sexta-feira, 31 de outubro de 2025

A Coroa da Vida


    Desde o Livro do Profeta Isaías, sete séculos antes de Jesus, foi revelado que Deus tem uma especial coroa para nos oferecer, quando trata da Salvação e da Jerusalém Celestial: "Eles chegarão a Sião com cânticos de triunfo, e uma eterna alegria coroará suas cabeças. A alegria e o gozo possuí-los-ão..." Is 35,10
    O Livro de Sabedoria, ao referir-se a essa grande dádiva, fala de uma coroa de rei, numa alusão ao poder que ela confere, e remete à Divina Glória: "Mas os justos viverão eternamente. Sua recompensa está no Senhor, e o Altíssimo cuidará deles. Por isso, receberão a régia coroa de Glória..." Sb 5,15-16a
    O Livro de Provérbios, porém, menciona uma coroa que se faz perceber já nessa vida, que é concedida pela divina Sabedoria: "... adquire a Sabedoria. ... ela colocará sobre tua fronte uma graciosa coroa..." Pr 4,7.9
    O Livro de Eclesiástico igualmente diz de uma coroa que se alcança por este dom da Espírito Santo: "O temor do Senhor é a coroa da Sabedoria: dá uma plenitude de Paz e de frutos de Salvação." Eclo 1,22
    Tal coroa é a Glória de que os anjos já usufruem: "Moisés foi amado por Deus e pelos homens, sua memória é abençoada. O Senhor deu-lhe uma Glória semelhante à dos santos (anjos)... Sobre sua tiara colocou uma coroa de ouro, onde estava gravado o cunho da santidade, da Glória e da honra..." Eclo 45,1-2.14
    E, em outro momento, os Provérbios falam da Glória que também já se experimenta nessa vida, pela longevidade dos justos: "Os brancos cabelos são uma coroa de glória para quem se encontra no caminho da justiça." Pr 16,31
    Pois a Divina Glória está na Unidade da Santa Igreja Católica, que espelha a Comunhão da Santíssima Trindade, além de ser prova do Advento e do amor de Deus. Jesus rezou ao Pai pelos Apóstolos em Seus últimos momentos entre eles, como o Evangelho Segundo São João apontou: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
    Essa mesma Glória é oferecida a todos nós, conforme a Carta de São Paulo aos Colossenses. Ele diz em primeiras exortações: "Sede contentes e agradecidos ao Pai, que vos fez dignos de participar da herança dos Santos na Luz." Cl 1,12
     Pois por Jesus somos convidados a assumir a herança da santidade, como os seguidores da tradição deste Apóstolo afirmam na Carta aos Hebreus: "Portanto, santos irmãos, participantes da vocação que vos destina à herança do Céu, considerai o Mensageiro e Pontífice da que professamos, Jesus." Hb 3,1
    A Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses diz que essa Glória são irmãos que ele e seus colaboradores, nomeadamente São Timóteo e São Silvano (cf. 1 Ts 1,1), evangelizaram: "De fato, quem, senão vós, será nossa esperança, nossa alegria e nossa coroa diante de Nosso Senhor Jesus, no Dia da Sua Vinda? Sim, nossa Glória e alegria sois vós!" 1 Ts 2,19-20
    E para que ela se concretize na eternidade, a Carta de São Paulo aos Filipenses pede perseverança, quando começa a despedir-se deles: "Assim, meus queridos e saudosos irmãos, minha alegria e minha coroa, continuai firmes no Senhor, ó amados." Fl 4,1
    Pois tal Glória não nos vem facilmente. Jesus bem avisou aos Apóstolos São Tiago Maior e São João do Seu e de nosso 'Batismo', ou seja, nossa cruz, nosso sacrifício. Isso deu-se pouco antes do Domingo de Ramos, enquanto subiam a Jerusalém, conforme o Evangelho Segundo São Marcos: "Vós bebereis o cálice que Eu devo beber e sereis batizados no batismo em que Eu devo ser batizado." Mc 10,39
    Ora, a glorificação de Jesus veio por Sua Crucificação, como Ele mesmo afirmou logo após a Santa Ceia, quando Judas Iscariotes saiu para executar seu plano de traí-Lo. Está no Evangelho Segundo São Lucas: "Logo que Judas saiu, Jesus disse: 'Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele.'" Lc 13,31
    E corroborou-a numa aparição aos dois que partiram para Emaús na tarde do Domingo da Ressurreição, dizendo-lhes em terceira pessoa: "Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse em Sua Glória?" Lc 24,26
    Por isso, São Paulo bem claro dizia sobre a sua e a cruz de todo cristão: "Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado em meu corpo, tenho toda certeza disto, quer por minha vida quer por minha morte." Fl 1,20
    Só assim, em plena Comunhão com Cristo, glorificamos o Pai. Jesus mesmo disse: "Se permanecerdes em Mim, e Minhas Palavras permanecerem em vós, pedireis tudo que quiserdes e sê-vos-á feito. Nisto é glorificado Meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis Meus discípulos." Jo 15,7-8
    Porque apesar de todos contratempos, o amor a Deus é regiamente recompensado, como a Carta de São Tiago nos diz: "Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da Vida que Deus prometeu àqueles que O amam." Tg 1,12
    Contudo, tal coroa nada tem de ostentação. Muito pelo contrário, trata-se de outra glória, a Glória da eternidade. É da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "Os atletas abstêm-se de tudo. Eles, para ganhar uma perecível coroa, nós, para ganharmos uma imperecível." 1 Cor 9,25
    Por isso, Jesus questionou os religiosos de Sua época, na segunda festa em Jerusalém após iniciada Sua vida pública, quando eles já faziam planos para O matar: "Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a Glória que é só de Deus?" Jo 5,44
    Também denunciou 'sacerdotes' que não se submetiam a Deus, apesar de Seu próprio exemplo, como tantos outros que não se submetem a Sua Igreja: "Quem fala por própria autoridade busca a própria glória, mas quem procura a Glória de Quem o enviou, é digno de fé e nele não há impostura alguma." Jo 7,18
    Entretanto, se essa coroa nos é tão custosa, o Apóstolo dos Gentios reafirma que ela representa a própria Glória de Deus: "... nós temo-vos exortado, estimulado, conjurado a comportardes de maneira digna de Deus, que vos chama a Seu Reino e a Sua Glória." 1 Ts 2,12


    Quanto a ela, porém, a Primeira Carta de São Pedro só faz menção por ocasião da Glória da Vida Eterna, e dos presbíteros cobra responsabilidade sobre as paróquias da Igreja Católica: "Eis a exortação que dirijo aos anciãos que estão entre vós, porque sou ancião como eles, fui testemunha dos sofrimentos de Cristo e com eles serei participante daquela Glória que há de manifestar-se. Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. E quando aparecer o Supremo Pastor, recebereis a imperecível coroa de Glória." 1 Pd 5,1-2.4
    Pelo mesmo motivo, portanto, a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses ressalta a importância da total obediência a Cristo nessa vida: "Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras." 2 Ts 2,5
    E sentindo aproximar-se o fim de sua vida terrena, na Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo, ele suspira: "Resta-me, agora, receber a coroa da justiça, que o Senhor, Justo Juiz, me dará n'Aquele Dia. E não somente a mim, mas a todos aqueles que com amor aguardam Sua Aparição" 2 Tm 4,8


