quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Morrer em Cristo


    A Constituição Pastoral da Igreja 'Gaudium et Spes', termos em latim que significam Alegria e Esperança, diz: "É diante da morte que o enigma da condição humana atinge seu mais alto ponto." GS 18
    Toda vida terrena, portanto, está envolta nos insondáveis desígnios de Deus, e a morte é o mistério maior, o momento em o Criador 'desfaz' Sua mais amada obra.
    O Livro do Gênesis ensina que, antes mesmo de criar Eva, Deus teria advertido Adão ao colocá-lo no jardim do Paraíso: "Deu-lhe este preceito: 'Podes comer do fruto de todas árvores do jardim, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Porque no dia em que dele comeres, indubitavelmente morrerás.'" Gn 2,16-17
    Mas Eva, mesmo sendo informada por Adão sobre esse preceito, cedeu aos apelos da Serpente, que lhe disse: "Oh, não! Vós não morrereis!" Gn 3,4
    Ao descobrir a desobediência dos dois, pois Adão também comeu do fruto, oferecido por Eva, Deus sentenciou-o com a morte que o preceito anunciava: "Comerás teu pão com o suor de teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado. Porque és pó, e pó hás de tornar-te." Gn 3,19
    O Livro da Sabedoria, entretanto, viu não apenas o pecado da soberba de Eva e Adão, em querer conhecer do bem e do mal menosprezando os preceitos de Deus, mas também a culpa de outra de Suas criaturas: "É por inveja do Demônio que a morte entrou no mundo..." Sb 2,24
    De toda forma, o Livro dos Salmos canta: "É penoso para o Senhor ver morrer Seus fiéis." Sl 115,6
    E não só a morte dos fiéis. Deus mesmo disse nos apontamentos do Livro do Profeta Ezequiel: "'Terei Eu prazer com a morte do malvado?', Oráculo do Senhor Javé. 'Não desejo Eu, antes, que ele mude de proceder e viva?'" Ez 18,23
    A morte, em si, no Primeiro Livro de Crônicas, é descrita por Deus como um encontro com nossos antepassados. Ele diz ao rei Davi: "Quando teus dias se acabarem, e tiveres ido juntar-te a teus pais..." 1 Crô 17,4
    Ora, o sagrado autor do Livro da Sabedoria não via a morte como um fim, nem seu império sobre a Terra. Por ele, o Espírito Santo já prenunciava a excelência da divina justiça e a imortalidade, confirmada pela Boa Nova de Jesus: "Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não Lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a Salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da Terra, porque a justiça é imortal." Sb 1,13-15
    Ele já descrevia com luminosa inspiração o que de fato representa a morte dos justos: "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão mortos, aos olhos dos insensatos. Seu desenlace é julgado como uma desgraça, e sua morte como uma destruição, quando na verdade estão na Paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade, e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, os achou dignos de Si. Ele provou-os como ouro na fornalha, e acolheu-os como holocausto." Sb 3,1-6
    E pontualmente diz dos incrédulos: "... eles desconhecem os segredos de Deus, não esperam que a santidade seja recompensada e não acreditam na glorificação das puras almas. Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e fê-lo à imagem de Sua própria natureza." Sb 2,22-23
    Sempre nesse sentido, aconselha: "Não procureis a morte por uma desregrada vida, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Mas os ímpios chamam-na com o gesto e a voz. Crendo-a amiga, consomem-se de desejos e com ela fazem aliança. De fato, eles merecem ser sua presa." Sb 1,12.16
    Na Carta de São Paulo aos Romanos, com efeito, a principal causa da morte não foi a sedução da Serpente, mas, em reforço à condição de livre arbítrio, o pecado da desobediência: "Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo gênero humano, porque todos pecaram..." Rm 5,12
    E sintetiza: "Porque o salário do pecado é a morte..." Rm 6,23
    A Carta de São Tiago, mencionando a má propensão da carne, dá os detalhes: "A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado. E o pecado, uma vez consumado, gera a morte." Tg 1,15
