5
    Ora, São Lucas, que escreveu seu Evangelho mais de trinta anos após a Paixão de Cristo, já havia formado plena consciência de Sua Divindade, pois o Arcanjo São Gabriel expressamente disse que São João Batista iria 'adiante de Deus': "... porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem cerveja, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo. Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, Seu Deus, e irá adiante de Deus com o Espírito e poder de Elias... " Lc 1,15-17a
    O próprio sacerdote Zacarias, pai de São João Batista, que recebeu esse anúncio, descreveu seu filho como o arauto do próprio Deus, do Altíssimo, isto é, do Messias, do Salvador: "E tu, menino, serás chamado Profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e Lhe prepararás o caminho, para dar a Seu povo conhecer a Salvação pelo perdão dos pecados." Lc 1,76-77
    E antecipando-se a São Lucas em mais de dez anos, em seu Evangelho São Mateus registrou essa percepção quando narrou a adoração dos Santos Reis a Jesus, pois tal gesto só é cabível diante de Deus: "E eis que a Estrela, que tinham visto no Oriente, foi precedendo-os até chegar sobre o lugar onde estava o Menino e ali parou. Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, Sua mãe. Prostrando-se diante d'Ele, adoraram-nO. Depois, abrindo seus tesouros, como presentes Lhe ofereceram ouro, incenso e mirra." Mt 2,9b.11
    De fato, desde o início de Sua vida pública que o povo já sentia, ao redor de Jesus e por Seus milagres, a inequívoca presença de Deus: "E aproximando-Se, tocou no esquife, e aqueles que o levavam pararam. Disse Jesus: 'Moço, Eu ordeno-te: levanta-te.' Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe. Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: 'Um grande Profeta surgiu entre nós, e Deus visitou Seu povo.'" Lc 7,14-16
    Aliás, isso se deu desde que partiu de Cafarnaum e curou um leproso, segundo São Marcos: "Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que publicamente Jesus não podia entrar numa cidade. Conservava-Se fora, em despovoados lugares, e de toda parte vinham ter com Ele." Mc 1,45
    E com tantos e tão portentosos milagres, como quando acalmou a tempestade, não demorou para que os próprios Apóstolos começassem a questionar-se sobre Sua Pessoa: "Eles ficaram penetrados de grande temor e cochichavam entre si: 'Quem é Este, a Quem até o vento e o mar obedecem?'" Mc 4,41
    Aos cinco primeiros Apóstolos, Jesus mesmo anunciou que por Ele se efetivaria o sonho de Jacó, no qual o Céu estaria em pleno contato com a Terra. Foi logo após Seu Batismo por São João Batista: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vereis o Céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.'" Jo 1,51
    Esse, por sinal, foi o título usado por Deus ao dirigir-Se aos Profetas Daniel e Ezequiel, mas a visão que teve Daniel claramente distingue o próprio Cristo apresentando-Se diante de Deus: "Olhando sempre a noturna visão, vi um Ser, semelhante ao Filho do Homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-Se para o lado do Ancião, diante de Quem foi conduzido. A Ele foram dados império, Glória e realeza, e todos povos, todas nações e povos de todas línguas serviram-nO. Seu domínio será eterno, nunca cessará, e Seu Reino jamais será destruído." Dn 7,13-14
    E São João Batista já O havia identificado perante seus discípulos, entre os quais estavam aqueles que viriam a ser os Apóstolos São João Evangelista e Santo André: "No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.'" Jo 1,29
    Assim Santo André O anunciou a São Pedro: "André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que O tinham seguido. Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: 'Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo).'" Jo 1,40-41
    Da mesma forma São Filipe anunciou a São Bartolomeu, e ambos também se tornariam Apóstolos: "Filipe encontra Natanael e diz-lhe: 'Achamos Aquele de Quem Moisés escreveu na Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José.'" Jo 1,45