NOS CÉUS, A GLÓRIA DOS SANTOS

    A coroa é um sinal de régio poder, assim como o cetro, o trono e o próprio reino. E é isso que Deus nos promete, porém na forma de leigo ou ordenado Sacerdócio, ou seja, de sagrado ofício, que é plenamente vivido em nome das coisas santas por aqueles que alcançam a santidade. É o que foi revelado pelas visões do Livro de Apocalipse de São João: "Também vi tronos, sobre os quais se sentaram aqueles que receberam o poder de julgar. Eram as almas daqueles que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e da Palavra de Deus... Feliz e Santo é aquele que toma parte na primeira ressurreição! Sobre eles a segunda morte não tem poder, mas serão Sacerdotes de Deus e de Cristo. Com Ele reinarão durante os mil anos." Ap 20,4-6
    Estas coroas já estão antecipadamente distribuídas a inominados 'anciãos' (anjos!), que representam este Sacerdócio, desde que Deus Pai entrega o domínio da Terra ao Cordeiro: "Imediatamente, fui arrebatado em espírito. No Céu havia um trono, e nesse trono estava sentado um Ser. Ao redor havia vinte e quatro tronos, e neles, sentados, vinte e quatro anciãos vestidos de brancas vestes e com coroas de ouro na cabeça. Eu vi também, na mão direita d'Aquele que estava sentado no trono, um Livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. Eu vi no meio do trono, dos quatro animais e no meio dos anciãos, um Cordeiro de pé, como que imolado. Tinha Ele sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus, enviados por toda Terra. Veio e recebeu o Livro da mão direita d'Aquele que se sentava no trono." Ap 4,2.4;5,1.6-7
    E em solene reverência, eles depõem-nas diante de Deus, junto a anjos das mais altas ordens: "E cada vez que aqueles seres (anjos!) rendiam Glória, honra e ação de graças Àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos profundamente inclinavam-se diante d'Aquele que estava no trono, prostravam-se diante d'Aquele que vive pelos séculos dos séculos e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: 'Tu és digno Senhor, Nosso Deus, de receber a honra, a Glória e a majestade, porque criaste todas coisas, e por Tua vontade é que existem e foram criadas.'" Ap 4,9-11
    Depois, Jesus, de porte da mais letal arma daqueles tempos, é coroado, e encaminha-Se para a Grande e Final Batalha: "Vi aparecer, então, um branco cavalo. Seu Cavaleiro tinha um arco. Foi-Lhe dada uma coroa, e como vencedor Ele partiu para tornar a vencer." Ap 6,2
    Pois contra poderosos anjos caídos, isto é, os demônios, tem-se em perspectiva uma terrível guerra, e, como demonstração de poder, eles também se apresentam coroados: "O aspecto desses gafanhotos era o de cavalos aparelhados para a guerra. Em suas cabeças havia uma espécie de coroa com dourados reflexos. Seus rostos eram como rostos de homem, seus cabelos como os de mulher, e seus dentes como os dentes de leão. Seus tórax pareciam envoltos em ferro, e o ruído de suas asas era como o ruído de carros de muitos cavalos, correndo para a guerra. Tinham caudas semelhantes à do escorpião, com ferrões e o poder de afligir os homens por cinco meses. Por rei, eles têm o anjo do abismo: em hebraico chama-se Abadon, e em grego, Apolion." Ap 9,7-11
    Assim também se apresenta o próprio Satanás, logo após a aparição, nos Céus, de Maria Santíssima coroada: "Depois apareceu outro sinal no céu: um grande e vermelho Dragão, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas." Ap 12,3
    Ora, no início destas revelações ao Amado Discípulo, Jesus avisou de uma tribulação a tentar uma específica diocese de Ásia de então: a de Esmirna. Contudo, Ele segue prometendo a coroa da Vida, pois Ele é o Senhor da Vida! O maior presente, portanto, sinal de Seu amor, só poderia ser o total poder sobre a própria vida, ou seja, a Vida Plena, a eternidade, como Ele a vive: "Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias, o Demônio vai lançar alguns de vós na prisão, para vos pôr à prova. Tereis tribulações durante dez dias. Sê fiel até a morte e dá-te-ei a coroa da Vida." Ap 2,10
    Outra Graça que Ele nos promete, por meio da diocese de Éfeso e que também é sinal de Seu amor, é que comeremos do fruto da árvore da Vida, que a Adão e Eva não foi permitido após o pecado da desobediência (cf. Gn 3,22). Desse fruto, porém, além de conceder-nos viver eternamente, sabemos pouco, mas certamente é outro grande dom. E Ele exorta, numa das sete vezes em que o fez (cf. Ap 2,7.11.17.29;3,6.13.22), a que jamais deixemos de ouvir nossas dioceses, pois o Divino Paráclito por elas nos fala: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: 'Ao vencedor darei de comer do fruto da árvore da Vida, que se acha no paraíso de Deus.'" Ap 2,7
    Ele ainda promete, como vimos acima e agora também através da diocese de Esmirna, que o Juízo Final não trará nenhuma ameaça a Seus verdadeiros fiéis, os membros do Corpo Místico de Cristo (cf. Ef 1,22), pois a santificação já terá sido alcançada. E mais uma vez diz da obrigação do cristão de ouvir sua diocese: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: 'O vencedor não sofrerá dano algum da segunda morte.'" Ap 2,11
    E aquele que perseverar no 'bom combate', como São Paulo dizia (cf. 2 Tm 4,7), comerá de mais um especial manjar, do qual sabemos apenas que existe, e receberá uma nova identidade, plenamente espiritual e divina. Está na promessa à diocese de Pérgamo: "Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: 'Ao vencedor darei o maná escondido e entregá-lhe-ei uma branca pedra, na qual está escrito um novo nome que ninguém conhece, senão aquele que o receber.'" Ap 2,17
    Os Santos de Deus então recebem um poder que lhes fazem visivelmente superior, ainda nesse mundo, e que é perceptível mesmo àqueles que não acreditam. É a promessa de Nosso Senhor à diocese de Tiatira: "Então ao vencedor, àquele que praticar Minhas obras até o fim, lhe darei poder sobre as pagãs nações." Ap 2,26
    Também lhes é concedido vestir-se de branco, como Jesus, e O acompanhar aonde quer que Ele vá, agora em promessa à diocese de Sardes: "Todavia, tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes. Comigo andarão vestidas de branco, porque o merecem. O vencedor assim será revestido de brancas vestes. Jamais apagarei seu nome do Livro da Vida, e proclamá-lo-ei diante de Meu Pai e de Seus anjos." Ap 3,4-5
    Ele promete-nos, ademais, Sua proteção durante as tribulações aqui na Terra, através da diocese de Filadélfia. E assim como São Pedro, São Tiago Menor e São João Apóstolo já eram em vida (cf. Gl 2,9), o vencedor também se tornará coluna da Santa Igreja: "Porque guardaste a Palavra de Minha paciência, também te guardarei da hora da provação que está para sobrevir ao mundo inteiro, para provar os habitantes da Terra. Venho em breve. Conserva o que tens, para que ninguém tome tua coroa. Farei do vencedor uma coluna no Templo de Meu Deus, de onde jamais sairá..." Ap 3,10-12
    E assegura que nos sentaremos até mesmo em Seu trono, gesto que significa uma inimaginável intimidade com Deus, falando à diocese de Laodiceia: "Ao vencedor concederei sentar-se Comigo em Meu trono, assim como Eu venci e Me sentei com Meu Pai em Seu trono." Ap 3,21
    Por fim, antes de punir a 'Grande Babilônia', Jesus garante manter-nos protegidos dos eternos castigos, pois eles propriamente pairam sobre o inferno: "Também vi como que um transparente mar, irisado de fogo, e os vencedores, que haviam escapado à fera, a sua imagem e ao número de seu nome, conservavam-se de pé sobre esse mar com as cítaras de Deus." Ap 15,2
    Todas estas promessas são inquestionavelmente belas. Todavia, Deus Pai faz-nos outra ainda mais encantadora, quase ao fim destas revelações: "O vencedor herdará tudo isso. E Eu serei Seu Deus, e ele será Meu filho." Ap 21,7
    Ao fim da Primeira Carta de São João, pois, este Apóstolo pergunta-se: "Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?" 1 Jo 5,5
    Temos um vencedor, portanto, ao Qual devemos imitar. É Jesus, que havia dito aos Apóstolos pouco antes de partir para o Horto das Oliveiras, onde iniciaria Sua Paixão: "No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." Jo 16,33
    De fato: seja para a Grande e Final Batalha, como vimos, seja momentos antes do Juízo Final, nas aparições do Livro de Apocalipse Jesus aparece coroado: "Eu ainda vi uma branca nuvem, sobre a qual Se sentava como que um Filho do Homem, com a cabeça cingida de coroa de ouro e na mão uma afiada foice." Ap 14,14
    Coroa essa bem diferente da que lhe demos aqui na Terra, quando foi flagelado pelos soldados romanos depois de ser julgado por Pilatos. O Evangelho Segundo São Mateus narrou: "Depois, trançaram uma coroa de espinhos, meteram-Lha na cabeça e puseram-Lhe na mão uma vara. Dobrando os joelhos diante d'Ele, diziam com escárnio: 'Salve, Rei dos judeus!'" Mt 27,29
    Como dissemos, Maria, Nossa Mãe Celeste, também foi coroada. E de tão especial forma que o Ministério dos Apóstolos, que representam as 12 tribos de Israel, é apenas estrelas em Sua coroa. No Novo Testamento, Ela é a primeira e única pessoa que foi nomeadamente coroada por Deus. Nela, portanto. cumpriu-se esta promessa feita havia vários séculos: "Em seguida, no Céu apareceu um grande sinal: uma Mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Ela deu à luz um Filho, um Menino, Aquele que deve reger todas pagãs nações com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e de Seu trono." Ap 12,1.5

    "Concedei-nos o convívio dos eleitos!"

