domingo, 31 de março de 2024

O Domingo da Ressurreição


    "No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro, correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo, a quem Jesus amava:
    - Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram!
     Então Pedro saiu com aquele discípulo, e foram ao sepulcro. Corriam juntos, mas o discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro. Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. Chegou Simão Pedro, que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. Também viu o Sudário, que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
    Em seguida também entrou o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
    Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus havia de ressuscitar dentre os mortos. Os discípulos, então, voltaram para casa.
    Entretanto, Maria conservava-se do lado de fora, perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o Corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles perguntaram-lhe:
    - Mulher, por que choras?
    Ela respondeu:
    - Porque levaram Meu Senhor, e não sei onde O puseram.
    Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu. Perguntou-lhe Jesus:
    - Mulher, por que choras? Quem procuras?
    Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu:
    - Senhor, se tu O tirastes, dize-me onde O puseste e eu irei buscá-Lo.
    Disse-lhe Jesus:
    - Maria!
    Voltando-se ela, exclamou em hebraico:
    - Rabôni! (que quer dizer Mestre).
    Disse-lhe Jesus:
    - Não Me retenhas, porque ainda não subi a Meu Pai, mas vai a Meus irmãos e dize-lhes: Subo a Meu Pai e Vosso Pai, Meu Deus e Vosso Deus.
    Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor, e contou o que Ele lhe tinha falado.
    Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-Se em meio a eles. Disse-lhes Ele:
    - A Paz esteja convosco!
    Dito isso, mostrou-lhes as Mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Disse-lhes outra vez:
    - A Paz esteja convosco! Como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.
    Depois dessas palavras, soprou sobre eles, dizendo-lhes:
    - Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos."
                                                Jo 20,1-23


    Assim São João Evangelista, "a quem Jesus amava", o "outro discípulo" que foi ao sepulcro com São Pedro, narrou a manhã e a tarde da Ressurreição de Cristo. Por isso, o primeiro dia da semana passou a chamar-se 'Domingo', que em latim quer dizer 'Dia do Senhor', e o sábado perdeu a importância que tinha no Antigo Testamento, como São Paulo ensina aos colossenses: "Ninguém vos critique, pois, por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é o Corpo de Cristo." Cl 2,16-17
    Ora, este Apóstolo celebrava a Eucaristia num domingo, como São Lucas apontou: "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos para partir o Pão, Paulo, que havia de viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a palestra até a meia-noite." At 20,7
    O próprio Jesus, em debate com os fariseus, já havia anunciado: "Não lestes na Lei que, nos dias de sábado, os sacerdotes transgridem no Templo o descanso do sábado e não se tornam culpados? Ora, Eu declaro-vos: aqui está Quem é maior que o Templo. Porque o Filho do Homem é Senhor também do sábado." Mt 12,5-6.8
    De fato, aquele domingo foi o mais importante dia para toda humanidade: abriu-se o Reino dos Céus. Desde então, segundo Jesus, quem na terra completou seus dias em esperança e guardando Sua Palavra,"... passou da morte para a Vida." Jo 5,24
    O salmista havia-o antevisto: "Este é o Dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e n'Ele exultemos!" Sl 117,24
    Com a Ascensão de Jesus, de fato, São João Evangelista ouviu nos Céus: "Agora chegou a Salvação, o poder e a realeza de Nosso Deus, assim como a autoridade de Seu Cristo." Ap 12,10b
    E ainda: "Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor." Ap 14,13b
    Era a sétima e última trombeta: "O sétimo anjo tocou a trombeta. Então ressoaram no Céu altas vozes que diziam: 'O Império de Nosso Senhor e de Seu Cristo estabeleceu-se sobre o mundo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos." Ap 11,15
    Cumpria-se a profecia de Davi: "Eis o Oráculo do Senhor, que Se dirige a Meu Senhor: 'Assenta-Te à Minha direita, até que Eu faça de Teus inimigos o banquinho de Teus pés." Sl 109,1
    São Paulo escreveu aos coríntios: "Cristo ressuscitou dentre os mortos como primícias dos que morreram! Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a Ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão." 1 Cor 15,20b-22
    E aos colossenses: "Ele é o Princípio, o Primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas coisas." Cl 1,18b
    Não há mais, portanto, a mansão dos mortos, para onde iam todas almas. Agora elas vão ou ao Céu, ou ao Purgatório ou ao inferno. E pelo Juízo Particular, ainda que só por alguns instantes, como é o caso das almas condenadas ao inferno, é-lhes dado ver Deus face a face. Era o fim de uma longa espera, cantada noutro Salmo como um lamento: "Minha alma tem sede de Deus, do Deus Vivo! Quando hei ir ver a face de Deus?" Sl 42,3
    Aos Apóstolos, Jesus havia dito que Sua Ressurreição, comprovada por Sua aparição, era a definitiva prova de Sua Divindade e de Sua Comunhão com a Igreja: "Ainda um pouco de tempo e o mundo já não Me verá. Vós, porém, tornareis a ver-Me, porque Eu vivo e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que estou em Meu Pai, vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,19-20
    Era o grande sinal de Sua passagem para todo povo de Israel, como Ele disse aos líderes religiosos: "Hipócritas! Sabeis distinguir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos? Essa perversa e adúltera geração pede um milagre! Mas não lhe será dado outro sinal senão o de Jonas!" Mt 16,4a
    Pois Ele é maior que o Templo, como vimos acima: "Perguntaram-Lhe os judeus: 'Que sinal nos apresentas Tu, para procederes deste modo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Destruí vós este Templo, e Eu reerguê-lo-ei em três dias.'" Jo 2,18-19
    E a Ressurreição é a prova de Sua Glória, como Ele disse após ser identificado como Cristo por São Pedro: "Em Verdade, declaro-vos: muitos destes que aqui estão não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade de Seu Reino." Mt 16,28
    São Paulo, de fato, disse de Sua aparição na Galileia: "Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive, e alguns já são mortos." 1 Cor 15,6
    Jesus ainda prometeu que, após Sua dolorosa Paixão, Sua aparição seria a razão da maior alegria que os Apóstolos poderiam ter: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo há de alegrar-se. E haveis de estar tristes, mas vossa tristeza há de transformar-se em alegria. Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio sua hora. Depois que deu à luz a criança, porém, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e vosso coração alegrar-se-á, e ninguém vos tirará vossa alegria." Jo 16,20-22
    No livro do Apocalipse, com efeito, São João Evangelista garante, por toda eternidade, aos que forem fiel até o fim: "Verão Sua face..." Ap 22,4
    Pois ainda na Cruz, Jesus havia dito ao 'bom ladrão': "Eu garanto-te: hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso." Lc 23,43