    E ali mesmo, ao constatar Seu poder de clarevidência, São Bartolomeu também vai identificá-Lo como o Messias: "Falou-Lhe Natanael: 'Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel.'" Jo 1,49
    Em Sua primeira Páscoa em público em Jerusalém, gente importante, por pura sensatez, não se permitiu não reconhecer Suas obras: "Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-Lhe: 'Rabi, sabemos que és um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que fazes, se Deus não estiver com ele.'" Jo 3,1-2
    Jesus bem sabia, porém, com o que estava lidando: "Enquanto celebrava em Jerusalém a festa da Páscoa, muitos creram no Seu Nome, à vista dos milagres que fazia. Mas Jesus mesmo não Se fiava neles, porque os conhecia a todos. Ele não necessitava que alguém desse testemunho de nenhum homem, pois Ele bem sabia o que havia no homem." Jo 2,23-25
    Pois Ele simultaneamente era muito humano, e, entre afirmações e dúvidas, teve que usar de muita didática para dar sinais de Sua natureza divina. É o que se vê quando curou um possesso, mas disse que Deus havia realizado tal milagre: "Nesse momento, pedia-Lhe o homem, de quem tinham saído os demônios, para ficar com Ele. Mas Jesus despediu-o, dizendo: 'Volta para casa, e conta o quanto Deus te fez.'" Lc 8,38-39
    O próprio São João Batista vai hesitar: "E João chamou dois de seus discípulos e enviou-os a Jesus, perguntando: 'És Tu Aquele que há de vir ou devemos esperar por Outro?' Ora, naquele momento Jesus havia curado muitas pessoas de enfermidades, de doenças e de malignos espíritos, e dado a vista a muitos cegos. Respondeu-lhes Ele: 'Ide anunciar a João o que tendes visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho. E bem-aventurado é aquele para quem Eu não for ocasião de queda!'" Lc 7,19.21-23
    E aos poucos, cada vez mais Ele fazia-Se perceber. Por exemplo: Ele proclamava-Se maior que Salomão: "No Dia do Juízo, a rainha do Sul levantar-se-á contra esta raça e condená-la-á, porque veio das extremidades da Terra para ouvir a Sabedoria de Salomão. Ora, aqui está Quem é maior que Salomão." Mt 12,42
    Proclamava-Se maior que o Templo de Jerusalém: "Não lestes na Lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no Templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, Eu declaro-vos: aqui está Quem é maior que o Templo." Mt 12,5-6
    Proclamava-Se o 'Filho do Homem', como vimos, um enigmático título que talvez queira apenas afirmar Sua natureza também totalmente humana, mas o título de Senhor é um dos títulos de Deus, e Ele vai dizer: "Porque o Filho do Homem é Senhor também do sábado." Mt 12,8
    E só Deus, que é absoluto, poderia apresentar-Se como Aquele a Quem deve convergir de toda humanidade: "Quem não está Comigo, está contra Mim..." Mt 12,30a
    Aliás, ao dizer 'sem Mim', Ele disse-Se absoluto ainda de mais explícito modo: "Eu Sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim nada podeis fazer." Jo 15,5
    Na noite da Santa Ceia, ademais, Ele vai pedir não um culto ao Pai, mas a Si mesmo: "Fazei isto em memória de Mim." Lc 22,19b
    Afirmativamente, Jesus não evocou a Pessoa do Pai quando prometeu libertar o ser humano do pecado. Ele simplesmente assumiu essa tarefa: "Respondeu Jesus: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Portanto, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.'" Jo 8,34.36
    E assim, progressivamente Ele colocava-Se no papel de absoluto protagonista, como quando declarou que Ele mesmo ressuscitaria Seu povo: "Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a Vida Eterna, e Eu ressuscitá-lo-ei no Último Dia." Jo 6,54
    Deixou claro aos Apóstolos que, por vê-Lo e ouvi-Lo, estavam vivendo um momento único na história da humanidade: "Mas, quanto a vós, bem-aventurados vossos olhos, porque vêem! Ditosos vossos ouvidos, porque ouvem! Eu declaro-vos, em Verdade: muitos Profetas e justos desejaram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não ouviram." Mt 13,16-17
    E pouco antes de multiplicar os pães e os peixes, a certeza das multidões quanto à eficácia de Seus poderes já era total: "Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. Uma grande multidão seguia-O, porque via os sinais que Ele operava a favor dos doentes." Jo 6,1-2
