Não resta dúvida de que Jesus nos deixou uma Doutrina, que Ele mesmo dizia ser a Doutrina do Pai. Foi o que Ele disse aos chefes dos judeus que ficaram admirados com Seus ensinamentos, durante uma Festa dos Tabernáculo, no Templo de Jerusalém: "Minha Doutrina não é Minha, mas d'Aquele que Me enviou." Jo 7,16b
Mais de uma vez Ele afirmou-o, como quando censurou as cidades de Corozaim, Betsaida e Cafarnaum, onde tinha feito muitos milagres: "Tomai Meu jugo sobre vós e recebei Minha Doutrina, porque Eu sou manso e humilde de coração, e achareis o repouso para vossas almas." Mt 11,29
Ele até propôs uma experiência aos judeus de Jerusalém: "Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se Minha Doutrina é de Deus ou se falo de Mim mesmo." Jo 7,17
Ele até propôs uma experiência aos judeus de Jerusalém: "Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se Minha Doutrina é de Deus ou se falo de Mim mesmo." Jo 7,17
Contrastava-a com as meramente humanas doutrinas, como disse aos fariseus e escribas enviados de Jerusalém para interrogá-Lo: "E vós, por que violais os preceitos de Deus por causa de vossa tradição? Assim anulais a Palavra de Deus." Mt 15,3b.6b
O povo, de fato, logo percebeu algo mais que palavras em Seus ensinamentos, como se deu em Cafarnaum em Seus primeiros dias de vida pública: "Maravilharam-se de Sua Doutrina, porque Ele ensinava com autoridade." Lc 4,32
Pois humanos preceitos já contaminavam a Revelação desde o Antigo Testamento. Na região de Genesaré, Ele denunciou fariseus e escribas pela tradição que cultuavam: "Jesus disse-lhes: 'Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-Me com os lábios, mas seu coração está longe de Mim. Em vão, pois, cultuam-Me, porque ensinam humanos doutrinas e preceitos (Is 29,13). Deixando o Mandamento de Deus, apegai-vos à tradição dos homens.'" Mc 7,6-8
Esse era o caso do divórcio que eles praticavam, prescrito por Moisés. E mais uma vez eram os fariseus a interrogar-Lhe, agora no território da Judeia, além do Jordão, onde Ele atendia as multidões: "Disseram-lhe eles: 'Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher, ao rejeitá-la?' Jesus respondeu-lhes: 'É por causa da dureza de vosso coração que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres. Mas no começo não foi assim.'" Mt 19,7-8
Ele reclamou dos religiosos de então, após o Domingo de Ramos, lançando-lhes 7 maldições. Uma delas: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os mais importantes preceitos da Lei: a justiça, a Misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo." Mt 23,23-24
A Revelação, pois, que teve seu ápice na Vinda de Cristo, foi reconhecida como Sua Doutrina ainda na Galileia, como São Marcos registrou: "Jesus pôs-Se novamente a ensinar, à beira do mar, e junto d'Ele aglomerou-se tão grande multidão que Ele teve que entrar numa barca, no mar, e toda multidão ficou em terra, na praia. E ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. Dizia-lhes em Sua Doutrina..." Mc 4,1-2
Defendendo a mais pura inspiração, vinculando-a a Jesus e à instituição da Igreja, São Paulo também atestou a seu tempo na Carta aos Efésios: "Aquele que desceu também é Aquele que subiu acima de todos Céus, para encher todas coisas. A uns Ele constituiu Apóstolos a outros, profetas a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do Corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à Unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus enganadores artifícios." Ef 4,10-14
E apontava na Sagrada Tradição, enquanto os Evangelhos ainda não estavam escritos, a verdadeira Doutrina. Ele escreveu na Carta aos Romanos: "Graças a Deus que vós, depois de terdes sido escravos do pecado, passastes a obedecer de coração à Doutrina à qual Deus vos confiou." Rm 6,17
Ela foi chamada de Doutrina dos Apóstolos, como reconhecida em Jerusalém pelo Sinédrio quando eles foram presos e julgados pela primeira vez. Eles sentenciaram-nos: "Expressamente ordenamo-vos que não ensinásseis Nesse Nome. Não obstante isso, tendes enchido Jerusalém de Vossa Doutrina! Quereis fazer recair sobre nós o Sangue Deste Homem!" At 5,28
Ou como a Sã Doutrina, como São Paulo escreveu em sua Primeira Carta a São Timóteo: "Sabemos que a Lei é boa, contanto que dela se faça legítimo uso e se tenha em conta que ela não foi feita para o justo, mas para os transgressores e os rebeldes, para os ímpios e os pecadores, para os irreligiosos e os profanadores, para os que ultrajam pai e mãe, os homicidas, os impudicos, os infames, os traficantes de homens, os mentirosos, os perjuros e tudo que se opõe à Sã Doutrina e ao Glorioso Evangelho de Deus Bendito, que me foi confiado." 1 Tm 1,8-11
Ele referia-se, pois, como visto acima, ao corpo doutrinário como algo já consolidado: "... os impudicos, os infames, os traficantes de homens, os mentirosos, os perjuros e tudo que se opõe à Sã Doutrina..." 1 Tm 1,10