MAIS APARIÇÕES DE JESUS RESSUSCITADO

    Além de uma particular aparição a São Pedro, também narrada por São Paulo (1 Cor 15,5), São Lucas narrou outra, em consonância com São Marcos (Mc 16,12), a dois discípulos, ambas ainda no Domingo da Ressurreição, antes da aparição que se deu ao Colégio dos Apóstolos, no final da tarde:

    "Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro de tudo que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-Se deles e com eles caminhava. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados, e não O reconheceram. Perguntou-lhes, então:
    - De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?
    Um deles, chamado Cléofas, respondeu-Lhe:
    - Acaso és Tu o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?
    Perguntou-lhes Ele:
    - Que foi?
    Disseram:
    - A respeito de Jesus de Nazaré... Era um poderoso Profeta, em obras e palavras, diante de Deus e de todo povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos magistrados entregaram-nO para ser condenado à morte, e crucificaram-nO.
    Nós esperávamos que fosse Ele Quem havia de restaurar Israel, porém já é hoje o terceiro dia que essas coisas aconteceram. É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol, e, não tendo achado Seu Corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que Ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e assim o acharam, como as mulheres tinham dito, mas a Ele mesmo não viram.
    Jesus disse-lhes:
    - Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo que anunciaram os Profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse em Sua Glória?
    E começando por Moisés, percorrendo todos Profetas, explicava-lhes o que d'Ele se achava dito em todas Escrituras.
    Aproximaram-se da aldeia para onde iam, e Ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-nO a parar:
    - Fica conosco, já é tarde e declina o dia!
    Então entrou com eles. Aconteceu que, estando sentados à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-O e serviu-lhO. Então se lhes abriram os olhos e O reconheceram... mas Ele desapareceu.
    Diziam, pois, um ao outro:
    - Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e explicava as Escrituras?
    Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém.
    Aí acharam reunidos os Onze e aqueles que com eles andavam. Todos diziam:
    - O Senhor verdadeiramente ressuscitou, e apareceu a Simão."
                                             Lc 24,13-34


    São João Evangelista ainda narrou uma muito conhecida história: a aparição em que Jesus Se voltou especificamente a São Tomé, que aconteceu no seguinte domingo:

    "Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos disseram-lhe:
    - Vimos o Senhor!
    Mas ele replicou-lhes:
    - Se não vir em Suas Mãos o sinal dos pregos, e não puser meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir minha mão em Seu lado, não acreditarei!
    Oito dias depois, estavam Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles.
    Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-Se em meio a eles e disse:
    - A Paz esteja convosco!
    Depois disse a Tomé:
    - Introduz aqui teu dedo, e vê Minhas Mãos. Põe tua mão em Meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de .
    Respondeu-Lhe Tomé:
    Disse-lhe Jesus:
    - Creste porque Me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!"
                                              Jo 20,24-29


    Ele também narrou uma terceira aparição à parte do Colégio dos Apóstolos, composto por ele mesmo, outros quatro e ainda dois discípulos, quando já estavam na Galileia:

    "Depois disso, tornou Jesus a manifestar-Se a Seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galileia), os filhos de Zebedeu e outros dois de Seus discípulos.
    Disse-lhes Simão Pedro:
    - Vou pescar.
    Responderam-lhe eles:
    - Também vamos contigo.
    Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.
    Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não O reconheceram.
    Perguntou-lhes Jesus:
    - Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?
    - Não, responderam-Lhe.
    Disse-lhes Ele:
    - Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis!
    Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes.
    Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro:
    - É o Senhor!
    Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava nu, e lançou-se às águas. Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes, pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados. Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.
    Disse-lhes Jesus:
    - Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes.
    Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.
    Disse-lhes Jesus:
    - Vinde, comei!
    Nenhum dos discípulos ousou perguntar-Lhe: 'Quem és Tu?', pois bem sabiam que era o Senhor.
    Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lhos, e do mesmo modo o peixe.
    Era esta já a terceira vez que Jesus Se manifestava a Seus discípulos, depois de ter ressuscitado."
                                              Jo 21,1-13


    São Mateus, por sua vez, narrou a grande aparição a Apóstolos, discípulos e seguidores, que Jesus havia prometido, através de Maria Madalena, acontecer na Galileia. Segundo registro de São Paulo, essa multidão era de quinhentas pessoas:

    "Os Onze discípulos foram para a Galileia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Quando O viram, adoraram-nO. Entretanto, alguns ainda hesitavam.
    Mas Jesus, aproximando-Se, disse-lhes:
    - Toda autoridade foi-Me dada no Céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas nações. Batizai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos dias, até o fim do mundo."
                                             Mt 28,16-20