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

O Ser Humano e a Perfeição


    Seria o perfeccionismo apenas um capricho humano? Ou nossa natureza espiritual realmente clama para a excelência do ser? A Carta de São Paulo aos Efésios não deixa dúvida. Diz que Deus nos predestinou para sermos adotados como Seu filhos, o que é obra do Espírito Santo (cf. Rm 8,15), portanto para viver em santidade: "Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do Céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo e n'Ele nos escolheu antes da Criação do mundo para sermos Santos e irrepreensíveis diante de Seus olhos. Em Seu amor, predestinou-nos para sermos adotados como filhos Seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de Sua livre vontade, para fazer resplandecer Sua maravilhosa Graça que por Ele nos foi concedida no Bem-Amado." Ef 1,3-6
    Ora, fazendo-nos lembrar nossa divina origem e filiação, Jesus mesmo exortou durante o Sermão da Montanha no Evangelho Segundo São Mateus, citando um preceito dado por Deus a Moisés no Livro de Levítico, para ser transmitido ao israelitas (cf. Lv 19,2): "Portanto, sede perfeitos, assim como Vosso Pai Celeste é perfeito." Mt 5,48
    Ele ensinou que o ser humano se diminui e rejeita sua vocação ao conformar-se com qualquer condição que não seja o projeto da Criação, como alegou na discussão com os fariseus sobre o divórcio: "Mas não foi assim desde o princípio..." Mt 19,8b
    Devemos, pois, perceber que nada do que Deus fez é para a degradação, mas para a santificação, como a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo ensina: "Pois tudo que Deus criou é bom, e nada há de reprovável quando se usa com ação de graças. Porque tudo se torna santificado pela Palavra de Deus e pela oração." 1 Tm 4,4-5
    E sobre o meramente mundano comportamento, a Carta de São Paulo ao Romanos prega: "Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação de vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe agrada e o que é perfeito." Rm 12,2
    Porque Deus quer fazer-nos participantes de Sua santidade, e assim da eternidade. É o que os seguidores da tradição de São Paulo dizem na Carta aos Hebreus: "Aliás, temos na Terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, olhamo-los com respeito. Com quanto mais razão havemos de submeter-nos ao Pai de nossas almas, o Qual nos dará a Vida? Os primeiros educaram-nos para pouco tempo, segundo sua própria conveniência, ao passo que Este o faz para nosso bem, para nos comunicar Sua santidade." Hb 12,9-10
    A Segunda Carta de São Pedro revela mais: que somos chamados a participar de Sua própria divindade: "O divino poder deu-nos tudo que contribui para a Vida e a piedade, fazendo-nos conhecer Aquele que nos chamou por Sua Glória e Sua virtude. Por elas, temos entrado na posse das maiores e mais preciosas promessas, a fim de tornar-vos por este meio participantes da natureza divina, subtraindo-vos à corrupção que a concupiscência gerou no mundo." 2 Pd 1,3-4
    Sem dúvida, os autênticos seguidores de Jesus recebem Sua Glória, que Ele mesmo derramou sobre os Apóstolos como prova do Advento e do amor do Pai, para que a Santa Igreja Católica viva a Unidade da Santíssima Trindade vive. No Evangelho Segundo São João, na noite em que ia ser entregue, Ele rezou ao Pai: "Dei-lhes a Glória que Me deste, para que sejam Um como Nós somos Um: Eu neles e Tu em Mim. Para que sejam perfeitos na Unidade, e o mundo reconheça que Me enviaste e os amaste, como amaste a Mim." Jo 17,22-23
    Porque o amor que preserva a Unidade e a Glória, é a distintiva marca de Seus seguidores, daqueles que formam o Corpo Místico de Cristo (cf. Ef 1,22). Ele havia-lhes dito depois do Lava-Pés: "Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." Jo 13,35
    Ademais, os discípulos de São Paulo atestaram que muitos já usufruíram dos divinos dons: "Porque aqueles que uma vez foram iluminados, saborearam o celestial dom, participaram dos dons do Espírito Santo..." Hb 6,4
    Jesus mesmo falou da plena realização que é pessoalmente atestar os sinais de Deus: "Até agora não pedistes nada em Meu Nome. Pedi e recebereis, para que vossa alegria seja perfeita." Jo 16,24
    E Deus chama todos ao Reino da perfeição, como a Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses admoesta: "... nós temo-vos exortado, estimulado, conjurado a comportarde-vos de maneira digna de Deus, que vos chama a Seu Reino e a Sua Glória." 1 Ts 2,12
    Por isso, ele reza para que, pela Sabedoria, alcancemos à perfeição e assim sejamos consolados, enquanto nessa vida, pelas celestes dádivas. Está na Carta de São Paulo aos Colossenses: "... não cessamos de rezar por vós e pedir a Deus para que vos conceda pleno conhecimento de Sua vontade, perfeita Sabedoria e percepção espiritual, para que vos comporteis de maneira digna do Senhor, em tudo procurando agradar-Lhe, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus. Para que, em tudo confortados por Seu glorioso poder, tenhais a paciência de tudo suportar com longanimidade." Cl 1,9-11
    Mais: ele exorta-nos a restaurar nossa divina imagem (cf. Gn 1,26) através do amor a Deus de todo entendimento (cf. Mc 12,30): "Vós despiste-vos do velho homem com seus vícios, e revestiste-vos do novo, que constantemente vai restaurando-se à imagem d'Aquele que o criou, até atingir o perfeito conhecimento." Cl 3,9-10
    São Pedro pregava o mesmo: "... crescei na Graça e no conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2 Pd 3,18
    Pois, como São Paulo prega, Cristo é nossa medida, nossa perfeita reconciliação com o Pai: "... até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo." Ef 4,13
    E ele realmente não pedia pouco: "Sede, pois, imitadores de Deus, como muito amados filhos. Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós Se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor." Ef 5,1-2
    Vemos este mesmo clamor na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: "Tornai-vos meus imitadores, como eu o sou de Cristo." 1 Cor 11,1
    Na Carta de São Paulo aos Filipenses: "Irmãos, sede meus imitadores, e atentamente olhai para aqueles que vivem segundo o exemplo que nós vos damos." Fl 3,17
    E ainda aos cristãos da cidade de Tessalônica: "E vós fizeste-vos imitadores nossos e do Senhor ao receberdes a Palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes modelo para todos fiéis de Macedônia e de Acaia." 1 Ts 1,6-7
    Mas ele seguia pedindo: "No mais, irmãos, aprendestes de nós a maneira como deveis proceder para agradar a Deus, e já o fazeis! Rogamo-vos, pois, e exortamo-vos no Senhor Jesus, a que progridais sempre mais." 1 Ts 4,1
    Seus seguidores, sobre esse tema, parecem aludir aos Apóstolos então já martirizados, atestando a perenidade da Palavra de Deus: "Lembrai-vos de vossos guias que vos pregaram a Palavra de Deus. Considerai como souberam encerrar a carreira. E imitai-lhes a . Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda eternidade." Hb 13,7-8
    De fato, Jesus prometeu que, se O tomarmos como Mestre, alcançaremos Sua maturidade. Foi ainda antes de convocar os Doze Apóstolos, na narrativa do Evangelho Segundo São Lucas: "O discípulo não é superior ao Mestre, mas todo perfeito discípulo será como Seu Mestre." Lc 6,40
    Por isso, os Apóstolos anunciaram-nO, para que cheguemos a Sua estatura, como o Apóstolo dos Gentios fez: "A Ele é que anunciamos, admoestando todos homens e instruindo-os em toda Sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo." Cl 1,28
    E é pela obediência à Palavra de Deus que chegamos à santidade, conforme a Segunda Carta de São Paulo a São Timóteo: "Toda Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus torna-se perfeito, capacitado para toda boa obra." 2 Tm 3,16-17
    Assim ele nos assegura o divino auxílio, dizendo a este seu maior colaborador: "Tu, portanto, meu filho, procura progredir na Graça de Jesus Cristo. Nenhum soldado pode implicar-se em negócios da vida civil, se quer agradar Àquele que o alistou. Nenhum atleta será coroado, se não tiver lutado segundo as regras. Antes é preciso que o lavrador trabalhe com afinco, se quer boa colheita. Entende bem o que eu quero dizer: o Senhor há de dar-te compreensão em tudo." 2 Tm 2,1.4-7
    Ele tinha escrito aos cristãos da cidade de Corinto, mencionando o Livro do Profeta Isaías: "Pregamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para nossa glória. É como está escrito: 'Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4)', tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que O amam. Todavia, Deus revelou-nos por Seu Espírito, porque o Espírito tudo penetra, mesmo as profundezas de Deus. Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem pode compreendê-las, porque é pelo Espírito que devem ser ponderadas. O homem espiritual, ao contrário, julga todas coisas e por ninguém é julgado. 'Quem conheceu o pensamento do Senhor, para poder instruí-lo? (Is 40,13)' Nós, porém, temos o pensamento de Cristo." 1 Cor 2,7.9-10.14-16

