quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Acreditar no Amor


    Não é por um simples capricho que Deus quer ser amado, como vemos prescrito no primeiríssimo Mandamento ditado por Ele a Moisés. Está no Livro de Deuteronômio: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo teu coração, de toda tua alma e de todas tuas forças." Dt 6,5
    Nem foi à toa que Jesus assim sintetizou os Mandamentos: "Este é Meu Mandamento: amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo." Jo 15,12
    Pois o verdadeiro amor é o mais precioso bem que tanto o ser humano quanto o próprio Deus pode oferecer. Por isso, sob o risco de reduzir-se a uma vida absolutamente sem sentido, não se pode dele descrer. Ao contrário, nele deve-se persistir, tal como Jesus ensinou: "Como o Pai Me ama, assim Eu também vos amo. Perseverai no Meu amor. Se guardardes Meus Mandamentos, sereis constantes no Meu amor, como Eu também guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto no Seu amor." Jo 15,9-10
    É claro, porém, que o amor de Deus é muito superior ao nosso. Disse Jesus: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu Seu Único Filho, para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a Vida Eterna." Jo 3,16
    Mas Ele veio mostrar quão longe nosso amor, comungando do de Deus, pode ir, o que já foi comprovado por muitos de Seus seguidores, verdadeiros Santos e mártires: "Ninguém tem maior amor que aquele que dá sua vida por seus amigos." Jo 15,13
    Por isso, a todos sentenciou: "Em seguida, convocando a multidão e Seus discípulos, disse-lhes: 'Se alguém quer seguir-Me, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me. Porque aquele que quiser salvar sua vida, perdê-la-á, mas aquele que perder sua vida por amor a Mim e ao Evangelho, salvá-la-á." Mc 8,34-35
    Realmente apresentou-Se como Deus, a ser amado sobre todas coisas: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim. Quem ama seu filho mais que a Mim, não é digno de Mim." Mt 10,37
    Exigiu isso de São Pedro, primeiríssimo Sumo Pontífice de Sua Igreja, diante de outros Apóstolos e discípulos: "Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: 'Simão, filho de João, amas-Me mais que a estes?'" Jo 21,15a
    E indicou, como vimos, Seu amor como meta a ser alcançada: "Como Eu vos tenho amado, assim também deveis amar-vos uns aos outros." Jo 13,34
    Essa, aliás, é a própria marca da Igreja, pois retrata sua Unidade: "Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos: se vos amardes uns aos outros." Jo 13,35
    Assim, a Paixão de Cristo foi a grande prova do amor de Deus. Ou seja, Jesus é a personificação do amor de Deus. Rezando ao Pai, Ele disse dos Apóstolos: "Manifestei-lhes Teu Nome, e ainda hei de manifestar-lho, para que o amor com que Me amaste esteja neles, e Eu neles." Jo 17,26
    São Paulo diz: "Em rigor, nós aceitaríamos morrer por um justo. Por um homem de bem, talvez se consentisse em morrer. Mas eis aqui uma brilhante prova do amor de Deus por nós: quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós." Rm 5,7-8
    E fala da verdadeira Vida: "Mas Deus, que é rico em Misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou quando estávamos mortos em consequência de nossos pecados, juntamente a Cristo deu-nos a Vida: é pela Graça que fostes salvos!" Ef 2,4-5
    São João Evangelista anota a mesma razão, e diz em que ela implica: "Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em Ele ter-nos amado, e enviado Seu Filho para expiar nossos pecados. Caríssimos, se Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros." 1 Jo 4,10-11
    Ele argumenta, e ensina: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. Mas amamos porque Deus nos amou primeiro." 1 Jo 4,16.19
    Contudo, Jesus nunca Se enganou com o mundo, e apontou a grande apostasia no fim dos tempos: "E ante o crescente progresso da iniquidade, o amor de muitos esfriará." Mt 24,12
    E se o mundo não acredita mais no amor, que ainda pode sentir, como pode acreditar em Deus se nem sequer O procura? Sem dúvida, só pela Unção do Espírito de Deus podemos conhecer o verdadeiro amor, como São Paulo afirmou aos romanos: "... o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado." Rm 5,5
    O Amado Discípulo, portanto, explica que o Sacramento da Crisma representa Sabedoria e Comunhão com Deus: "Vós, porém, tendes a Unção do Santo e sabeis todas coisas. E não tendes necessidade de que alguém vos ensine. Mas, como Sua Unção vos ensina todas coisas, assim é ela verdadeira e não mentira. Permanecei n'Ele, como ela vos ensinou." 1 Jo 2,20.27b
