sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Jesus desmistificou


 MATERIALIZADA NO AMOR

     Dentre tantos outros aperfeiçoamentos de vida espiritual promovidos por Jesus, quantidade e qualidade de ensinamentos que só podem ser explicadas por Sua divina natureza, reconhece-se que Ele também aprimorou a por trazê-la para o campo de concretas atitudes. Para começar, Ele mesmo, sendo Deus, viveu, anunciou o amor e morreu como mero ser humano. O Evangelho segundo São João testemunhou logo nas primeiras linhas: "E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós." Jo 1,14
    E ainda mais forte demonstração foi aceitar a pura e crua realidade, não importa quão difícil, como desígnio de Deus, que se viu em Sua Paixão. Ele rezou no Horto das Oliveiras, na noite em que seria preso, no texto do Evangelho segundo São Mateus: "Meu Pai, se é possível, afasta de Mim este cálice! Todavia, não se faça o que Eu quero, mas sim o que Tu queres." Mt 26,39b
     Não Lhe bastava, pois, que seguíssemos os Mandamentos! Pedia mesmo que nos entregássemos à evangélica pobreza e tudo confiássemos à Divina Providência, como recomendou ao rico jovem que se julgava Santo"Disse-Lhe o jovem: 'Tenho observado tudo isto desde minha infância. Que ainda me falta?' Respondeu Jesus: 'Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me!'" Mt 19,20-21
    E fê-lo mesmo em ligeira relativização de Sua própria manifestação, pois, para além de crer em Sua Pessoa, Ele determinou que nós nos amássemos. Foi logo após a Santa Ceia: "Este é Meu Mandamento: amai-vos uns aos outros..." Jo 15,12
    Contudo, deixou Seu amor como parâmetro: "... como Eu vos amei." Idem
    E em seguida Ele especialmente exalta os que doam suas vidas em nome do Reino de Deus, exemplo que Ele mesmo daria de inesquecível modo por Sua Paixão: "Ninguém tem maior amor que Aquele que dá Sua vida por Seus amigos." Jo 15,13
    A Primeira Carta de São João mostra que ele bem entendeu esse ensinamento: "Nisto temos conhecido o amor: (Jesus) deu Sua vida por nós. Nós também devemos dar nossa vida por nossos irmãos." 1 Jo 3,16
    Nosso Salvador chegava a evocar tão somente Suas obras como prova de Sua Comunhão com o Pai, como pediu aos judeus no Templo de Jerusalém durante a Festa da Dedicação: "Se Eu não faço as obras de Meu Pai, não Me creiais. Mas se as faço, e se não quiserdes crer em Mim, crede em Minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em Mim e Eu no Pai." Jo 10,37-38
    Enquanto mero ser humano, desde sempre Ele afirmava-Se completamente dependente do Pai, como aqui, diante dos judeus, depois de curar um paralítico num sábado: "Jesus tomou a Palavra e disse-lhes: Em Verdade, em Verdade, digo-vos: de Si mesmo, o Filho não pode fazer coisa alguma." Jo 5,19
    Até admitia incompreensão quanto à Sua Encarnação, mas não contra a Graça do Espírito de Deus, como se lê no Evangelho segundo São Lucas. Referia-Se, porém, a pecados não confessados: "Todo aquele que tiver falado contra o Filho do Homem, obterá perdão. Mas aquele que tiver blasfemado contra o Espírito Santo, não alcançará perdão." Lc 12,10
    Como visto, também nos fez crer que somos capazes de amar tanto quanto Ele mesmo, isto é, quanto o próprio Deus: "Como Eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros." Jo 13,34
     E numa inusitada e grandiosa reapreciação do amor humano, Ele coloca o 'amar ao próximo' como Mandamento semelhante ao 'amar a Deus'. Aliás, Mandamento esse que, mais que fé em Deus, pede que nós O amemos: "'Amarás o Senhor Teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento (Dt 6,5).' Este é o maior e o primeiro Mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: 'Amarás a teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18).'" Mt 22,37-39
    São João Apóstolo assim o explicou: "Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê." 1 Jo 4,20b
    Ainda falando sobre esses Mandamentos de amor, Jesus apontou-os como a essência de todo Antigo Testamento: "Nesses dois Mandamentos resumem-se toda Lei e os Profetas." Mt 22,40
    Noutra passagem, em mais uma magistral síntese do que representavam as Escrituras até então, Ele anunciou a chamada 'lei de ouro', e de novo falava apenas de atitudes, não de fé: "Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a Lei e os Profetas." Mt 7,12
    Pois toda caridade, seja material ou espiritual, que fazemos aos mais necessitados, fazemos a Ele mesmo. Foi um de Seus últimos ensinamentos: "Responderá o Rei: 'Em Verdade, Eu declaro-vos: toda vez que fizestes isto a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim mesmo que o fizestes.'" Mt 25,40
    E ainda no início de Sua Missão, na leitura do Evangelho segundo São Marcos, fez perceber que o perdão dos pecados, ou seja, a Salvação da alma, é muito mais importante que obter a Graça de um milagre. Com efeito, de que nos valeria uma cura nessa vida se perdêssemos a Vida Eterna? "Jesus disse ao paralítico: 'Filho, teus pecados são-te perdoados.'" Mc 2,5
    Por isso, deixou claro que o perdão de Deus está condicionado ao perdão que oferecemos ao próximo, como pregou em Jerusalém após o Domingo de Ramos: "Mas se não perdoardes, tampouco Vosso Pai que está nos Céus vos perdoará vossos pecados." Mc 11,26
    E que esta mesma atitude deve preceder todas nossas orações pessoais, que, aliás, nunca foram mais importantes que a Santa Missa : "E quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também Vosso Pai, que está nos Céus, perdoe vossos pecados." Mc 11,25
    Ora, é isso que rezamos no Pai Nosso. Ou estaríamos mentindo justamente quando falamos com Deus? "... perdoai nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..." Mt 6,12
    Por fim, vemos que Jesus estabelecia uma relação material com o pecado, chegando a falar em mutilação, ainda que, claro, apenas figurativamente: "Por isso, se tua mão ou teu pé te fazem cair em pecado, corta-os e lança-os longe de ti: é melhor entrares na Vida coxo ou manco que, tendo dois pés e duas mãos, seres lançado no fogo eterno. Se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti: é melhor entrares na Vida cego de um olho, que seres jogado com teus dois olhos no fogo da geena." Mt 18,8-9
    Pois o pecado acontece no coração, como exortou ainda no Sermão da Montanha: "Eu, porém, digo-vos: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, com ela já adulterou em seu coração." Mt 5,28
    E nessa mesma ocasião, como forma de evidenciar a banalidade do mal, e assim a necessidade de vencê-lo, Ele propôs uma radical mudança de comportamento, de modo que não mais nos deixássemos possuir nem nem pelo ódio nem pela violência: "Eu, porém, digo-vos: não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil. Dá a quem te pede, e não te desvies daquele que quer pedir-te emprestado." Mt 5,39-42
   