    Mas a , que nos foi infundida pela Encarnação, Morte e Ressurreição de Cristo, conduz-nos à certeza da Vida Eterna, o que faz da morte carnal apenas mais uma fase de transição da verdadeira Vida que Deus nos dá. Aliás, para o cristão, a morte deve ser objeto de diária percepção, contemplação e meditação, seja por tantas vezes que vemos Cristo morrer nas pessoas de nossos irmãos, seja por vivenciarmos os sofrimentos causados pelas injustiças. A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios contrapõe aos desatinos da vida terrena a esperança: "Aquele que nos formou para este destino é Deus mesmo, que nos deu por penhor Seu Espírito. Por isso, estamos sempre cheios de confiança. Sabemos que todo tempo que passamos no corpo é um exílio longe do Senhor." 2 Cor 5,5-6
    E em últimas exortações, a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo afirma: "Porque nada trouxemos ao mundo, como tampouco nada poderemos levar." 1 Tm 6,7
    Segundo o Último Apóstolo, tudo devemos encarar tendo em vista a Ressurreição da Carne: "Não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia. Ali fomos desmedidamente maltratados, além das nossas forças, a ponto de termos perdido a esperança de sair com vida. Dentro de nós mesmos sentíamos a sentença da morte, para que aprendêssemos a pôr nossa confiança não em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos." 2 Cor 1,8-9
    E referindo-se à vida terrena, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios já havia arrematado: "Se é só para esta vida que temos colocado nossa esperança em Cristo, somos, de todos homens, os mais dignos de lástima." 1 Cor 15,19
    A Primeira Carta de São Pedro vai dizer o mesmo: "Por Ele (Jesus) tendes fé em Deus, que O ressuscitou dos mortos e glorificou, a fim de que vossa fé e vossa esperança se fixem em Deus." 1 Pd 1,21
    Assim também ensinam, na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo: "Corramos com perseverança ao proposto combate, com o olhar fixo no Autor e Consumador de nossa fé: Jesus. Em vez do gozo que se Lhe oferecera, Ele suportou a Cruz e está sentado à direita do trono de Deus. Atentamente considerai, pois, Aquele que tantas contrariedades sofreu dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo. Ainda não tendes resistido até o sangue na luta contra o pecado." Hb 12,1b-4
    Cabe-nos, pois, cumprir esse exílio sob as recomendações e os auxílios de Jesus, Nosso Salvador, que, em fazendo-Se igual a nós, também padeceu a morte para ensinar a incondicional obediência à vontade de Deus: "Assim Cristo também não Se atribuiu a Si mesmo a Glória de ser pontífice. Nos dias de Sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, Àquele que podia salvá-Lo da morte, e foi atendido pela Sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." Hb 5,5.7-8
    Justificando por este mesmo argumento a Vitória de Cristo, a Carta de São Paulo aos Filipenses recita o Hino Cristológico: "Sendo Ele de condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens. E sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-Se ainda mais, tornando-Se obediente até a morte, e morte de Cruz. Por isso, Deus soberanamente exaltou-O e outorgou-Lhe o Nome que está acima de todos nomes, para que ao Nome de Jesus se dobre todo joelho no Céu, na Terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a Glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor." Fl 2,6-11
    Pois se Deus não poupou Jesus da morte, Ele poupou-O da deterioração da carne através da Ressurreição, como havia profetizado o salmista, figurando o próprio Cristo em oração a Deus Pai: "Por isso, alegra-se Meu Coração e exulta Minha alma! Até Meu Corpo descansará seguro, porque Vós não abandonareis Minha alma na habitação dos mortos, nem permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção." Sl 15,9-10
    Nosso Senhor, portanto, para que Se tornasse um perfeito modelo para nós, além de todos suplícios também teve que passar pela morte, o que aceitou como a vontade de Deus. Da redação do Evangelho segundo São Mateus temos que, no Horto das Oliveiras, pouco antes do início de Sua Paixão, Ele rezou: "Meu Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice! Todavia não se faça o que Eu quero, mas sim o que Tu queres." Mt 26,39
    E morte de momentos de grande agonia, a ponto de ressentir-Se, e profundamente, de tão brutal flagelação que sofreria. A instantes de ser preso, Ele disse a São Pedro, São Tiago Maior e São João Apóstolo: "Minha alma está triste até a morte." Mt 26,38