    Até apresentar-Se, por fim, como o exclusivo Doador do Pão do Céu, do alimento da Vida Eterna: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a Vida Eterna, que o Filho do Homem vos dará." Jo 6,27a
    Por esses tempos, Suas pregações já provocavam sérios questionamentos mesmo entre os chefes do povo: "Os judeus admiravam-se e diziam: 'Este Homem não fez estudos. Donde Lhe vem, pois, este conhecimento das Escrituras?'" Jo 7,15
    E aos realmente sinceros, Ele chegou a propor: "Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se Minha Doutrina é de Deus ou se falo de Mim mesmo." Jo 7,17
    Já havia afirmado, no entanto, que Sua Pessoa é indissociável da de Deus: "Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai, que O enviou." Jo 5,23b
    Sentenciou que rejeitá-Lo é rejeitar Deus: "Aquele que a Mim odeia, também odeia a Meu Pai." Jo 15,23
    E que não havia como conhecer a Deus sem Sua ajuda: "... e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-Lo." Mt 11,27b


O PODER DE SUAS OBRAS

    Diante de Suas obras, com o passar do tempo, o povo de Israel já não sabia nem mesmo o que d'Ele pensar: "Muitos do povo, porém, creram n'Ele e perguntavam: 'Quando vier o Cristo, fará mais milagres do que Este faz?'" Jo 7,31
    Até usava um recorrente título bíblico do Messias ao questionar-se, como quando presenciaram a imediata e total cura de um endemoniado cego e mudo: "A multidão, admirada, dizia: 'Não será este o Filho de Davi?'" Mt 12,23
    Ora, desde o Mar da Galileia, os que O acompanhavam, vendo surdos falarem e mudos ouvirem, já atestavam a absoluta integridade de Sua obras: "Ele tem feito bem todas coisas." Mc 7,37
    Assim foi após a triunfal entrada em Jerusalém e a expulsão do vendilhões do Templo: "Os cegos e os coxos vieram a Ele no Templo e Ele curou-os, com grande indignação dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas que assistiam a Seus milagres e ouviam os meninos gritar no Templo: 'Hosana ao Filho de Davi!'" Mt 21,14-15
    O cego de Jericó nem hesitou: "Ao aproximar-Se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia. Responderam-lhe: 'É Jesus de Nazaré, que passa.' Ele então exclamou: 'Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!' Os que vinham à frente rudemente repreendiam-no para que se calasse, mas ele gritava ainda mais forte: 'Filho de Davi, tem piedade de mim!'" Lc 18,35-39
    Até uma estrangeira de fervorosa fé referiu-se a Ele nestes termos, nos arredores de Tiro e Sidônia. "E eis que uma cananeia, originária daquela terra, gritava: 'Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio.'" Mt 15,22
    E quando Ele prometeu Água Viva em Jerusalém, algumas pessoas começaram a afirmar o cumprimento da profecia de Moisés: "Ouvindo essas palavras, alguns daquela multidão diziam: 'Este realmente é o Profeta.'" Jo 7,40
    Havia até quem se posicionasse ainda de mais preciso modo: "Outros diziam: 'Este é o Cristo.'" Jo 7,41a
    Este título Ele já havia expressamente confirmado, ainda que em particular, quando falou sobre a Água Viva à samaritana no poço de Jacó: "Respondeu a mulher: 'Sei que deve vir o Messias, que Se chama Cristo. Pois quando vier, Ele nos fará conhecer todas coisas.' Disse-lhe Jesus: 'Sou Eu, que falo contigo.'" Jo 4,25-26
    Os samaritanos desta localidade, chamada Sicar, segundo São João Evangelista foram a primeira comunidade a reconhecê-Lo como o Salvador: "E diziam à mulher: 'Já não é por causa de tua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser Este verdadeiramente o Salvador do mundo.'" Jo 4,42
    Ao cego de nascença de Jerusalém que curou, Jesus também Se identificou como o Messias, ainda que pelo título que mais usava. E ele O adorou: "Encontrando-o, perguntou-lhe: 'Acreditas no Filho do Homem?' Respondeu ele: 'Quem é, Senhor, para que eu n'Ele creia?' Jesus disse: 'Tu O estás vendo! É Aquele que está falando contigo.' Exclamou ele: 'Eu creio, Senhor!' E prostrou-se diante de Jesus." Jo 9,35b-38