COMPAIXÃO E CARIDADE

    Na parábola do bom samaritano, quando atribuiu um bom exemplo justamente ao povo mais menosprezado pelos judeus, Jesus questionou um doutor da Lei, levando-o a deduzir a excelência da compaixão, e recomendou sua prática: "'Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?' Respondeu o doutor: 'Aquele que usou de Misericórdia para com ele.' Então Jesus lhe disse: 'Vai, e faze o mesmo.'" Lc 10,36-37
    E noutra grande inovação litúrgica, revogando a exarcebação de uma lei que mantinha os deficientes físicos afastados do altar, Jesus convidou um deles, antes de curá-lo, para o meio da assembleia, demostrando que para autênticos religiosos o ser humano deve ser o foco de todos esforços: "Ele disse ao homem da mão atrofiada: 'Vem para o meio.'" Mc 3,3
    A despeito de qualquer possibilidade de servir diretamente a Deus, portanto, Nosso Senhor ensina que os pobres sempre estarão à espera de nossos cuidados. Certamente é Sua mais triste profecia, que desafiará toda forma de caridade e organização social até o Dia de Sua Volta. Deu-se quando Ele foi 'ungido' por uma mulher com um caro perfume, pois dias mais tarde seria sepultado às pressas: "Vós sempre tendes convosco os pobres e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem. Mas a Mim não Me tendes sempre." Mc 14,7
    Ele não aceitava, por óbvio, a caridade feita por exibicionismo. Quem a pratica não terá nenhuma recompensa, conforme Seus primeiros ensinamentos: "Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em Verdade, digo-vos: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita." Mt 6,2-3
    Mas não Se referia só aos pobres. Há muitos à nossa volta, carentes de quem lhes sirva. É a lição do episódio do Lava-Pés: "Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. Depois de lavar-lhes os pés e tomar Suas vestes, novamente sentou-Se à mesa e perguntou-lhes: 'Sabeis o que vos fiz? Vós chamai-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque Eu o sou. Logo, se Eu, Vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, assim vós também façais. Em Verdade, em Verdade, digo-vos: o servo não é maior que Seu Senhor, nem o enviado é maior que Aquele que o enviou. Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob condição de praticá-las.'" Jo 13,5.12-17
     Ressaltando o autêntico amor ao próximo, na parábola do Juízo Final Ele concede a Salvação apenas aos que usam de concretos gestos. Vale notar, mesmo falando sobre tão importante tema, que Ele nada disse sobre fé ou prática religiosa: "Vinde, benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome e Me deste de comer; tive sede e Me deste de beber; era peregrino e Me acolheste; nu e Me vestiste; enfermo e Me visitaste; estava na prisão e viestes a Mim. Em Verdade, Eu declaro-vos: todas vezes que fizestes isso a um destes Meus pequeninos irmãos, foi a Mim mesmo que o fizestes.’" Mt 25,34-36.40b