Assim também lemos na Carta de São Judas, quando este Apóstolo, também chamado Tadeu e parente de Jesus, fala da "... fé, de uma vez para sempre confiada aos santos." Jd 3b
E o Último Apóstolo vai prescrever na Carta a São Tito, sobre a conduta de todo bispo que eles instituíam: "Ao contrário, seja hospitaleiro, amigo do bem, prudente, justo, piedoso, continente, firmemente apegado à Doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a Sã Doutrina e rebater os que a contradizem." Tt 1,8-9
Pedia-lhe que fosse rigoroso quanto a certos 'preceitos': "Portanto, severamente repreende-os para que se mantenham sãos na fé, e não deem ouvidos a judaicas fábulas nem a preceitos de homens avessos à Verdade. Para os puros todas coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro: até sua mente e consciência são corrompidas. Proclamam que conhecem a Deus, mas na prática renegam-nO, detestáveis que são, rebeldes e incapazes de qualquer boa obra." Tt 1,13-16
Ele também diz ao próprio São Tito: "Teu ensinamento, porém, seja conforme à Sã Doutrina." Tt 2,1
E ainda a São Timóteo: "Pois tudo que Deus criou é bom, e nada há de reprovável quando se usa com ação de graças. Porque se torna santificado pela Palavra de Deus e pela oração. Recomenda esta Doutrina aos irmãos, e serás bom Ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da Sã Doutrina que até agora seguiste com exatidão." 1 Tm 4,4-6
Mas em defesa da "Doutrina conforme a piedade", igualmente vai denunciar, já à sua época, os falsos mestres e até a simonia: "Quem ensina de outra forma e discorda das salutares palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como da Doutrina conforme à piedade, é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, doentio por ociosas questões e contendas de palavras. Daí se originam a inveja, a discórdia, os insultos, as injustas suspeitas, os vãos conflitos entre homens de corrompido coração e privados da Verdade, que só vêem na piedade uma fonte de lucro." 1 Tm 6,3-5
Mais uma vez dirigiu-se diretamente a ele, sempre pedindo pela Sagrada Tradição e por sua integridade: "Eu conjuro-te, diante de Deus e de Cristo Jesus e dos anjos escolhidos, a que guardes essas regras sem preferências, nada fazendo por espírito de parcialidade." 1 Tm 5,21
E novamente denunciando 'doutrinas' na Segunda Carta a São Timóteo, revelou-lhe o verdadeiro espírito de um Sacerdote de Cristo: "Empenha-te em apresentar-te diante de Deus como homem digno de aprovação, operário que não tem de que se envergonhar, íntegro distribuidor da Palavra da Verdade. Procura esquivar-te das frívolas conversas dos mundanos, que só contribuem para a impiedade. As palavras dessa gente destroem como a gangrena. Quem, portanto, se conservar puro e isento dessas doutrinas, será um nobre, santificado e frutuoso instrumento ao Seu Possuidor, preparado para todo benéfico uso." 2 Tm 2,15-17a.21
Ele até vai profetizar, ao contrário da submissão a Deus, a escolha de líderes que sejam tolerantes com certos pecados: "Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a Sã Doutrina da Salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da Verdade e atirar-se-ão às fábulas." 2 Tm 4,3-4
E também admitir perante o povo de Jerusalém, quando foi preso pelo tribuno, antes de ser levado a Roma: "Eu persegui de morte essa Doutrina, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres." At 22,4
De fato, São Lucas narrou este capítulo de sua vida, dado pouco depois do apedrejamento de Santo Estevão: "Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos homens e mulheres que achasse seguindo essa Doutrina." At 9,1-2
Ademais, o Apóstolo dos Gentios também profetizou o surgimento das heresias, não deixando de denunciar quem as insuflava: "O Espírito expressamente diz que, nos vindouros tempos, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a embusteiros espíritos e a diabólicas doutrinas, de hipócritas e impostores que, marcados na própria consciência com o ferrete da infâmia..." 1 Tm 4,1-2
Por isso, os seguidores de sua tradição pregavam o doutrinário aprofundamento, fazendo um importante alerta sobre alguns que então já abandonavam a Cristo. Está na Carta aos Hebreus: "Pelo que, transpondo os elementares ensinamentos da Doutrina de Cristo, procuremos alcançar-lhe a plenitude. Porque aqueles que uma vez foram iluminados saborearam o dom celestial, participaram dos dons do Espírito Santo, experimentaram a doçura da Palavra de Deus e as maravilhas do vindouro mundo, e apesar disso caíram na apostasia... Desejamos, apenas, que ponhais todo empenho em guardar intata vossa esperança até o fim, e que, longe de tornarde-vos negligentes, sejais imitadores daqueles que pela fé e paciência se tornam herdeiros das promessas." Hb 6,1.4.11-12
Diziam: "Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma profunda doutrina, porque é ainda criança." Hb 5,13
O próprio São Paulo recomenda aos pais: "Pais, não exaspereis vossos filhos. Pelo contrário, criai-os na educação e Doutrina do Senhor." Ef 6,4