    E com convicção, Santa Marta repetiu a declaração de São Pedro: "Respondeu ela: 'Sim, Senhor. Eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que devia vir ao mundo.'" Jo 11,27
    Até mesmo Seus inimigos, como os guardas enviados pelo sumo sacerdote para prendê-Lo, que voltaram sem Ele, percebiam algo diferente em Sua Pessoa: "Voltaram os guardas para junto dos príncipes dos sacerdotes e fariseus, que lhes perguntaram: 'Por que não O trouxestes?' Os guardas responderam: 'Ninguém jamais falou como este Homem!...'" Jo 7,45-46
    E a certa altura, aos que persistiam na incredulidade mesmo diante de tantos milagres, Ele começou a denunciar: "Jesus replicou: 'Se Deus fosse vosso pai, vós amá-Me-íeis, porque Eu saí de Deus. É d'Ele que Eu provenho, porque não vim de Mim mesmo, mas foi Ele quem Me enviou. Por que não compreendeis Minha linguagem? É porque não podeis ouvir Minha Palavra! Vós tendes como pai o Demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na Verdade, porque a Verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas Eu, porque vos digo a Verdade, não Me credes." Jo 8,42-45
    Aludindo à Sua Divindade, Ele desafiava-os: "Quem de vós Me acusa de pecado?" Jo 8,46a
    E em discussão com os judeus a respeito de Abraão, avisou que Sua definitiva Volta seria o esplendor de toda Criação: "... Meu Pai é Quem Me glorifica, Aquele que vós dizeis ser Vosso Deus e, contudo, não O conheceis. Eu, porém, conheço-O, e se dissesse que não O conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-O e guardo Sua Palavra. Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver Meu Dia. Viu-o e ficou cheio de alegria." Jo 8,54b-56
    Tudo isso desconcertava ainda mais os religiosos, e Ele tornava a indicar a razão da descrença: "Os judeus rodearam-nO e perguntaram-Lhe: 'Até quando nos deixarás na incerteza? Se Tu és o Cristo, dize-nos claramente.' Jesus respondeu-lhes: 'Eu digo-vos, mas não credes. As obras que faço em Nome de Meu Pai, estas dão testemunho de Mim. Entretanto, não credes, porque não sois das Minhas ovelhas.'" Jo 10,24-26
    Sua Paixão, portanto, que abertamente anunciava, não seria uma derrota ou obra do acaso: "... dou Minha Vida para a retomar. Ninguém a tira de Mim, mas Eu dou-a de Mim mesmo, pois tenho poder para dá-la como tenho poder para reassumi-la." Jo 10,18
    E tem poder para realizar, por Si mesmo, qualquer dos pedidos feitos pela Igreja: "Qualquer coisa que Me pedirdes em Meu Nome, fá-lo-ei." Jo 14,14
    Ora, quando São João escreveu seu Evangelho, o último dos quatro, já sabia muito bem que a Palavra de Deus, ou seja, Jesus, o Verbo Encarnado, era o próprio Deus: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus." Jo 1,1
    De sua aprofundada teologia, ele relatou São João Batista anunciando a plenitude de Deus na Pessoa de Jesus: "João dá testemunho d'Ele, e exclama: 'Eis Aquele de Quem eu disse: O que vem depois de mim é maior que eu, porque existia antes de mim.'" Jo 1,15
    E o próprio Amado Discípulo completa: "Todos nós recebemos Graça sobre Graça de Sua plenitude." Jo 1,16
    Sem vacilar, o Batista expressamente indicava Sua origem: "Aquele que vem de cima é superior a todos. Aquele que vem do Céu é superior a todos." Jo 3,31a.c
    De fato, mais tarde o próprio Jesus vai dizer: "Pois desci do Céu não para fazer Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 6,38
    E peremptoriamente afirmou: "Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo." Jo 8,23
    Ora, era através da Pessoa de Jesus que São João Batista garantia a veracidade de Deus: "Aquele que recebe Seu testemunho, confirma que Deus é verdadeiro." Jo 3,33
    E falando de Seu absoluto poder, Jesus testemunhou, falando em terceira Pessoa: "O Pai ama o Filho e tudo entregou em Suas mãos." Jo 3,35
    A Revelação do Cristo, porém, nunca foi um ponto pacífico em Sua vida pública. Quando interrogado pelos chefes do povo se era realmente o Salvador, sabendo que seus corações não Lhe estavam abertos, Jesus vai mais além e dá uma resposta teológica, na qual faz alusão à Comunhão da Santíssima Trindade: "Eu e o Pai somos Um." Jo 10,30