    E a Sabedoria tem mostrado que a perfeição vem pela prática da caridade, seja material seja espiritual, ainda segundo São Paulo: "Mas, acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição." Cl 3,14
    Por isso, para que ela esteja em nós de modo cada vez mais vivo, ele rezava: "Peço, em minha oração, que vossa caridade se enriqueça cada vez mais de compreensão e critério, com que possais discernir o que é mais perfeito, e vos torneis puros e irrepreensíveis para o Dia de Cristo..." Fl 1,9-10
    Pois o verdadeiro amor nos faz iguais a Cristo, como a Primeira Carta de São João afirma: "Nisto é perfeito em nós o amor: que tenhamos confiança no Dia do Julgamento, pois, como Jesus é, assim também nós o somos neste mundo." 1 Jo 4,17
    Amar com sinceridade, portanto, é guardar a Palavra de Jesus, é viver como Ele viveu: "Aquele, porém, que guarda Sua Palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos n'Ele: aquele que afirma n'Ele permanecer, também deve viver como Ele viveu." 1 Jo 2,5-6
    E o pleno amor é o maior sinal da perfeição: "No amor não há temor. Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é perfeito no amor." 1 Jo 4,18
    A Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, no mesmo sentido, associa a perfeição à presença de Deus em nós: "Tendei à perfeição, animai-vos, tende um só coração, vivei em Paz, e o Deus de amor e Paz estará convosco." 2 Cor 13,11
    Sem dúvida, ainda no Livro de Gênesis, Deus havia dito a Abraão quando mudou seu nome e lhe propôs a Aliança: "O Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: 'Eu sou o Deus Todo-poderoso. Anda em Minha presença e sê perfeito.'" Gn 17,17b
    O Livro de Cântico dos Cânticos também falava de perfeição, e não por acaso referindo-se a Maria Santíssima, quando Deus, o Amado, proclama a bem-aventurança de Sua Amada, a Rainha entre as rainhas: "Há sessenta rainhas, oitenta concubinas e inumeráveis jovens mulheres. Uma, porém, é Minha pomba, uma só Minha perfeita. Ela é a única de sua mãe, a predileta daquela que a deu à luz. Ao vê-la, as donzelas proclamam-na bem-aventurada, rainhas e concubinas a louvam." Ct 6,8-9
    E a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses pedia essencialmente amor ao próximo com familiar zelo, mas acompanhado de profunda serenidade e profícuo trabalho como sinal para o mundo: "A respeito da fraterna caridade, não temos necessidade de escrever-vos, porquanto vós mesmos aprendestes de Deus (Jesus) a amar-vos uns aos outros. E é o que estais praticando para com todos irmãos em toda Macedônia. Mas ainda vos rogamos, irmãos, que vos aperfeiçoeis mais e mais. Procurai viver com serenidade, ocupando-vos de vossas próprias coisas e trabalhando com vossas mãos, como temos recomendado. É assim que honrosamente vivereis em presença dos de fora, e a ninguém sereis pesados." 2 Ts 4,9-12
    Sim, pois devemos ser sinal de Salvação para o mundo: "Que o Senhor vos faça crescer e avantajar na mútua caridade e para com todos homens, como é nosso amor para convosco. Que Ele confirme vossos corações e os torne irrepreensíveis e Santos na presença de Deus, Nosso Pai..." 1 Ts 3,12-13a
    Pois assim como o Cristo, é nas tribulações do mundo que devemos viver nossa fé: "Fazei todas coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, íntegros filhos de Deus em meio a uma depravada e maliciosa sociedade, onde brilhais como luzeiros no mundo a ostentar a Palavra da Vida." Fl 2,14-16
     Ora, essa é nossa condição de batizados e crismados pelo Divino Paráclito, como a Carta de São Paulo a São Tito explica: "Ele (Deus) salvou-nos mediante o Batismo da regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, Nosso Salvador, para que a justificação obtida por Sua Graça nos torne, em esperança, herdeiros da Vida Eterna. Certa é esta Doutrina, e quero que a ensines com constância e firmeza, para que aqueles que abraçaram a fé em Deus se esforcem por aperfeiçoarem-se na prática do bem. Isto é bom e útil aos homens." Tt 3,5b-8


