quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

São Severino


    Nasceu em Roma, no ano de 410 da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, de família de nobres, mas, inspirado pelas vidas de São Paulo Eremita e Santo Antão, distribuiu seus bens entre os pobres (cf. Lc 14,33) e foi viver a plena Comunhão com Deus nos desertos de Egito.
    No entanto, após anos de penitências e meditações, São Severino foi conduzido por Deus para, mudando de região e dedicando sua vida também à catequização, trabalhar pela Salvação das almas dos bravios povos que viviam ao norte do Império Romano. Por lá, a maioria sequer tinha ouvido falar do Evangelho, e tudo que conheciam dos romanos era a força armada de suas legiões, em invasões, dominações e sangrentos combates.
    Tal missão também ajudaria a defender Igreja, e assim toda cristandade, pois à época esses povos representavam uma grande ameaça ao Império Romano do Ocidente, como definitivamente vieram a derrubá-lo em 476. A sede do Bispo de Roma, pois, estava em perigo, e com ela alguns séculos de importantíssima História e estruturação eclesial do Catolicismo.
    Com a morte de Átila, o rei dos unos, que ocorreu em 453, no ano seguinte São Severino chega a Nórica, província do Império Romano hoje correspondente a uma região entre Áustria, onde ficava a maior parte, e Alemanha. Morando em pequenas e frágeis cabanas que construía às margens do rio Danúbio, diariamente ia ao encontro do povo, procurava cuidar de enfermos e desvalidos, e anunciava com peculiar humildade o Mistério de Cristo. E dada a insistência, tinha que se esforçar para recusar as comodidades que eles agradecidamente lhe ofereciam, sempre retornando aos seus modestíssimos barracos, pois não abdicava de suas horas de penitência, recolhimento e oração.

 
    Além de inúmeras aldeias, esteve nas povoações que viriam a ser as cidades de Klosterneuburg, Salzburg, Passau, Kunzig e Melk, hoje todas em terras austríacas. Ergueu uma ermida perto de Viena, capital deste país, e, mesmo sendo um itinerante pregador da Palavra, muitas vocações atraiu para a vida de recolhimento.
    Assim fundou alguns mosteiros, preparando várias gerações para a vida religiosa. Era muito respeitado pelos líderes guerreiros dessas regiões, como o rei dos rúgios, Flaciteu, e o rei dos hérulos, Odoacro, que sempre o procuravam para aconselharem-se sobre os assuntos de seus povos. Por sua tocante misericórdia, nosso Santo conseguiu a libertação de vários soldados romanos presos por eles.


    Não se tem registros se foi ordenado Sacerdote, mas, levado por sua vida autenticamente eremítica, é sabido que tenha recusado ordenação de bispo.
    Seus únicos pertences eram uma túnica, um cajado e as Sagradas Escrituras, que invariavelmente usava em suas reflexões e pregações. Em total negação de si mesmo, nada falava de seu passado ou de sua família, relegando sua pregressa vida ao total esquecimento, por isso tão pouco se sabe. Baseando-se em fatos e algumas suposições, Eugípio, seu mais próximo discípulo, escreveu sobre sua vida. Tinha poderes de cura e de profecia.
    Morreu em 482, provavelmente aos 72 anos, como Eugípio deduziu. E ainda segundo ele, seis anos depois seu corpo continuava incorrupto, exalando um leve e agradável perfume. Foi adotado como o Padroeiro de Viena. É o Santo que ajuda os pobres e liberta os presos.


    Em 488, Onoulf, irmão de Odoacro, levou seus restos mortais como um presente para a cidade de Nápoles, em Itália, onde lhes ergueram um monastério no século X, com uma igreja anexa, que foi reformada em 1490. Poucas décadas mais tarde, nela edificou-se uma capela para a devoção às suas relíquias, hoje guardadas numa urna.


    São Severino, rogai por nós!