sábado, 3 de fevereiro de 2024

São Brás


    Nasceu em 264 em Sebaste, na Capadócia, região da atual Turquia, cidade onde poucas décadas depois seria nomeado bispo São Pedro de Sebaste, um dos Padres Capadócios, que era irmão de Santa Macrina, de São Gregório de Nissa e de São Basílio Magno.
    Como São Lucas, São Brás era médico, e de tão amado tornou-se bispo em sua própria cidade. Era muito conhecido por sua caridade e cuidado com os pobres, aos quais gratuitamente atendia.
    A miraculosa cura de uma criança quase morta, engasgada com uma espinha de peixe que ele retirou sem instrumentos e sem as mãos, tornou-o ainda mais famoso e isso irritava as autoridades romanas locais, que eram praticantes e forçavam a adoção do paganismo.


    Pessoas de toda região acorriam às Santas Missas que ele celebrava, convertendo muitas almas. Mas avisado em sonhos do risco de ser capturado pelas perseguições dos romanos aos cristãos, e perfeitamente ciente do poder da oração, da penitência e da vida ascética como forma de resistência, resolveu deixar o bispado, que era o principal alvo dos perseguidores, e refugiar-se nalguma das conhecidas cavernas da Capadócia, forma de habitação que deu nome aos trogloditas, onde por muito tempo permaneceu em companhia apenas de animais selvagens.


    Quando foi descoberto por caçadores, à sua volta havia vários animais doentes, de diferentes espécies, que depois foram vistos absolutamente sãos. E como era muito conhecido, os caçadores mancomunaram-se para prendê-lo e levaram-no à presença do governador romano, Agricolaus, para obter a recompensa por ele oferecida. No caminho, porém, viram algo inusitado: um lobo atacava o único porquinho de uma pobre camponesa, e São Brás interviu, primeiro não deixando que os caçadores o matassem, depois conversando com o lobo, que mansamente devolveu o porquinho à velha senhora e fugiu.


     Agricolaus, que havia um bom tempo desejava deter São Brás, ficou muito contente com sua prisão: depois de algumas ironias sobre sua fama e santidade, decretou que morreria de fome. Mas as senhoras da região, que traziam seus filhos para que ele abençoasse, encontravam várias e engenhosas maneiras de levar-lhe comida. E as crianças que ele curava sempre traziam-lhe velas, pois passava as noites lendo as Escrituras ou em orações de vigília.


    Dias mais tarde, como não emagrecia e só aumentava o número de mães e cristãos que vinham visitá-lo, nosso Santo foi torturado com ferro em brasa e decapitado por ordem do próprio co-imperador Licínio. Isso aconteceu no ano de 316, na própria cidade de Sebaste, mesmo depois de encerradas as perseguições aos cristãos.
    São Brás é reconhecido como um dos 14 Santos Auxiliares, os eficazes intercessores em casos de graves enfermidades, principalmente para o povo humilde, que não dispõe de recursos. Portanto, além de protetor dos animais, domésticos e selvagens, ele é curador, muito evocado em casos de doenças da garganta, cuja bênção com duas velas é concedida no dia de sua veneração.


    Com o surgimento do Império Islâmico no século VII, e sua súbita expansão alcançada por meio de muita violência, as relíquias de nosso Santo foram levadas a Europa e espalhadas entre Alemanha, França, Itália e a atual Croácia, esta última tendo ficado com a maior parte.


    Mas enquanto eram transportadas para Roma no ano de 732, uma forte tempestade caiu sobre a cidade portuária de Maratea, na costa italiana do Mar Tirreno, e por muitos dias o barco não pôde seguir viagem. Muito religiosa, a gente local sugeriu guardá-las numa igrejinha que havia no topo do monte, e assim os ossos de seu tórax terminaram ficando aí.
    O monte logo se tornou lugar de peregrinação, e pouco mais tarde foi construída uma basílica em sua homenagem, onde muitíssimos milagres foram e são alcançados, e as procissões datam de remotíssimos tempos. Em anos recentes, aí também se ergueu uma enorme imagem de Cristo.


    Das relíquias que chegaram a Landkreis Waldshut, no sul da Alemanha, restam apenas fragmentos de ossos. Os beneditinos, contudo, dedicaram-lhe uma belíssima catedral.


    Na Croácia, a procissão com suas relíquias na cidade de Dubrovnik, nas costas do Mar Adriático, também é uma tradição secular.


    São Brás, rogai por nós!