    São Lucas deu-nos mais informações sobre essas aparições, como o exato período entre a Ressurreição e Sua Ascensão aos Céus: "E a eles manifestou-Se vivo depois de Sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus." At 1,3
    E São Paulo, como no relato de São Lucas (Lc 24,34), registra a aparição a São Pedro, que se deu antes de Jesus manifestar-Se conjuntamente aos Dez. Note-se que ele se confundiu com o número dos Apóstolos, que então eram Dez, pois São Tomé não estava no primeiro domingo nem São Matias havia sido escolhido para o lugar de Judas Iscariotes: "Primeiramente transmiti-vos o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado, e ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Pedro, e em seguida aos Doze." 1 Cor 15,3-5
    É do Último Apóstolo, ademais, o registro de uma particular aparição a São Tiago Menor, certamente para tratar de sua importante missão à frente da igreja de Jerusalém, manifestação que se deu depois da aparição aos quinhentos na Galileia e antes de Jesus aparecer a todos demais seguidores, aí indistintamente chamados de Apóstolos: "Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive, e alguns já são mortos. Depois apareceu a Tiago, em seguida a todos Apóstolos." 1 Cor 15,7
    Apesar de tão grande multidão, São Pedro atesta que Ele não apareceu a qualquer pessoa: "Mas Deus ressuscitou-O no terceiro dia, concedendo-Lhe manifestar-Se não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia escolhido..." At 10,40-41a
    Igualmente São Paulo: "Depois de realizarem todas coisas que d'Ele estavam escritas, tirando-O do madeiro, puseram-nO num sepulcro. Mas Deus ressuscitou-O dentre os mortos. Durante muitos dias apareceu àqueles que com Ele subiram da Galileia a Jerusalém, os quais até agora são Suas testemunhas junto ao povo." At 13,29-31
    Ora, assim era a promessa de Jesus, que restritivamente falou a Apóstolos, discípulos e seguidores: "Ainda um pouco de tempo, e já não Me vereis. Depois mais um pouco de tempo, e tornareis a ver-Me, porque vou para junto do Pai." Jo 16,16
    E como acima mencionado, Ele excluía o 'mundo': "Ainda um pouco de tempo, e o mundo já não Me verá. Vós, porém, tornareis a ver-Me, porque Eu vivo e vós vivereis." Jo 14,19
    Aos demais seguidores, em futuros tempos, Ele também prometeu pessoais manifestações quando foi inquirido por São Judas Tadeu: "Pergunta-Lhe Judas, não o Iscariotes: 'Senhor, por que razão hás de manifestar-Te a nós e não ao mundo?' Respondeu-lhe Jesus: 'Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra e Meu Pai amá-lo-á. E Nós viremos a ele e nele faremos Nossa morada.'" Jo 14,22-23
    A Jerusalém, que não O acolheu, Ele profetizou sua destruição e estabeleceu uma condição: "Eis que vos ficará deserta vossa casa. Digo-vos, porém, que não Me vereis até que venha o dia em que digais: 'Bendito Aquele que vem em Nome do Senhor!'" Lc 13,35
    Ainda temos de São Paulo a narração da aparição que resultou em sua própria conversão: "E por último de todos, também apareceu a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos Apóstolos e não sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus." 1 Cor 15,8-9
    Mas não foi a única! Ao menos pelos registros das Escrituras, apareceu-lhe de novo quando voltou à Cidade Santa, três anos após sua conversão: 

    "Voltei para Jerusalém e, orando no Templo, fui arrebatado em êxtase. E vi Jesus que me dizia:
    - Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque não receberão teu testemunho a Meu respeito.
    Eu reconheci:
    - Senhor, eles sabem que nas sinagogas eu encarcerava e com varas açoitava os que creem em Ti. E quando se derramou o sangue de Estêvão, Tua testemunha, eu estava presente, consentia nisso e guardava os mantos daqueles que o matavam.
    Mas Ele respondeu-me:
    - Vai, porque Eu te enviarei para longe, às nações...'"
                                              At 22,17-21

    Quando pela primeira vez esteve em Corinto, fervorosamente cumprindo esta missão, após ter seu testemunho rejeitado pelos judeus, Jesus tornou a aparecer-lhe, exortando-o a pregar aos gentios: "Numa noite, o Senhor disse a Paulo em visão: 'Não temas! Fala e não te cales. Porque Eu estou contigo. Ninguém se aproximará de ti para te fazer mal, pois tenho um numeroso povo nesta cidade.' Paulo deteve-se ali um ano e seis meses, ensinando a eles a Palavra de Deus." At 18,9-11
     E ainda anos mais tarde, quando foi precautivamente preso em Jerusalém pelo tribuno, após tê-lo apresentado ao Sinédrio. Ele vai enviá-lo a Roma, exatamente onde ministrava São Pedro, o que faria dela uma cidade apostólica (cf. Ap 11,3): "Na seguinte noite, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: 'Coragem! Deste testemunho de Mim em Jerusalém, assim também importa que o dês em Roma.'" At 23,11
    São Pedro também indica ter visto o Senhor pelo menos mais uma vez, pouco antes de sua morte em Roma. Ele diz em sua Segunda Carta: "Tenho por meu dever, enquanto estiver neste tabernáculo, manter-vos vigilantes com minhas admoestações. Porque sei que em breve terei que deixá-lo, assim como Nosso Senhor Jesus Cristo me fez conhecer." 2 Pd 1,13-14
    Por fim, há os registros das visões que São João Evangelista, já em seus últimos anos, teve de Jesus, e igualmente deram-se num domingo, que ele já chamava de Dia do Senhor. Aliás, dessa revelação, que é a mais exata tradução da palavra 'Apocalipse', vieram quase todos ritos da Santa Missa, que reproduzem celestes cenas:

    "Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na paciência em união com Jesus, estava na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
    No Dia do Senhor, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, forte voz como de trombeta, que dizia:
    - O que vês, escreve-o num Livro e manda-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodiceia.
    Voltei-me para saber que voz falava comigo. Tendo-me voltado, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, Alguém semelhante ao Filho do Homem, vestindo longa túnica até os pés, cingido o peito por um cinto de ouro. Tinha Ele cabeça e cabelos brancos como lã cor de neve. Seus olhos eram como chamas de fogo. Seus pés pareciam-se ao fino bronze, incandescido na fornalha. Sua voz era como o ruído de muitas águas. Segurava na mão direita sete estrelas. De Sua boca saía uma afiada espada, de dois gumes. Seu rosto assemelhava-se ao sol, quando brilha com toda força.
    Ao vê-Lo, caí como morto a Seus pés.
    Ele, porém, pôs sobre mim Sua mão direita e disse:
    - Não temas! Eu sou o Primeiro e o Último, e O que vive. Pois estive morto, e eis-Me de novo vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos. Escreve, pois, o que viste, tanto as coisas atuais como as futuras.
    [...]
    Ainda vi o Céu aberto: eis que aparece um branco cavalo. Seu Cavaleiro chama-Se Fiel e Verdadeiro, e é com justiça que Ele julga e guerreia. Tem flamejantes olhos. Em Sua cabeça há muitos diademas e traz escrito um Nome que ninguém conhece, senão Ele. Está vestido com um manto tinto de Sangue, e Seu Nome é Verbo de Deus. Seguiam-nO em brancos cavalos os Celestes Exércitos, vestidos de fino linho, de uma imaculada brancura. De Sua boca sai uma afiada espada, para com ela ferir as pagãs nações, porque Ele deve governá-las com cetro de ferro e pisar o lagar do vinho da ardente ira do Deus Dominador. Ele traz escrito no manto e na coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores!"
                                      Ap 1,9-19;19,11-16

    "Salvador do mundo, salvai-nos, Vós que nos libertastes pela Cruz e Ressurreição."

sábado, 30 de março de 2024

A Ressurreição da Carne


    Em Seu imenso amor por nós, o Pai Eterno não poderia deixar de oferecer-nos a própria eternidade. Referindo-Se à Sua condição humana, portanto mortal, Jesus disse: "Em Verdade, não falei por Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Ele mesmo prescreveu-Me o que devo dizer e o que devo ensinar. E Eu sei que Seu Mandamento é Vida Eterna." Jo 12,49-50a
    Realmente falava de uma grandessíssima dádiva: a infusão do Santo Paráclito: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais Vosso Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que LhO pedirem." Lc 11,13
    Chegávamos à plenitude dos tempos, e assim ao cumprimento de mais uma etapa do projeto de Salvação: a reconciliação com Deus, profetizada através do Profeta Joel: "Depois disso, acontecerá que derramarei Meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões." Jl 3,1
    Isso se realizou com a Vinda do Cristo, que pouco antes de Sua Ascensão aos Céus disse à Nascente Igreja: "Eu mandá-vos-ei o Prometido de Meu Pai. Entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto." Lc 24,49
    Pois antes do dilúvio, diante da grande pecaminosidade que tomou a terra, Deus havia determinado: "Meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porque todo ele é carne, e a duração de sua vida será de cento e vinte anos." Gn 6,3b
    E São Paulo disse o que representa o Pentecostes, a definitiva Vinda do Santo Paráclito assegurada por Jesus: "Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a Vida e a Paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à Lei de Deus, e nem o pode. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se o Espírito de Deus realmente habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é d'Ele. Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a Vida aos vossos corpos mortais, por Seu Espírito que em vós habita." Rm 8,6-7.11
    Assim, além de explicitar Sua divindade, quando Se transfigurou Jesus deu um grande sinal do que aconteceria em Sua Ressurreição. Apresentava-Se, pela primeira vez, em corpo glorioso: "Seis dias depois, Consigo Jesus tomou Pedro, Tiago e João, seu irmão, e à parte conduziu-os a uma alta montanha. Lá Se transfigurou em presença deles: Seu rosto brilhou como o sol, Suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias, conversando com Ele." Mt 17,1-3
    O rosto de Moisés, após receber de Deus as Tábuas da Lei, também brilhava a ponto de ter que usar um véu. Mas era apenas seu rosto, como sinal da proximidade que ele tinha com Deus: "E tendo-o visto Aarão e todos israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele." Ex 34,30
    Esse corpo que pode apresentar-se brilhante como o sol, sem necessariamente ofuscar a vista, foi predito bem antes da Vinda de Jesus e aconteceria com Nossa Senhora, quando foi elevada ao Céu. Está lá no Cântico dos Cânticos: "Quem é esta que surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, temível como um exército em ordem de batalha?" Ct 6,10
    De fato, a São João Evangelista, que cuidou de Nossa Mãe Celestial após a Paixão de Cristo, foi concedido ver sua Coroação no Céu, exatamente como havia sido profetizado: "Em seguida apareceu um grande sinal no Céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas." Ap 12,1
    E esse também é um suspiro de São Paulo, que vale para todos nós: "Nós, porém, somos cidadãos dos Céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante a Seu Corpo glorioso..." Fl 3,20-21


