sexta-feira, 7 de novembro de 2025

As Imagens


     Assim como precisamos de metáforas e símbolos para comunicar valores que são difíceis de exprimir, também usamos das imagens para representar o que vemos ou imaginamos. Desta forma, as imagens de Jesus, de Maria, de anjos e dos mais antigos Santos são 'retratos falados', que a Tradição da Santa Igreja Católica guardou, ou descrições de visões. E seja como símbolo ou representação da própria realidade, não é difícil imaginar a importância que através dos tempos tem a imagem do Cristo na Santa Cruz, por exemplo, tanto para pessoas iletradas como letradas.
    Ora, Jesus bem sabia que Seu rosto seria desenhado, pintado e esculpido. Ou não tinha poder para tanto? Era simplesmente humano que isso acontecesse, e Ele nunca o proibiu. Ao contrário, até assegurou que Sua imagem era a imagem do próprio Pai, como veremos.
    Que mal haveria nelas, afinal? Imagens de Jesus ou de Santos nunca foram usadas para usurpar o lugar de Deus, como os israelitas fizeram com o bezerro de ouro (cf. Êx 32,4). Elas são o que são: imagens. A palavra 'ídolo', em grego, quer dizer 'falso deus'. Idolatria, portanto, é adorar um falso deus. Na Igreja Católica Apostólica Romana, além de não as adorar, não temos imagens de falsos deuses, mas de Jesus, verdadeiro Deus, e de Santos verdadeiramente Santos, e como meras imagens elas são tratadas, mesmo quando as veneramos. Jamais como suas próprias pessoas.
    É fato que nos primórdios Deus proibiu o uso de imagens, mas assim fez claramente para vedar qualquer culto a outros deuses que não a Ele mesmo, como acontecia na época do politeísmo e do paganismo. Ou seja, Ele não quer imagens de deuses nem que lhes cultuemos! Foi isso que Ele proibiu, como está evidente nas Sagradas Escrituras! Ele não quer que nada nem ninguém ocupe Seu lugar. A identidade de Deus é exclusivamente d'Ele, e por isso determinou aos israelitas através de Moisés, que registrou no Livro de Êxodo: "Não terás outros deuses diante de Mim. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos Céus, ou embaixo, sobre a Terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto." Êx 20,3-5a
    Esse mesmo preceito de exclusividade está expresso no Livro de Deuteronômio, logo depois que Moisés anunciou os Dez Mandamentos: "Ouve, ó Israel! O Senhor, Nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, Teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma e com toda tua força." Dt 6,4-5
    Uma imagem, portanto, só representa um mal quando é tratada como o próprio Deus, posta em Seu lugar. Se a imagem representasse um mal em si mesma, Ele mesmo não teria ordenado a feitura de querubins para a Arca da Aliança, onde eram guardadas as Tábuas da Lei, entre os quais Se manifestava, como prescreveu a Moisés e vemos ainda no Livro de Êxodo: "Farás dois querubins de ouro. E fa-los-ás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto, e protegerão com elas a tampa, sobre a qual terão a face inclinada. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a Arca da Aliança, que te darei todas Minhas ordens para os israelitas." Êx 25,18-20.22
    No Livro de Números, Ele também mandou fazer a serpente de bronze, para curar as pessoas do acampamento enquanto cruzavam o deserto: "E o Senhor disse a Moisés: 'Faze para ti uma ardente serpente e mete-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido, olhando para ela, será salvo.' Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida." Nm 21,8-9
    Ora, no Evangelho Segundo São João, Jesus até vai invocar essa imagem como prefigura de Sua Crucificação. Ou seja, Ele claramente pediu a contemplação desta Sua imagem, pois Sua Crucificação mesmo só foi vista por quem estava no monte Calvário na ocasião. E foi logo em Sua primeira Páscoa na Cidade Santa em vida pública, dizendo a Nicodemos, um chefe e notável dos fariseus: "Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem, para que todo homem que n'Ele crer tenha a Vida Eterna." Jo 3,14-15
    Ciente desta questão, o renomadamente sábio e inspirado rei Salomão, ao construir o Templo de Jerusalémmandou esculpir muitas imagens, o que jamais foi contestado, seja pelos Profetas e religiosos, seja por Deus mesmo. Ora, o Templo era repleto de imagens, a grande maioria de querubins, seja para guardar o Santíssimo onde ficava a Arca da Aliança, nos batentes da porta do Santíssimo, e em todas paredes, por dentro e por fora, como está no Primeiro Livro de Reis: "Para o Santíssimo, Salomão fez dois querubins de oliveira selvagem, cada um com cinco metros de altura. Cada asa do querubim media dois metros e meio, de modo que a distância era de cinco metros de uma ponta à outra das asas. Os dois tinham o mesmo tamanho e o mesmo formato. Os querubins foram colocados no meio da sala interior. Eles tinham as asas estendidas, de modo que a asa de um tocava uma parede, e a asa do outro tocava a outra parede, e as asas de ambos tocavam uma na outra, no meio da sala. Os querubins foram revestidos de ouro. Salomão mandou esculpir figuras de querubins, palmeiras e flores ao redor de todas paredes do Templo, tanto por fora como por dentro... Salomão mandou fazer a porta do Santíssimo com vigas de oliveira selvagem. O enquadramento da porta tinha cinco ângulos, e os dois batentes eram de oliveira selvagem. Nos batentes foram esculpidas figuras de querubins, palmeiras e flores, tudo recoberto de ouro. Os sacerdotes introduziram a Arca da Aliança do Senhor em seu lugar, isto é, no recinto do Templo chamado Santíssimo, sob as asas dos querubins. De fato, os querubins estendiam as asas sobre o lugar da Arca, protegendo a Arca e seus varais." 1 Rs 6,23-24.25b.27-29.31-32;8,6-7