A SANTIDADE

    A conclusão, portanto, é que o projeto de Deus consiste em levar-nos à perfeição pela santificação, cujo modelo claramente é Jesus: "Deus salvou-nos e chamou para a santidade, não em atenção a nossas obras, mas em virtude de Seu desígnio, da Graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus..." 2 Tm 1,9
    Aliás, como nos lembrou Jesus ao citar a Criação, o fato de sermos feitos à imagem e semelhança de Deus já subentende que devamos viver a santidade: "Renunciai à vida passada, despojai-vos do velho homem, corrompido pelas enganadoras concupiscências. Renovai sem cessar o sentimento de vossa alma, e revesti-vos do novo homem, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade." Ef 4,22-24
    Ele faz esse paralelo entre Adão e Jesus: "O primeiro homem, tirado da terra, é terreno. O Segundo veio do Céu. Qual o homem terreno, tais os homens terrenos, e qual o Homem Celestial, tais os homens celestiais. Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno, precisamos reproduzir as feições do Homem Celestial." 1 Cor 15,47-49
    De fato, como a Primeira Carta de São Pedro invocou o Livro de Levítico, Deus pronunciou-Se sobre nossa vocação para a santidade desde os primórdios, quando determinou aos israelitas através de Moisés e Aarão: "A exemplo da santidade d'Aquele que vos chamou, sede também vós santos em todas vossas ações, pois está escrito: 'Sede Santos, porque Eu sou santo' (Lv 11,44)." 1 Pd 1,15-16
    E por tão expressiva dádiva, só poderíamos estar gratos e manifestar esta gratidão. O Apóstolo dos Gentios reconhece perante os tessalonicenses: "Nós, porém, sentimo-nos na obrigação de incessantemente dar graças a Deus a respeito de vós, irmãos queridos de Deus, porque desde o princípio Deus vos escolheu para vos dar a Salvação, pela santificação do Espírito e pela fé na Verdade." 2 Ts 2,13
    Em defesa da unção do Espírito Santo, e assim do Magistério da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, ele expressamente disse: "Esta é a vontade de Deus: vossa santificação! Que eviteis a impureza; que cada um de vós saiba santa e honestamente possuir seu corpo, sem se deixar levar por desregradas paixões como os pagãos que não conhecem a Deus... Pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Por conseguinte, desprezar estes preceitos é desprezar não a um homem, mas a Deus, que nos deu Seu Espírito Santo." 1 Ts 4,5.7-8
    E com delicadeza pede: "Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o Qual estais selados para o Dia da Redenção." Ef 4,30
    Insiste nessa questão, rogando: "Não extingais o Espírito." 1 Ts 5,19
    Faz-lhes, ademais, um grave alerta sobre a condição de santidade, quando diretamente aponta para os dissimulados e extorquidores que ocupam posições de liderança entre fiéis: "E que, nesta matéria, ninguém oprima nem defraude a seu irmão, porque o Senhor faz justiça de todas estas coisas, como já antes temos dito e asseverado." 1 Ts 4,6
    E atesta esta Graça, evocando o testemunho do Celeste Pai, sem a qual não somos capazes de alcançar tão grande benção: "... temos agido com santidade e sinceridade diante de Deus, não pelo espírito de sabedoria do mundo, mas pelo socorro da Graça de Deus." 2 Cor 1,12
    Por isso, reza Àquele que no-las pode dar: "O Deus da Paz conceda-vos perfeita santidade. Que todo vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo!" 1 Ts 5,23
    Ora, a Carta de São Tiago diz: "Toda boa dádiva e todo perfeito dom vêm de cima: descem do Pai das luzes..." Tg 1,17
    Tal Graça, contudo, não nos seria concedida sem o Sacrifício de Cristo, que nos purifica por Seu Sangue através de Sua Igreja, ao conceder-nos o perdão dos pecados: "Por uma só oblação, Ele realizou a definitiva perfeição daqueles que recebem a santificação." Hb 10,14
    Pois mesmo os Profetas não puderam chegar à perfeição antes da manifestação do Cristo, pois foi Ele que nos trouxe a plenitude da Graça (cf. Jo 1,16): "E, no entanto, todos estes mártires da fé não conheceram a realização das promessas! Porque Deus, que tinha para nós uma melhor sorte, não quis que eles chegassem sem nós à perfeição." Hb 11,39-40
    Assim, ao entrarmos em Comunhão com a Santíssima Trindade, somos efetivamente santificados: "Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em Nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de Nosso Deus." 1 Cor 6,11
    Precisa-se ter presente, entretanto, que os eleitos recebem tal santificação para ainda maior obediência, pois o Príncipe dos Apóstolos ensina já em sua saudação aos fiéis de todo mundo: "... santificados pelo Espírito, para obedecer a Jesus Cristo e receber sua parte da aspersão de Seu Sangue." 1 Pd 1,2
    Ora, como São Paulo diz, "... quem se une ao Senhor, com Ele torna-se um só Espírito." 1 Cor 6,17
    Também se referindo à Paixão de Nosso Senhor: "Se com Ele fomos feitos o mesmo Ser..." Rm 6,5a
    Explica, nestes termos, a razão das bençãos que recebemos de Cristo: "... para sermos santos e irrepreensíveis diante de Seus olhos." Ef 1,4b
    Vemos-nos, então, moralmente compelidos a buscar e preservar a santidade, que nos assegurará a eterna bem-aventurança: "Mas agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santidade. E o termo é a Vida Eterna." Rm 6,22
    Com razão, não mais podemos permitir-nos viver em dissolução. Temos uma meta: "Pois como pusestes vossos membros a serviço da impureza e do mal para cometer a iniquidade, assim agora ponde vossos membros a serviço da justiça para chegar à santidade." Rm 6,19
    Pois imbuídos da devida prudência, devemos estar cientes que viver a perfeição nesse mundo é um grande privilégio: "Vós, ao contrário, aproximaste-vos da montanha de Sião, da cidade do Deus Vivo, da Jerusalém Celestial, das miríades de anjos, da festiva assembleia dos primeiros inscritos no Livro dos Céus, e de Deus, Universal Juiz, e das almas dos justos, que chegaram à perfeição..." Hb 12,22-23
    E a santidade é total domínio das palavras e de si, segundo São Tiago Menor: "... porque todos nós caímos em muitos pontos. Se alguém não cair por palavra, este é um perfeito homem, capaz de refrear todo seu corpo." Tg 3,2
    É paciência: "Mas é preciso que a paciência efetue sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." Tg 1,4
    Ela é-nos concedida pela imersão no Evangelho, na Verdade, como Jesus rezou ao Pai antes de seguir para o Horto das Oliveiras, onde seria preso: "Santifica-os pela Verdade. Tua Palavra é a Verdade." Jo 17,17
    Pois sem ela não poderemos eternamente contemplar a face de Deus: "Procurai a Paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor." Hb 12,14
    E as turbulências são grandes, principalmente a Grande Tribulação que se verá ao fim dos tempos, como São Pedro adverte: "Uma vez que todas estas coisas hão de desagregar-se, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade..." 2 Pd 3,11
    Assim, essa espera deve ser marcada por um sincero esforço no Caminho da Redenção: "Portanto, caríssimos, esperando estas coisas, esforçai-vos em ser por Ele achados sem mácula e irrepreensíveis na Paz." 2 Pd 3,14


