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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
O Inferno
Não há mais triste assunto dentre os do Magistério da Igreja, porém, assim como Jesus fez, é seu dever alertar para o gravíssimo risco da eterna condenação. Falar das almas que se perdem e de seus sofrimentos, contudo, sempre será sumamente lastimável. Tão incômodo que o próprio Cristo, usando de brevidade, Se referia ao fogo, termo que com mais frequência usou, ou ao Juízo, para lembrar que o maior castigo não é motivado por um divino capricho, mas por pessoais decisões.
Nesse sentido, a Carta de São Paulo a São Tito diz daqueles que rejeitam a Revelação e divulgam heresias: "O homem que assim fomenta divisões, depois de advertido a primeira e a segunda vez, evita-o, visto que esse tal é um perverso que, perseverando em seu pecado, se condena a si próprio." Tt 3,10-11
Por isso, a Carta de São Tiago ensina a resistir às más inclinações, alertando para a fatal consequência: "Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu àqueles que O amam. Ninguém, quando for tentado, diga: 'É Deus quem me tenta.' Deus é inacessível ao Mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado por sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado. E o pecado, uma vez consumado, gera a morte." Tg 1,12-15
Seja com o nome de hades, xeol, geena, fornalha, fogo eterno, lago de fogo ou inferno, pois, Jesus claramente apontou em que resulta o pecado, do qual tem por Missão nos livrar. Consta no Evangelho segundo São João: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu Seu único Filho, para que todo aquele que n'Ele crer não pereça, mas tenha a Vida Eterna." Jo 3,16
Falando sobre pecados, e dos mais brandos, no Evangelho segundo São Mateus, durante o Sermão da Montanha, Ele mencionou simples xingamentos, ou ofensas em forma de palavras, que dependendo da frequência e sem o devido arrependimento podem tornar-se graves faltas, ou até mortais: "Mas Eu digo-vos: todo aquele que se irar contra seu irmão será castigado pelos juízes. Aquele que disser a seu irmão: 'Idiota', será castigado pelo Grande Conselho. Aquele que lhe disser: 'Louco', será condenado ao fogo da geena." Mt 5,22
E esta não foi uma fortuita menção. Mais tarde, Ele tornaria ao tema, ao denunciar pretensos religiosos que se arrogam a mal dizer coisas que simplesmente desconhecem: "Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer boas coisas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração. O bom homem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira más coisas de seu mau tesouro. Eu digo-vos: no Dia do Juízo os homens prestarão contas de cada vã palavra que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado." Mt 12,34-37
Sim, porque, sem o arrependimento e as correspondentes penitências, por pequenos que sejam os pecados acumulam-se. A Carta de São Paulo aos Romanos explicou: "Mas por tua obstinação e impenitente coração, contra ti vais acumulando ira, para o Dia da Cólera e da revelação do justo Juízo de Deus..." Rm 2,5
Quanto ao comportamento, em geral, Nosso Senhor indica que muito poucos irão direto ao Céu, isto é, sem passar por alguma punição: "Entrai pela estreita porta, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o Caminho da Vida, e poucos são os que o encontram." Mt 7,13-14
Referindo-Se propriamente ao inferno, embora propondo simbólicas mutilações como forma de evitá-lo, Ele falou da gravidade de cultuados e imorredouros 'maus costumes', bem como, e repetidamente, de um fogo que não se apaga. Está no Evangelho segundo São Marcos: "Se tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a! Melhor é entrares na Vida aleijado que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o inextinguível fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga. Se teu pé for para ti ocasião de queda, corta-o fora! Melhor é entrares coxo na Vida Eterna que, tendo dois pés, seres lançado à geena do inextinguível fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga. Se teu olho for para ti ocasião de queda, arranca-o! Melhor é entrares com um olho de menos no Reino de Deus que, tendo dois olhos, seres lançado à geena do fogo, onde seu verme não morre e o fogo não se apaga." Mc 9,43-48
E deixou uma ideia do quão escuro, apesar do fogo, pode ser o inferno, dizendo de nosso principal sentido: "Se teu olho estiver em mau estado, todo teu corpo estará nas trevas. E se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!" Mt 6,23
Mas se essa imagem não parece severa o bastante, vejamos o que Jesus disse da cidade que escolheu para morar durante Sua vida pública (cf. Mt 4,13). Não foi privilegiada por presenciar Seus milagres? Pois bem. Também veio o peso da responsabilidade. Há séculos que ela simplesmente desapareceu do mapa! E notemos com que cidade Ele a comparou: "E tu, Cafarnaum, serás elevada ao Céu? Não! Serás atirada no inferno! Porque se Sodoma tivesse visto os milagres que foram feitos dentro de teus muros, subsistiria até este dia. Por isso, digo-te: no Dia do Juízo haverá menor rigor para Sodoma que para ti!" Mt 11,23-24
Àqueles preocupados com a mera e terrena sobrevivência, Ele deixa bem claro a Quem realmente se deve temer, e corrobora a profecia de Daniel (cf. Dn 12,2), de que a Ressurreição da Carne também se dará para aqueles que irão para o inferno: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." Mt 10,28
De fato, Jesus pregou a pureza de coração, tão rara nos dias de hoje até mesmo entre crianças, como Nossa Senhora do Bom Sucesso profetizou na Aparição de Quito. Ele determinou: "Em Verdade, declaro-vos: se não vos transformardes e não vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança, será maior no Reino dos Céus. E aquele que em Meu Nome recebe um menino como este, é a Mim que recebe." Mt 18,3-5
E citando como exemplo uma das mais brutais punições de então, severamente ameaçou quem corrompe crianças e adolescentes: "Mas se alguém fizer cair em pecado um destes pequenos que creem em Mim, melhor fora que ao pescoço lhe atassem uma pedra de moinho e o lançassem no fundo do mar. Ai do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis, mas ai do homem que os causa!" Mt 18,6-7
Por isso, no Dia do Juízo, o destino daqueles que provocam escândalos não será exatamente uma novidade: "O Filho do Homem enviará Seus anjos, que retirarão de Seu Reino todos escândalos e todos que fazem o mal, e lançá-los-ão na ardente fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes." Mt 13,41-42