    O Segundo Livro de Crônicas deu mais este detalhe sobre o Santíssimo: "Salomão mandou fazer a cortina de púrpura violeta e escarlate, de carmesim e de linho puro, com querubins bordados nela." 2 Cr 3,14
    E tudo isso com muita propriedade, pois os querubins são os anjos do Verbo, da Palavra de Deus! Não à toa, Ele mandou colocar suas imagens sobre a Arca da Aliança, que guardavam as Tábuas da Lei. E até o rei de Tiro ao tempo de Salomão, um amigo de Israel, enviou material e participou na construção do Templo, seguindo essa mesma inspiração: "Hiram também fez dez bases de bronze para as bacias... Elas foram construídas com molduras no meio das travessas. Sobre essas molduras havia leões, touros e querubins... Sobre os painéis de cada travessa e sobre as molduras, mandou gravar querubins, leões e palmeiras dentro dos espaços livres, com grinaldas ao redor." 1 Rs 7,27a.28-29a.36
    Conforme o Livro do Profeta Ezequiel, eram muitíssimos e de duas faces: "Desde a entrada até o interior do Templo, bem como por fora, sobre toda parede em volta, tanto por dentro como por fora, estavam esculpidos querubins e palmeiras, uma palmeira entre dois querubins. Cada querubim tinha duas faces: de um lado, uma face de homem voltada para a palmeira, e do outro lado uma face de leão voltada para a palmeira. Isso em torno de todo Templo. Os querubins e as palmeiras estavam esculpidos sobre as paredes, desde o chão até no alto da entrada. Sobre as portas do Santo estavam esculpidos querubins e palmeiras, como os que se encontravam sobre as paredes." Ez 41,17-20.25a
    E Deus até manifestou-Se usando uma delas como sinal, interagindo com o homem vestido de linho que assinalou os piedosos (cf. Ap 7,3) e severamente puniria Jerusalém: "A Glória do Deus de Israel saiu de cima do querubim, onde se encontrava, para o limiar da porta do Templo. Chamou o homem que estava vestido de linho e com o estojo de escrivão na cintura. O Senhor falou com ele: 'Percorre a cidade de Jerusalém e marca com uma cruz a testa dos indivíduos que estiverem se lamentando e gemendo, por causa das abominações que se fazem no meio dela.'" Ez 9,3-4
    Aliás, em tudo vigilantes, eles ativamente participaram neste feito: "Na cúpula que estava sobre as cabeças dos querubins, vi uma espécie de safira com aparência de trono. O Senhor disse ao homem vestido de linho: 'Chega ali entre as rodas debaixo dos querubins e, do meio dos querubins, encha as mãos com brasas, que tu espalharás por cima da cidade.' Eu vi que ele foi até lá. O barulho das asas dos querubins chegava até o pátio exterior. Era como a voz do Todo-Poderoso quando fala. O querubim levou a mão ao fogo que havia no meio deles, pegou as brasas e encheu as mãos do homem vestido de linho. Este pegou e saiu. Então, debaixo das asas dos querubins, apareceu algo parecido com mão humana. Todo corpo dos querubins, costas, mãos, asas e também as rodas, tudo estava cheio de olhos por todo lado." Ez 10,1-2.5.7-8.12
    Já a Carta de São Paulo aos Colossenses denuncia as coisas que de fato são colocadas no lugar de Deus, deixando claro o que de fato é a idolatria, essa corrupção encravada na alma e que é larga e abertamente cultuada pelo mundo afora. E como definitiva solução, ele recomenda penitências: "Mortificai vossos membros, pois, no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é idolatria." Cl 3,5
    Lembrando os castigos sofridos pelo povo de Deus no deserto, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios vê idolatria essencialmente na ambição e na busca de mundanos prazeres, frívolas ilusões a que se entregam até mesmo muitos que se dizem religiosos: "Estas coisas aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos más coisas, como eles as cobiçaram. Não vos torneis idólatras como alguns deles, conforme está escrito: 'O povo sentou-se para comer e para beber, e depois se levantou para se divertir (Êx 32,6).' Nem nos entreguemos à fornicação, como alguns deles se entregaram... " 1 Cor 10,6-8a
    E na Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo, apontando para a maior das idolatria, ele vai ser ainda mais claro. Se patentemente já não conseguem viver o celibato, apesar da recomendação de Nosso Senhor (cf. Mt 19,12), este então é o fraquíssimo ponto dos falsos ministros: "Porque a raiz de todos males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns desviaram-se da e enredaram-se em muitas aflições." 1 Tm 6,10
    Jesus mesmo havia dito, no Evangelho Segundo São Mateus: "Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro." Mt 6,24