    Como condição, ele exorta-nos a perseverar na Sã Doutrina, referindo-se à já então Sagrada Tradição: "Que permaneça em vós o que tendes ouvido desde o princípio. Se em vós permanecer o que ouvistes desde o princípio, também permanecereis vós no Filho e no Pai." 1 Jo 2,24
    E diz da importância do amor como sinal da presença de Deus, na Pessoa do Santo Espírito: "Se mutuamente nos amarmos, Deus permanece em nós e Seu amor em nós é perfeito. Nisto é que conhecemos que estamos n'Ele e Ele em nós: por Ele ter-nos dado Seu Espírito." 1 Jo 4,12b-13
    Porque só movidos por esse amor podemos ser realmente fortes, como o Apóstolo dos Gentios nos diz: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? Realmente, está escrito: 'Por amor a Ti, somos entregues à morte o dia inteiro, somos tratados como gado destinado ao matadouro (Sl 43,23).' Mas, em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude d'Aquele que nos amou. Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, Nosso Senhor." Rm 8,35-39
    Ora, é exatamente isso que ensinam a Lei e os Profetas: "Ora, tudo quanto outrora foi escrito, foi escrito para nossa instrução, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que dão as Escrituras, tenhamos esperança. O Deus da perseverança e da consolação conceda-vos o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Jesus Cristo, para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo." Rm 15,4-6
    Por isso, exortavam os seguidores de sua tradição: "Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, Autor e Consumador de nossa fé. Em vista da alegria que Lhe foi proposta, suportou a Cruz, não Se importando com a infâmia, e assentou-Se à direita do trono de Deus. Pensai, pois, n'Aquele que tal oposição enfrentou por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo." Hb 12,1b-3
     Para que demos frutos, porém, é preciso aperfeiçoar-nos na vivência da Graça, e isso só se dá pela concreta e constante prática da negação de si mesmo e da caridade, seja espiritual ou material, como São Paulo recomenda aos colossenses: "Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada Misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e mutuamente perdoai-vos, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim vós também perdoai. Mas, acima de tudo, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição." Cl 3,12-14
    Pois só quando sinceramente buscamos a santidade é que Deus Se faz de fato presente em nossas vidas: "Tendei à perfeição, animai-vos, tende um só coração, vivei em Paz, e o Deus de amor e Paz estará convosco." 2 Cor 13,11


A EXCELÊNCIA DA CARIDADE

    São Paulo fez um belo discurso sobre o amor, aqui traduzido como caridade. Com toda inspiração que procede do Espírito de Santidade, ele afirma que o amor é o mais importante bem, e que nunca vai deixar de existir, prevalecendo até na eternidade: "Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos mistérios e toda ciência; mesmo que tivesse toda , a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade; as três. Porém, a maior delas é a caridade." 1 Cor 13,2-4.8.13
    E em outra bela síntese, ele disse: "... a caridade é o pleno cumprimento da Lei." Rm 13,10
    Note-se, no entanto, que ainda não se mencionou a fé como impreterível atitude que efetivamente agrade a Deus. Mas é que a fé, segundo ele próprio, só pode existir através do amor: "... nada vale em Cristo Jesus, mas sim a fé que opera pela caridade." Gl 5,6
    Porque ele é o primeiro fruto do Espírito Santo em nós: "... o fruto do Espírito é caridade..." Gl 5,22
    Ainda segundo o Último Apóstolo, o amor, ou a caridade, é o maior exemplo dado por Jesus: "Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós Se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável perfume." Ef 5,2
    Ora, a passagem de Jesus entre nós é a apoteose do plano de Salvação. Deus quer fazer-nos "... conhecer a caridade de Cristo, que desafia todo conhecimento..." Ef 3,19
    Para que, através ela, sejamos "... cheios de toda plenitude de Deus." Idem
    Vê-se, portanto, que o amor de Deus está perfeitamente representado no modelo de Vida de Jesus, como São João Evangelista exclama: "Nisto manifestou-se o amor de Deus para conosco: em ter-nos enviado ao mundo Seu Filho único, para que por Ele vivamos." 1 Jo 4,9
    São Paulo bem percebeu esse engajamento dos cristãos na construção do Reino de Deus: "Nenhum de nós vive para si, e ninguém morre para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor. Quer vivamos quer morramos, pertencemos ao Senhor." Rm 14,7-8
    Por isso, Nosso Salvador assim resumiu toda obra de Deus: "Perguntaram-Lhe: 'Que faremos para praticar as obras de Deus?' Respondeu-lhes Jesus: 'A obra de Deus é esta: que creiais n'Aquele que Ele enviou.'" Jo 6,28-29