Entretanto, assim como o pecado já existia antes mesmo da Criação, os seres humanos não são os primeiros condenados ao fogo eterno. Conforme a Segunda Carta de São Pedro, pela inimaginável Graça que tiveram de conviver pessoalmente com Deus, os anjos que contra Ele se rebelaram foram os precursores como sentenciados de pena capital: "Pois se Deus não poupou os anjos que pecaram, mas precipitou-os nos tenebrosos abismos do inferno onde os reserva para o Julgamento; se não poupou o mundo antigo, e só preservou oito pessoas, dentre as quais Noé, esse pregador da justiça, quando desencadeou o dilúvio sobre um mundo de ímpios; se condenou à destruição e reduziu à cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra para servir de exemplo para os ímpios do porvir... é porque o Senhor sabe livrar das provações os piedosos homens e reservar os ímpios para serem castigados no Dia do Juízo, principalmente aqueles que correm com impuros desejos atrás dos prazeres da carne e desprezam a autoridade." 2 Pd 2,4-6.9-10
E como a Carta de São Judas atesta, além de lugar de castigos, o fogo do inferno é eterno. Ele também diz dos anjos caídos: "Os anjos que não tinham guardado a dignidade de sua classe, mas abandonado seus tronos, Ele guardou-os com eternas correntes nas trevas para o Julgamento do Grande Dia. Da mesma forma Sodoma, Gomorra e as circunvizinhas cidades, que praticaram as mesmas impurezas e se entregaram a vícios contra a natureza, lá jazem como exemplo, sofrendo a pena do eterno fogo." Jd 7
DESCEU À MANSÃO DOS MORTOS
E o Julgamento deste mundo, ainda que não o Final, já se deu com a Vinda de Jesus. Pouco antes de Sua crucificação, Ele sentenciou: "Agora é o Juízo deste mundo! Agora será lançado fora o príncipe deste mundo." Jo 12,31
O Juízo é Sua poderosa Palavra, Seu veredicto, que já foi proferido. Ele explicou: "Se alguém ouve Minhas Palavras e não as guarda, Eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo. Quem Me despreza e não recebe Minhas Palavras, tem quem o julgue: a Palavra que anunciei julgá-lo-á no Último Dia." Jo 12,47-48
Ele até deu aos líderes judeus esta explicação sobre o Antigo Testamento: "Não julgueis que vos hei de acusar diante do Pai. Há quem vos acusa: Moisés, em quem colocais vossa esperança." Jo 5,45
Através de Moisés, de fato, Deus Pai havia firmado sobre a Encarnação do Cristo, como se lê no Livro de Deuteronômio: "Porei Minhas Palavras em Sua boca, e Ele comunicá-lhes-á tudo que Eu Lhe ordenar. Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as Palavras que em Meu Nome Ele pronunciar." Dt 18,18-19
E Nosso Senhor confirmou Sua posse sobre o veredicto: "Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá Vida, o Filho também dá Vida a quem Ele quer. Porque o Pai não julga ninguém, mas entregou todo Julgamento ao Filho." Jo 5,21-22
Ele assegurou: "Julgo como ouço. E Meu Julgamento é justo, porque não busco Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou." Jo 5,30b
Ora, Sua Palavra é eterna, o que faz com que Seu Juízo seja perene: "Passarão o céu e a Terra, mas Minhas Palavras não passarão." Mc 13,31
Ele garante: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: quem ouve Minha Palavra e crê n'Aquele que Me enviou, tem a Vida Eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a Vida." Jo 5,24
Assim, desde então o mundo está dividido, pois diante de Cristo os corações se revelam, como o religioso Simeão disse a Nossa Senhora por ocasião da Apresentação do Menino Jesus no Templo de Jerusalém, na narração do Evangelho segundo São Lucas: "Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações." Lc 2,34b-35a
No Livro dos Atos dos Apóstolos, da mesma forma, São Pedro testemunha a manifestação do Redentor e Justo Juiz: "Ele mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que é Ele Quem por Deus foi constituído Juiz dos vivos e dos mortos. D'Ele todos Profetas dão testemunho, anunciando que todos aqueles que n'Ele creem recebem o perdão dos pecados por meio de Seu Nome." At 10,38-39.42-43
O mais tem sido feito pelo Espírito Santo, convencendo-nos do Juízo que já está em curso e da automática condenação que é viver renegando o projeto de Deus. Disse Jesus na noite em que iniciaria Sua Paixão: "Entretanto, digo-vos a Verdade: convém a vós que Eu vá! Porque se Eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se Eu for, enviá-Lo-ei. Ele convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em Mim. Ele convencê-lo-á a respeito do Juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado." Jo 16,7.9.11
Isso não anula, porém, as terríveis condenações a serem anunciadas no Juízo Final, como a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo explicou: "Os pecados dos homens às vezes são conhecidos já antes de levados a Juízo. Outras vezes, sê-lo-ão depois." 1 Tm 5,24
Pois, ainda segundo este Apóstolo, só no Dia do Senhor saberemos toda Verdade: "Isso claramente aparecerá no dia em que, segundo meu Evangelho, Deus julgar as secretas ações dos homens, por Jesus Cristo." Rm 2,16
Não por acaso, Jesus desceu, após Sua morte na Cruz, à mansão dos mortos para que Sua Palavra também fosse conhecida por aqueles que viveram antes de Sua Vinda. A Primeira Carta de São Pedro registrou: "Pois, para isso, o Evangelho também foi pregado aos mortos, para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." 1 Pd 4,6
Jesus mesmo havia assegurado perante os líderes judeus na Sua segunda Páscoa em Jerusalém, que já queriam matá-Lo por dizer-Se Filho de Deus: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus. E os que a ouvirem, viverão." Jo 5,25
Também afirmou perante Santa Marta, pouco antes de ressuscitar seu irmão, São Lázaro: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11,25b
Pois enquanto ser humano Ele também morreu, embora tenha ressuscitado antes da corrupção da carne. Falando por Ele, o Livro dos Salmos cantou essa profecia dirigindo-se a Deus Pai: "Por isso, Meu coração alegra-se e Minha alma exulta. Até Meu Corpo descansará seguro porque Vós não abandonareis Minha alma na mansão dos mortos, nem permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção." Sl 16,9-10
O Príncipe dos Apóstolos falou dessa condição espiritual, daqueles que não alcançaram a Primeira Ressurreição: "Pois Cristo também morreu uma vez pelos nossos pecados, o Justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Padeceu a morte em Sua Carne, mas foi vivificado quanto ao Espírito. É neste mesmo Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando com paciência Deus aguardava enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água." 1 Pd 3,18-20
Assim, por Seu Sacrifício estabeleceu-se a Nova Aliança, pela qual Sua Palavra é infundida na alma humana pelo Divino Espírito. Na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo invocam essa passagem do Livro do Profeta Jeremias, quando Deus prometeu: "Mas esta é a Aliança que estabelecerei com a Casa de Israel depois daqueles dias: 'Imprimirei Minhas leis em seu espírito e gravá-las-ei em seu coração. Eu serei Seu Deus, e eles serão Meu povo. Ninguém mais terá que ensinar a seu concidadão, ninguém a seu irmão, dizendo: 'Conhece o Senhor', porque todos Me conhecerão, desde o menor até o maior (Jr 31,31-34)." Hb 8,10-11