JESUS DEUS

    Quanto às imagens de Jesus, especificamente, devemos ter presente que Ele é a plena manifestação de Deus, Revelação que vai muito além das palavras que a descrevem. Afirmativamente, Ele é o próprio Deus em Pessoa, dando-Se a conhecer à humanidade, e não apenas uma representação de Deus Pai. Temos, assim, baseado em relatos das pessoas que O viram, a real e fidedigna imagem de Deus, e não de ‘outros deuses’ como o Mandamento proíbe. Nosso Senhor mesmo disse a São Filipe Apóstolo, em últimos diálogos após a Santa Ceia: "Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheceste, Filipe! Aquele que Me viu, também viu o Pai. Como, pois, dizes: 'Mostra-nos o Pai?'..." Jo 14,9
    E São Tomé exclamou, ao vê-Lo ressuscitado: "Meu Senhor e Meu Deus!" Jo 20,28
    Falando sobre Sua divina condição, a Carta de São Paulo aos Romanos igualmente foi clara: "... Jesus é o Senhor..." Rm 10,9
    Para aqueles que realmente creem em Jesus, portanto, Deus revelou-Se à humanidade, já foi retirado o véu, que no Templo de Jerusalém velava a sala chamada Santo dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança. Na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo justificam: "Por esse motivo, irmãos, temos ampla confiança de poder entrar no Eterno Santuário, em virtude do Sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que nos abriu através do véu, isto é, o caminho de Seu próprio Corpo." Hb 10,19-20
    São Mateus até registrou-o, no momento de Sua Morte na Cruz: "Jesus de novo lançou um grande brado, e entregou a alma. E eis que o véu do Templo se rasgou em duas partes, de alto a baixo, a terra tremeu e se fenderam as rochas." Mt 2,50-51
    Conforme a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, aliás, é por isso que os judeus, todavia apegados à Antiga Aliança, que por Deus mesmo foi dita transitória (cf. Jr 31,31), não percebem Cristo: "Ainda agora, quando leem o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece abaixado, porque é só em Cristo que ele deve ser levantado. Por isso, até o dia de hoje, quando leem Moisés, um véu cobre-lhes o coração. Esse véu só será tirado quando se converterem ao Senhor." 2 Cor 3,14b-16
    E é Palavra Sua publicamente em Jerusalém diante dos judeus, que já faziam planos para O matar, mais uma vez invocando a prefigura da serpente de bronze: "Quando tiverdes levantado o Filho do Homem, então conhecereis Quem EU SOU..." Jo 8,28a
    Ora, o Apóstolo dos Gentios diz com todas letras: "Pois n'Ele (Jesus) corporalmente habita toda plenitude da divindade." Cl 2,9
    Sem dúvida, Cristo é Deus revelado e modelo nosso, no qual todos cristãos devemos tornar-nos. E é sempre bom que lembremos: nós fomos feitos à imagem de Deus! E através da prática da obediência a Ele, como este Apóstolo argumenta, cada vez mais recuperaremos Sua semelhança, perdida por causa do pecado: "Mas todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a Glória do Senhor e vemos-nos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor." 2 Cor 3,18
    Semelhantemente exorta os cristãos da cidade de Colossos: "Vós despiste-vos do velho homem com seus vícios, e revestiste-vos do novo, que constantemente vai restaurando-se à imagem d'Aquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento." Cl 3,9-10
    Já a Primeira Carta de São João falou da conclusão deste processo: "Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto O veremos como Ele é." 1 Jo 3,2
    Assim a imagem do Cristo serve de inspiração e comunica o inefável, o que as palavras não conseguem expressar. Não é apenas um modelo visual, mas o modelo de Vida para os filhos de Deus, como São Paulo escreveu: "Aqueles que Ele de antemão distinguiu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho, a fim de que Este seja o Primogênito entre uma multidão de irmãos." Rm 8,29
    E mais uma vez ele insiste no fato de que, através da Glória de Cristo, já nos foi dada a perfeita imagem de Deus Pai: "... para os incrédulos, cujas inteligências o deus deste mundo obcecou a tal ponto que não percebem a Luz do Evangelho, onde resplandece a Glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Cor 4,4
    Ele expressamente diz: "Ele (Cristo) é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda Criação." Cl 1,15
    É o que seus discípulos também dizem: "Esplendor da Glória de Deus e imagem do Seu Ser, Ele (Cristo) sustenta o universo com o poder de Sua Palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade, no mais alto dos Céus..." Hb 1,3
    Por isso, a Carta de São Paulo aos Gálatas cobra uma consciência digna da Pessoa de Jesus, Deus Encarnado, pois eles até já haviam visto uma imagem que ele usava em missão: "Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus Cristo Crucificado?" Gl 3,1
    Ora, nem mesmo o rosto dos anjos era um mistério a esse tempo, como se atestou quando Santo Estevão foi apresentado como um blasfemo perante o Sinédrio. O Livro de Atos dos Apóstolos narrou: "Nele fixando os olhos, todos membros do Grande Conselho viram seu rosto semelhante ao de um anjo." At 6,15


