No Evangelho segundo São Lucas, a poucos dias de Sua Paixão e respondendo em Jerusalém a uma provocação dos saduceus, que não acreditavam na Ressurreição dos Mortos, Jesus disse: "Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Porque para Ele todos vivem." Lc 20,38
E como afirmou o sacerdote Zacarias no dia do Nascimento de São João Batista, de quem era pai, a Missão de Jesus é resgatar almas, evitando que sejam levadas pelo Mal maior: "... graças à ternura e Misericórdia de Nosso Deus, que do alto vai trazer-nos a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir nossos passos no caminho da Paz." Lc 1,79De fato, no Evangelho segundo São João, Nosso Senhor mesmo publicamente anunciou no Templo de Jerusalém após a Festa das Tendas, quando os judeus já procuravam matá-Lo: "Eu sou a Luz do mundo. Aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a Luz da Vida." Jo 8,12
E como prometeu aos Apóstolos momentos depois da Santa Ceia, Ele concede Sua Paz à Igreja, ou seja, às almas de Seus seguidores: "Deixo-vos a Paz, dou-vos Minha Paz. A Paz que vos dou não é a paz que o mundo dá. Não fiqueis perturbados nem tenhais medo." Jo 14,27
A Luz da Vida e Sua Paz, portanto, são indeléveis sinais do Céus, da Vida Eterna, como Nosso Salvador pregou antes da Festa da Dedicação, na qual os religiosos de Jerusalém se conjuraram por Sua morte: "Eu vim para que todos tenham Vida, e tenham-na em abundância." Jo 10,10
E àqueles que guardam Sua Palavra e a fé, Ele havia garantido, por ocasião de Sua segunda festa na Cidade Santa em vida pública, que sem sobressaltos passariam dessa vida para a eternidade: "... quem ouve Minha Palavra e crê n'Aquele que Me enviou, tem a Vida Eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a Vida." Jo 5,24
Disse-o ainda mais claro, quando acusou os líderes religiosos de terem o Demônio como pai, e não Abraão, exatamente por não ouvirem a Palavra de Deus: "... se alguém guardar Minha Palavra, jamais verá a morte." Jo 8,51
A perspectiva da vida eterna já se vislumbrava no Antigo Testamento, como vemos no Livro da Sabedoria: "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão mortos, aos olhos dos insensatos. Seu desenlace é julgado como uma desgraça e sua morte como uma destruição, quando na Verdade estão na Paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade, e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, os achou dignos de Si. Ele provou-os como ouro na fornalha, e acolheu-os como holocausto." Sb 3,1-6
Pois a verdadeira morte é a eterna condenação, o que não ocorrerá aos que Lhe obedecem, como Jesus mesmo assegurou nas revelações do Livro do Apocalipse de São João. Note-se, aí Ele também pede que todo fiel não deixe de ouvir suas dioceses, pelas quais o Divino Paráclito fala: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: 'O vencedor não sofrerá dano algum da segunda morte.'" Ap 2,11
Ora, Ele avisou com todas letras ao escolher os Doze Apóstolos, na cronologia do Evangelho segundo São Mateus, enquanto preparava todos discípulos para o verdadeiro testemunho. De fato, dizia da imortalidade da alma e da condenação de ressuscitados: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Àquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." Mt 10,28
A perspectiva da vida eterna já se vislumbrava no Antigo Testamento, como vemos no Livro da Sabedoria: "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento os tocará. Aparentemente estão mortos, aos olhos dos insensatos. Seu desenlace é julgado como uma desgraça e sua morte como uma destruição, quando na Verdade estão na Paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade, e por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, os achou dignos de Si. Ele provou-os como ouro na fornalha, e acolheu-os como holocausto." Sb 3,1-6
Pois a verdadeira morte é a eterna condenação, o que não ocorrerá aos que Lhe obedecem, como Jesus mesmo assegurou nas revelações do Livro do Apocalipse de São João. Note-se, aí Ele também pede que todo fiel não deixe de ouvir suas dioceses, pelas quais o Divino Paráclito fala: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: 'O vencedor não sofrerá dano algum da segunda morte.'" Ap 2,11
Ora, Ele avisou com todas letras ao escolher os Doze Apóstolos, na cronologia do Evangelho segundo São Mateus, enquanto preparava todos discípulos para o verdadeiro testemunho. De fato, dizia da imortalidade da alma e da condenação de ressuscitados: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Àquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." Mt 10,28