    Contudo, tentando deles angariar alguma simpatia pela Boa Nova, vai apelar ao poder de Seus milagres: "... se não quiserdes crer em Mim, crede em Minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim e Eu no Pai." Jo 10,38
    Pois, sem dúvida, entre si os próprios principais dos judeus reconheciam: "Esse Homem realiza muitos sinais." Jo 11,47b
    E para mais completa Revelação, Ele francamente explicitava Sua mera condição humana, assim explicando Suas obras: "Jesus tomou a palavra e disse-lhes: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: de Si mesmo o Filho não pode fazer coisa alguma. Ele só faz o que vê fazer o Pai. E tudo que o Pai faz, também faz o Filho. Pois o Pai ama o Filho e Lhe mostra tudo que faz. E maiores obras que esta Lhe mostrará, para que fiqueis admirados.'" Jo 5,19
    E como pregava a 'negação de si mesmo', mais uma vez, para servir de exemplo, Ele vai renegar qualquer personalismo: "Eu não posso fazer nada por Mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto e Meu julgamento é justo, porque não procuro fazer Minha vontade, e sim a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 5,30
    Condescendentemente, Ele até admitia Sua manifestação humana como um sinal de contradição, mas avisou que, sem o devido arrependimento, não haveria perdão para as blasfêmias contra o Espírito Santo: "Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem, será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste nem no vindouro século." Mt 12,32
    O religioso Simeão, com efeito,  havia dito a Nossa Senhora no dia da Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém: "Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34b
    O próprio Apóstolo São Filipe, entre outros, seguia com dificuldades para entendê-Lo: "Disse-Lhe Filipe: 'Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.' Respondeu Jesus: 'Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai?...'" Jo 14,8-9
    De fato, pouco antes Jesus havia afirmado aos Apóstolos que conhecer a Ele era o mesmo que conhecer e ver Deus: "Se Me conhecêsseis, certamente também conheceríeis Meu Pai. E desde agora já O conheceis, pois O tendes visto." Jo 14,7
    Até falou-lhes como o próprio Pai: "Não vos deixarei órfãos." Jo 14,18a
    E já havia dito aos judeus: "Perguntaram-Lhe: 'Onde está Teu Pai?' Respondeu Jesus: 'Não conheceis nem a Mim nem a Meu Pai. Se Me conhecêsseis, certamente também conheceríeis a Meu Pai.'" Jo 8,19
    E como pedia por Suas Palavras e obras, Ele também vai pedir a São Filipe: "Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em Mim? As Palavras que vos digo, não as digo de Mim mesmo. Mas o Pai, que permanece em Mim, é que realiza Suas próprias obras. Crede-Me: Eu estou no Pai, e o Pai em Mim." Jo 14,10-11
    No mesmo sentido, na oração que fez a Deus Pai pela perfeita União entre os Apóstolos e fiéis, Jesus evoca Sua Unidade com o Pai como modelo para a Igreja, à qual, para tanto, concedeu Sua Glória: "Dei-lhes a Glória que Me deste para que sejam Um como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim, para que sejam perfeitos na Unidade. E o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
    E ainda nessa oração, Ele havia-Se pronunciado diante dos Apóstolos sobre Sua natureza incriada: "Agora, pois, Pai, glorifica-Me junto de Ti, concedendo-Me a Glória que tive junto de Ti antes que o mundo fosse criado." Jo 17,5
    São João Evangelista, por fim, ao encerrar seu Evangelho garante que Jesus é o esperado Messias, e que é por Seu Nome que se obtém a Vida Eterna: "Fez Jesus, na presença de Seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a Vida em Seu Nome." Jo 20,30-31


EU SOU

    Quando foi enviado por Deus ao povo de Israel, durante a escravidão no Egito, Moisés perguntou-Lhe o que deveria responder se questionassem Quem o havia enviado: "Deus respondeu a Moisés: 'EU SOU AQUELE QUE SOU.' E ajuntou: 'Eis como responderás aos israelitas: (Aquele que Se chama) EU SOU envia-me a vós.'" Ex 3,14