JESUS, A VERDADEIRA PERFEIÇÃO

    O rico jovem que se julgava perfeito, numa arrogância, aliás, característica da juventude, foi convidado à verdadeira perfeição por Jesus, que Se encaminhava a Jerusalém para Sua última Páscoa: "Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois vem, e segue-Me!" Mt 19,21
    E a todos jovens, quase sempre tão exigentes, São Pedro dedica algumas esclarecedoras palavras, citando o Livro de Provérbios: "Semelhantemente, vós que sois mais jovens, sede submissos aos anciãos. Todos vós, em vosso mútuo tratamento, revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá Sua Graça aos humildes (Pr 3,34). Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele vos exalte no oportuno tempo. Confiai-Lhe todas vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o Demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda Graça, que vos chamou em Cristo a Sua Eterna Glória, depois que tiverdes padecido um pouco, aperfeiçoá-vos-á, torná-vos-á inabaláveis, fortificá-vos-á." 1 Pd 5,5-10
    Sem dúvida, São Paulo, apesar de todas preciosas Graças por ele alcançadas, ainda dizia: "Não pretendo dizer que já alcancei esta meta e que cheguei à perfeição. Não. Mas empenho-me em conquistá-la, uma vez que eu também fui conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: prescindindo do passado e atirando-me ao que resta para a frente, persigo o alvo, rumo ao celeste prêmio ao qual Deus nos chama em Jesus Cristo. Nós, mais aperfeiçoados que somos, ponhamos nisto nosso afeto; e se tendes outro sentir, sobre isto Deus há de esclarecer-vos. Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é decididamente prosseguir." Fl 3,12-16
    Na verdade, ele estava apenas sendo sensato. Com efeito, a própria vida em Cristo ensina: "Ademais, para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim, mas Ele disse-me: 'Basta-te Minha Graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente Minha força.' Portanto, prefiro gloriar-me de minhas fraquezas, para que em mim habite a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor a Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." 2 Cor 12,7-10
    E assim rezava: "Por isso, rogo-vos que não esmoreçais por minhas tribulações, que sofro por vós: elas são vossa glória. Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao Qual deve sua existência toda família no Céu e na Terra, para que vos conceda, segundo Seu glorioso tesouro, que sejais poderosamente robustecidos por Seu Espírito em vista do crescimento de vosso homem interior." Ef 3,13-16
    Pois só em Cristo teríamos o Sacerdote da Eternidade, que nos traria a Eterna Aliança, conforme seus seguidores: "Se a perfeição tivesse sido realizada pelo sacerdócio levítico, porque é sobre este que se funda a legislação dada ao povo, que necessidade ainda havia de que surgisse outro Sacerdote segundo a ordem de Melquisedec, e não segundo a ordem de Aarão? Pois transferido o sacerdócio, forçoso é que também se faça a mudança da Lei. De fato, Aquele ao Qual se aplicam estas palavras é de outra tribo, da qual ninguém foi encarregado do serviço do altar. E é notório que Nosso Senhor nasceu da tribo de Judá, tribo à qual Moisés nada encarregou ao falar do sacerdócio. Isto torna-se ainda mais evidente se se tem em conta que Este outro Sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec, foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas por Sua imortalidade. Porque está escrito: 'Tu és eternamente sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec.' Com isso, está abolida a antiga legislação, por causa de sua ineficácia e inutilidade. Pois a Lei nada levou à perfeição. Apenas foi portadora de uma melhor esperança que nos leva a Deus." Hb 7,11-19
    Contudo, apesar do termo 'abolir' usado nesta carta, não foi exatamente esse o tratamento dado por Jesus à Antiga Aliança. Na verdade, enquanto Deus Ele é a própria perfeição, e assim elevou o Antigo Testamento à perfeição com Seus ensinamentos, abrindo para nós o caminho da perfeição. Ele advertiu logo no Sermão da Montanha, ou seja, ainda no início de Seu Ministério: "Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para os levar à perfeição." Mt 5,17
    São João até fez essa leitura, que escreveu como apresentação nos primeiros versículos de seu Evangelho: "Pois a Lei foi dada por meio de Moisés, mas a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo." Jo 1,17
    Já São Pedro assim explica o ápice da Revelação, que se deu na Cruz do Calvário: "Esta Salvação tem sido o objeto das investigações e das meditações dos Profetas que proferiram oráculos sobre a Graça que vos era destinada. Eles investigaram a época e as circunstâncias indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava e profetizava os sofrimentos do mesmo Cristo e as Glórias que deviam segui-los." 1 Pd 1,10-11
    Ora, o próprio Jesus declarou em Jerusalém, após o Domingo de Ramos: "Agora é o Juízo deste mundo! Agora será lançado fora o príncipe deste mundo! E quando Eu for levantado da terra, a Mim atrairei todos homens." Jo 12,31-32
    São Paulo, pois, discorre, escrevendo aos cristãos da cidade de Colossos: "Porque aprouve a Deus fazer n'Ele habitar toda plenitude, e por Seu intermédio, ao preço do próprio Sangue na Cruz, Consigo reconciliar todas criaturas, restabelecendo a Paz a tudo quanto existe na Terra e nos Céus. Sendo vós alheios a Deus, e inimigos por vossos pensamentos e más obras há bem pouco tempo, eis que agora Ele vos reconciliou pela morte de Seu Corpo Humano, para que possais apresentar-vos Santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai." Cl 1,19-22
    Porque, por Sua Paixão, Nosso Salvador Se tornou o modelo da perfeição: "Aquele (Deus) para Quem e por Quem todas coisas existem, desejando conduzir à Glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o Autor da Salvação deles, para que Santificador e santificados formem um só todo. Por isso, Jesus não hesita em chamá-los Seus irmãos..." Hb 2,10-11
    E como São Paulo diz, essa é nossa verdadeira condição: "Porque é gratuitamente que fostes salvos, mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie. Somos obra Sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos." Ef 2,8-10
    Ele garante, com estas palavras, o correto proceder daqueles realmente obedientes: "Porque é Deus, segundo Seu beneplácito, Quem realiza em vós o querer e o executar." Fl 2,13
    Seus seguidores usam de idêntico argumento: "E o Deus da Paz... queira dispor-vos ao bem e conceder-vos que cumprais Sua vontade, em vós realizando Ele próprio o que é agradável a Seus olhos, por Jesus Cristo..." Hb 13,20a.21a
    Ora, o próprio Jesus, enquanto Se despedia dos Apóstolos, confirmou esse constante aperfeiçoamento conduzido pelo Pai, na parábola da Videira e dos ramos: "... e todo ramo que dá fruto, Ele limpa-o, para que dê ainda mais frutos." Jo 15,2b
    Por isso, referindo-se ao Espírito Santo que nos faz renascer em Cristo (cf. Jo 3,3), o Amado Discípulo garante: "Todo aquele que é nascido de Deus não peca, porque o Divino Germe nele reside. E não pode pecar, porque nasceu de Deus. ... aquele que é gerado de Deus acautela-se, e o Maligno não o toca." 1 Jo 3,9;5,18b
    O Apóstolo dos Gentios, portanto, estimula-nos a persistir e resistir, confiante na divina Sabedoria: "Estou pessoalmente convencido, meus irmãos, de que estais cheios de bondade, cheios de um perfeito conhecimento, capazes de admoestar-vos uns aos outros." Rm 15,14
    E dizia-o visando que viéssemos a fazer parte da Comunhão dos Santos, como Jesus lhe disse ao enviá-lo em missão entre os pagãos, nos registros do Livro de Atos dos Apóstolos: "... para lhes abrir os olhos, a fim de que se convertam das trevas à Luz, e do poder de Satanás a Deus, para que, pela fé em Mim, recebam o perdão dos pecados e a herança entre aqueles que foram santificados." At 26,18
    Por fim, fala alto esta frase inspiradamente cunhada por São Luis Maria de Montfort: "É, portanto, de grande importância, para adquirir a perfeição, que só se consegue pela união com Jesus Cristo, despojar-nos de tudo que de mau existe em nós. Do contrário, Nosso Senhor, que é infinitamente puro e infinitamente odeia a menor mancha na alma, repeli-nos-á e de modo algum unir-Se-á a nós."

    "Mandai Vosso Espírito Santo!"

