quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Santa Margarida da Escócia

  
    Era sobrinha de Santo Estevão, que foi rei da Hungria, além de neta de Edmundo II, filha de Eduardo, o exilado, e irmã de Edgar Atheling, todos reis da Inglaterra.
   Sua mãe, Ágata, era sobrinha do sacro imperador romano-germânico Santo Henrique II e irmã da rainha Gisela, esposa do rei Santo Estevão.
    Nasceu em 1045, na Hungria, para onde seu pai e seu tio, Edmundo III, fugiram para protegerem-se dos normandos. Retornaram a Inglaterra em 1054, durante o reinado de Santo Eduardo III, que mandou chamá-los. Criada à sombra de Santo Estêvão, desde cedo Santa Margarida já mostrava sua forte vocação religiosa através de frequentes orações, de assiduidade à Santa Missa e de compaixão pelos pobres.
    Com o falecimento de seu pai, seu irmão passou a ser o primeiro da linha de sucessão para o trono da Inglaterra. Dez anos depois, porém, os normandos, liderados por Guilherme, o conquistador, invadiram o país, e Santa Margarida, seu irmão e sua mãe tiveram que fugir.
    O navio, porém, levado por uma tempestade, rumou para as terras da Escócia, onde foram muito bem acolhidos pelo rei Malcon III. Santa Margarida queria ser freira, vocação que havia sido abraçada por sua irmã, Cristina, mas, convencida por seus familiares, terminou casando-se com o rei escocês aos 23 anos, mesmo contra sua mais íntima vontade. Era considerada a mais bonita princesa da Europa.


    Viu naquele Matrimônio, contudo, a vontade de Deus: era uma privilegiada oportunidade para evangelizar o povo escocês. Percebeu que poderia contar com ajuda do marido, pois realmente tinha muito boa índole. E de fato, sob a influência de nossa Santa, ele tornou-se um dos mais virtuosos reis da Escócia.
    Santa Margarida viveu seu reinado em profunda religiosidade, pois por exemplo seu e do marido sabia que poderia transformar os costumes daquela nação. E assim fez: proibiu a exagerada distribuição de bebida na corte, reeducando ou afastando os nobres beberrões, estimulou as forças de trabalho e o comércio com outros países, e, sua principal marca, trabalhou ativamente pelos mais pobres, abrindo hospitais, visitando-os com frequência e dando-lhes comida e abrigo em situações de necessidade.
    Tinha especial cuidado para com os órfãos, viúvas e idosos abandonados, que levava para sua mesa e com eles ceava. Estimulou todo país ao hábito de participar da Santa Missa. Mandou construir muitas igrejas e mosteiros, entre eles a Abadia da Ilha de Iona, cuja fundação por São Columba data do século VI, e a famosa Abadia de Dunfermline, que vieram a abrigar relíquias da Santa Cruz.


    Dedicou muito especial atenção aos Sacerdotes e religiosos de seu país. Criou dioceses, convocou sínodos, proibiu ilícitos casamentos e instituiu os jejuns na Quaresma e a Santíssima Comunhão na Páscoa. E como era de esperar, converteu o marido e sobremaneira refinou seus modos, pois era analfabeto e um tanto rude. Teve 8 filhos e instruiu-os nas leis de Deus, afastando-os da vaidade e dos pecados mortais.
    Sua filha, também chamada Margarida, casada com o rei da Inglaterra, e seu filho Davi I, rei da Escócia, também são venerados pela Igreja. Ela mesma manteve por toda vida suas práticas de penitências, no que terminou sendo seguida pelo marido. O próprio povo chamava-a de 'Rainha Santa'.


    Seu reinado nunca mais foi esquecido. Foi um tempo de justiça e felicidade para toda gente, e ela procurava servir a todos segmentos sociais. Dizia-se que era uma rainha "piedosa e de forte pulso ao mesmo tempo. Gentilmente cavalgava entre os magnatas, tecia e bordava entre as damas, rezava entre os monges, discutia entre os sábios, e entre os artistas planejava projetos de catedrais e de mosteiros."
    Aos 46 anos contraiu um grave enfermidade, mas procurava resistir com todas forças. Contudo, enfraqueceu ainda mais com a notícia da morte de seu marido e de seu filho mais velho, numa batalha para libertar a Inglaterra. Foram 6 meses de sofrimentos, que enfrentava com grande resignação, até sua morte em 1093, aos 48 anos.
    Sua capela, no castelo de Edimburgo, ainda pode ser vista.



    Seu corpo foi sepultado na Abadia de Dunfermline, até a heresia protestante varrer o país.



    Antes que suas relíquias fossem violadas, porém, zelosos cristãos trataram de recolhê-las e enviá-las a Felipe II, rei da Espanha, que era católico e depositou-as no mosteiro que ele havia recém-construído, El Escorial, em homenagem a São Raimundo Nonato.
    Conforme registros, tempos mais tarde seu crânio encontrava-se em Douai, na França, onde no início de 1600 São João Roberts, que era inglês e tentava retornar a Inglaterra, havia fundado um mosteiro beneditino.


    Santa Margarida da Escócia, rogai por nós!