domingo, 15 de setembro de 2024

Nossa Senhora das Dores


    Desde 1221, na Germânia, atual Alemanha, já se prestava culto de solidariedade às dores sofridas por Nossa Senhora. Para todo verdadeiro cristão, é simplesmente uma sensata atitude de compaixão, condolência e piedade.
    Em 1239, essa devoção foi levada a Florência, na Itália, pela Ordem dos Servos de Maria, chamados de Servitas, e no século XVIII entrou na Liturgia da Igreja por decisão do Papa Bento XIII.
    Contam-se sete grandes dores:

A FUGA DA SAGRADA FAMÍLIA PARA O EGITO

    A primeira grande dor de Nossa Senhora deu-se logo após o Nascimento de Jesus, quando o Anjo da Guarda de São José o avisou que Herodes queria matar o Menino. Sem dúvida, uma terrível aflição, um pungente sofrimento que culminaria, segundo São Mateus, no cumprimento de numa profecia de Jeremias, o Massacre dos Inocentes de Belém:

    "Depois de sua partida, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse:
    - Levanta-te, toma o Menino e Sua mãe, e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para matá-Lo.
    José levantou-se durante a noite, tomou o Menino e Sua mãe, e partiu para o Egito. Ali permaneceu até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo Profeta Oseias: 'Do Egito, Eu chamei Meu Filho (Os 11,1).'
    Então, vendo Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e seus arredores todos meninos de dois anos para baixo, conforme o exato tempo que havia indagado dos magos. Assim se cumpriu o que foi dito pelo Profeta Jeremias: 'Em Ramá ouviu-se uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos. Não quer consolação, porque já não existem (Jr 31,15)!'" 
                                               Mt 2,13-18


AS TRISTES PROFECIAS DE SIMEÃO SOBRE JESUS E MARIA

    Antes de partir para o Egito, porém, Seus pais ousaram passar por Jerusalém sob as ameaças de Herodes, para apresentar o Menino Jesus no Templo, como manda a Lei (cf. Ex 13,2), no oitavo dia após de Seu Nascimento (cf. Lv 12,3). Lá a Santíssima Virgem ouviu do religioso Simeão o anúncio de mais dores. E tal anúncio, em si, foi sua segunda grande dor:

    "Simeão abençoou-Os e disse a Maria, Sua mãe:
    - Eis que este Menino está destinado a ser causa de queda e soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser sinal que provocará contradições, a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará tua alma." 
                                               Lc 2,34-35


O 'DESAPARECIMENTO' DO MENINO JESUS POR TRÊS DIAS

    Ao completar doze anos, numa viagem a Jerusalém, Jesus deixou-Se ficar no Templo questionando os doutores da Lei, e assim 'Se perdeu' de Sua mãe e Seu pai. O prenúncio da brusca ruptura, que aconteceria na Santa Cruz, é a terceira grande dor de Maria Santíssima:

    "Seus pais iam todo ano a Jerusalém para a festa da Páscoa.
    Tendo Ele atingido doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume da festa. Acabados os dias da festa, quando voltavam, ficou o Menino Jesus em Jerusalém, sem que Seus pais o percebessem. Pensando que Ele estivesse com Seus companheiros de comitiva, andaram caminho de um dia e buscaram-nO entre parentes e conhecidos. Mas não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à Sua procura.
    Três dias depois, acharam-nO no Templo, sentado em meio a doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos que O ouviam estavam maravilhados da Sabedoria de Suas respostas. Quando eles O viram, ficaram admirados. E Sua mãe disse-Lhe:
    - Meu Filho, que nos fizeste?! Eis que Teu pai e eu andávamos à Tua procura, cheios de aflição.
    Respondeu-lhes Ele:
    - Por que Me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na Casa Meu Pai?" 
                                               Lc 2,41-49


MARIA OUVE JESUS CONSOLAR AS MULHERES NO CAMINHO AO CALVÁRIO

    Enquanto subia o Monte Calvário carregando a Cruz, Jesus consolou algumas mulheres de Jerusalém. Como O acompanhava em meio à multidão, vendo Sua compaixão por inocentes mulheres mesmo estando sob tão grandes suplícios, a Mãe de Deus teve sua quarta grande dor:

    "Seguia-O uma grande multidão do povo e também mulheres, que batiam no peito e lamentavam. Voltando-Se para elas, Jesus disse:
    - Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim. Chorai por vós mesmas e por vossos filhos, porque dias virão nos quais se dirá: 'Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os seios que não amamentaram!' Então dirão aos montes: 'Caí sobre nós!' E aos outeiros: 'Cobri-nos!' Porque se eles fazem isto ao verde lenho, que acontecerá ao seco?'" 
                                                Lc 23,27-31


DE PÉ, MARIA PADECE O SOFRIMENTO E A MORTE DE JESUS

    
Ouvir as últimas palavras de Jesus e ver Seu último suspiro na Cruz, como relatou São João Evangelista, foram os momentos da quinta grande dor da Santíssima Senhora:

    "Junto à Cruz de Jesus estavam de pé Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
    Quando Jesus viu Sua mãe, e perto dela o discípulo que amava, disse à Sua mãe:
    - Mulher, eis aí teu filho.
    Depois disse ao discípulo:
    - Eis aí tua mãe.
    E dessa hora em diante, o discípulo levou-a para sua casa.
    Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para cumprir-se plenamente a Escritura, disse:
    - Tenho sede.
    Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-Lhe à boca. Havendo Jesus tomado do vinagre, disse:
    - Tudo está consumado.
    Inclinou a cabeça e rendeu o espírito." 
                                                Jo 19,25-30


MARIA RECEBE O CORPO DE JESUS RETIRADO DA CRUZ

    Após a morte de Jesus, é evidente que a Imaculada Virgem não sairia dali sem ver o que fariam com o Corpo de Seu Filho, embora tal atitude não tenha sido citada por São Marcos. E recebê-Lo ao ser retirado da Cruz foi sua sexta grande dor:

    "E já chegada a tarde, pois era a Preparação, isto é‚ a véspera do Sábado, veio José de Arimateia, ilustre membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus. Ousando entrar onde estava Pilatos, pediu-lhe o Corpo de Jesus.
    Pilatos admirou-se de que Ele tivesse morrido tão depressa. E chamando o centurião, perguntou se já havia muito tempo que Jesus tinha morrido. Obtida a resposta afirmativa do centurião, mandou dar-lhe o Corpo.
    Depois de ter comprado um pano de linho, José tirou-O da Cruz..." 
                                              Mc 15,42-46a


MARIA VÊ O SEPULTAMENTO DO CORPO DE JESUS

    E também sem a expressa menção de São Mateus, Nossa Mãe do Céu acompanhou todo procedimento até o Corpo de Jesus ser sepultado. Por sua permanente presença ao lado do Amado Filho, durante toda Sua Missão, e por firme esperança na Ressurreição que Ele havia anunciado, não deve ter sido fácil tirá-la dali antes do completo cair da noite. E assistir ao sepultamento foi sua sétima grande dor:

    "José tomou o Corpo, envolveu-O num branco lençol e depositou-O num novo sepulcro, que para si tinha mandado talhar na rocha. Depois rolou uma grande pedra à entrada do sepulcro, e dali partiu.
    Maria Madalena e a outra Maria lá ficaram, sentadas defronte ao túmulo." 
                                                Mt 27,59-61


     Um grande sinal de Nossa Senhora das Dores foi dado em recente década no Japão, em 1973, e exatamente no dia 13 de outubro, mesmo dia do Milagre do Sol, que marcou a última Aparição de Fátima. Foi a Aparição de Akita, sequente à qual por um longo período a imagem local de Nossa Mãe Celeste chorou 101 vezes, lágrimas que foram analisadas a testadas como humanas pela Faculdade de Medicina da Universidade de Akita.
    As mensagens que ela aí transmitiu são de fato muito sérias, lembrando mesmo o cumprimento da profecia da Grande Tribulação, e foram anunciadas para um futuro próximo.
    Por fim, nas revelações feitas no século XIV à Santa Brígida (livro 1, capítulo 27), Nossa Senhora pessoalmente falou, mais que em sete dores, em cinco espadas que lhe traspassaram o Imaculado Coração:
    1ª)  a nudez de Jesus durante a flagelação;
    2ª)  as injustas acusações para condená-Lo;
    3ª)  a brutalidade da coroa de espinhos;
    4ª)  Sua mortiça voz na Cruz, ao dizer: "Pai, por que Me abandonaste?"; e,
    5ª)  Sua amaríssima morte.
    E, ao final, pediu-lhe: "Que estes que estão no mundo contemplem o que passei quando morreu Meu Filho, e que sempre O tenham em sua memória!"

    "Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!"