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Novos Céus e Nova Terra


    Sete séculos antes da Encarnação de Cristo, no Livro do Profeta Isaías, Deus já tinha prometido que, para bem realizar Sua justiça, criaria novos céus e nova Terra: "... porque as desgraças de outrora serão esquecidas, já não lhes volverão ao espírito. Pois Eu vou criar novos céus e nova Terra. O passado já não será lembrado, já não volverá ao espírito, mas será experimentada a eterna alegria e felicidade daquilo que vou criar." Is 65,16b-18a
    Ele promete, portanto, a verdadeira felicidade, quer dizer, os Céus, para que nele Seus filhos vivam a eternidade: "'Pois, assim como os novos céus e a nova Terra, que vou criar, devem subsistir diante de Mim', declara o Senhor, 'assim devem subsistir vossa raça e vosso nome.'" Is 66,22
    Longe de atemorizar, portanto, a intenção de Deus ao revelar o fim dos tempos é exclusivamente garantir a realização de Sua justiça, e assim oferecer Consolação a Seu povo. Foi exatamente nestes termos que o Livro de Eclesiástico interpretou as visões do Profeta Isaías: "Por uma poderosa inspiração, ele viu o fim dos tempos, e consolou aqueles que choravam em Sião. Ele anunciou o futuro até a eternidade, assim como as coisas ocultas antes que se cumprissem." Eclo 48,27-28
    Para nós, no entanto, sem os auxílios do Espírito de Cristo é inimaginável tamanho poder que Deus manifestará. Mas Ele tornou a revelá-lo quase ao fim o Livro de Apocalipse de São João, para que fosse registrado como parte também da Nova Aliança: "Vi, então, um grande trono branco e Aquele que nele Se sentava (Deus). Os céus e a Terra fugiram de Sua face, e já não se achou lugar para eles." Ap 20,11
    Com efeito, das revelações que teve, o Amado Discípulo também narra a Recriação: "Vi, então, um novo céu e uma nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra desapareceram..." Ap 21,1a
    E afirma a realização da definitiva Consolação de Deus, de que o Eclesiástico falou, bem como o fim da meramente carnal condição: "Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: 'Eis aqui o Tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição.'" Ap 21,3-4
    Por isso, como vemos nas últimas pregações de Jesus no Evangelho Segundo São Mateus, o anúncio da Boa Nova faz-se absolutamente necessário para que a humanidade tenha o testemunho de Cristo quanto à Vida Eterna, e seja confortada diante de um aparente império da maldade no mundo. Porque, conforme o próprio Senhor, a conclusão desse anúncio será o sinal do fim dos tempos: "Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas nações, e então chegará o fim." Mt 24,14
    Falando sobre esse assunto, o temível Dia do Senhor, a Segunda Carta de São Pedro deu detalhes. Mas sua maior preocupação é com a purificação de nosso Coração, para que efetivamente alcancemos esta promessa de Deus: "Naquele dia, os céus passarão com um assombroso estrondo, os elementos abrasados dissolver-se-ão e a Terra será consumida com todas obras que ela contém. Uma vez que todas estas coisas hão de desagregar-se, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o Dia de Deus, esse Dia em que, inflamados, os céus hão de dissolver-se e, abrasados, os elementos hão de fundir-se! Nós, porém, segundo Sua promessa, esperamos novos céus e uma nova Terra, nos quais habitará a justiça." 2 Pd 3,10-13
    Os seguidores da tradição de São Paulo, citando o Livro do Profeta Ageu e o Livro de Deuteronômio, retratam semelhante visão na Carta aos Hebreus, quando recomendam a maior devoção na participação da Santa Missa: "Aquele, Cuja voz um dia abalou a Terra, agora diz: 'Mais uma vez farei estremecer, não somente a Terra, mas também o céu' (Ag 2,6). A expressão 'mais uma vez' anuncia o desaparecimento de tudo aquilo que participa da instabilidade do mundo criado, para que permaneça só o que é inabalável. Sim, possuindo nós um Inabalável Reino, dediquemos a Deus um reconhecimento que Lhe torne agradável nosso culto com temor e respeito. Porque Nosso Deus é um fogo devorador (Dt 4,24)." Hb 12,26-28
    Ora, o próprio Jesus falou sobre idênticos e cósmicos fenômenos, que sucederão a Grande Tribulação por Ele anunciada (cf. Mc 13,19). Foi durante Sua última Páscoa em Jerusalém, enquanto preparava os Apóstolos: "Logo após estes dias de Tribulação daqueles dias, o sol vai ficar escuro, a lua não mais brilhará e as estrelas cairão do céu, e os poderes do espaço ficarão abalados." Mt 24,29
    E no Evangelho Segundo São Lucas, também depois do Domingo de Ramos, Ele deu detalhes da reação da humanidade diante de tão estarrecedores acontecimentos: "Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na Terra, as nações cairão em desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer a toda Terra..." Lc 21,25-26
    Não por acaso, discorrendo sobre a religiosidade do povo enquanto subiam a Jerusalém, Nosso Senhor já havia questionado, dizendo da Parusia, Sua Definitiva Volta: "Mas quando o Filho do Homem vier, acaso achará sobre a Terra?" Lc 18,8
    De fato, a Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses revela uma grande apostasia, isto é, o abandono da fé, um final período no qual o inimigo reinará por meio de um destacado anticristo: "Ninguém de modo algum vos engane. Porque primeiro deve vir a apostasia, e deve manifestar-se o homem da iniquidade, o filho da perdição, o adversário, aquele que se levanta contra tudo que é divino e sagrado, a ponto de tomar lugar no Templo de Deus, e apresentar-se como se fosse Deus. Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus destruí-lo-á com o sopro de Sua boca, e aniquilá-lo-á com o resplendor de Sua Vinda. A manifestação do ímpio será acompanhada, graças ao poder de Satanás, de toda sorte de enganadores portentos, sinais e prodígios. Ele usará de todas seduções do mal com aqueles que se perdem, por não terem cultivado o amor à Verdade que teria podido salvá-los. Por isso, Deus enviá-lhes-á um poder que os enganará e induzi-los-á a acreditar no erro. Desse modo, serão julgados e condenados todos aqueles que não deram crédito à Verdade, mas consentiram no mal." 2 Ts 2,3-4.8-12
    E o próprio Jesus afirmou o fim de todo Universo, em contraponto à perenidade de Sua Palavra. Está entre Seus últimos ensinamentos na Cidade Santa: "Os céus e a Terra desaparecerão, mas Minhas palavras não desaparecerão." Lc 21,33
    Já havia dito do Antigo Testamento, ainda no início de Sua Missão, por ocasião do Sermão da Montanha: "Pois, em Verdade, digo-vos: passarão o céu e a Terra antes que desapareça um jota, um traço da Lei." Mt 5,18
    Em perfeita concordância, o Príncipe dos Apóstolos vai reafirmar o poder do Verbo Encarnado, também indicando o final destino de tudo que conhecemos: "Mas os céus e a Terra que agora existem são guardados pela mesma Divina Palavra, e reservados para o fogo no Dia do Juízo e da perdição dos ímpios." 2 Pd 3,7
    Ora, o Livro do Profeta Sofonias já havia falado deste fogo: "A Terra toda será devorada pelo fogo de Seu zelo, porque de repente Ele aniquilará toda população da Terra." Sf 1,18b
    Pois tão bem haviam entendido os Apóstolos, que eles Lhe perguntaram por sinais. Foi quando Ele deu mais detalhes sobre a Grande Tribulação, durante a Páscoa em que seria entregue, advertindo de muitos falsos profetas. Ora, se hoje não dizem 'Sou eu', notoriamente há uma infinidade deles dizendo falar em Seu Nome: "Indo Ele assentar-Se no monte das Oliveiras, achegaram-se os discípulos e, estando a sós com Ele, perguntaram-Lhe: 'Quando acontecerá isto? E qual será o sinal de Tua volta e do fim do mundo?' Respondeu-lhes Jesus: 'Cuidai que ninguém vos seduza. Muitos virão em Meu Nome, dizendo: Sou eu o Cristo. E seduzirão a muitos. Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerra. Atenção: que isso não vos perturbe, porque é preciso que isso aconteça. Mas ainda não será o fim. Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares. Tudo isto será apenas o início das dores.'" Mt 23,3-8
    Ora, se não falou muito sobre o fim do Universo, o fim do mundo já estava na parábola do Semeador, também chamada do joio e do trigo: "A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos. E assim como se recolhe o joio para o jogar no fogo, assim será no fim do mundo. ... os anjos virão separar os maus em meio aos justos e arrojá-los-ão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isto?' 'Sim, Senhor', responderam eles.'" Mt 13,39b-40.49b-51
    Inclusive falou do fim dos tempos, a instantes de Sua Ascensão, ao prometer Sua constante presença entre os membros da Santa Igreja Católica : "Eis que convosco estou todos dias, até a consumação dos séculos.'" Mt 28,20b
    estritamente dirigindo-Se a Seu rebanho em tom de despedida, acrescenta: "Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque vossa libertação está próxima." Lc 21,28
    Ou seja, não mais podemos enganar-nos: vivemos o tempo da paciência de Deus! E Ele só espera que de uma vez por todas abracemos o Sacramento da Penitência, como São Pedro nos alertou: "O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas para convosco usa da paciência. Não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam. Reconhecei que a longa paciência de Nosso Senhor vos é salutar..." 2 Pd 3,9.15
    Pois foi para essa consciência que Jesus nos enviou o Espírito Santo, como disse após a Santa Ceia no Evangelho Segundo São João: "Entretanto, digo-vos a Verdade: convém a vós que Eu vá! Porque se Eu não for, o Paráclito não virá a vós. Mas se Eu for, enviá-Lo-ei. E quando Ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do Juízo." Jo 16,7-8
    Por fim, como já havia dado a entender, Ele assegurou que o Dia do Juízo surpreenderá a todos. É inconcebível, portanto, que um cristão se abandone às ilusões de mortais pecados, ou mesmo de veniais, se tiver ciência do fogo provador. Ele seguia em exortações finais: "Pois esse Dia subitamente cairá sobre todos aqueles que habitam a face de toda Terra. Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa de devassidãoembriaguezpreocupações da vida, e esse Dia não caia de repente sobre vós." Lc 21,34-35
    E pouco antes de Sua Ascensão aos Céus, no Livro de Atos dos Apóstolos, vimos que o cumprimento dessa profecia é de perfeito segredo. À Igreja Católica, portanto, tão somente cabe recolher-se no Espírito Santo e assim testemunhar a Salvação, que está em Sua Palavra e em Sua Paixão: "Respondeu-lhes Ele: 'Não vos pertence saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em Seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e dá-vos-á força. E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judeia e Samaria e até os confins do mundo.'" At 1,7-8
    Mas lembrando daqueles que desfalecerão de pavor, também avisou: "Ficai atentos e continuamente rezai, a fim de terdes força para escapar de tudo que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem." Lc 21,36