A MORTE
Como a Carta de São Paulo aos Romanos ensina sobre a Salvação, a morte entrou no mundo pelo pecado, mas através de Jesus veio infinitamente mais: a Divina Graça: "Por isso, como por um só homem entrou no mundo o pecado, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo gênero humano, porque todos pecaram... Mas o dom da Graça não se compara com o pecado. Pois se a falta de um só causou a morte de todos, com muito mais razão o dom de Deus e o benefício da Graça, obtida por um só homem, Jesus Cristo, foram copiosamente concedidos a todos. Assim como o pecado reinou para a morte, agora reina a Graça para a Vida Eterna, por meio de Jesus Cristo, Nosso Senhor." Rm 5,12.15.21
Ora, em si mesmo o Batismo já significa a morte da carne. Ele segue: "Ou ignorais que todos que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados em Sua morte? Fomos, pois, sepultados com Ele em Sua morte pelo Batismo, para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela Glória do Pai, nós também vivamos uma nova vida." Rm 6,3-4
Mas igualmente significa Ressurreição, como a Carta de São Paulo aos Colossenses explica em exortação: "Mortos com Ele no Batismo, com Ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos." Cl 1,12
Pois pelo Batismo já recebemos o Espírito de Deus. Discorrendo sobre a infinita bondade de Deus, a Carta de São Paulo a São Tito afirma: "... Ele salvou-nos mediante o Batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo que em profusão nos foi concedido por meio de Cristo, Nosso Salvador..." Tt 3,5b-6
Com efeito, ele pregava aos da igreja de Roma: "... as aspirações da carne levam à morte, e as aspirações do espírito levam à Vida e à Paz. Pois se viverdes segundo a carne, morrereis. Mas se pelo espírito matardes o carnal procedimento, então vivereis." Rm 8,6.13
Assim, para que sejamos herdeiros do Reino dos Céus e não decaiamos da Graça, o Último Apóstolo diz-lhes que humildemente devemos abraçar a obediência a Deus: "Não sabeis que, quando vos ofereceis a alguém para obedecer-lhe, sois escravos daquele a quem obedeceis. Quer seja do pecado para a morte, quer da obediência para a justiça?" Rm 6,16
E se a vida de um cristão parece muito cheia de restrições, a Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios pondera: "De fato, a tristeza segundo Deus produz um salutar arrependimento, do qual ninguém se lamentará, enquanto a tristeza do mundo produz a morte." 2 Cor 7,10
Porque é através do sincero arrependimento que Jesus redime o mundo. Esse é o eloquente testemunho dado por São Pedro perante o Sinédrio, após ser preso com os Onze, nos relatos do Livro dos Atos dos Apóstolos: "Deus elevou-O pela mão direita como Príncipe e Salvador, a fim de dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados." At 5,31
E só assim, através do ministério de Sua Igreja, somos realmente libertos. Pois Jesus alertava aos judeus que se vangloriavam pelo simples fato de serem descendentes de Abraão: "Respondeu Jesus: 'Em Verdade, em Verdade, digo-vos: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Portanto, se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.'" Jo 8,34.36
O arrependimento, pois, que se concretiza pelo cumprimento da penitência atribuída pelo Sacerdote durante o Sacramento da Confissão, é a primeira parte da doutrina da Boa Nova anunciada por Cristo, precisamente as primeiras palavras de Seu ministério: "Desde então Jesus começou a pregar: 'Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo.'" Mt 4,17
E como a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo afirma em linhas iniciais, foi pelo anúncio do Evangelho que Ele destruiu a morte: "... Nosso Salvador Jesus Cristo, que destruiu a morte e suscitou a Vida e a imortalidade pelo Evangelho..." 2 Tm 1,10
Ora, Jesus claramente anunciou aos fariseus em Jerusalém que não está sujeito à morte: "O Pai ama-Me, porque dou Minha Vida para retomá-la. Ninguém a tira de Mim, mas dou-a de Mim mesmo porque tenho poder para dá-la, como tenho poder para reassumi-la. Tal é a ordem que recebi de Meu Pai." Jo 10,17-18