    Jesus, ao indicar o momento em que estaria explícita Sua Glória, ou seja, na Cruz, também evocou essa identidade: "Jesus então lhes disse: 'Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis que EU SOU...'" Jo 8,28
    Pois ainda que pareça paradoxal, foi na crucificação que Jesus alcançou a Glória, pois morria vitorioso, por amor e contra o pecado. Ele repetiu esse aviso, pouco antes de Sua Paixão: "É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado." Jo 12,23
    Consternado, o centurião que comandava Sua crucificação foi o primeiro pagão a reconhecê-Lo, ao constatar Sua morte na Cruz: "Verdadeiramente, Este Homem era o Filho de Deus." Mc 15,39
    Mas essa não foi a única vez em que Jesus usou desse título. Na verdade, Sua manifestação ao mundo é o próprio Julgamento: "Por isso, disse-vos: morrereis em vosso pecado. Porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,24
    Ele tornou a repetir essa asserção quando os judeus questionaram Sua idade. De fato, só Deus realmente é, plena e perenemente: "Respondeu-lhes Jesus: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: antes que Abraão fosse, EU SOU.'" Jo 8,58
    Também disse aos Apóstolos, logo após instituir o ritual do lava-pés: "Vós chamai-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque EU SOU." Jo 13,13
    Prevendo a traição de Judas e Sua Paixão, por fim, reafirmou: "Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU." Jo 13,19
    E indiretamente, durante Suas pregações, fez o mesmo em várias ocasiões, como bem anotou São João Evangelista:
    "EU SOU o Pão da Vida" Jo 6,35
    "EU SOU a Luz do mundo." Jo 8,12
    "EU SOU a Porta." Jo 10,9
    "EU SOU o Bom Pastor." Jo 10,11
    "EU SOU a Ressurreição e a Vida." Jo 11,25
    "EU SOU o Caminho, a Verdade e a Vida." Jo 14,6
    "EU SOU a Verdadeira Videira." Jo 15,1
    Ora, para que fosse explicitamente reconhecido por São Pedro, Jesus teve que indagar os próprios Apóstolos quanto à Sua verdadeira identidade: "Disse-lhes Jesus: 'E vós? Quem dizeis que EU SOU?'" Mt 16,15
    E só mais tarde, após duvidar de Sua Ressurreição, São Tomé propriamente proclamá-Lo-á como Senhor e Deus: "Respondeu-Lhe Tomé: 'Meu Senhor e Meu Deus!'" Jo 20,28
    Desde então, em Suas aparições enquanto ressuscitado, os Apóstolos passaram a ser ainda mais comedidos no trato para com Ele: "Nenhum dos discípulos ousou perguntar-Lhe: 'Quem és Tu?', pois bem sabiam que era o Senhor." Jo 21,12
    Assim o fizeram, portanto, até o momento em que Jesus finalmente ascendeu aos Céus diante deles, quando eles O adoraram, pois bem sabemos que adorar é algo que só se deve a Deus: "'Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto.' Depois os levou para Betânia e, levantando as mãos, abençoou-os. Enquanto os abençoava, separou-Se deles e foi arrebatado ao Céu. Depois de terem-nO adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo." Lc 24,49-52



    Já São Paulo, como vimos, anunciava com clareza a Divindade de Jesus, embora sempre lembrando Sua natureza igualmente humana. Ele recita o Hino Cristológico: "Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo Ele de condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens." Fl 2,5-7
    Trata-O como Criador e em distinção às criaturas, sobre as quais tem plenos poderes: "... poder que tem de a Si sujeitar toda criatura." Fl 3,21b
    Atribui a Ele, como disse o próprio Jesus, o poder da Ressurreição: "Nós, porém, somos cidadãos dos Céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante a Seu Corpo Glorioso..." Fl 3,20-21a
    Cita-O como a suma essência de todos religiosos preceitos: "Porque a finalidade da Lei é Cristo, para a justificação de todo aquele que crê." Rm 10,4
    E diz de Sua Ascensão: "Aquele que desceu também é Aquele que subiu acima de todos Céus, a fim de plenificar todas coisas." Ef 4,10
    Em palavra aos Anciãos de Éfeso, ele chega a 'confundir' Deus Pai com Jesus: "Cuidai de vós mesmos e de todo rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com Seu próprio Sangue." At 20,28
    De novo aqui: "A respeito da fraterna caridade, não temos necessidade de escrever-vos, porquanto vós mesmos aprendestes de Deus a amar-vos uns aos outros." 1 Ts 4,9