E para finalizar o projeto da Salvação, Jesus deixou-nos Sua Igreja, que tem Sua inviolável proteção contra as forças do Mal: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18
Disse de Suas ovelhas: "... ninguém as roubará de Minha mão. ... ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai." Jo 10,27a.28b.29b
E a Seus Sacerdotes deu-lhes poder de ministrar o perdão, pelo Sacramento da Confissão, logo em Sua primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos, após ressuscitar: "Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,23
O arrependimento, pois, também chamado de Sacramento da Reconciliação ou da Penitência, deve ser o caminho de todos que querem aproximar-se de Deus. E assim se deve proceder a despeito da mais cruel realidade que se tenha notícia, pois do contrário todos passarão pela mesma purificação: "Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com seus sacrifícios. Jesus toma a Palavra e pergunta-lhes: 'Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores que todos outros galileus, por terem sido tratados desse modo? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados que todos demais habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.'" Lc 13,1-5
Por isso, na semana de Sua última Páscoa, Ele sentenciou por hipocrisia os falsos religiosos, sempre os maiores opositores da Verdade: "Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno? Vede, Eu envio-vos Profetas , sábios, doutores. Matareis e crucificareis uns, e açoitareis outros em vossas sinagogas. Persegui-los-eis de cidade em cidade, para que sobre todos vós caia o sangue inocente derramado sobre a Terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o Templo e o Altar. Em Verdade, digo-vos: todos esses crimes pesam sobre esta raça." Mt 23,33-36
O Príncipe dos Apóstolos falou dessa condição espiritual, daqueles que não alcançaram a Primeira Ressurreição: "Pois Cristo também morreu uma vez pelos nossos pecados, o Justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Padeceu a morte em Sua Carne, mas foi vivificado quanto ao Espírito. É neste mesmo Espírito que Ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando com paciência Deus aguardava enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água." 1 Pd 3,18-20
Assim, por Seu Sacrifício estabeleceu-se a Nova Aliança, pela qual Sua Palavra é infundida na alma humana pelo Divino Espírito. Na Carta aos Hebreus, os seguidores da tradição de São Paulo invocam essa passagem do Livro do Profeta Jeremias, quando Deus prometeu: "Mas esta é a Aliança que estabelecerei com a Casa de Israel depois daqueles dias: 'Imprimirei Minhas leis em seu espírito e gravá-las-ei em seu coração. Eu serei Seu Deus, e eles serão Meu povo. Ninguém mais terá que ensinar a seu concidadão, ninguém a seu irmão, dizendo: 'Conhece o Senhor', porque todos Me conhecerão, desde o menor até o maior (Jr 31,31-34)." Hb 8,10-11
E para finalizar o projeto da Salvação, Jesus deixou-nos Sua Igreja, que tem Sua inviolável proteção contra as forças do Mal: "E Eu declaro-te: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela." Mt 16,18
Disse de Suas ovelhas: "... ninguém as roubará de Minha mão. ... ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai." Jo 10,27a.28b.29b
E a Seus Sacerdotes deu-lhes poder de ministrar o perdão, pelo Sacramento da Confissão, logo em Sua primeira aparição ao Colégio dos Apóstolos, após ressuscitar: "Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos." Jo 20,23
O arrependimento, pois, também chamado de Sacramento da Reconciliação ou da Penitência, deve ser o caminho de todos que querem aproximar-se de Deus. E assim se deve proceder a despeito da mais cruel realidade que se tenha notícia, pois do contrário todos passarão pela mesma purificação: "Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com seus sacrifícios. Jesus toma a Palavra e pergunta-lhes: 'Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores que todos outros galileus, por terem sido tratados desse modo? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo. Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados que todos demais habitantes de Jerusalém? Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.'" Lc 13,1-5
Por isso, na semana de Sua última Páscoa, Ele sentenciou por hipocrisia os falsos religiosos, sempre os maiores opositores da Verdade: "Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno? Vede, Eu envio-vos Profetas , sábios, doutores. Matareis e crucificareis uns, e açoitareis outros em vossas sinagogas. Persegui-los-eis de cidade em cidade, para que sobre todos vós caia o sangue inocente derramado sobre a Terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o Templo e o Altar. Em Verdade, digo-vos: todos esses crimes pesam sobre esta raça." Mt 23,33-36
Ora, segundo Ele mesmo, esse seria o destino de um de Seus Apóstolos, Judas Iscariotes: "O Filho do Homem vai, como d'Ele está escrito. Mas ai daquele homem por Quem o Filho do Homem é traído! Melhor seria para esse homem que jamais tivesse nascido!" Mt 26,24
E como São Mateus registrou, complementado por São Lucas, realmente foi muito triste: "Ele então jogou no Templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se. Depois, tombando para a frente, arrebentou-se pelo meio e todas suas entranhas derramaram-se." Mt 27,5; At 1,18b
Considerados, então, os luminosos privilégios que tiveram os anjos que vieram a cair, bem como Judas Iscariotes e a cidade de Cafarnaum, suas condenações já não parecem nenhum exagero. E de acordo com Jesus, não terão outro destino os que relutantemente menosprezam a Salvação: "Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos, e arrojá-los-ão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes." Mt 13,49-50
Anátema, aliás, que será pronunciado por Ele mesmo, conforme a parábola das ovelhas e dos cabritos: "Em seguida, voltar-Se-á para os de Sua esquerda e di-lhes-á: 'Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o eterno fogo, destinado ao Demônio e seus anjos.'" Mt 25,41
O Profeta Malaquias, de fato, já advertia: "E de novo vereis que há uma diferença entre justo e ímpio, entre quem serve a Deus e quem não o serve. Porque eis que vem o Dia, ardente como uma fornalha, e todos soberbos, todos que cometem o mal serão como a palha. Este Dia, que vai vir, queimá-los-á, diz o Senhor dos Exércitos, e nada ficará: nem raiz, nem ramos." Ml 3,19-20
O salmista também previu essa completa e definitiva extinção dos maus: "O Senhor volta Sua irritada face contra os que fazem o mal, para apagar da Terra a lembrança deles." Sl 33,17