    Experimentou, de fato, a mais frágil condição humana quando foi crucificado, como o Evangelho segundo São Marcos relatou: "E à hora nona, Jesus bradou em alta voz: 'Elói, Elói, lammá sabactáni?', que quer dizer: 'Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste? (Sl 22,2)'" Mc 15,34
    Contudo, a morte em si, para Ele, é apenas a volta ao Pai. É versículo do Evangelho segundo São João: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara Sua hora de passar deste mundo ao Pai..." Jo 13,1a
    Ele mesmo entregava-Se, pois havia algum tempo que os líderes dos judeus faziam planos para matá-Lo: "O Pai ama-Me porque dou Minha Vida para retomá-la. Ninguém a tira de Mim, mas dou-a de Mim mesmo, pois tenho poder para dá-la como tenho poder para reassumi-la. Tal é a ordem que recebi de Meu Pai." Jo 10,17-18
    E após Sua passagem entre nós, e pelo anúncio da Salvação através da Santa Cruz, já temos a certeza do imediato resgate de nossas almas. Com a chegada da 'Salvação' (Jesus) aos Céus, no Livro do Apocalipse de São João ficou registrado: "Eu ouvi uma voz do Céu, que dizia: 'Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim', diz o Espírito, 'descansem de seus trabalhos, porque suas obras os seguem.'" Ap 14,13
    Ora, 200 anos antes, o Livro do Eclesiástico já garantia: "Quem teme o Senhor, sentir-se-á bem no derradeiro instante, no dia da morte será abençoado." Eclo 1,13
    O próprio Jesus advertiu Seus seguidores, depois que escolheu os Doze Apóstolos: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." Mt 10,28
    E exortava-nos a buscá-Lo, como disse aos judeus em Jerusalém: "Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. Por isso, disse-vos: morrereis em vosso pecado. Porque se não crerdes que EU SOU, morrereis em vosso pecado." Jo 8,23-24


"VIVER É CRISTO"

    Por isso, para que morramos para a desobediência e definitivamente ressuscitemos com Jesus, em Seu Nome somos batizados. São Paulo questiona os romanos: "Ou ignorais que todos aqueles que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados em Sua morte? Com Ele, pois, fomos sepultados em Sua morte pelo Batismo, para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela Glória do Pai, assim nós também vivamos uma Nova Vida. Se com Ele fomos feitos o mesmo ser, por uma morte semelhante à Sua, igualmente sê-lo-emos por uma comum Ressurreição. Ora, se morremos com Cristo, cremos que com Ele também viveremos, pois sabemos que Cristo, tendo ressurgido dos mortos, já não morre, nem a morte terá mais domínio sobre Ele." Rm 6,3-5.8-9
    E exaltando a grande Dádiva do Pai que é o Espírito Santo, o Último Apóstolo definitivamente rompe com a carne e adianta-se à morte: "Aqueles que vivem segundo a carne, gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito, apreciam as coisas que são do Espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a Vida e a Paz. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o espírito vive pela justificação." Rm 8,5-6.9-10
    Esse é o sentido de ser cristão, como ele pregava aos coríntios: "Sempre trazemos em nosso corpo os traços da Morte de Jesus, para que a Vida de Jesus também se manifeste em nosso corpo. Embora estando vivos, a toda hora somos entregues à morte por causa de Jesus, para que a Vida de Jesus também apareça em nossa carne mortal." 2 Cor 4,10-11
    Disse mais aos romanos: "Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor." Rm 14,7-8
    Na Carta de São Paulo aos os Colossenses, lembrando a recomendação de Jesus para renegar-se a si mesmo (cf. Mt 16,24), ele expressamente diz: "Porque estais mortos e vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus." Cl 3,3
    Sem dúvida, falando do Santíssimo Sacramento, o próprio Senhor ensinou ainda na sinagoga de Cafarnaum, dias depois que multiplicou pães e peixes: "Assim como vive o Pai que Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, aquele que comer Minha Carne também viverá por Mim." Jo 6,57
    Nisso constitui-se a Santa Missa, ainda segundo o Apóstolo dos Gentios: "Eu exorto-vos, pois, irmãos, pelas Misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em vivo, santo e agradável sacrifício a Deus: é este vosso culto espiritual. Não relaxeis vosso zelo. Sede fervorosos de espírito. Servi ao Senhor." Rm 12,1.11