CULTUAR O AMOR A DEUS

    Com efeito, mais que suntuosas celebrações, o Mestre tem por Missão, e assim Sua Igreja, o resgate dos desencaminhados: "Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido." Lc 19,10
    E ao tratar de leis religiosas, Ele coloca o cuidar do ser humano em primeiro lugar, como quando defendeu os Apóstolos que debulhavam espigas de trigo pelo caminho, por não terem o que comer: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado..." Mc 2,27
    A Santa Missa, portanto, não é um encontro de 'puritanos', mas de arrependidos pecadores que em mútuo acolhimento revivem e atualizam o Sacrifício Pascal. Ele disse: "Os sãos não precisam de médico, mas os enfermos. Não vim chamar os justos, mas os pecadores." Mc 2,17
    Assim, com essas exortações, Jesus trouxe a adoração e as manifestações de fé para o íntimo do ser humano, pois, sem tal interiorização, as celebrações públicas ou mesmo a caridade não têm sentido: "... os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e Verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja." Jo 4,23
    A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios falou desta 'arrogante caridade': "Ainda que distribuísse todos meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!" 1 Cor 13,3
    E Nosso Salvador, em oposto sentido, exaltou a total confiança em Deus. Eaa Sua última Páscoa em Jerusalém: "Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam suas ofertas no cofre do Templo. Também viu uma pobre viúva deitar duas pequeninas moedas, e disse: 'Em Verdade, digo-vos: esta pobre viúva pôs mais que os outros. Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra. Esta, porém, deu, de sua penúria, tudo que lhe restava para o sustento.'" Lc 21,1-4
    Porque mesmo com o pouco que sabemos de Deus, mas que sem dúvida é o bastante, Ele desautorizou qualquer reverência a divinas manifestações que se pretendam secretas ou ocultistas: "Pois não há segredo que não venha a ser revelado, e nada há de escondido que não venha às claras. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia. O que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!" Mt 10,26b-27
    Ele mesmo, perante os líderes judeus no Sinédrio, quando foi 'julgado', vai dizer em Sua defesa: "Jesus respondeu-lhe: 'Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no Templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas.'" Jo 18,20
    São Paulo usou idêntico argumento perante os anciãos da cidade de Éfeso, ao despedir-se deles, como lemos no Livro dos Atos dos Apóstolos: "Portanto, diante de vós eu hoje protesto que sou inocente do sangue de todos, porque nada omiti no anúncio que vos fiz dos desígnios de Deus." At 20,26-27
     E mais que imolações, como faziam os judeus, Jesus pedia verdadeira compaixão pelos que sofrem, citando palavras de Deus constantes no Livro do Profeta Oseias: "Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero a Misericórdia, e não o sacrifício (Os 6,6).'" Mt 9,13
    Para com líderes religiosos, a despeito das obras de Deus às quais casualmente eles possam servir como intermediários, Ele foi bem contundente: "Muitos di-Me-ão naquele Dia: 'Senhor, Senhor, não pregamos em Vosso Nome, e não foi em Vosso Nome que expulsamos demônios e fizemos muitos milagres?' E, no entanto, Eu di-lhes-ei: 'Nunca vos conheci. Retirai-vos de Mim, maus operários!'" Mt 7,22-23
    De fato, ainda que abominando as práticas de falsos religiosos, Nosso Senhor não deixa de reconhecer o valor de suas palavras: "Observai e fazei tudo que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem." Mt 23,3
    Exigia, porém, e desde o início de Sua vida pública, absoluta fidelidade às Escrituras, acenando para o risco do mais longo período no Purgatório: "Pois, em Verdade, vos digo: passará o céu e a Terra antes que desapareça um jota, um traço da Lei. Aquele que violar um destes Mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será declarado o menor no Reino dos Céus. Mas aquele que os guardar e ensinar, será declarado grande no Reino dos Céus." Mt 5,18-19
    Literalmente disse em Sua última noite entre os Apóstolos: "Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E Nós viremos a ele e nele faremos Nossa morada." Jo 14,23b
    Ele assim os encarregou antes de partirem para o Horto das Oliveiras, onde iniciaria Sua Paixão: "O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai Me ordenou." Jo 14,31a
    Em Sua relação com o Pai, de fato, Ele mesmo dava exemplo: "Se guardardes Meus Mandamentos, sereis constantes em Meu amor, como Eu também guardei os Mandamentos de Meu Pai e persisto em Seu amor." Jo 15,10
    E asseverou que, pela imperiosa necessidade da purificação dos pecados, até corruptos e prostitutas, que tenham praticado autêntica penitência, entrarão nos Céus antes de alguns religiosos. Ou seja, mais uma vez temos palavras que indicam diferentes períodos no Purgatório, a despeito da data de falecimento: "Em Verdade, digo-vos: os cobradores de impostos e as meretrizes precedem-vos no Reino de Deus!" Mt 21,31
    No entanto, alguns religiosos já não tinham mesmo a menor chance. É o que se depreende do que Ele dizia ao povo quando anunciou as Bem-Aventuranças: "Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus." Mt 5,20
    Ora, a verdadeira autoridade da Igreja está em fazer-se serva de todos, como Ele ensinou aos Doze enquanto Se despedia: "Os reis dos pagãos dominam como senhores, e os que sobre eles exercem autoridade chamam-se benfeitores. Que não seja assim entre vós. Mas o que entre vós é o maior, torne-se como o último. E o que governa, seja como o servo." Lc 22,25-26
    E se é Deus que nos purifica, bastando que O obedeçamos, que grande mérito teríamos? Nosso Senhor advertia: "E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura o Senhor fica devendo-lhe alguma obrigação? Assim vós, depois de terdes feito tudo que vos foi ordenado, também dizei: 'Somos inúteis servos. Fizemos apenas o que devíamos fazer.'" Lc 17,9-10
    Ele apontava na obediência à Sua Palavra uma questão de prudência: "Aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um prudente homem, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa. Ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve Minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa. Ela caiu e grande foi sua ruína." Mt 7,24-27
    E questionava a insensatez, dirigindo-Se às primeiras multidões a segui-Lo: "Por que Me chamais: 'Senhor, Senhor...' e não fazeis o que digo?" Lc 6,46
    Pois Ele 'tirava' Deus das alturas, dos mais alto dos Céus, e colocava-O entre os nós: "Ora, Ele não é Deus de mortos, mas de vivos!" Mc 12,27
    Dizia o mesmo a respeito do Céu, a quem guardava e meditava a Palavra: "Não estás longe do Reino de Deus." Mc 12,34
    Ele mesmo prometeu estar presente, quando invocado por verdadeiros membros da Igreja, pois se reunir em Seu Nome significa obedecer ao que Ele realmente ensinou: "Digo-vos ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a Terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de Meu Pai que está nos Céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em Meu Nome, aí estou Eu no meio deles." Mt 18,19-20
    E ao invés de uma profusão de nomes que se atribui a Deus, Ele chamava-O de Pai, como disse a Santa Maria Madalena após ressuscitar, mandando um recado aos Apóstolos: "Subo para Meu Pai e Vosso Pai..." Jo 20,17