Mas o inferno onde se encontram as almas já condenadas, que no versículo seguinte é chamado de morada subterrânea, na verdade ainda não é o inferno definitivo. Este será o lago ou tanque de fogo, como o Livro do Apocalipse de São João apontou: "O Demônio, sedutor das nações, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a Fera e o falso profeta, e onde dia e noite serão atormentados pelos séculos dos séculos. A morte e a morada subterrânea foram lançadas no tanque de fogo. A segunda morte é esta: o tanque de fogo." Ap 20,10.14
E como São Mateus registrou, complementado por São Lucas, realmente foi muito triste: "Ele então jogou no Templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se. Depois, tombando para a frente, arrebentou-se pelo meio e todas suas entranhas derramaram-se." Mt 27,5; At 1,18b
Considerados, então, os luminosos privilégios que tiveram os anjos que vieram a cair, bem como Judas Iscariotes e a cidade de Cafarnaum, suas condenações já não parecem nenhum exagero. E de acordo com Jesus, não terão outro destino os que relutantemente menosprezam a Salvação: "Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos, e arrojá-los-ão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes." Mt 13,49-50
Anátema, aliás, que será pronunciado por Ele mesmo, conforme a parábola das ovelhas e dos cabritos: "Em seguida, voltar-Se-á para os de Sua esquerda e di-lhes-á: 'Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o eterno fogo, destinado ao Demônio e seus anjos.'" Mt 25,41
O Profeta Malaquias, de fato, já advertia: "E de novo vereis que há uma diferença entre justo e ímpio, entre quem serve a Deus e quem não o serve. Porque eis que vem o Dia, ardente como uma fornalha, e todos soberbos, todos que cometem o mal serão como a palha. Este Dia, que vai vir, queimá-los-á, diz o Senhor dos Exércitos, e nada ficará: nem raiz, nem ramos." Ml 3,19-20
O salmista também previu essa completa e definitiva extinção dos maus: "O Senhor volta Sua irritada face contra os que fazem o mal, para apagar da Terra a lembrança deles." Sl 33,17
Mas o inferno onde se encontram as almas já condenadas, que no versículo seguinte é chamado de morada subterrânea, na verdade ainda não é o inferno definitivo. Este será o lago ou tanque de fogo, como o Livro do Apocalipse de São João apontou: "O Demônio, sedutor das nações, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a Fera e o falso profeta, e onde dia e noite serão atormentados pelos séculos dos séculos. A morte e a morada subterrânea foram lançadas no tanque de fogo. A segunda morte é esta: o tanque de fogo." Ap 20,10.14
Abaixo chamado de prisão, o atual inferno também foi previsto no Livro do Profeta Isaías, pois a Palavra de Jesus, como visto, já é o veredicto do Juízo: "Nesse Dia, Javé julgará no Céu o Exército do Céu, e na Terra, os reis da Terra. Todos serão reunidos e presos na cadeia, ficarão fechados na prisão, e só depois de muito tempo é que serão sentenciados." Is 24,21-22
Tal condenação havia sido dada, momentos antes nas visões de São João Apóstolo, aos maiores servos do Demônio na Terra: "Mas a fera foi presa, e com ela o falso profeta, que realizara prodígios sob seu controle, com os quais seduzira aqueles que tinham recebido o sinal da fera e se tinham prostrado diante de sua imagem. Ambos foram lançados vivos no lago do sulfuroso fogo." Ap 19,20
Mas não será somente para eles, pois temos esta palavra de mais um dos anjos que anunciam o Julgamento: "Um terceiro anjo seguiu-os, dizendo em alta voz: 'Se alguém adorar a fra e sua imagem, e aceitar seu sinal na fronte ou na mão, também há de beber o vinho da divina cólera, o puro vinho deitado no cálice de Sua ira. Será atormentado pelo fogo e pelo enxofre diante de Seus santos anjos e do Cordeiro. A fumaça de seu tormento subirá pelos séculos dos séculos. Não terão descanso algum, dia e noite, esses que adoram a fera e sua imagem, e todo aquele que acaso tenha recebido o sinal de seu nome.'" Ap 14,9-11
Com efeito, todos ressuscitarão, ou seja, terão seus corpos carnais plenamente restituídos. E é nessa condição que os condenados irão para o definitivo inferno, como Jesus ensinou: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de Sua voz: os que praticaram o bem, irão para a Ressurreição da Vida, e aqueles, que praticaram o mal, ressuscitarão para serem condenados." Jo 5,28-29
Esse ensinamento já estava na pregação do Livro do Profeta Daniel: "Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão: uns para uma Vida Eterna, outros para a ignomínia, a eterna infâmia. Aqueles que tiverem sido inteligentes, fulgirão como o brilho do firmamento, e aqueles que a muitos tiverem introduzido nos caminhos da justiça, luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor." Dn 12,2-3
E o Livro da Sabedoria sentencia aos maus: "Depois disso serão cadáveres sem honra, desterrados entre os mortos, numa eterna ignomínia, porque Ele (Deus) os ferirá e sem voz os precipitará, em suas bases os abaterá e na última desolação os mergulhará. Eles serão entregues à dor, e a memória deles desaparecerá. Aterrorizados comparecerão com a lembrança de seus pecados, e suas iniquidades levantar-se-ão contra eles para confundi-los." Sb 4,19-20
O definitivo inferno, portanto, é o que São João Evangelista chama de segunda morte: "Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos mentirosos terão como quinhão o ardente tanque de fogo e enxofre, a segunda morte." Ap 21,8
Ele assim o descreveu: "... um mar de vidro, irisado com fogo... " Ap 15,2
Para lá também irá todo mundo físico, isto é, todo universo como hoje o conhecemos. É o que Jesus disse, ao afirmar que Sua Palavra não passará, e, no versículo a seguir, repete São Pedro, pois Deus fará novas todas coisas: "Mas os céus e a Terra que agora existem são guardados pela mesma Divina Palavra, e reservados para o fogo no Dia do Juízo e da perdição dos ímpios." 2 Pd 3,7
Entretanto, as almas daqueles que nem sobem de imediato aos Céus, pois não alcançaram a santidade, nem são condenados ao atual inferno, pois não pecaram em gravidade para tanto, isto é, a grande maioria das almas, passam por uma purificação antes de aproximarem-se de Deus. Tal 'lugar', ou melhor, 'estado de purificação' é chamado de Purgatório. Diz o Amado Discípulo: "Os outros mortos não tornaram à Vida, até que se completassem os mil anos." Ap 20,5a
Pois diferente do Juízo Final, pelo qual todas almas devem aguardar, o Juízo Particular é imediato. Os discípulos de São Paulo disseram: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o Juízo..." Hb 9,27
Os Santos, porém, têm suas almas prontamente levadas ao Céu, como São João Evangelista anotou: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da Terra?' Então a cada um deles foi dada uma branca veste, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que com eles estavam para ser mortos." Ap 6,9-11