    Não por acaso, o próprio São Lucas pintou a primeira imagem de Nossa Senhora, intitulada de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cuja antiquíssima cópia vemos acima.
    Em crítica àqueles que seguiam exigindo a circuncisão, pois, São Paulo disse algo muito sério aos cristãos que fazem rasa leitura do Antigo Testamento, que àquele tempo chamavam de Lei: "Já estais separados de Cristo, vós que procurais a justificação pela Lei. Decaístes da Graça. Quanto a nós, é espiritualmente, da fé, que aguardamos a esperada Justiça." Gl 5,4-5
    Ele lembra que já vivemos o Ministério do Espírito Santo: "Depois de terdes começado pelo Espírito, quereis agora acabar pela carne?" Gl 3,3b
    Enfim, arremata: "Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a Lei." Gl 5,18
    E dá essa explicação à igreja de Corinto, dizendo o Ministério da Santa Igreja Católica: "Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser Ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal Glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face, embora transitório, quanto mais glorioso não será o Ministério do Espírito?" 2 Cor 3,5b-8
    Seus seguidores também exortam ao culto ao Deus Vivo, em detrimento do culto judeu, que não acolheu a Revelação em Cristo Senhor. Se tinham imagens baseadas em um modelo, hoje prestamos culto ao próprio Deus em Pessoa, que esteve entre nós: Jesus. Se cultuavam apenas sombras, hoje temos mais que sombras, mais que imagens, temos a própria Luz: "O culto que estes celebram é, aliás, apenas a imagem, sombra das celestiais realidades, como foi revelado a Moisés quando estava para construir o Tabernáculo: 'Olha, foi-lhe dito, faze todas coisas conforme o modelo que te foi mostrado no monte (Êx 25,40).'" Hb 8,5
    Para eles, que muito bem perceberam, o Antigo Testamento foi apenas uma imagem do que Jesus representaria: "A Lei, por ser apenas a sombra dos futuros bens, não sua expressão real, é de todo impotente para aperfeiçoar aqueles que assistem aos sacrifícios que indefinidamente se renovam cada ano." Hb 10,1
    Ora, o próprio Templo de Jerusalém era uma representação dos Céus"Se os meros símbolos das celestes realidades exigiam uma tal purificação, necessário tornava-se que as próprias celestiais realidades fossem purificadas por ainda superiores sacrifícios. Eis porque Cristo entrou, não em santuário feito por mãos de homens, que fosse apenas figura do Verdadeiro Santuário, mas no próprio Céu, para agora Se apresentar a nosso favor ante a face de Deus." Hb 9,23-24
    Aliás, o Templo era a representação do Corpo Místico de Cristo, que desde o Pentecostes é a própria Igreja Católica. Quando os líderes religiosos de Jerusalém Lhe perguntaram com que autoridade Ele expulsava os vendilhões do Templo... "Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e em três dias Eu reerguê-lo-ei.' Os judeus replicaram: 'Em quarenta e seis anos foi edificado este Templo, e Tu hás de levantá-lo em três dias?!' Mas Ele falava do Templo de Seu Corpo." Jo 2,19-21
    Enfim, São Paulo diz das práticas da Antiga Aliança, referindo-se tanto ao Corpo Místico de Cristo como ao Santíssimo Sacramento: "Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é o Corpo de Cristo." Cl 2,16-17


    São João Damasceno, que viveu entre 675 e 749, escreveu belíssimas reflexões sobre esse tema.

    "A todos saciai com Vossa Glória!"