    E aponta-O como o Visível do Invisível, morada da plenitude de Deus, a Quem todas classes de anjos estão submissas: "Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda Criação. Porque aprouve a Deus fazer n'Ele habitar toda plenitude, e por Seu intermédio reconciliar consigo todas criaturas. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele." Cl 1,15-16
    Ora, para ele a Pessoa de Jesus é o próprio Corpo de Deus: "Pois n'Ele corporalmente habita toda plenitude da Divindade." Cl 2,9
    No mesmo sentido, os seguidores da tradição de São Paulo também vão reafirmar Jesus como imagem de Deus, indiscutivelmente superior até mesmo aos anjos: "Ultimamente falou-nos por Seu Filho, que constituiu universal herdeiro, pelo Qual criou todas coisas. Esplendor da Glória de Deus e imagem do Seu ser, sustenta o universo com o poder de Sua Palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos Céus, elevado tão acima dos anjos quanto o Nome que Ele herdou supera o deles. Pois a quem dentre os anjos disse Deus alguma vez: 'Tu és Meu Filho?'" Hb 1,2-5
    E até mais: vão dar-Lhe Glória, o que também só é devido a Deus: "E o Deus da Paz que, no Sangue da Eterna Aliança, dos mortos ressuscitou o Grande Pastor das ovelhas, Nosso Senhor Jesus, queira dispor-vos ao bem e conceder-vos que cumprais Sua vontade, realizando Ele próprio em vós o que é agradável aos Seus olhos, por Jesus Cristo, a Quem seja dada a Glória por toda eternidade. Amém." Hb 13,20-21
    O Apóstolo dos Gentios ainda afirma, e categoricamente, que em Jesus se encerra toda Sabedoria e ciência divina: "... para conhecerem o mistério de Deus, isto é, Cristo, no Qual estão escondidos todos tesouros da Sabedoria e da Ciência." Cl 2,2b-3
    E que Ele é o próprio amor de Deus: "Sim, é tão sublime, unanimemente proclamamo-O, o mistério da divina bondade: manifestado na carne, justificado no Espírito, visto pelos anjos, anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado na Glória!" 1 Tm 3,16
    Pois, como o próprio Deus, a grandeza de Cristo é infinita: "A mim, o mais insignificante dentre todos santos, coube-me a Graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo, e a todos manifestar o salvador desígnio de Deus, mistério oculto desde a eternidade em Deus, que tudo criou." Ef 3,8-9
    De fato, já nos primeiríssimos anos da Igreja, tão amadurecido era o conceito da Divindade de Jesus, que, ao ser apedrejado, Santo Estevão rendeu seu espírito a Ele, e não ao Pai: "Senhor Jesus, recebe meu espírito." At 7,59
    E tão similares eram os tratamentos dados ao Pai e ao Filho, que o título de Salvador, mais usado pelos cristãos para com Jesus, é novamente atribuído a Deus por São Paulo, quando escreveu a São Timóteo: "Eis uma verdade absolutamente certa e digna de fé: se nos afadigamos e sofremos ultrajes, é porque pusemos nossa esperança em Deus vivo, que é o Salvador de todos homens, sobretudo dos fiéis." 1 Tm 4,9
    Por isso, ele pedia: "E toda língua confesse, para a Glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor." Fl 2,11
    São João Evangelista, aliás, quase O iguala ao Pai. Da expressão 'Filho de Deus' para 'Deus Filho' não vai demorar: "Estejam convosco, na Verdade e no amor: Graça, Misericórdia e Paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, Filho do Pai." 2 Jo 1,3
    A necessidade de chamar Deus de 'Deus Pai' já era um indício do entendimento de Quem realmente era Jesus, e a preparação para o uso do termo 'Deus Filho'. São Paulo fê-lo desde sua mais antiga carta: "Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, reunida em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. A vós, Graça e Paz!" 1 Ts 1,1
    Esse proceder também foi usado por São Pedro: "... eleitos segundo a presciência de Deus Pai, e santificados pelo Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e receber sua parte da aspersão de Seu Sangue. A Graça e a Paz sejam-vos dadas em abundância!" 1 Pd 1,2
    E ainda por São Judas Tadeu: "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos eleitos bem-amados em Deus Pai e reservados para Jesus Cristo." Jd 1,1