Eles, portanto, já estão reinando junto a Cristo: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na Primeira Ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,4a.6
Assim, como quase sempre não se sabe a hora de prestar contas, é essencial que sempre estejamos unidos a Jesus, em íntima Comunhão com Ele. Pois sem Ele não se produz fruto algum, e, qual ramo seco, o destino é ser queimado. Ele ensinou em últimas palavras, na noite da Santa Ceia: "Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: tampouco podeis dar fruto se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em Mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á." Jo 15,4-6
Por fim, temos essa alertadora visão que Santa Faustina registrou no "Diário": "Tipos de tormentos que vi: o primeiro tormento que constitui o inferno é a perda de Deus; o segundo, o contínuo remorso de consciência; o terceiro, o de que esse destino jamais mudará; o quarto tormento é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um terrível tormento, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus; o quinto é a contínua escuridão, o terrível e sufocante cheiro, e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas vêem-se mutuamente e vêem todo mal dos outros e o seu; o sexto é a continua companhia do Demônio; e o sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias." (Diário, 741)
Esses tormentos, de fato, são previstos nas Escrituras:
1) A perda de Deus: "Então Ele dirá aos que estiverem à Sua esquerda: 'Malditos, apartem-se de Mim.'" Mt 25,41a / "Eles sofrerão como castigo a eterna perdição, afastados da face do Senhor e de Sua Suprema Glória." 2 Ts 1,9
2) O remordimento da consciência: "... onde seu verme não morre e o fogo não se apaga." Mc 9,48
3) O destino dos condenados nunca mudará: "E estes irão para o eterno castigo..." Mt 25,46a
4) O fogo: "... para a geena, para o inextinguível fogo." Mc 9,43b
5) As trevas: "Então disse o Rei aos servos: 'Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores.'" Mt 22,13a
6) A companhia Satanás: "Ide para o fogo eterno, destinado ao Demônio e aos seus anjos." Mt 25,41b
7) O desespero: "Ali haverá choro e ranger de dentes." Mt 24,51b
E nossa Santa continua: "São tormentos que todos condenados sofrem juntos, mas não é o fim dos tormentos. Existem particulares tormentos para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de horrível e indescritível maneira. Existem terríveis e subterrâneas prisões, abismos de castigo onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus." (Diário, 741)
Tal condenação havia sido dada, momentos antes nas visões de São João Apóstolo, aos maiores servos do Demônio na Terra: "Mas a fera foi presa, e com ela o falso profeta, que realizara prodígios sob seu controle, com os quais seduzira aqueles que tinham recebido o sinal da fera e se tinham prostrado diante de sua imagem. Ambos foram lançados vivos no lago do sulfuroso fogo." Ap 19,20
Mas não será somente para eles, pois temos esta palavra de mais um dos anjos que anunciam o Julgamento: "Um terceiro anjo seguiu-os, dizendo em alta voz: 'Se alguém adorar a fra e sua imagem, e aceitar seu sinal na fronte ou na mão, também há de beber o vinho da divina cólera, o puro vinho deitado no cálice de Sua ira. Será atormentado pelo fogo e pelo enxofre diante de Seus santos anjos e do Cordeiro. A fumaça de seu tormento subirá pelos séculos dos séculos. Não terão descanso algum, dia e noite, esses que adoram a fera e sua imagem, e todo aquele que acaso tenha recebido o sinal de seu nome.'" Ap 14,9-11
Com efeito, todos ressuscitarão, ou seja, terão seus corpos carnais plenamente restituídos. E é nessa condição que os condenados irão para o definitivo inferno, como Jesus ensinou: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de Sua voz: os que praticaram o bem, irão para a Ressurreição da Vida, e aqueles, que praticaram o mal, ressuscitarão para serem condenados." Jo 5,28-29
Esse ensinamento já estava na pregação do Livro do Profeta Daniel: "Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão: uns para uma Vida Eterna, outros para a ignomínia, a eterna infâmia. Aqueles que tiverem sido inteligentes, fulgirão como o brilho do firmamento, e aqueles que a muitos tiverem introduzido nos caminhos da justiça, luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor." Dn 12,2-3
E o Livro da Sabedoria sentencia aos maus: "Depois disso serão cadáveres sem honra, desterrados entre os mortos, numa eterna ignomínia, porque Ele (Deus) os ferirá e sem voz os precipitará, em suas bases os abaterá e na última desolação os mergulhará. Eles serão entregues à dor, e a memória deles desaparecerá. Aterrorizados comparecerão com a lembrança de seus pecados, e suas iniquidades levantar-se-ão contra eles para confundi-los." Sb 4,19-20
O definitivo inferno, portanto, é o que São João Evangelista chama de segunda morte: "Os tíbios, os infiéis, os depravados, os homicidas, os impuros, os maléficos, os idólatras e todos mentirosos terão como quinhão o ardente tanque de fogo e enxofre, a segunda morte." Ap 21,8
Ele assim o descreveu: "... um mar de vidro, irisado com fogo... " Ap 15,2
Para lá também irá todo mundo físico, isto é, todo universo como hoje o conhecemos. É o que Jesus disse, ao afirmar que Sua Palavra não passará, e, no versículo a seguir, repete São Pedro, pois Deus fará novas todas coisas: "Mas os céus e a Terra que agora existem são guardados pela mesma Divina Palavra, e reservados para o fogo no Dia do Juízo e da perdição dos ímpios." 2 Pd 3,7
Entretanto, as almas daqueles que nem sobem de imediato aos Céus, pois não alcançaram a santidade, nem são condenados ao atual inferno, pois não pecaram em gravidade para tanto, isto é, a grande maioria das almas, passam por uma purificação antes de aproximarem-se de Deus. Tal 'lugar', ou melhor, 'estado de purificação' é chamado de Purgatório. Diz o Amado Discípulo: "Os outros mortos não tornaram à Vida, até que se completassem os mil anos." Ap 20,5a
Pois diferente do Juízo Final, pelo qual todas almas devem aguardar, o Juízo Particular é imediato. Os discípulos de São Paulo disseram: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o Juízo..." Hb 9,27
Os Santos, porém, têm suas almas prontamente levadas ao Céu, como São João Evangelista anotou: "Quando abriu o quinto selo, debaixo do altar vi as almas dos homens imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho de que eram depositários. E clamavam em alta voz, dizendo: 'Até quando Tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar nosso sangue contra os habitantes da Terra?' Então a cada um deles foi dada uma branca veste, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que com eles estavam para ser mortos." Ap 6,9-11
