Uma das mais antigas e populares devoções da Santa Igreja Católica é voltada a um alto e viril homem, que, antes de tornar-se um virtuoso pregador da Salvação, ajudava as pessoas a atravessar um rio de forte correnteza.
Era filho de um rei pagão que vivia em Canaã, deu-lhe o nome de Réprobo e dedicou-o ao deus Apolo. Quando cresceu, porém, ele revoltou-se contra as injustiças do mundo, inclusive as do próprio pai, e começou a levar uma vida de andarilho. Por sua estatura e força era respeitado, temido e até assediado por vários reis que o queriam como guerreiro ou em sua guarda pessoal, o que ele algumas vezes aceitou, mas, por seu sincero coração, não conseguia encontrar Paz como serviçal de ambiciosa e inescrupulosa gente.
Nesses tempos, numa de suas bravatas de brutamonte recém-saído da juventude, jurou para si e para o mundo que só serviria a quem fosse realmente mais forte que ele. Por malícia, alguns homens desprovidos da Graça de Deus sugeriram-lhe servir ao Diabo, e ele, levado por orgulho para honrar sua palavra, de pronto aceitou. Mas tão logo um anjo do mal lhe apareceu e o encaminhava para a primeira tarefa, Réprobo, por sua acurada lucidez, observou que ele tinha medo da Cruz, pois rapidamente se desviava do caminho sempre que encontrava alguma.
Então quis conhecer o Evangelho e acabou decidindo-se por servir a Cristo, que havia enfrentado a terrível Morte na Cruz para salvar a humanidade. Para ainda mais O conhecer, foi ao encontro de um sábio e eremita cristão que lhe ensinou a mais pura forma de servir a Deus, através da constante prática da oração, da penitência e da caridade. Depois de alguns dias de ascese, porém, ainda irrequieto, Réprobo abandonou as orações e os jejuns, mas mostrando a mesma pureza de coração, ao salvar uma pessoa que se afogava, sentiu a melhor e mais profunda sensação de toda sua vida. E ficou morando à beira desse perigoso rio de Lícia, uma região centro-sul de atual Turquia, ajudando moradores locais e viajantes a atravessá-lo.
Um dia, quando carregava um Menino ao ombro, percebeu que Seu peso ia aumentando, e muito, à medida que entrava no rio. Num gracejo, disse ao Menino que se sentia como se estivesse levando o mundo nos ombros, quando Ele lhe respondeu: "Tu não estás carregando o mundo, mas o Criador do mundo!" Era o Menino Jesus, e a mensagem que lhe dava era precisa: mesmo depois de abandonar as orações e as penitências, seguia com a alma agitada por recusar-se a carregar sobre si os pecados do mundo, como fez Jesus e lhe ensinou o eremita cristão.
A partir daquele momento, por tão clara revelação, Réprobo viu que não havia mais como se furtar a essa obrigação.
Ao relatar esse fato ao eremita, que logo o divulgou entre as pessoas mais próximas, passou a ser conhecido como Cristóvão, do grego Cristóforo, que significa 'aquele que carrega Cristo'. E ao aprofundar-se no conhecimento das Escrituras, revelando brilhante inteligência, tornou-se um grande pregador. Vendo que essa ajuda espiritual era muito mais importante, pois não salvava apenas vidas, mas almas, deixou o rio para peregrinar e anunciar o Evangelho nas cidades da Palestina.
Um dia, quando carregava um Menino ao ombro, percebeu que Seu peso ia aumentando, e muito, à medida que entrava no rio. Num gracejo, disse ao Menino que se sentia como se estivesse levando o mundo nos ombros, quando Ele lhe respondeu: "Tu não estás carregando o mundo, mas o Criador do mundo!" Era o Menino Jesus, e a mensagem que lhe dava era precisa: mesmo depois de abandonar as orações e as penitências, seguia com a alma agitada por recusar-se a carregar sobre si os pecados do mundo, como fez Jesus e lhe ensinou o eremita cristão.
A partir daquele momento, por tão clara revelação, Réprobo viu que não havia mais como se furtar a essa obrigação.
Ao relatar esse fato ao eremita, que logo o divulgou entre as pessoas mais próximas, passou a ser conhecido como Cristóvão, do grego Cristóforo, que significa 'aquele que carrega Cristo'. E ao aprofundar-se no conhecimento das Escrituras, revelando brilhante inteligência, tornou-se um grande pregador. Vendo que essa ajuda espiritual era muito mais importante, pois não salvava apenas vidas, mas almas, deixou o rio para peregrinar e anunciar o Evangelho nas cidades da Palestina.
Eram anos de intensa perseguição aos cristãos, entretanto São Cristóvão seguia destemido e levantava a voz nas praças públicas, onde era ouvido por grandes multidões e, graças a sua franqueza e a inspiração do Espírito Santo (cf. 1 Ts 1,5), convertia muita gente.
No ano de 250, contudo, de volta a Lícia, foi preso por um centurião de Décio, o imperador romano. Porém não foi fácil dominá-lo: os primeiros soldados foram repelidos com tamanha força que precisaram de quase 40 homens para acorrentá-lo.
No ano de 250, contudo, de volta a Lícia, foi preso por um centurião de Décio, o imperador romano. Porém não foi fácil dominá-lo: os primeiros soldados foram repelidos com tamanha força que precisaram de quase 40 homens para acorrentá-lo.