E sempre exortava à inteireza da Doutrina, como seguiu pedindo a São Tito: "Igualmente exorta os moços a serem morigerados, e mostra-te em tudo modelo de bom comportamento: pela integridade na Doutrina, gravidade, sã e irrepreensível linguagem, para que o adversário seja confundido, não tendo mal algum a dizer de nós." Tt 2,6-8
Na Segunda Carta de São João, este evangelista também se referia à Doutrina mencionando Nosso Salvador, além de aludir à Comunhão dos Santos: "Todo aquele que caminha sem rumo e não permanece na Doutrina de Cristo, não tem Deus. Quem permanece na Doutrina, este possui o Pai e o Filho." 2 Jo 1,9
Em sua intimidade com São Timóteo, São Paulo a ela refere-se como sendo sua própria doutrina: "Tu, pelo contrário, aplicaste-te a seguir-me de perto em minha doutrina, em meu modo de vida, em meus planos, em minha fé, em minha paciência, em minha caridade, em minha constância..." 2 Tm 3,10
Não esquecia, porém, sua origem e sua missão. Ele recomenda aos fiéis em condição de servos, sob o ministério de São Tito, em relação aos seus senhores: "Em lugar de reclamar deles e defraudá-los, procurem em tudo testemunhar-lhes incondicional fidelidade, para que por todos seja respeitada a Doutrina de Deus, Nosso Salvador." Tt 2,9b-10
Era, enfim, a Doutrina dos Apóstolos, da Igreja Apostólica, como o próprio São Lucas disse dos cristãos ainda nos primeiros dias da nascente comunidade: "Perseveravam eles na Doutrina dos Apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações." At 2,42
Mas, tal como a conduta de Judas Escariotes, ela não estaria isenta de traidores. São Paulo vai dizer aos bispos de Éfeso, quando deles se despediu para ir a Jerusalém, onde já esperava ser preso: "Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir perversas doutrinas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos." At 20,30
Humanas doutrinas, como ele adverte na Carta aos Colossenses: "... proibições estas que se tornam perniciosas pelo uso que delas se faz, e que não passam de humanas normas e doutrinas." Cl 2,22
Como sempre, ele alertava para os atentados contra a Unidade da Igreja: "Rogo-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da Doutrina que recebestes. Evitai-os!" Rm 16,17
E evocando o poder do Santo Paráclito, pedia a São Timóteo a plena preservação do Evangelho, que chamava de Precioso Depósito: "Toma por modelo os salutares ensinamentos que de mim recebeste sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Guarda o Precioso Depósito, pela virtude do Espírito Santo que em nós habita." 1 Tm 2,13-14
Ou simplesmente de Depósito, ao fim da carta: "Timóteo, guarda o Depósito. Evita o irreverente palavreado e as objeções dessa falsa ciência, pois alguns a professaram e se desviaram da fé. A Graça esteja convosco." 1 Tm 6,20
E atesta, na Carta aos Gálatas, que o que ensinava era fruto de revelação: "Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho por mim pregado não tem nada de humano. Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo." Gl 1,11-12
Mesmo assim, zeloso da integridade da Doutrina, submeteu as revelações que recebia à sede a Igreja à época, que era Jerusalém, em conferência com São Tiago Menor, São Pedro e São João Evangelista: "Catorze anos mais tarde, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, comigo também levando Tito. E subi em consequência de uma revelação. Expus-lhes o Evangelho que prego entre os pagãos, e isso particularmente aos que eram de maior consideração, a fim de não correr ou de não ter corrido em vão. Tiago, Cefas e João, que são considerados as colunas, reconhecendo a Graça que me foi dada, deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo..." Gl 2,1-2.9
Aliás, após converter-se foi conhecer São Pedro, a quem tratava pelo nome de ofício, como vimos. E da santidade e mansidão do Príncipe dos Apóstolos, certamente aprendeu muito sobre Jesus: "Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e com ele fiquei quinze dias." Gl 1,18
Defendia, portanto, a Sagrada Tradição, como asseverou na Segunda Carta aos Tessalonicenses: "Conjuramo-vos, irmãos, em Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência com todo irmão que leve vida ociosa e contrária à Tradição que de nós tendes recebido." 2 Ts 3,6
Ele contrapunha-a à meramente humanas tradições: "Estai de sobreaviso, para que ninguém vos engane com filosofias e vãos sofismas baseados nas humanas tradições, nos rudimentos do mundo, em vez de apoiar-se em Cristo." Cl 2,8
E assim, referindo-se à tradição oral, edificava a Santa Igreja de Cristo, como pediu a São Timóteo: "O que de mim ouviste em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis que, por sua vez, sejam capazes de instruir a outros." 2 Tm 2,2
Na Primeira Carta aos Tessalonicenses, de fato, fala de uma expressa participação de Deus: "Mas como Deus nos julgou dignos de confiar-nos o Evangelho, não falamos para agradar aos homens e sim a Deus, que sonda nossos corações." 1 Ts 2,24
"Em comunhão com toda a Igreja aqui estamos!"