MATERIALIZANDO A PARTILHA E O REINO DE DEUS

    Até mesmo Seus milagres partiam de coisas concretas, como o vinho das bodas de Caná, que foi obtido através da transformação da água. De fato, primeiro foi necessário encher as talhas: "Jesus ordena-lhes: 'Enchei as talhas de água.' Eles encheram-nas até em cima. 'Tirai agora', disse-lhes Jesus, 'e levai ao chefe dos serventes.'" Jo 2,7-8
    O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, que serviu milhares de pessoas, foi igualmente feito a partir de uma provisão que os Apóstolos guardavam para si: "'Quantos pães tendes? Ide ver.' Depois de se terem informado, disseram-Lhe: 'Cinco, e dois peixes.'" Mc 6,38
    Jesus também usou do barro para fazer milagre, lembrando a matéria da qual Deus nos fez: "Dito isso, cuspiu no chão, fez um pouco de lodo com a saliva e com o lodo ungiu os olhos do cego." Jo 9,6
    E uma de Suas mais belas promessas diz respeito às benesses previstas para o Reino de Deus, mas que alguns já recebem ainda aqui na Terra: "... ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de Mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras..." Mc 10,29-30

    "Todas vezes que comemos deste Pão e bebemos deste Cálice, anunciamos, Senhor, Vossa Morte, enquanto esperamos Vossa Vinda!"