E se o medo da morte pode escravizar-nos, como encorajamento temos Seu exemplo, que venceu mesmo vivendo carnalmente, resistindo ao pecado. Assim Ele destruiu a obra de Satanás, mostrando que também nós, com os auxílios de Deus, podemos vencer o pecado que leva à morte. Os seguidores da tradição de São Paulo escreveram na Carta aos Hebreus: "Se os filhos participam da natureza da carne e do sangue, Ele também participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o Demônio, e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda vida sujeitos a uma verdadeira escravidão." Hb 2,9.14-15
A Paixão de Jesus, portanto, conforme a Antiga Aliança, também foi um sacrifício. E com ela, o Cristo expiou, de uma vez por todas, os pecados da humanidade. Eles avançam: "Por isso, Ele é mediador do Novo Testamento. Por Sua morte expiou os pecados cometidos no decorrer do Primeiro Testamento, para que os eleitos recebam a eterna herança que lhes foi prometida." Hb 9,15
E assim Ele nos revelou que o amor é o caminho da Vida Eterna. Na Primeira Carta de São João, está escrita essa simples frase, mas profundamente inspirada: "Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a Vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama, permanece na morte." 1 Jo 3,14
De fato, ele também nos lembra dos mortais pecados, dos quais já devemos estar longe na hora de nossa passagem: "Há pecado que é para morte..." 1 Jo 5,16
Embora nem todo pecado nos condene diretamente ao inferno, ainda segundo o Amado Discípulo: "... mas há pecado que não leva à morte." 1 Jo 5,17
O Apóstolo dos Gentios, pois, questionando a pregressa vida dos romanos e falando de incisivo modo, chega a constrangê-los: "Que frutos produzíeis, então? Frutos dos quais agora vos envergonhais! O fim desses frutos é a morte. Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a Vida Eterna em Cristo Jesus, Nosso Senhor." Rm 6,20-21.23
E inspirado pelo Espírito Consolador, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios traz esta revelação: "O último inimigo a derrotar será a morte..." 1 Cor 15,26
Mas antes mesmo do cumprimento dos tempos, ele compraz-se com a Vitória de Cristo, citando passagens do Livro do Profeta Isaías e do Livro do Profeta Oseias: "A morte foi tragada pela Vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão (Os 13,14)?" 1 Cor 15,55
De fato, nas revelações que fez ao então idoso São João Apóstolo, Jesus confirma o poder que Ele tem sobre a morte e o Purgatório: "Pois estive morto, e eis-Me de novo vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos." Ap 1,18
E que, por castigo, a morte não estará acessível aos que sofrerão a Grande Tribulação, como nosso Apóstolo anotou: "Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a conseguirão, desejarão morrer, e a morte fugirá deles." Ap 9,6
Mas os que morrem em perfeita amizade com Cristo têm suas almas imediatamente levadas aos Céus, onde notoriamente podem interceder, embora lhes seja dito que os martírios vão continuar. Também é de suas narrativas: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da terra?' Então a cada um deles foi dada uma branca veste e lhes foi dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que com eles estavam para ser mortos." Ap 6,9-11
Eles não temem o Juízo Final, pois são Santos e já experimentam o Reino de Deus, o que se depreende das últimas revelações: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,6
A segunda morte, ou a geena de que Jesus fala, é o definitivo inferno, onde se fará sentir a ausência de Deus. Vem na sequência: "O mar restituiu os mortos que nele estavam. Do mesmo modo, a morte e a subterrânea morada. Cada um foi julgado segundo suas obras. A morte e a subterrânea morada foram lançadas no lago de fogo. A segunda morte é esta: o lago de fogo." Ap 20,13-14
E ao fim de tudo, Deus recriará o Universo. É do início do penúltimo capítulo: "Vi, então, um novo Céu e uma nova Terra, pois o primeiro Céu e a primeira Terra desapareceram, e o mar já não existia. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,1.3-4
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
Todavia, por enquanto devemos rezar por nós mesmos e pelas almas do Purgatório, pois, como a Primeira Carta de São Pedro informa, todos nós vamos prestar "... conta Àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos. Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos. Para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." 1 Pd 4,5-6
Porque toda obra será provada, e assim toda vida que não se mostrar plenamente tocada pelo amor de Deus terá que ser purificada pelo fogo. São Paulo ensina: "... a obra de cada um aparecerá. O Dia do Julgamento demonstrá-lo-á, será descoberto pelo fogo. O fogo provará o que vale o trabalho de cada um: se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa; se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém de alguma maneira passando através do fogo." 1 Cor 3,11-15