Eles, portanto, já estão reinando junto a Cristo: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na Primeira Ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,4a.6
Assim, como quase sempre não se sabe a hora de prestar contas, é essencial que sempre estejamos unidos a Jesus, em íntima Comunhão com Ele. Pois sem Ele não se produz fruto algum, e, qual ramo seco, o destino é ser queimado. Ele ensinou em últimas palavras, na noite da Santa Ceia: "Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: tampouco podeis dar fruto se não permanecerdes em Mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanecer em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto. Porque sem Mim nada podeis fazer. Se alguém não permanecer em Mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á." Jo 15,4-6
Por fim, temos essa alertadora visão que Santa Faustina registrou no "Diário": "Tipos de tormentos que vi: o primeiro tormento que constitui o inferno é a perda de Deus; o segundo, o contínuo remorso de consciência; o terceiro, o de que esse destino jamais mudará; o quarto tormento é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói; é um terrível tormento, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus; o quinto é a contínua escuridão, o terrível e sufocante cheiro, e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas vêem-se mutuamente e vêem todo mal dos outros e o seu; o sexto é a continua companhia do Demônio; e o sétimo tormento, o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias." (Diário, 741)
Esses tormentos, de fato, são previstos nas Escrituras:
1) A perda de Deus: "Então Ele dirá aos que estiverem à Sua esquerda: 'Malditos, apartem-se de Mim.'" Mt 25,41a / "Eles sofrerão como castigo a eterna perdição, afastados da face do Senhor e de Sua Suprema Glória." 2 Ts 1,9
2) O remordimento da consciência: "... onde seu verme não morre e o fogo não se apaga." Mc 9,48
3) O destino dos condenados nunca mudará: "E estes irão para o eterno castigo..." Mt 25,46a
4) O fogo: "... para a geena, para o inextinguível fogo." Mc 9,43b
5) As trevas: "Então disse o Rei aos servos: 'Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o nas trevas exteriores.'" Mt 22,13a
6) A companhia Satanás: "Ide para o fogo eterno, destinado ao Demônio e aos seus anjos." Mt 25,41b
7) O desespero: "Ali haverá choro e ranger de dentes." Mt 24,51b
E nossa Santa continua: "São tormentos que todos condenados sofrem juntos, mas não é o fim dos tormentos. Existem particulares tormentos para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de horrível e indescritível maneira. Existem terríveis e subterrâneas prisões, abismos de castigo onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus." (Diário, 741)
terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Santa Inês
Nasceu em Roma no ano de 304 de nossa era, mais sangrento ano das perseguições perpetradas por Diocleciano, que em seu quarto 'Édito contra os cristãos' os obrigava a prestar sacrifícios públicos aos deuses pagãos, com punição de execução sumária para quem se recusasse.
Aos 13 anos, foi pedida em casamento pelo filho de Semprônio, prefeito de Roma. Após várias insistências, porém, e sempre a mesma respeitosa mas firme recusa em resposta, pois ela não se escondia atrás de seus pais, foi denunciada sob a suspeita de ser cristã, e para testá-la o prefeito obrigou-a a prestar culto a Vesta, a deusa romana do lar e do fogo. Sábia apesar da pouca idade, Santa Inês prontamente objetou: "Se recusei seu filho, que é um homem vivo, como pode pensar que eu aceite prestar honras a uma estátua que nada significa para mim? Meu esposo não é desta Terra."
Diante de tão veemente testemunho, mas em consideração à sua família, e principalmente a seu apaixonado filho, Semprônio tentou argumentar com ela, dizendo que era ainda muito jovem, tinha toda vida pela frente e estaria apenas iludida com aquela nova religião. Porém, como logo percebeu que não conseguiria fazê-la prestar o sacrifício pagão, lembrou-lhe das execuções de que padeciam os cristãos e veladamente ameaçou-a de morte, alegando que os deuses poderiam ficar furiosos com sua recusa.
Santa Inês, no entanto, não era nem despreparada nem inconstante. E diante de todos presentes demonstrou impressionante maturidade espiritual ao defender sua fé: "Sou jovem, é verdade, mas a fé não se mede pelos anos e sim pelos sentimentos. Deus mede a alma, não a idade. Quanto aos deuses, podem até ficar furiosos, que eu não os temo. Meu Deus é amor."
Calado por uma adolescente ainda em seus rebentos, o prefeito irritou-se e ordenou que a levassem ao prostíbulo do Circo Agnolo, lugar de diversões públicas, para que fosse abusada. Mas quando foi apresentada naquele imundo ambiente, e retiraram-lhe as roupas diante dos homens, seus cabelos, instantaneamente crescidos, foram vistos longos até os pés, recobrindo todo seu corpo. E tão forte e celestial Luz irradiava à sua volta que ninguém ousou aproximar-se dela.
Enquanto ela saia do prostíbulo, totalmente transtornado e contrariando a vontade do pai, o filho do prefeito correu em sua direção e tentou abraçá-la. Mas, como chovia, ele foi atingido por um raio e ali mesmo morreu. Ao ser informado da tragédia, e imaginando que havia sido um castigo, Semprônio desesperadamente correu ao lugar e implorou a Santa Inês que pedisse a Deus pela vida de seu filho. Sinceramente comovida, ela pôs-se a rezar e logo o rapaz ressuscitou.
Começava, naquele instante, a conversão de Semprônio e de seu filho ao Catolicismo. Agradecido e profundamente tocado, mandou que dali se retirassem todos que haviam sido encarregados de levá-la ao prostíbulo.
Contudo, mesmo ouvindo tão impressionantes relatos, o vice-prefeito Aspásio não se deu por convencido. Incrédulo e sem atender aos apelos de Semprônio, que temia ser descoberto pelo imperador, invocou Santa Inês para um novo interrogatório, quando mais uma vez e destemidamente nossa Santa afirmou sua fé. Sentindo-se ultrajado por suas convictas declarações, mas demonstrando indiferença e a costumeira arrogância da corte romana, Aspásio sucintamente ordenou que fosse queimada viva.
Começava, naquele instante, a conversão de Semprônio e de seu filho ao Catolicismo. Agradecido e profundamente tocado, mandou que dali se retirassem todos que haviam sido encarregados de levá-la ao prostíbulo.
Contudo, mesmo ouvindo tão impressionantes relatos, o vice-prefeito Aspásio não se deu por convencido. Incrédulo e sem atender aos apelos de Semprônio, que temia ser descoberto pelo imperador, invocou Santa Inês para um novo interrogatório, quando mais uma vez e destemidamente nossa Santa afirmou sua fé. Sentindo-se ultrajado por suas convictas declarações, mas demonstrando indiferença e a costumeira arrogância da corte romana, Aspásio sucintamente ordenou que fosse queimada viva.