A TRIUNFAL VOLTA DE CRISTO

    Numa grandiosa visão que teve do Retorno de Cristo, quando se dará o Juízo Final, o remoto Livro do Profeta Joel também testifica as convulsões dos astros, e exclama: "Que multidão, que multidão no vale do Julgamento, porque chegou o Dia do Senhor! O sol e a lua obscurecem-se, as estrelas empalidecem. O Senhor rugirá de Sião, trovejará de Jerusalém. Os céus e a Terra serão abalados!" Jl 4,14-16
    É quando se dará a Definitiva Volta de Nosso Salvador, que São Pedro chamou de 'restauração universal' enquanto pregava ao povo no Pórtico de Salomão, à frente do Templo de Jerusalém, depois de causar grande alvoroço por haver curado um aleijado de nascença. Foi poucos dias depois do Pentecostes: "Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e Ele enviará Aquele que vos é destinado: Cristo Jesus. É necessário, porém, que o Céu O receba até os tempos da restauração universal, da qual Deus outrora falou pela boca de seus Santos Profetas." At 3,20-21
    De fato, pronunciando-Se através de Isaías, Deus deu detalhes do pleno estabelecimento de Sua justiça como obra de Seu Filho: "Ele não julgará pelas aparências, não decidirá pelo que ouvir dizer, mas julgará os fracos com equidade, fará justiça aos pobres da Terra, ferirá o impetuoso homem com uma sentença de Sua boca, e com o sopro de Seus lábios fará morrer o ímpio. A justiça será como o cinto de Seus rins, e a lealdade circundará Seus flancos. Então o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera deitar-se-á ao pé do cabrito, o touro e o leão comerão juntos, e um pequeno menino conduzi-los-á. A vaca e o urso fraternizar-se-ão, juntas suas crias repousarão, e o leão comerá palha com o boi. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado meterá a mão na caverna da áspide. Não se fará mal nem dano em todo Meu Santo Monte, porque a Terra estará cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar." Is 11,3b-9
    Segundo os discípulos de São Paulo, Deus realiza esse projeto pela Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Aquele para Quem e por Quem todas coisas existem, desejando conduzir à Glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o Autor da Salvação deles, para que Santificador e santificados formem um só todo." Hb 2,10-11a
    E como lemos na Carta de São Paulo aos Colossenses, ele não tem a menor dúvida de que Deus o cumprirá: "Aí não haverá mais grego nem judeu, nem bárbaro nem cita, nem escravo nem livre, mas somente Cristo, que será tudo em todos." Cl 3,11
    Essa é a razão pela qual Jesus veio comungar conosco da vida humana! Para que entremos em Comunhão com Ele, através de Sua Carne e Seu Sangue, celebrados na Santa Missa, e assim alcancemos a Salvação. Mencionando um Salmo do rei Davi, os seguidores do Apóstolo dos Gentios explicam: "Por isso, Jesus não hesita em chamá-los Seus irmãos, dizendo: 'Anunciarei Teu Nome a Meus irmãos, em meio à assembleia cantarei Teus louvores (Sl 21,23).' Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, Ele também participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o Demônio, e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda vida sujeitos a uma verdadeira escravidão." Hb 2,11b-12.14-15
    Entretanto, eles reconhecem o vigente estado de coisas: "Atualmente, é verdade, não vemos que tudo Lhe esteja sujeito. Mas Aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós vemo-Lo, por Sua Paixão e Morte, coroado de Glória e de honra. Assim, pela Graça de Deus, Sua Morte aproveita a todos homens." Hb 2,8b-9
    E a Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios complementa, referindo-se a três ordens de anjos caídos: "Com efeito, se por um homem veio a morte, por um Homem vem a Ressurreição dos Mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão. Cada qual, porém, em sua ordem: como primícias, Cristo, em seguida, aqueles que forem de Cristo, por ocasião de Sua Vinda. Depois, virá o fim, quando Ele entregar o Reino a Deus, ao Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. Porque é necessário que Ele reine, até que ponha todos inimigos debaixo de Seus pés. O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo de Seus pés." 1 Cor 15,21-26
    Sem dúvida, Jesus revelou a São João Evangelista para que ele escrevesse no último Livro da Bíblia, logo nos primeiros versículos: "Pois estive morto, e eis-Me de novo, vivo pelos séculos dos séculos. Tenho as chaves da morte e da região dos mortos." Ap 1,18
    Esse será o cumprimento de mais uma profecia de Isaías: "Nesse monte (Sião), tirará o véu que vela todos povos, a cortina que recobre todas nações, e para sempre fará desaparecer a morte. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas faces, e de toda Terra tirará o opróbrio que pesa sobre Seu povo, porque o Senhor o disse." Is 25,7-8
    É então que nossa Comunhão com Deus será plena e para sempre, ainda conforme São Paulo: "E quando tudo Lhe estiver sujeito, então o próprio Filho também renderá homenagem Àquele que Lhe sujeitou todas coisas, a fim de que Deus seja tudo em todos." 1 Cor 15,28
    Por isso, na Carta de São Paulo aos Gálatas, após  o Antigo Testamento sido aperfeiçoado por Jesus, ele adianta-se: "Estou pregado à Cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu: é Cristo que vive em mim." Gl 2,19b-20
    E a Primeira Carta de São Paulo a São Timóteo, entre as últimas recomendações, pede-lhe total obediência ao Evangelho: "... recomendo-te que sem mácula e irrepreensível guardes o Mandamento, até a Aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual a seu tempo será realizada pelo Bem-Aventurado e Único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Único que possui a imortalidade e habita em inacessível Luz, a Quem nenhum homem viu, nem pode ver. A Ele, honra e eterno poder! Amém." 1 Tm 6,14-16
    Saibamos, porém, que tal Aparição será absolutamente inconfundível, não deixará a menor dúvida para ninguém na face da Terra, segundo palavras do próprio Jesus, antes do terceiro e último anúncio que deu de Sua Paixão: "Pois como o relâmpago, reluzindo numa extremidade do céu, brilha até a outra, assim será com o Filho do Homem em Seu Dia." Lc 17,24
    E será depois da Grande Tribulação, dos cósmicos abalos que vimos acima, e ainda conforme Nosso Senhor, que disse depois de Sua entrada messiânica em Jerusalém, sentado com os Apóstolos no Monte das Oliveiras: "Logo após estes dias de Tribulação, o sol escurecerá, a lua não terá claridade, do céu cairão as estrelas e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem. Todas tribos da Terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, cercado de Glória e de majestade. Ele enviará Seus anjos com estridentes trombetas, e juntarão Seus escolhidos dos quatro ventos, duma extremidade do céu à outra." Mt 24,29-31
    Então se dará o Juízo Final, como Ele afirmou pouco antes de ser ungido com um caro perfume em Betânia: "Quando o Filho do Homem voltar em Sua Glória e com Ele todos anjos, sentar-Se-á em Seu glorioso trono. Todas nações reunir-se-ão diante d'Ele e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas a Sua direita e os cabritos a Sua esquerda. Então o Rei dirá àqueles que estão à direita: 'Vinde, benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a Criação do mundo...' Voltar-Se-á, em seguida, para aqueles a Sua esquerda e di-lhes-á: 'Retirai-vos de Mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao Demônio e a seus anjos." Mt 25,31-34.41
    Por isso, desde o primeiro anúncio de Sua Paixão, quando convidou Seus seguidores a renunciarem a si mesmos e a abraçarem suas cruzes, Ele já vaticinava, tanto aludindo ao Juízo Particular como ao Final: "Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar sua Vida? Ou que dará um homem em troca de sua Vida? Porque o Filho do Homem há de vir na Glória de Seu Pai com Seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras." Mt 16,27
    Não por acaso, a Carta de São Paulo a São Tito, resumindo a Missão de Jesus, apontou: "Veio para nos ensinar a renunciar à impiedade e às mundanas paixões, e a viver neste mundo com toda sobriedade, justiça e piedade, na expectativa de nossa feliz esperança, a Gloriosa Aparição de Nosso Grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, que Se entregou por nós, a fim de resgatar-nos de toda iniquidade, purificar-nos e constituir-nos Seu povo de predileção, zeloso na prática do bem." Tt 2,12-14
    E ao final da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, ele oportunamente fala em santidade. Claro, lembrando Aquele que a ela nos exortou (cf. Lv 11,44) e no-la pode conceder. Ele reza: "O Deus da Paz conceda-vos perfeita santidade. Que todo vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo! Fiel é Aquele que vos chama, e cumpri-lo-á." 1 Ts 5,23-24
    O primeiro ato de Deus, portanto, ao apresentar-nos a eternidade, será refazer Seu primeiro ato, como o Livro de Gênesis diz em primeiríssima linha: "No princípio, Deus criou os céus e a Terra." Gn 1,1
    Cantando sobre os seres vivos e toda obra da Criação, o sagrado autor no Livro de Salmos já reconhecia tal poder: "Se enviais, porém, Vosso Espírito, eles revivem, e renovais a face da Terra. Ele, Cujo olhar basta para fazer tremer a Terra, e Cujo contato inflama as montanhas." Sl 103,30.32
    E São João, no penúltimo capítulo de Apocalipse, testemunhou mais esta visão: "Então Aquele que está sentado no trono disse: 'Eis que Eu renovo todas coisas.' Ainda disse: 'Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.' Novamente disse-me: 'Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim.'" Ap 21,5-6a

    "Ajudai-nos a criar um novo mundo!"