    E falando de tamanho amor, é difícil não concordar com o que São Paulo diz: "O amor de Cristo constrange-nos..." 2 Cor 5,14
    O Amado Discípulo, referindo-se aos desígnios de Deus Pai, também fez uma luminosa síntese, que pertinentemente versa sobre obediência: "Nisto consiste o amor: que vivamos segundo Seus Mandamentos." 2 Jo 1,16
    Por isso, São Paulo fala com toda convicção aos efésios: "Exorto-vos, pois, prisioneiro que sou pela causa do Senhor, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados, com toda humildade e amabilidade, com grandeza de alma, mutuamente suportando-vos com caridade. Sede solícitos em conservar a Unidade do Espírito no vínculo da Paz. Vigiai, pois, com cuidado sobre vossa conduta: que ela não seja conduta de insensatos, mas de sábios que ciosamente aproveitam o tempo, pois os dias são maus. Não sejais imprudentes, mas procurai compreender qual seja a vontade de Deus. A Graça esteja com todos que amam Nosso Senhor Jesus Cristo com inalterável e eterno amor." Ef 4,1-3;5,15-17;6,24
    Ora, isso é o mesmo que Jesus disse sobre a semente, na parábola do semeador: "A que caiu na boa terra são os que ouvem a Palavra com reto e bom coração, retêm-na e pela perseverança dão fruto." Lc 8,15
    Pois só perseverando em Seus ensinamentos somos realmente libertos das cadeias do pecado: "Se permanecerdes em Minha Palavra, sereis Meus verdadeiros discípulos. Conhecereis a Verdade, e a Verdade libertá-vos-á." Jo 8,31b-32
    Eis que prudentemente pedia o Príncipe dos Apóstolos: "À maneira de obedientes filhos, já não vos amoldeis aos desejos que antes tínheis, no tempo de vossa ignorância. A exemplo da santidade d'Aquele que vos chamou, vós também sede santos em todas vossas ações, pois está escrito: 'Sede santos, porque Eu sou Santo (Lv 11,44).' Se invocais como Pai Aquele que, sem distinção de pessoas, julga cada um segundo suas obras, vivei com temor durante o tempo de vossa peregrinação." 1 Pd 1,14-17
    São João Evangelista via aí a distinção dos cristãos: "Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E, de fato, nós somo-los! Por isso, o mundo não nos conhece, porque não O conheceu." 1 Jo 3,1
    E disse: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." 1 Jo 4,7-8
    Assim, leciona São Judas Tadeu, quem já conheceu o amor de Deus deve perseverar para além de meramente mundanos projetos: "Conservai-vos no amor de Deus, aguardando a Misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo, para a Vida Eterna." Jd 21
    E como fez São Barnabé ao ser enviado de Jerusalém, então sede da Igreja, a Antioquia, precisamos entender que a fé é uma questão de amor: "Ao chegar lá, alegrou-se, vendo a Graça de Deus, e a todos exortava a perseverar no Senhor com firmeza de coração, pois era um homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão uniu-se ao Senhor." At 11,23-24
    Pois a fé nos impõe valores, como Jesus dizia, que só se expressam por aquilo que realmente amamos: "Porque onde está teu tesouro, lá também está teu coração." Mt 6,21
    Dessa forma, podemos concluir com São João Evangelista: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, nele não está o amor do Pai." 1 Jo 2,15
    Ele exorta ao fraterno amor: "Se alguém disser: 'Amo a Deus', mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a Quem não vê. Temos de Deus este Mandamento: quem amar a Deus, também ame a seu irmão." 1 Jo 4,20-21
    Como estímulo para um perseverante amor, então, temos os recorrentes conselhos de São Paulo:
    "Empenhai-vos em procurar a caridade." 1 Cor 14,1
    "Tudo que fazeis, fazei-o na caridade." 1 Cor 16,14
    "... a ciência incha, mas a caridade constrói." 1 Cor 8,1
    "Que vossa caridade não seja fingida." Rm 12,29
    "Peço, em minha oração, que vossa caridade cada vez mais se enriqueça de compreensão e critério..." Fl 1,9
    "No mais, irmãos, aprendestes de nós a maneira como deveis proceder para agradar a Deus, e já o fazeis. Rogamo-vos, pois, e exortamo-vos no Senhor Jesus a que sempre mais progridais. A respeito da fraterna caridade, não temos necessidade de escrever-vos, porquanto vós mesmos aprendestes de Deus a amar-vos uns aos outros." 1 Ts 4,1.9
    "Nós, ao contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios. Tomemos por couraça a fé e a caridade..." 1 Ts 5,8
    "Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão." 1 Tm 6,11


"AMAI VOSSOS INIMIGOS"

     Divino Mestre, Jesus expressamente denunciou a causa dos desvios dos falsos religiosos de Seu tempo: "... sei que não tendes em vós o amor de Deus. Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a Glória que é só de Deus?" Jo 5,42.44