De fato, e diferentemente do Juízo Final, o Juízo Particular dá-se imediatamente após a morte: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o Juízo..." Hb 9,27
E quando os fariseus Lhe acusaram de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, Jesus enfaticamente falou em duas oportunidades para que se receba o perdão, sinalizando que há dois Julgamentos, ao referir-Se ao mortal pecado da blasfêmia, se não acompanhado do devido arrependimento. Aí não haverá automática Redenção, aquela que é exclusivamente dada pela Divina Misericórdia: "Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem, será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no vindouro." Mt 12,32
Mesmo os mortos, portanto, se n'Ele crerem, lá onde estiverem viverão, pois Ele é a própria Ressurreição, o poder de dar a Vida, pois o afirmou instantes antes de ressuscitar São Lázaro: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11,25
São Paulo, nesse sentido, diz: "Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto ao Senhor. É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos em agradar-Lhe. Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo." 2 Cor 5,8-10
Doutrinariamente, o rito de rezar pelos mortos já havia sido inspirado pelo Divino Paráclito antes da Vinda do Cristo. O Segundo Livro de Macabeus, por flagrante incoerência rejeitado por alguns, registra esta piedosa obra de Judas Macabeus, líder de Israel em revolta religiosa, política e militar que resultou na expulsão final dos gregos: "Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados. Belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na Ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, por eles teria sido vão e supérfluo rezar." 2 Mc 12,44-45
E a Santa Igreja celebra a Santa Missa pelas almas do Purgatório desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, presidente de dois concílios da Igreja, registrou este culto no século VII. E em 998, Santo Odilo, abade beneditino, instituiu em todos conventos da Ordem o dia de 'Todas as Almas', sábia e espontaneamente já celebrado pelo povo no dia seguinte ao de 'Todos os Santos'.
Em 1311, o Bispado de Roma incluiu no calendário litúrgico o 2 de novembro como dia de 'Todos os Finados', embora só em 1915 o Papa Bento XIV o tenha oficialmente decretado.
"Concedei-lhes, ó Senhor, a Luz Eterna!"
E assim Ele nos revelou que o amor é o caminho da Vida Eterna. Na Primeira Carta de São João, está escrita essa simples frase, mas profundamente inspirada: "Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a Vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama, permanece na morte." 1 Jo 3,14
De fato, ele também nos lembra dos mortais pecados, dos quais já devemos estar longe na hora de nossa passagem: "Há pecado que é para morte..." 1 Jo 5,16
Embora nem todo pecado nos condene diretamente ao inferno, ainda segundo o Amado Discípulo: "... mas há pecado que não leva à morte." 1 Jo 5,17
O Apóstolo dos Gentios, pois, questionando a pregressa vida dos romanos e falando de incisivo modo, chega a constrangê-los: "Que frutos produzíeis, então? Frutos dos quais agora vos envergonhais! O fim desses frutos é a morte. Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a Vida Eterna em Cristo Jesus, Nosso Senhor." Rm 6,20-21.23
E inspirado pelo Espírito Consolador, a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios traz esta revelação: "O último inimigo a derrotar será a morte..." 1 Cor 15,26
Mas antes mesmo do cumprimento dos tempos, ele compraz-se com a Vitória de Cristo, citando passagens do Livro do Profeta Isaías e do Livro do Profeta Oseias: "A morte foi tragada pela Vitória (Is 25,8). Onde está, ó morte, tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão (Os 13,14)?" 1 Cor 15,55
De fato, nas revelações que fez ao então idoso São João Apóstolo, Jesus confirma o poder que Ele tem sobre a morte e o Purgatório: "Pois estive morto, e eis-Me de novo vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos." Ap 1,18
E que, por castigo, a morte não estará acessível aos que sofrerão a Grande Tribulação, como nosso Apóstolo anotou: "Naqueles dias, os homens buscarão a morte e não a conseguirão, desejarão morrer, e a morte fugirá deles." Ap 9,6