Preso, mas sem acreditar que se tratava de um religioso, os soldados puseram duas mulheres, Nicetas e Aquilina, em sua cela para que o seduzissem. Com palavras e muita fé, no entanto, ele conseguiu tocar seus corações e fez com que abandonassem a prostituição, convertendo-as e batizando-as.
Surpreso com sua história, o governador da importante cidade de Antioquia, hoje também em terras ao sudoeste de Turquia, fronteira com Síria, ordenou que São Cristóvão fosse violentamente supliciado até renegar o Cristianismo. E assim ele foi chicoteado, alvejado com flechas nos braços e nas pernas, teve sua pele queimada, mas seguia resistindo com bravura e professando em alta voz seu amor a Cristo. Ao saber de sua tenaz resistência, o governador, sentindo-se ultrajado, ordenou que ele fosse decapitado.
Algumas décadas mais tarde, seus restos mortais foram levados para Egito, mais precisamente para Alexandria, a pedido do Arcebispo Pedro I, seu grande admirador. Com o passar do tempo, porém, elas foram confundidas com as relíquias de São Menas, o que fez com que fossem esquecidas durante muito tempo. E assim, deslocadas de seu lugar de origem, e também por ser tão pitoresca, sua história quase desapareceu no próprio meio eclesiástico. Mas a devoção popular, sempre agradecida por frequentes graças e milagres alcançados através de sua intercessão (cf. Ap 6,10), generosamente tratou de cultuar e divulgar sua memória através dos séculos.
É um dos 14 Santos Auxiliares, junto à Santa Catarina de Alexandria, Santa Bárbara, Santo Egídio, Santa Margarida, São Jorge, São Pantaleão, São Vito, Santo Erasmo, São Brás, Santo Eustáquio, Santo Acácio, São Dionísio e São Ciríaco, aqueles a quem se clama em casos de graves doenças, por serem os grandes socorristas dos mais pobres. Contudo, por algumas associações com mitos pagãos, o clero em Inglaterra e em Alemanha muito relutou em aceitá-lo durante a Idade Média. Mas em seguida tornou-se padroeiro de muitas cidades pelo mundo, inclusive em Alemanha, como Baden, Brunswick e Mecklemburgo. E é o Santo que mais tem murais em Inglaterra. Ao todo, 183 pinturas, estátuas e outras representações. Número menor apenas que as imagens de Maria Santíssima.
Muito evocado pelos séculos durante epidemias de peste, é especialmente lembrado em casos de peste bubônica e epilepsia, além de grande protetor contra morte súbita para os cristãos que estão sem o Sacramento da Confissão. Por isso, uma antiga inscrição em latim, por séculos popularmente repetida quase como uma prece, costuma acompanhar suas imagens. Traduzimos: "Quem vir a imagem de São Cristóvão, pelo menos neste dia estará protegido de uma maligna morte."
É, por excelência, o Santo protetor contra os perigos de viagem, de tempestade e de raio, e assim padroeiro dos viajantes, barqueiros, transportadores, peregrinos, solteiros, trabalhadores ferroviários e motoristas. Aliás, é graças a estes últimos devotos que seu nome ganhou grande vulto no passado século. A benção dos carros no dia de sua devoção também é uma prática de muitas paróquias. E desde sempre invocado como padroeiro dos viajantes, há outro dito popular que se refere a suas imagens propositalmente colocadas fora das igrejas: "Olha para Cristóvão, e vai-te embora tranquilo."
Sua história foi narrada sob o título de Passio sancti Christophori martyris, e consta em várias obras da Filosofia Patrística, iniciada no século II pelos Padres da Igreja Católica. As ruínas de uma igreja dedicada ao 'Martírio de São Cristóvão' em Calcedônia, região de Bitínia, província romana que a Primeira Carta de São Pedro menciona (cf. 1 Pd 1,1), localizada a noroeste de atual Turquia, próximo a Istambul, foi datada de 452, e, um século depois, um mosteiro em Taormina, atual comuna da cidade de Messina, a nordeste de Sicília, Itália, tinha seu nome em devoção. Enfim, por volta do ano de 600, um convento em Galácia, hoje região central de Turquia, à qual foi escrita a Carta de São Paulo aos Gálatas, também lhe foi consagrado. É igualmente venerado pela igreja ortodoxa grega.
Seu crânio hoje se encontra na igreja de Santa Justina, na ilha de Rab, da qual é patrono, que fica em atual Croácia. Local de fortes e católicas tradições desde o século IV, essa relíquia aí teria chegado em 809, como presente do patriarca de Constantinopla ao bispo local, e realizou grandes milagres relatados num livro do século XIII, sendo o mais importante quando libertou a cidade de um cerco dos ítalos-normandos em 1075.
Em sua homenagem, foi erguida uma torre e uma igreja, e fundou-se uma poderosa irmandade com seu nome que vigorou até o século XIX. Abandonadas as construções, e em ruínas, suas relíquias foram levadas para a catedral da ilha, a Catedral da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria.
Em sua homenagem, foi erguida uma torre e uma igreja, e fundou-se uma poderosa irmandade com seu nome que vigorou até o século XIX. Abandonadas as construções, e em ruínas, suas relíquias foram levadas para a catedral da ilha, a Catedral da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria.
São Cristóvão, rogai por nós!