Desejando testemunhar Jesus pelo martírio, como os demais cristãos de seu tempo, ela serenamente caminhou ao ser conduzida à fogueira. Quando a acenderam, porém, as chamas abriam-se em sua volta e não lhe queimavam nem mesmo as roupas, mas voltavam-se na direção dos carrascos em grandes línguas de fogo.
Exasperado e querendo vê-la de qualquer maneira morta, mas já duvidando se isso seria possível, com medo de passar novo vexame o vice-prefeito desistiu de fazê-la sofrer aos poucos, naqueles corriqueiros espetáculos de barbárie para intimidar os cristãos, e mandou que dali fosse retirada para o calabouço, onde Santa Inês foi sumariamente decapitada. Graças à influência de sua família, seu corpo não foi jogado no rio Tibre, como Aspásio havia ordenado. Levaram-no para sepultar na Via Nomento.
Desconsolados, seus pais diariamente iam rezar junto ao túmulo, até que, 8 dias depois do martírio, ela apareceu-lhes segurando um Branco Cordeiro, ou seja, o próprio Jesus, e na outra mão a palma (cf. Ap 7,9) que representa a vitória (cf. Ap 2,26) dos Santos (cf. Ap 20,6). Estava rodeada de anjos, e na Glória de Deus. Por conta das perseguições do imperador, o lugar tornou-se um discreto santuário para os cristãos, que por visitas e peregrinações alcançavam grandes milagres.
Em 354, Constantina, neta de Santa Helena e filha de Constantino, imperador que se convertera, mandou desenterrar suas relíquias e no mesmo lugar mandou erguer uma linda basílica em sua homenagem, uma das mais antigas igrejas de Roma.
Aí, no dia de sua veneração é realizada uma Santa Missa Solene na qual se benze dois cordeirinhos, para mais tarde serem apresentados ao Papa e entregues às Irmãs de Santa Cecília, que os tosquiam e com a lã confeccionam pálios. Esses pálios são apresentados no altar da Basílica de São Pedro, na noite da vigília do dia de São Pedro e São Paulo, e depois enviados aos novos arcebispos pelo mundo como um sinal da pureza da Santa Igreja, representada por Santa Inês, e de sua fidelidade a Cristo, representado pelo Bispo de Roma.
Agnes, em grego, de onde vem nosso 'Inês', significa pura, casta. Em latim, Agnus, significa cordeiro.
A devoção a Santa Inês é uma das mais antigas da Igreja.
Exames forenses, recentemente realizados no crânio guardado em seu túmulo, atestaram que se trata de uma menina de 13 anos do século IV.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
São Sebastião
Sua mãe era de família cristã, e batizou-o ainda criança. Nosso Santo cresceu imponente e forte, e em 283, aos 27 anos, entrou para o exército romano. Logo chegou ao cargo de oficial, dadas suas qualidades para a vida militar: força física, coragem, obediência e prudência. Porém, como fervoroso cristão e conhecedor dos preconceitos de então, a intenção de São Sebastião era demonstrar a soldados e generais, e talvez até mesmo ao imperador, a real natureza dos seguidores de Cristo, verdadeiro Deus e Salvador da humanidade.
Muito admirado por sua dedicação e Sabedoria, em breve conquistou a estima dos nobres e também do imperador Diocleciano, além da de um amigo dele, Maximiniano, que a partir de 285 foi indicado como coimperador. Sem saberem que São Sebastião era cristão, indicaram-no para capitão da famosa Guarda Pretoriana, que desde o imperador Otaviano, no início do século I, deixara de ser a guarda dos oficiais das legiões romanas para servir direta e exclusivamente à segurança pessoal do imperador. Era, portanto, um valoroso soldado, de reconhecidas inteligência e habilidades, apesar de relativamente novo.
Nesses tempos de cruéis perseguições à Igreja, tanto quanto podia usava de entranhada caridade para com os mais desafortunados, e era diligente protetor dos seguidores de Jesus. De grande inspiração, sabia usar muito bem as palavras e as oportunidades para testemunhar Jesus, convertendo expressivo número de soldados e prisioneiros, já fortemente influenciados pelas histórias de tantos mártires da Igreja. Muitos pagãos romanos definitivamente abraçaram o Catolicismo por suas pregações.
Quando os irmãos gêmeos São Marcos e São Marceliano foram presos por não renegarem a fé, a família deles pediu a Cromácio, governador de Roma, que prorrogasse a data da execução da sentença de morte, para aumentar as chances de fazê-los prestar culto aos deuses pagãos. Enquanto seus pais, mulheres e filhos lhes pediam para abandonar a fé, São Sebastião visitava-os para que permanecessem firmes e tivessem suas intenções voltadas para a Vida Eterna.
Com luminosas exortações e atitudes, não só conseguiu manter estes Santos irmãos confiantes nas promessas de Cristo como reconverteu toda família e ainda batizou outros 64 presos, além do próprio governador Cromácio e seu filho Tibúrcio, em companhia de seus parentes.
Santo Ambrósio de Milão relata que enquanto ele consolava os dois prisioneiros condenados, uma Grande Luz encheu a prisão e Jesus lhes apareceu rodeado de sete anjos. Ele deu o beijo da Paz no rosto de São Sebastião e garantiu-lhe que sempre estaria a seu lado.
Após se converter, Cromácio, sem nada explicar a seus superiores, pediu destituição do cargo e foi morar fora de Roma, onde libertou todos seus escravos, os batizou e secretamente acolhia os cristãos perseguidos pelo imperador. Segundo ele, São Sebastião também deveria deixar Roma, pois as conversões que ele operava, cada vez mais numerosas, irritavam Diocleciano. Mas nosso Santo, absolutamente seguro de que tão somente cumpria a vontade de Deus, resolveu ficar e continuar sua missão, no centro do poder, onde São Pedro havia anunciado a Palavra e, junto a tantos mártires, como o insigne São Paulo, testemunhado a fé e entregado sua vida em sacrifício.
Em 286, Zoé, uma cristã amiga de São Sebastião, foi miraculosamente curada por ele após ter perdido a voz por seis anos. Mas como era muito conhecida e representava um grande sinal do poder de Deus para todo povo, pois não parava de dar testemunhos públicos, por ordem de Diocleciano foi dependurada pelos calcanhares e sufocada na fumaça de uma fogueira. Morreu, porém, sem renegar a Cristo.
Tarquilino, pai de São Marcos e São Marceliano, que também não mais conseguia parar de testemunhar a visão que teve de Cristo na aparição a São Sebastião, durante a prisão dos filhos, foi morto a flechadas depois de horas de torturas, que sofreu em pé, com os pés presos a um poste, pois igualmente se negava a prestar culto aos deuses pagãos.
Diante de tudo isso, São Sebastião já não continha em si a flama do Espírito Santo e ostensivamente pôs-se a converter pagãos, prontificando-se a acompanhá-los em seus martírios caso fossem descobertos. Abertamente pregava nas ruas, como faziam uns poucos corajosos e anônimos cristãos de então, já bastante feridos por tantas crueldades ou de súbito arrebatados pela poderosa e mística força de Deus.
Inicialmente tolerado, a quem tentavam conter como um pueril revoltado, acabou denunciado por Fabiano, novo governador de Roma, e Diocleciano ficou muito surpreso ao saber quem estava incendiando o coração dos cristãos. Visivelmente contrariado, embora se achando capaz de convencê-lo, o imperador, seguro do poder dos bens materiais mas ignorante dos bens espirituais, ofereceu-lhe uma oportunidade: deveria escolher entre o Cristianismo e o cargo que exercia. Acreditava que aquele inteligente capitão apenas estaria escandalizado com tanta brutalidade, ou embevecido com aquela nova e absurda religião. Para sua surpresa, no entanto, viu-o serenamente escolher sua fé.
E estupefato com tão bem articuladas palavras de seu testemunho, que atestavam a desconcertante espiritualidade de um jovem, restou-lhe acusá-lo de ingratidão e traição, e que estaria ameaçando, segundo ele, suas tentativas de restauração do Império Romano, já em decadência. Segundo o livro de Santo Ambrósio, 'Passio Sancti Sebastiani', nosso Santo respondeu a Diocleciano que, ao contrário, estava prestando um inestimável serviço ao povo, revelando o verdadeiro Deus e estimulando que 'incessantemente orassem ao Soberano Árbitro e Criador do Universo', na intenção de salvar o imperador e o Império.
Tomado de ira, o imperador virou-lhe as costas e ordenou que fosse publicamente assassinado a flechadas pelos temíveis arqueiros de Mauritânia, cooptados pelos romanos, que tinham os mais fortes arcos e flechas, de grande precisão. Amarrado ao tronco de uma árvore para que sangrasse até a morte, São Sebastião foi alvejado em 4 pontos vitais: bexiga, artéria braquial, artéria femoral e, finalmente, o coração.
Santa Irene, viúva de São Cástulo, foi à noite com cristãos ao local da execução, imaginando dar-lhe um digno funeral, mas encontrou-o miraculosamente vivo, apesar de copioso sangramento. Levou-o como morto à sua casa e dele cuidou até que se restabelecesse. Curado, ela tentou convencê-lo a fugir, mas a atitude de São Sebastião foi exatamente oposta. Apresentou-se ao imperador e acusou-o de injustiça e crueldade, culpando-o de acelerar a social e moral decadência de Roma.
Diocleciano estava absolutamente perplexo ao ver São Sebastião vivo e são. E ainda ouviu dele: "É possível, Senhor, que eternamente vos permita iludir pelas imposturas e calúnias que sem cessar andam inventando contra os cristãos? Sabei que os fiéis estão longe de ser inimigos do Estado, que é somente às suas orações que vós sois devedor de todas prosperidades."
Sentindo-se ferido em seu orgulho, o imperador não demorou para mais uma vez condená-lo à morte, agora passando pela terrível flagelação sofrida por Jesus, com chicotes de dilacerantes pontas de chumbo, chamados flagelos, mas indefinidamente prolongada para que sangrasse e agonizasse até perder os sentidos. Dado seu vigor físico, porém, pois resistia de pé e sem gritar, Diocleciano ordenou-lhe um brutal espancamento com o uso de clavas. Com todo corpo macerado e finalmente morto, foi jogado na conhecida 'cloaca máxima', maior e mais fétida fossa dos esgotos de Roma, para que apodrecesse e fosse comido pelos vermes, e não ser venerado em túmulo.
Nessa mesma noite, porém, Santa Luciana teve um sonho em que São Sebastião lhe informava exatamente onde estava seu corpo, e pediu para sepultá-lo nas catacumbas da Via Ápia, próximo ao Vaticano, à época apenas um monte da periferia usado com cemitério de pagãos, no qual estavam sepultados as relíquias de São Pedro e São Paulo.
Santo Agostinho, que viveu no século seguinte, fez vários sermões em sua homenagem. Com justiça, ele é considerado o terceiro padroeiro de Roma, após São Pedro e São Paulo. Nos primeiros séculos, a Santa Igreja frequentemente invocava-o junto a São Jorge, em combate aos violentos inimigos da fé.
Santo Agostinho, que viveu no século seguinte, fez vários sermões em sua homenagem. Com justiça, ele é considerado o terceiro padroeiro de Roma, após São Pedro e São Paulo. Nos primeiros séculos, a Santa Igreja frequentemente invocava-o junto a São Jorge, em combate aos violentos inimigos da fé.
Em 680 suas relíquias foram levadas para a Basílica de São Paulo Fora-dos-Muros, que é do século IV, construída pelo imperador Constantino. Neste ano, Roma estava sendo assolada por uma peste, mas a epidemia logo cedeu após a procissão que trasladou seus restos mortais.
Também em Milão, em 1575, e Lisboa, em 1599, epidemias foram debeladas após procissões realizadas em sua devoção, e por isso tornou-se o protetor contra pestes.
Também em Milão, em 1575, e Lisboa, em 1599, epidemias foram debeladas após procissões realizadas em sua devoção, e por isso tornou-se o protetor contra pestes.
No Brasil, no ano de 1565, a expulsão dos franceses que haviam invadido o Rio de Janeiro foi alcançada por sua intercessão, exatamente na data de seu martírio, quando dele fizeram o Padroeiro da cidade.
O nome Sebastos, em grego, significa divino, o mesmo que Augusto em latim.
A Basílica de São Sebastião Fora-dos-Muros era uma das sete igrejas do Jubileu. Nela hoje estão uma das flechas que atingiu nosso Santo, e parte do pelourinho ao qual esteve amarrado quando sofreu seu martírio.
A parte superior de seu crânio é venerada na igreja do convento beneditino da cidade Ebersberg, no sul de Alemanha, que é do século X e foi construída em sua homenagem. Por séculos, ela tem sido igreja de peregrinação para os cristãos.
São Sebastião, rogai por nós!
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