Mas os que morrem em perfeita amizade com Cristo têm suas almas imediatamente levadas aos Céus, onde notoriamente podem interceder, embora lhes seja dito que os martírios vão continuar. Também é de suas narrativas: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da terra?' Então a cada um deles foi dada uma branca veste e lhes foi dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que com eles estavam para ser mortos." Ap 6,9-11
Eles não temem o Juízo Final, pois são Santos e já experimentam o Reino de Deus, o que se depreende das últimas revelações: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,6
A segunda morte, ou a geena de que Jesus fala, é o definitivo inferno, onde se fará sentir a ausência de Deus. Vem na sequência: "O mar restituiu os mortos que nele estavam. Do mesmo modo, a morte e a subterrânea morada. Cada um foi julgado segundo suas obras. A morte e a subterrânea morada foram lançadas no lago de fogo. A segunda morte é esta: o lago de fogo." Ap 20,13-14
E ao fim de tudo, Deus recriará o Universo. É do início do penúltimo capítulo: "Vi, então, um novo Céu e uma nova Terra, pois o primeiro Céu e a primeira Terra desapareceram, e o mar já não existia. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,1.3-4
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
Todavia, por enquanto devemos rezar por nós mesmos e pelas almas do Purgatório, pois, como a Primeira Carta de São Pedro informa, todos nós vamos prestar "... conta Àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos. Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos. Para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." 1 Pd 4,5-6
Porque toda obra será provada, e assim toda vida que não se mostrar plenamente tocada pelo amor de Deus terá que ser purificada pelo fogo. São Paulo ensina: "... a obra de cada um aparecerá. O Dia do Julgamento demonstrá-lo-á, será descoberto pelo fogo. O fogo provará o que vale o trabalho de cada um: se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa; se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém de alguma maneira passando através do fogo." 1 Cor 3,11-15
De fato, e diferentemente do Juízo Final, o Juízo Particular dá-se imediatamente após a morte: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o Juízo..." Hb 9,27
E quando os fariseus Lhe acusaram de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, Jesus enfaticamente falou em duas oportunidades para que se receba o perdão, sinalizando que há dois Julgamentos, ao referir-Se ao mortal pecado da blasfêmia, se não acompanhado do devido arrependimento. Aí não haverá automática Redenção, aquela que é exclusivamente dada pela Divina Misericórdia: "Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem, será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no vindouro." Mt 12,32
Mesmo os mortos, portanto, se n'Ele crerem, lá onde estiverem viverão, pois Ele é a própria Ressurreição, o poder de dar a Vida, pois o afirmou instantes antes de ressuscitar São Lázaro: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11,25
São Paulo, nesse sentido, diz: "Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto ao Senhor. É também por isso que, vivos ou mortos, nos esforçamos em agradar-Lhe. Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo." 2 Cor 5,8-10
Doutrinariamente, o rito de rezar pelos mortos já havia sido inspirado pelo Divino Paráclito antes da Vinda do Cristo. O Segundo Livro de Macabeus, por flagrante incoerência rejeitado por alguns, registra esta piedosa obra de Judas Macabeus, líder de Israel em revolta religiosa, política e militar que resultou na expulsão final dos gregos: "Em seguida, fez uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados. Belo e santo modo de agir, decorrente de sua crença na Ressurreição, porque, se ele não julgasse que os mortos ressuscitariam, por eles teria sido vão e supérfluo rezar." 2 Mc 12,44-45
E a Santa Igreja celebra a Santa Missa pelas almas do Purgatório desde o século V. Santo Isidoro de Sevilha, presidente de dois concílios da Igreja, registrou este culto no século VII. E em 998, Santo Odilo, abade beneditino, instituiu em todos conventos da Ordem o dia de 'Todas as Almas', sábia e espontaneamente já celebrado pelo povo no dia seguinte ao de 'Todos os Santos'.
Em 1311, o Bispado de Roma incluiu no calendário litúrgico o 2 de novembro como dia de 'Todos os Finados', embora só em 1915 o Papa Bento XIV o tenha oficialmente decretado.
"Concedei-lhes, ó Senhor, a Luz Eterna!"