MULTIFORME, MATERIAL E IMATERIAL

    Logo ao ressuscitar, na manhã do primeiro dia, Jesus não Se apresentou de modo a ser reconhecido por Santa Maria Madalena: "... voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não O reconheceu." Jo 20,14
    E instantes depois, quando permitiu ser reconhecido, ela quis abraçá-Lo, mas Ele não o permitiu, certamente por alguma especial condição de Seu Corpo: "Disse-lhe Jesus: 'Não Me retenhas, porque ainda não subi a Meu Pai...'" Jo 20,17
    Sua simples reaparição sem feridas e hematomas já era um grande milagre, pois Seu Corpo foi impiedosamente massacrado durante a flagelação ordenada por Pilatos, pelas quedas na subida ao Calvário (teve que ser ajudado!) e pela brutalidade da morte na Cruz. Ao morrer, Sua aparência nem lembrava a de um ser humano, como Isaías profetizou Seus últimos momentos: "Assim como, à Sua vista, muitos ficaram embaraçados, tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana...” Is 52,14
    Dois de Seus discípulos, que caminhavam para Emaús no Domingo da Ressurreição, também não puderam reconhecê-Lo, pois ao menos inicialmente Ele assim não o quis. Aí Jesus demonstrou como eles eram frágeis na , e não guardavam Sua Palavra. Ele não avisou que ressuscitaria? "Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-Se deles e caminhava com eles. Mas seus olhos estavam-lhes como que vendados, e não O reconheceram." Lc 24,15-16
    Mas nem sempre assim Ele Se manifestava. Nesta mesma situação, aliás, apresentou-Se com Sua conhecida aparência, e exatamente durante o ritual do Santíssimo Sacramento, como pediu para ser celebrado, embora logo em seguida tenha demonstrado mais um poder de Sua Divindade: "Aproximaram-se da aldeia para onde iam e Ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-nO a parar: 'Fica conosco, já é tarde e o dia declina.' Então entrou com eles. Aconteceu que, estando conjuntamente sentados à mesa, Ele tomou o pão, abençoou-O, partiu-O e serviu-lhO. Então se lhes abriram os olhos e O reconheceram... mas Ele desapareceu." Lc 24,28-31
    E no mesmo domingo, momentos depois, também apareceu fisicamente ao Colégio dos Apóstolos. E para tirar qualquer dúvida, disse-lhes: "Vede Minhas mãos e Meus pés, sou Eu mesmo. Apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho." Lc 24,39
    Chegou a comer diante deles: "Mas, ainda vacilando eles e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?' Então Lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles." Lc 24,41,43
    E São Pedro atestava-o, como disse perante Cornélio e sua família pouco antes do 'Pentecostes dos Gentios': "Mas Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu que aparecesse, não a todo povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que com Ele comemos e bebemos depois que ressuscitou." At 10,40-41
    Contudo, eram verdadeiramente aparições, pois 'atravessavam paredes' como São João Evangelista descreveu: "Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-Se em meio a eles. Disse-lhes Ele: 'A Paz esteja convosco!'" Jo 20,19
    Na segunda aparição aos Apóstolos, não por acaso igualmente num domingo, Ele também Se apresentou de modo a ser imediatamente reconhecido: "Oito dias depois, estavam Seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-Se em meio a eles e disse: 'A Paz esteja convosco!'" Jo 20,26
    E logo ofereceu Suas feridas para que São Tomé as tocasse: "Põe aqui teu dedo e olha Minhas mãos. Estende tua mão e coloca-a em Meu lado. E não sejas incrédulo, mas crê!" Jo 20,27
    Na terceira aparição ao Colégio dos Apóstolos, já na Galileia, de novo Ele apresentou-Se irreconhecível, mas só por um breve momento: "Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não O reconheceram. Perguntou-lhes Jesus: 'Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?' 'Não', responderam-Lhe. Disse-lhes Ele: 'Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis.' Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: 'É o Senhor!' Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava nu, e lançou-se às águas." Jo 21,4-7
    E logo em seguida Ele comeu Pão e peixe diante eles. Tinha Seu próprio alimento, mas fez questão de comer do peixe que os Apóstolos haviam recém-pescado: "Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e Pão. Disse-lhes Jesus: 'Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes.' Depois de haverem comido..." Jo 21,9-10.15
    Eram todas essas aparições, porém, a realização de uma promessa do próprio Jesus, quando avisou aos Apóstolos de como se daria Sua Paixão: "Ainda um pouco de tempo, e já não Me vereis. Depois, mais um pouco de tempo, e tornareis a ver-Me, porque vou para junto do Pai." Jo 16,16
    Ele assegurou, como São Mateus registrou, que muitos veriam Sua Glória: "Em Verdade, declaro-vos: muitos destes que aqui estão não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade de Seu Reino." Mt 16,28
     De fato, na aparição da Galileia São Paulo anotou um expressivo números de videntes: "Depois apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, dos quais a maior parte ainda vive (e alguns já são mortos)." 1 Cor 15,6


A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

    Jesus, porém, não ressuscitou sozinho, mas com vários Santos: "Os sepulcros abriram-se e muitos corpos de Santos ressuscitaram. Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da Ressurreição de Jesus e apareceram a muitas pessoas." Mt 27,53
    Isso também não deveria ser surpresa, pois o próprio Jesus havia dito: "Em Verdade, em Verdade, digo-vos: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Pois como o Pai tem a Vida em Si mesmo, assim também deu ao Filho ter a Vida em Si mesmo... Não fiqueis admirados com isso, pois vem a hora em que todos que estão nos túmulos ouvirão Sua voz e sairão." Jo 5,25-26.28
    E disse como Suas ovelhas livremente disporão dos Céus: "EU SOU a Porta! Se alguém entrar por Mim, será salvo. Tanto entrará como sairá, e encontrará pastagem." Jo 10,9
    São Pedro, com efeito, mais tarde iria atestar Sua descida à mansão dos mortos, embora também tenha registrado que nem todos participariam da 'primeira ressurreição', que só cabe aos Santos. Ou seja, as penas do Purgatório haverão de ser cumpridas: "Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos. Para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito." 1 Pd 4,6
    Como anunciava a Ressurreição da Carne, Jesus, em debate com saduceus, teve que dar explicações desta doutrina que havia alguns séculos fora revelada e já estava sendo corretamente observada e propagada: "Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, mas os que serão julgados dignos do futuro século e da Ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido. Eles jamais poderão morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados. Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da ardente sarça (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para Ele todos vivem." Lc 20,34-38
    São Paulo, com efeito, explicou: "Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão." 1 Cor 15,22
    E lamentou por aqueles cuja esperança só está voltada para coisas materiais: "Se é só para esta vida que temos colocado nossa esperança em Cristo, somos, de todos homens, os mais dignos de lástima." 1 Cor 15,19
    Pois sabemos que todos vão ressuscitar, é fato, mas nem todos terão o mesmo destino. Jesus afirmou: "Aqueles que praticaram o bem irão para a Ressurreição da Vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados." Jo 5,29
    Por isso, nestes termos alertava para o castigo maior, que também será aplicado ao corpo: "Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes temei Aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." Mt 10,28
    De fato, Deus havia feito essa promessa através do Profeta Ezequiel: "Eis o que diz o Senhor Javé: 'Ó Meu povo, vou abrir vossos túmulos. Eu fá-vos-ei sair deles... Então sabereis que Eu é que sou o Senhor, ó Meu povo... quando Eu pôr em vós Meu Espírito para fazer-vos voltar à vida...'" Ez 37,12a.13a.14a
    Também através de Daniel: "Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para uma Vida Eterna, outros para a ignomínia, a eterna infâmia. Aqueles que tiverem sido inteligentes fulgirão como o brilho do firmamento, e aqueles que a muitos tiverem introduzido nos caminhos da justiça luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor." Dn 12,2-3
    Ora, Ezequiel foi arrebatado e testemunhou a grandiosa visão do Vale dos Ossos Secos: "Profetizei, pois, assim como tinha recebido ordem. No momento em que comecei, um barulho fez-se ouvir e, em seguida, um ensurdecedor ruído enquanto os ossos vinham unir-se aos outros. Prestando atenção, vi que músculos se formavam sobre eles, que carne neles nascia e que uma pele os recobria. Todavia, não tinham espírito. 'Profetiza ao Espírito!', disse-me o Senhor. 'Profetiza, Filho do Homem, e dirige-te ao Espírito.' Eis o que diz o Senhor Javé: 'Vem, Espírito, dos quatro cantos do Céu, sopra sobre esses mortos para que revivam.' Proferi o Oráculo que Ele me havia ditado, e daí a pouco o Espírito penetrou neles. Retornando à vida, eles levantaram-se sobre seus pés: um grande, um imenso exército." Ez 37,7-10
    E os testemunhos de Judas Macabeu também sustentam: "Mas o Criador do mundo, que formou o homem em sua origem e a todas coisas deu existência, restituí-vos-á, em Sua Misericórdia, tanto o espírito como a vida, se agora fizerdes pouco-caso de vós mesmos por amor às Suas leis." 2 Mc 7,23
    São Paulo não tem dúvida: "Com os mensageiros de Seu poder, Ele descerá do Céu por entre chamas de fogo para fazer justiça àqueles que não reconhecem a Deus e aos que não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus. Como castigo, eles sofrerão a eterna perdição, longe da face do Senhor e de Sua Suprema Glória. Naquele Dia, Ele virá e será a Glória de Seus Santos e a admiração de todos fiéis, e também vossa, porque crestes no testemunho que vos demos." 2 Ts 1,7b-10
    Foi, pois, por amor a Lázaro e para dar outro sinal da Ressurreição que Jesus lhe devolveu a vida. Não era, entretanto, a definitiva Ressurreição, que confere ao ressuscitado um incorruptível e glorioso corpo. Sem dúvida, anos mais tarde São Lázaro 'tornaria' a morrer. Sua ressurreição foi só uma prova de nossa vocação para a eternidade, assim como os demais a quem Jesus e os Apóstolos ressuscitaram. Tais sinais confirmam a Palavra e o poder de Jesus, pois num dos momentos em que Se revelou como Deus, Ele disse a Santa Marta: "Eu sou a Ressurreição e a Vida. Aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá." Jo 11,25
    Ele disse-o ainda de mais explícito modo, garantindo que Ele mesmo, e não Deus Pai, ressuscitaria quem n'Ele cresse: "Esta é a vontade de Meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e n'Ele crê, tenha a Vida Eterna. E Eu ressuscitá-lo-ei no Último Dia." Jo 6,40
    E deixou claro que tal Graça se daria pelo poder do Santíssimo Sacramento: "Quem come Minha Carne e bebe Meu Sangue tem a Vida Eterna. E Eu ressuscitá-lo-ei no Último Dia." Jo 6,54
    Por esse Sacramento, portanto, temos o início da eternidade: "Assim como vive o Pai que Me enviou, e Eu vivo pelo Pai, assim aquele que comer Minha Carne também viverá por Mim." Jo 6,57
    Aliás, Ele disse sobre Sua própria Ressurreição: "... dou Minha Vida para retomá-la. Ninguém a tira de Mim, mas dou-a de Mim mesmo porque tenho o poder para dá-la como tenho o poder para reassumi-la." Jo 10,18
    E através dela garantiu a Comunhão dos Santos, iniciada com aos Apóstolos: "Naquele dia conhecereis que estou em Meu Pai, e vós em Mim e Eu em vós." Jo 14,20


O CORPO GLORIOSO

    São Paulo, fabricante de tendas por profissão, chamava de 'tenda' a carne em que vivemos: "Pois enquanto permanecemos nesta 'tenda', gememos oprimidos: desejamos ser não despojados, mas revestidos com uma nova veste por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela Vida." 2 Cor 5,4
    E fez esta explanação aos coríntios, falando da transformação daqueles que estiverem vivos ao tempo da Definitiva Vinda de Cristo: "Assim também é a Ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível; semeado no desprezo, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso; semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual. Como está escrito: 'O primeiro homem, Adão, foi feito vivente alma (Gn 2,7).' O Segundo Adão é Vivificante Espírito. Mas não é o espiritual que vem primeiro, e sim o animal. O espiritual vem depois. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno, o Segundo veio do Céu. Qual o homem terreno, tais os homens terrenos, e qual o Homem Celestial, tais os homens celestiais. Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno, precisamos reproduzir as feições do Homem Celestial. O que afirmo, irmãos, é que nem a carne nem o sangue podem participar do Reino de Deus, e que a corrupção não participará da incorruptibilidade. Eis que vos revelo um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta, porque a trombeta soará. Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. É necessário que este corpo corruptível se revista de incorruptibilidade, e que este corpo mortal se revista de imortalidade. Quando este corpo corruptível estiver revestido de incorruptibilidade, e quando este corpo mortal estiver revestido de imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura: 'A morte foi tragada pela Vitória' (Is 25,8). 'Onde está, ó morte, tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão (Os 13,14)?'" 1 Cor 15,42-55
    Verdadeiramente inspirado, também deu detalhes das últimas horas do fim dos tempos: "Eis o que vos declaramos, conforme a Palavra do Senhor: por ocasião da Vinda do Senhor, nós que estivermos ainda vivos não precederemos os mortos. Quando for dado o sinal, à voz do Arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do Céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro. Depois nós, os vivos, os que ainda estamos na terra, seremos arrebatados juntamente a eles sobre nuvens ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor." 1 Ts 4,15-17
    E o próprio Jesus avisou que nem laços conjugais nem laços de trabalho evitarão o Juízo: "Eu digo-vos: naquela noite, dois estarão na mesma cama, um será tomado e o outro será deixado. Duas mulheres estarão juntas moendo farinha, uma será tomada e a outra será deixada. Dois homens estarão no campo, um será levado e o outro será deixado." Lc 17,34-35
    São Paulo, porém, teve que deixar claro que nada era para já: "No que diz respeito à Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com Ele, rogamo-vos, irmãos, não vos deixeis facilmente perturbar o espírito e vos alarmar, nem por alguma pretensa revelação nem por palavra ou carta tidas como procedentes de nós, e que vos afirmassem estar iminente o Dia do Senhor." 2 Ts 2,1-2
    E São Pedro explica: "O Senhor não tarda a cumprir Sua promessa, como alguns interpretam a demora. É que Ele está usando de paciência para convosco, pois não deseja que ninguém se perca. Ao contrário, quer que todos venham a converter-se. Considerai como a paciência do Senhor vos é salutar." 2 Pd 3,9.15a
    São João Evangelista, pelas revelações que teve, também deu detalhes da nova condição da carne ressuscitada: "Já não terão fome, nem sede, nem o sol ou calor algum abrasá-los-á, porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será Seu Pastor e levá-los-á às fontes das Águas Vivas..." Ap 7,15b-16a
    E indicou que, por pessoal consolação de Deus, aí não haverá sofrimento algum: "Ele (Deus) enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição." Ap 21,4
    Com efeito, mesmo aqui na Terra, corpos de muitos Santos ainda não se decompuseram. O corpo de Santa Luzia já tem 1700 anos e ainda pode ser visto, não se corrompeu por completo. São sinais que Deus nos dá da futura e definitiva Ressurreição da carne.


RESSURREIÇÃO DE CRISTO: ESSÊNCIA DA DOUTRINA

    Segundo São Paulo, conhecer o Mistério de Cristo é conhecer o poder que há em Sua Ressurreição, e este é obtido oferecendo-se com Ele em sacrifício: "Anseio pelo conhecimento, de Cristo e do poder de Sua Ressurreição, pela participação em Seus sofrimentos, tornando-me semelhante a Ele na morte, com a esperança de conseguir a ressurreição dentre os mortos." Fl 3,10-11
    Os seguidores de sua tradição afirmam: "Foi por sua que Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu único filho, depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: 'Uma posteridade com teu nome sê-te-á dada em Isaac (Gn 21,12).' Estava ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os mortos. Assim ele conseguiu que seu filho lhe fosse devolvido, e isso é um ensinamento para nós!" Hb 11,17-19
    E evocando já tantos testemunhos, eles exortam à perseverança em Cristo: "Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das correntes do pecado. Com perseverança corramos ao proposto combate, com o olhar fixo no Autor e Consumador de nossa fé, Jesus. Em vez de gozo que se Lhe oferecera, Ele suportou a Cruz e está sentado à direita do trono de Deus." Hb 12,1-2
    São Pedro também diz que a Ressurreição de Cristo é a fonte de nossa esperança, o impulso da Nova Vida: "Bendito seja Deus, o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo! Em Sua grande Misericórdia, Ele fez-nos renascer pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança..." 1 Pd 1,3
    Testemunhar Sua Ressurreição, de fato, era o tema central das primeiras pregações dos Apóstolos. Só depois se divulgaram Seus Ensinamentos e, ainda mais tarde, detalhes de Sua História. Mas, por demais marcante e absolutamente reveladora, era Sua Ressurreição que no início eles anunciavam, como foi exigido de São Matias, que substituiu Judas Iscariotes. Disse São Pedro em reunião com os Dez, ainda antes do Pentecostes: "Convém que destes homens que em nossa companhia têm estado todo tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do Batismo de João até o dia em que de nosso meio foi arrebatado, um deles se torne conosco testemunha de Sua Ressurreição." Ap 1,21-22
    E foi o que eles fizeram com ardor: "Com grande coragem, os Apóstolos davam testemunho da Ressurreição do Senhor Jesus. Em todos eles era grande a Graça." At 4,33
    São Paulo também menciona a Ressurreição como o feito central do Ministério de Jesus: "Dou testemunho a pequenos e a grandes, nada dizendo senão o que os Profetas e Moisés disseram que havia de acontecer, a saber: que Cristo havia de padecer e seria o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, havia de anunciar a Luz ao povo judeu e aos pagãos." At 26,22b-23
    Foi o que ele pregou em Atenas: "Alguns filósofos epicureus e estoicos conversaram com ele. Diziam uns: 'Que quer dizer esse tagarela?' Outros: 'Parece que é pregador de novos deuses.' Pois lhes anunciava Jesus e a Ressurreição. Tomaram-no consigo e levaram-no ao Areópago, e perguntaram-lhe: 'Podemos saber que nova doutrina é essa que pregas?'" At 17,18-19
    E ele assim ensinou: "Deus, porém, não levando em conta os tempos da ignorância, agora convida a todos homens de todos lugares a arrependerem-se. Porquanto fixou o dia em que com justiça há de julgar o mundo, pelo ministério de um Homem que para isso destinou. Como garantia disso, deu a todos o fato de tê-Lo ressuscitado dentre os mortos." At 17,30-31
    Também argumentou com os coríntios, em respostas aos que renegavam a ressurreição: "Ora, se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã nossa pregação, e também é vã vossa fé. Pois se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou." 1 Cor 15,12-14.16
    Para envolver em sua defesa os fariseus, que concordavam com essa doutrina, ele usou deste argumento perante o Sinédrio, quando foi preso: "Por causa da minha esperança na ressurreição dos mortos é que sou julgado." At 23,6
    Ele vai evocar esta Tradição mais uma vez diante Félix, procurador da Judeia, diante de quem foi levado sob custódia, testemunhando que haverá ressurreição, seja para a Vida Eterna, seja para os castigos do inferno, como também acreditavam os fariseus: "Tenho esperança em Deus, como também eles esperam, de que há de haver a ressurreição dos justos e dos pecadores." At 24,15
    E São João Evangelista, no livro do Apocalipse, assim avisa da Volta de Jesus: "Ei-Lo que vem com as nuvens. Todos olhos vê-Lo-ão, mesmo aqueles que O traspassaram." Ap 1,7a
    A ressurreição, portanto, é basilar capítulo do Catolicismo, como o Credo diz e os seguidores de São Paulo ensinam: "Pelo que, transpondo os elementares ensinamentos da Doutrina de Cristo, procuremos alcançar-lhe a plenitude. Não queremos agora insistir nas fundamentais noções da conversão, da renúncia ao pecado, da fé em Deus, a doutrina dos vários batismos, da imposição das mãos, da ressurreição dos mortos e do Eterno Julgamento." Hb 6,1-2
    Aliás, nosso Batismo consiste numa súplica a Deus, para que Ele nos mantenha vigilantes e no correto Caminho em nome da Ressurreição de Seu Filho: "Esta água prefigurava o Batismo de agora, que também salva a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma boa consciência, pela Ressurreição de Jesus Cristo." 1 Pd 3,21
    Porque Sua Ressurreição é a grande força do Evangelho. Foi por ela que Deus O consagrou, como prega o Apóstolo dos Gentios: "... em poder foi estabelecido Filho de Deus por Sua Ressurreição dos mortos..." Rm 1,4
    Ora, a Ressurreição de Jesus já havia sido profetizada por Davi nos Salmos, como São Pedro explicou: "É, portanto, a Ressurreição de Cristo que ele previu e anunciou por estas palavras: 'Ele não foi abandonado na região dos mortos, e Sua Carne não conheceu a corrupção (Sl 15,10).'" At 2,31
    Falando através de Davi, era o próprio Jesus que rezava a Deus: "Por isso, Meu Coração alegra-se e Minha alma exulta. Até Meu Corpo descansará seguro, porque Vós não abandonareis Minha alma na habitação dos mortos nem permitireis que Vosso Santo conheça a corrupção." Sl 15,9-10
    Essa é a Glória do 'Filho de Maria': "Senhor, Eu sou Vosso Servo. Vosso Servo, Filho de Vossa Serva. Quebrastes Meus grilhões." Sl 115,7
    Através do salmista, portanto, já era proclamada essa certeza: "Na presença do Senhor continuarei Meu caminho, na terra dos vivos." Sl 114,8
    A partir da ressurreição, como vimos Jesus afirmar, os seres humanos havidos por filhos de Deus alcançarão essa angelical condição: "Na ressurreição, os homens não terão mulheres nem as mulheres, maridos, mas serão como os anjos de Deus no Céu." Mt 22,30
    É lá que nosso amor a Deus, e por consequência aos nossos semelhantes, será recompensado. Jesus disse sobre a caridade que se faz aos mais necessitados: "Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas sê-te-á retribuído na Ressurreição dos justos." Lc 14,14
    Os Santos, por sinal, para si asseguram a Vida Eterna já durante a passagem terrena, sem que suas almas passem pelo Purgatório. Aqui mesmo eles alcançam a perfeita Comunhão com Deus, e após um glorioso Juízo Particular, o Juízo Final não os assusta, pois já estão reinando com Cristo: "Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo: com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,6
    O livro da Sabedoria já dizia: "Mas as almas dos justos estão na mão de Deus, e nenhum tormento tocá-los-á. Aparentemente estão mortos, aos olhos dos insensatos. Seu desenlace é julgado como uma desgraça e sua morte, como uma destruição, quando na verdade estão na Paz! Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade, e, por terem sofrido um pouco, receberão grandes bens, porque Deus, que os provou, os achou dignos de Si. Ele provou-os como ouro na fornalha, e acolheu-os como holocausto." Sb 3,1-6
    Contudo, na parábola de Lázaro e o Rico, Jesus afirmou, atestando a descrença já de então, que nem mesmo Sua Ressurreição levaria todos à fé: "Se não ouvirem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que algum dos mortos ressuscite." Lc 16,31b

    "Anunciamos, Senhor, Vossa Morte e proclamamos Vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!"