    E para que possamos agir como verdadeiros filhos de Deus, Ele deixou-nos Seu máximo ensinamento: "Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás teu próximo e poderás odiar teu inimigo.' Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo, sereis filhos de Vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos?" Mt 5,43-46
    Aliás, Ele não só nos ensinou, mas também o demonstrou e em concreto modo, particularmente à Igreja: "Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara Sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim." Jo 13,1
    Até operou milagre por um dos que O prenderam no Horto das Oliveiras: "Os que estavam ao redor d'Ele, vendo o que ia acontecer, perguntaram: 'Senhor, devemos atacá-los à espada?' E um deles feriu o servo do príncipe dos sacerdotes, decepando-lhe a orelha direita. Mas Jesus interveio: 'Deixai, basta.' E tocando na orelha daquele homem, curou-o." Lc 22,49-51
    Havia curado o servo de um centurião romano, ou seja, do exército que oprimia Seu povo: "Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a Ele e fez-lhe esta súplica: 'Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito.' Disse-lhe Jesus: 'Eu irei e curá-lo-ei.' Respondeu o centurião: 'Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.' Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: 'Em Verdade, digo-vos: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel.' Depois, dirigindo-Se ao centurião, disse: 'Vai, seja-te feito conforme tua fé.'" Mt 8,5-8.10.13a
    E não experimentou de ódio nem mesmo no momento em que mais sofria, quando morria na Cruz. Ao contrário, rezou por Seus algozes: "Pai, perdoa-lhes. Porque não sabem o que fazem." Lc 23,34a
    Ele bem tinha presente que os gestos de amor atraem a inveja e o ódio, mas mesmo assim aconselhou-nos a persistir: "E sereis odiados de todos por causa de Meu Nome. Mas aquele que perseverar até o fim, será salvo." Mc 13,13
    Pois acreditar em Deus, de fato, é acreditar no amor, independente das dificuldades tenhamos que enfrentar. É isso o que São Paulo e São Barnabé ensinavam por onde passavam, exortando: "... a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações." At 14,22
    E só com a compreensão e com o perdão é dado propagar o amor de Deus, como Jesus explicou a um fariseu quando uma pecadora Lhe ungiu os pés: "Por isso, digo-te: seus numerosos pecados foram-lhe perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco amor demostra." Lc 7,47
    Esse é, portanto, o Caminho que o ser humano deve percorrer na busca do amadurecimento, da perfeição e da santidade: sempre guardar o amor, para perdoar e ser perdoado, como São Pedro evocou o Livro dos Provérbios: "Antes de tudo, mantende entre vós uma ardente caridade, porque o amor cobre a multidão dos pecados (Pr 10,12)." 1 Pd 4,8
    Na verdade, o amor é tudo que realmente temos, é nossa maior Graça. E como São Paulo e São Barnabé ensinaram a muitos judeus e prosélito em Antioquia da Pisídia, só resta atermo-nos ao amor que é derramado pelos Sacramentos ministrados pela Igreja, ou seja, "... perseverar na Graça de Deus." At 13,43
    Porque, para bem amarmos, devemos reconhecer que somos radicalmente dependentes da Graça, do amor e da Comunhão que só Deus pode oferecer-nos. Era o que São Paulo exortava entre os coríntios: "A Graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a Comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!" 2 Cor 13,13
    Jesus, de fato, foi bem explícito: "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim, nada podeis fazer." Jo 15,5
    De outra forma, ouviremos o que Ele disse à igreja de Éfeso, segundo revelações feitas a São João Evangelista no Livro do Apocalipse, convidando ao Sacramento da Confissão: "Tens perseverança, sofreste pelo Meu Nome e não desanimaste. Mas tenho contra ti que arrefeceste teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste. Arrepende-te e retorna às tuas primeiras obras." Ap 2,3-5a
    Disse algo parecido à igreja de Laodiceia, antes de convidá-la ao Santíssimo Sacramento: "Conheço tuas obras: não és nem frio nem quente. Aconselho-te que de Mim compres ouro provado ao fogo, para ficares rico; roupas alvas para vestir-te, a fim de que não apareça a vergonha de tua nudez; e um colírio para ungir os olhos, de modo que possas ver claro. Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima teu zelo, pois, e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir Minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos. Eu com ele e ele Comigo." Ap 3,15a.18-20

    "Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo."