Jesuíta espanhol, dedicou todo seu Sacerdócio para ser o 'Escravo dos Africanos' (cf. Mc 9,35) no Vice-Reino de Nova Granada, terras de atual Colômbia, nas primeiras décadas de 1600. Ao canonizá-lo em 1888, o Papa Leão XIII declarou: "Pedro Claver é o Santo que mais me impressionou depois da vida de Cristo." E o Papa São João Paulo II, em viagem apostólica a Colômbia, pregou à frente de suas relíquias: "Pedro Claver brilha com especial clareza no firmamento da caridade cristã de todos tempos."
Pere Claver Corberó nasceu em 26 de junho de 1580 no município de Verdú, nas proximidades da cidade de Barcelona, em Espanha, e desde pequeno já eram evidentes suas religiosas inclinações. Era de um família de prósperos e devotamente católicos agricultores. Aos 20 anos, quando foi enviado à Universidade de Barcelona para continuar seus estudos, sentiu-se fortemente tocado pelo estilo de vida dos jesuítas e pediu admissão na Societas Jesu, a Companhia de Jesus, fundada havia poucas décadas por seu compatriota Santo Inácio de Loyola. Logo foi reconhecido como exemplo de inteligência e piedade.
Foi mandado a Tarragona, também cidade de Catalunha, para o noviciado, e depois encaminhado à ilha de Palma de Maiorca para estudar Filosofia no Colégio Nossa Senhora do Monte Sião, jesuíta, um dos mais antigos do mundo, fundado em 1561.
Aí encontrou aquele que se tornaria Santo Afonso Rodrigues, canonizado junto a ele, então leigo irmão, já aos 73 anos, que viu em São Pedro Claver um grande Santo e viria a ser seu diretor espiritual. Foi ele que o aconselhou a partir como missionário para a colônia espanhola no Continente Americano.
Essa recomendação profundamente impactava as aspirações que trazia em sua alma. No primeiro dia em que foi acolhido na Companhia, havia escrito em seu diário: "Quero passar toda minha vida trabalhando pelas almas, para salvá-las e morrer por elas." E assim em 1610 cruzou o Atlântico rumo ao Colégio de São Bartolomeu, na cidade de Santa Fé de Bogotá, que havia sido fundado no ano de 1604, onde estudou Teologia por seis anos e foi cozinheiro, enfermeiro, sacristão e por fim porteiro. Este último encargo não era o de vigilância, como o conhecemos, mas importante, de 'relações públicas', aquele responsável pelo convento que interagia com a sociedade, embora também ficasse à porta para receber as visitas nos dias próprios. Igualmente ia ajudar os padres em Tunja, cidade na Cordilheira dos Andes, onde havia uma casa jesuíta.
Aí encontrou aquele que se tornaria Santo Afonso Rodrigues, canonizado junto a ele, então leigo irmão, já aos 73 anos, que viu em São Pedro Claver um grande Santo e viria a ser seu diretor espiritual. Foi ele que o aconselhou a partir como missionário para a colônia espanhola no Continente Americano.
Essa recomendação profundamente impactava as aspirações que trazia em sua alma. No primeiro dia em que foi acolhido na Companhia, havia escrito em seu diário: "Quero passar toda minha vida trabalhando pelas almas, para salvá-las e morrer por elas." E assim em 1610 cruzou o Atlântico rumo ao Colégio de São Bartolomeu, na cidade de Santa Fé de Bogotá, que havia sido fundado no ano de 1604, onde estudou Teologia por seis anos e foi cozinheiro, enfermeiro, sacristão e por fim porteiro. Este último encargo não era o de vigilância, como o conhecemos, mas importante, de 'relações públicas', aquele responsável pelo convento que interagia com a sociedade, embora também ficasse à porta para receber as visitas nos dias próprios. Igualmente ia ajudar os padres em Tunja, cidade na Cordilheira dos Andes, onde havia uma casa jesuíta.
Em 1616 foi ordenado Sacerdote em Cartagena das Índias, uma das mais importantes cidades e principal porto negreiro do Reino de Espanha no Novo Mundo: movimentava 10 mil escravos por ano! Isso dava-se apesar da proibição de tráfico de escravos datada da primeira metade do século XVI, pelo Papa Paulo III, que seria reafirmada na primeira metade do seguinte século, pelo Papa Urbano VIII e, na segunda metade do século XIX, Papa Pio IX chamaria de 'vilania suprema'.
Por esses tempos, São Pedro Claver já se havia juntado a vários missionários jesuítas que reclamavam das desumanas condições com que os escravos eram transportados nos navios que chegavam de África. Ao final, por essa firme defesa dos escravos e também dos índios, muitos deles seriam expulsos de Colômbia, assim como toda Companhia de Jesus de vários países de América Latina, inclusive de Brasil.
São Pedro Claver, porém, sabendo que ele e seus companheiros não seriam ouvidos, adotou outra postura diante dessa tragédia: sempre que sabia da chegada de novos navios, corria ao porto com cestos de laranjas, limões, biscoitos e vinho, entre outros alimentos, além de tabaco e remédios para oferecer aos escravos, muitos deles prestes a morrer, principalmente de escorbuto, por falta de vitamina C. Ele assim fazia inspirado por Padre Alonso de Sandoval, também jesuíta, que estava nessa missão havia 40 anos. Até escreveria, ao retornar a Sevilha, um memorável livro sobre natureza, costumes, ritos e crenças dos africanos. E São Pedro Claver, como seu aluno, superou em muito as expectativas.
Selecionados conforme o idioma que falavam, de início comprou e libertou 7 deles dentre os mais novos, ensinou-lhes espanhol, catequizou-os e empregou-os como intérpretes para abordar as levas das diversas etnias que chegavam ao porto.
Assim viveu quase 40 anos! Como havia vários padres em Cartagena, se algum branco quisesse confessar-se com ele, e eram muitos, tinha que esperar que primeiro atendesse todos escravos que lhe buscavam, o que invariavelmente só terminava já a noite. Também era procurado por muçulmanos e protestantes ingleses. Diligente operário na Salvação de almas, e por isso grande penitente, muitas vezes veio a desmaiar no confessionário, abatido pela fome ou pela estafa.
Mesmo vivendo no auge dos ataques do protestantismo à Santa Igreja Católica, não entrava em debates doutrinários: o socorro físico aos mais carentes não lhe deixava tempo. A exemplo de São José de Anchieta, também espanhol e jesuíta atuante numa colônia, que havia usado teatro para catequizar, nosso Santo adaptou o ensino religioso para facilitar sua absorção por africanos culturas e hábitos, constantemente usando de pinturas e imagens.
Igualmente trabalhou em amparo aos acusados pela Inquisição, aos hereges, aos assassinos, aos ladrões e aos piratas, com a mesma solicitude que tratava os negros. Agia como advogado para abrandar-lhes as penas ou encomendava suas almas, em caso de condenados à execução.
Enfim, tomado de fortes febres, talvez malária, padeceu por 4 anos até falecer a 8 de setembro de 1654, mas é celebrado no dia 9 para ter data própria, não coincidindo com a da Natividade de Nossa Senhora.
Enfim, tomado de fortes febres, talvez malária, padeceu por 4 anos até falecer a 8 de setembro de 1654, mas é celebrado no dia 9 para ter data própria, não coincidindo com a da Natividade de Nossa Senhora.
Mesmo nesse estado, diariamente pedia para ser carregado até o confessionário. E quando estava em seu quarto, era maltratado, sem a devida alimentação e higienização, por um ex-escravo contratado pelo superior da casa para cuidar dele, do que, aceitando como penitência, nunca reclamou. Com a notícia de sua morte, muita gente foi a seu quarto para velá-lo e acabou levando todo pertence que podia ser guardado como relíquia.
Catequizou e batizou mais de 300 mil pessoas, a maioria escravos, e ouvia mais de 5 mil confissões por ano. Leão XIII intitulou-o Padroeiro das missões para os africanos, mas já o era dos marítimos. Tem o título de Aethiopum Servus, Escravo dos Africanos, mais usualmente Escravo dos Escravos, e também de Defensor dos Direitos Humanos. Em expressivo reconhecimento em Colômbia e outros países, popularmente é chamado o Apóstolo de Cartagena.
São Pedro Claver, rogai por nós!
Ainda hoje inspira religiosos pelo mundo, como as Irmãs Missionárias de São Pedro Claver, chamadas Irmãs Claverianas, uma congregação religiosa fundada em Áustria pela Beata Maria Teresa Ledóchowska, dedicada a atender às necessidades espirituais e sociais dos pobres pelo mundo, particularmente em África; as Pequenas Irmãs dos Pobres de São Pedro Claver, congregação fundada em Colômbia pela Venerável Marcelina de San José para cuidar de idosos e doentes; os Cavaleiros de Peter Claver, Inc., a maior organização fraternal católica afro-americana dos Estados Unidos; e o Apostolado do Mar, também conhecido como Stella Maris, Estrela do Mar, numa referência a Maria Santíssima, mantido por capelães dos portos e aqueles que visitam os tripulantes dos navios em nome da Igreja Católica. O Dia Nacional dos Direitos Humanos em Colômbia é comemorado a 9 de setembro, prestando-lhe homenagem. Igualmente é venerado pela igreja luterana na América.
A Igreja de Cartagena de Índias, construída em 1580, depois de levar o nome do português São João de Deus, fundador da Ordem Hospitaleira, e, mais tarde, o de Santo Inácio de Loyola, passou a homenageá-lo, atualmente a Catedral de São Pedro Claver. Aí, no altar principal, se encontram suas relíquias.