    São Paulo, por fim, reza para que todos expressamente admitam que Jesus é o Senhor: "Por isso, Deus soberanamente exaltou-O e outorgou-Lhe o Nome que está acima de todos nomes. Para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no Céu, na Terra e nos infernos, e toda língua confesse, para a Glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor." Fl 2,9-11
    E termina por afirmá-Lo Deus: "Veio para ensinar-nos a renunciar à impiedade e às mundanas paixões, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa da nossa feliz esperança, a Gloriosa Aparição de Nosso Grande Deus e Salvador, Jesus Cristo..." Tt 2,12-13
    Também o repetiu aqui: "Eles são os israelitas. A eles foram dadas a adoção, a Glória, as alianças, a Lei, o culto, as promessas e os patriarcas. Deles descende Cristo, segundo a carne, o Qual é, sobre todas coisas, Deus Bendito para sempre. Amém." Rm 9,4-5
    São João Evangelista, com suas bem amadurecidas convicções, igualmente faz uma afirmação quase expressa de que Jesus é Deus: "Sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro. E estamos no Verdadeiro, nós que estamos em Seu Filho Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro Deus e a Vida Eterna." 1 Jo 5,20
    Em seu Evangelho, tanto pelo que Ele disse à multidão na Festa das Tendas como à samaritana, ele registrou que Jesus é Quem dá a 'Água Viva'. E assim teria dito no episódio da Samaria: "Respondeu-lhe Jesus: 'Se conhecesses o dom de Deus, e Quem é que te diz: 'Dá-Me de beber', certamente pedi-Lhe-ias tu mesma, e Ele dá-te-ia uma Água Viva.'" Jo 4,10
    E no livro do Apocalipse, o mesmo São João Evangelista diz que Deus é Quem dá a ‘Água Viva’: "Novamente disse-me: 'Está pronto! Eu Sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede Eu gratuitamente darei de beber da fonte da Água Viva.'" Ap 21,6
    De uma visão que teve, na qual chama o primeiro dia da semana de Dia do Senhor, este evangelista deixou essa esplendorosa descrição de Jesus, na qual Ele demonstra total controle sobre a Igreja: "No Dia do Senhor, fui arrebatado pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma forte voz, como de trombeta. Então, voltei-me para ver quem estava falando, e ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro. No meio dos candelabros havia Alguém semelhante a um Filho do Homem, vestido com uma comprida túnica e com uma faixa de ouro em volta do peito. Tinha Ele cabeça e cabelos brancos como lã cor de neve. Seus olhos eram como chamas de fogo. Seus pés pareciam-se ao fino bronze incandescido na fornalha. Sua voz era como o ruído de muitas águas. Segurava na mão direita sete estrelas. De Sua boca saía uma afiada espada, de dois gumes. Seu rosto assemelhava-se ao sol, quando brilha com toda força. Ao vê-Lo, caí como morto a Seus pés, mas Ele colocou sobre mim Sua mão direita e disse: 'Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, Aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos. Escreve, pois, o que viste, tanto as coisas atuais como as futuras. Eis o simbolismo das sete estrelas que viste na Minha mão direita e dos sete candelabros de ouro: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros, as sete igrejas.'" Ap 1,10-20
    E conforme sua última visão, assim será a aparência de Jesus no Último Dia: "Ainda viu o Céu aberto: eis que aparece um branco cavalo. Seu Cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que Ele julga e guerreia. Tem flamejantes olhos. Há em Sua cabeça muitos diademas e traz escrito um Nome que ninguém conhece, senão Ele. Está vestido com um manto tinto de sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Seguiam-nO em brancos cavalos os Celestes Exércitos, vestidos de fino linho e de uma imaculada brancura. De Sua boca sai uma afiada espada, para com ela ferir as pagãs nações, porque Ele deve governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho da ardente ira do Deus Dominador. Ele traz escrito no manto e na coxa: 'Rei dos reis e Senhor dos senhores!'" Ap 19,11-16

    "Esperamos, ó Cristo, Vossa Vinda Gloriosa!"