    Essa é nossa Exaltação da Santa Cruz, como se lê na Carta de São Paulo aos Gálatas: "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me. A não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." Gl 6,14
    Essa é nossa unção pelo Divino Paráclito: "Pois aqueles que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, também andemos de acordo com o Espírito." Gl 5,24-25
    De tanto conhecer a realidade desse mundo e aspirar os celestiais tesouros, este Apóstolo diz logo em primeiras linhas na missiva aos cristãos da cidade de Filipos: "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro." Fl 1,21
    Sem fazer nenhum caso de sua vida carnal, pois estava mais uma vez na prisão, ele, mostrando total desapego e destemor, via apenas um sentido em estar vivo: sua missão entre nós: "... por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo, o que seria imensamente melhor. Mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós..." Fl 1,23
    Em postura de autêntico membro do Corpo Místico de Cristo, professou: "Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado em meu corpo (tenho toda certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte." Fl 1,20
    Assim, recordando os sofrimentos dos justos e da vida oferecida em fidelidade a Cristo, a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo fala com fé na Vida Eterna: "Eis uma verdade absolutamente certa: se com Ele morrermos, com Ele viveremos." 2 Tm 2,11
    Consolava, então, a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: "Irmãos, não queremos que ignoreis coisa alguma a respeito dos mortos, para que não vos entristeçais, como os outros homens que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, também cremos que Deus levará com Jesus os que n'Ele morreram." 1 Ts 4,13-14
    Faz uma revelação sobre o Grande Dia: "Quando for dado o sinal, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do Céu, e aqueles que morreram em Cristo ressurgirão primeiro." 1 Ts 4,16
    E de tão ansioso pelo Reino de Deus, escrevendo aos da igreja de Corinto nem lembra da inevitável passagem pela morte: "Mas estamos cheios de confiança e preferimos deixar a moradia de nosso corpo, para ir morar junto ao Senhor." 2 Cor 5,8
    Ele explicita: "Sabemos, com efeito, que ao desfazer-se a tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma eterna habitação no Céu. E assim suspiramos e anelamos ser sobrevestidos de nossa celeste habitação... Pois enquanto permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos. Desejamos ser não despojados, mas revestidos com uma nova veste por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela Vida. Também é por isso que, vivos ou mortos, esforçamo-nos por agradar-lhe, porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo." 2 Cor 5,1-2.4.9-10
    Pelo modo como consumia seus dias, ele revelou o que verdadeira e piedosamente significa aprofundar-se nos ensinamentos e nos mistérios de Jesus: "É assim que eu conheço Cristo, a força de Sua Ressurreição e a Comunhão com Seus sofrimentos: tornando-me semelhante a Ele em Sua morte, para ver se chego até a Ressurreição dentre os mortos." Fl 3,10-11
    E assim se prontificava, como disse na casa de São Filipe Diácono, numa inconsciente despedida dos cristão de Cesareia, pois seria preso na Cidade Santa, para onde se dirigia. Está escrito no Livro dos Atos dos Apóstolos: "Pois eu estou pronto não só a ser preso, mas também a morrer em Jerusalém pelo Nome do Senhor Jesus." At 21,13b
    Absolutamente convicto da ostensiva vinda do Reino de Deus, ele compartilhou mais uma revelação: "O último inimigo a derrotar será a morte..." 1 Cor 15,26
    É uma antiga promessa registrada no Livro do Profeta Isaías, que apontava para o Monte Sião, em Jerusalém: "Nesse monte, Deus tirará o véu que vela todos povos, a cortina que recobre todas nações, e para sempre fará desaparecer a morte." Is 25,7-8a
    O próprio Jesus disse a São João Evangelista, em meio às visões que este Apóstolo registrou: "Pois estive morto, e eis-Me de novo, vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos." Ap 1,18
    Assim confortados pelo Espírito de Deus, ao rezarmos a Ave Maria, contando com Seus diligentíssimos cuidados de mãe, nós pedimos sua especial proteção para enfrentarmos esse crucial momento: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém."

    "Fazei de nós um sacrifício de louvor!"